Quem sou eu

Minha foto
Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sexta-feira, 12 de abril de 2024

A unidade do corpo

I Coríntios 12.12

A metáfora que Paulo utiliza para falar da igreja aqui é sensacional. É tão simples e prática que qualquer criança pode entender facilmente. Ele compara a igreja a um corpo humano e afirma que a igreja é o corpo de Cristo. Isto não é algo literal, é alegórico, foi a forma que ele utilizou para ensinar para a igreja como deveria ser o seu comportamento relacional. Esta forma de ensino é surpreendente, pela sua profundeza e simplicidade. Qualquer pessoa consegue aplicar esta analogia. Ao longo do meu ministério tenho percebido que o problema não é entender, mas, sim praticar. A Igreja de Corinto entendia bem este ensino, mas, era um corpo doente. Apesar de ser uma igreja rica e cheia de dons, não tinha o principal, a saúde do corpo.

Steve Jobs, fundador da Apple, foi um empresário de sucesso, tornou-se bilionário com o desenvolvimento de novas tecnologias de informática, sua fortuna foi avaliada em mais de dois bilhões de dólares, o que dá mais de dez bilhões de reais. Porém, o seu corpo era doente, ele tinha câncer do pâncreas, e morreu precocemente aos 56 anos de idade.

Seguindo o princípio da unidade ensinado por Paulo, entendemos que a igreja é um organismo vivo, uma entidade, um ser, cujo a cabeça é Cristo. Já parou pra pensar nisto? O criador do universo é o cabeça da organização que você participa.

Baseado nisto, eu gostaria de esmiuçar um pouco mais este tema sobre a unidade do corpo.

1. A Igreja não é um corpo sem cabeça.

Na minha adolescência eu vi um filme, que foi baseado em um best seller escrito por Washington Irving, em 1820, chamado: A lenda do cavaleiro sem cabeça. Bom, isto é coisa só de filme, um corpo sem cabeça não sobrevive.

Uma criança pode ser gestada sem o cérebro. Um corpo assim é chamado de anencéfalo. O que acontece a um corpo anencéfalo? Segundo pesquisas: “Aproximadamente 75% dos fetos anencéfalos morrem dentro do útero. Dos 25% que chegam a nascer, todos têm sobrevida vegetativa que chega a 24 horas na maioria dos casos”. São raros os que sobrevivem. E, se sobreviver, vivem como se fosse um vegetal. Não falam, não andam, não sentem nada. Isto porque lhes falta o principal, o cérebro.

Da mesma forma, a Igreja pode sobreviver sem pé, sem mão, sem muitos dos órgãos do corpo, mas, não conseguirá sobreviver sem a cabeça. Cristo é a cabeça da igreja. Uma igreja sem cristo é uma igreja anencéfala. João diz: “...tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1). Está viva no diagnóstico, mas, é como se estivesse morta.

Cristo, portanto, é a cabeça espiritual, ou seja, aquele de quem vem todo o comando para o corpo. No entanto, uma cabeça não vive sozinha, precisa de um corpo. A Igreja é o corpo de Cristo. Enquanto organismo vivo necessita dos membros para sobreviver. Paulo cita alguns membros do corpo no capítulo 12 de I Coríntios: Pés, mãos, ouvidos, olho, e membros que ele chama de mais fracos e os que parecem menos dignos e não decorosos e membros nobres.

Imagina a confusão que seria se um órgão do seu corpo decidisse se rebelar contra as ordens da sua cabeça e quisesse ser autônomo fazendo sua própria vontade? Você quer escovar os dentes, mas, ele quer pentear o cabelo. Todas as duas coisas são importantes, porém, uma delas é prioritária. Por algum motivo relevante o cérebro entendeu que naquele momento era preciso fazer uma coisa e não outra. Talvez estivesse na hora de dormir ou coisa que o valha. Seja qual for o motivo, não é a mão quem decide o que irá fazer, mas o cérebro.

O que nos leva ao nosso segundo ponto:

2. A Igreja não é um corpo com movimentos involuntários

Quando eu estava na Bahia uma amiga nossa, esposa de um pastor querido teve um tipo de curto circuito em seu sistema nervoso. Ela perdeu o controle dos movimentos do seu corpo e começou a movimentar-se aleatoriamente, sem que pudesse se controlar. Ela estava consciente e vendo tudo, estava lúcida, consciente, porém, sem controle. Não foi um caso de endemoninhamento, onde a pessoa não sabe o que está fazendo, foi uma perda somente do controle de seus movimentos. Seus braços, pernas e cabeça se movimentavam para todos os lados aleatoriamente. Ela tinha espasmos e movimentos involuntários em todo o corpo.

A igreja que não está centrada em Cristo será parecida com o que aconteceu a esta minha amiga, terá muitos movimentos, fará muita coisa, mas, nenhuma terá sentido para o corpo, porque serão movimentos descoordenados, sem direção ou propósito.

Isto nos leva a compreender o ponto três:

3. A Igreja é um corpo com muitos membros, mas só uma unidade

A pergunta que podemos fazer é como podemos promover a unidade de um corpo com membros tão distintos entre si? A diferença entre as funções dos mais variados órgãos do corpo é exatamente o segredo do seu sucesso. Cada órgão do nosso corpo se complementa. Cada um tem a sua razão de existir, e cada um funciona de acordo com a sua singularidade. Todos são necessários. Precisamos que todos funcionem bem. Paulo diz no verso 26: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele..

A unidade no corpo humano é possível devido a um sistema nervoso central. Todos os membros do corpo são interligados entre si e ligados ao cérebro através deste sistema. O apóstolo, inspirado pelo Espírito, foi muito feliz nesta comparação. O corpo é a metáfora perfeita para a Igreja. Você consegue imaginar um membro ou órgão que não esteja ligado ao sistema nervoso central do seu corpo? Ele não te ajudará em nada, será um peso. Tenho um amigo muito querido que sofreu um derrame que paralisou todo o seu lado esquerdo. Ele luta a anos com fisioterapia para tentar recuperar os movimentos de braços e pernas, que estão paralisados. Se compararmos a uma igreja, estes membros são aqueles que querem estar no corpo, porém, desligados do sistema nervoso central.

4. A igreja é um sistema organizado

É através do sistema nervoso central que o corpo se comunica com o cérebro e o cérebro se comunica com o corpo. Na igreja poderíamos afirmar que este sistema é a liderança. A liderança é formada por líderes de ministérios, diretoria estatutária. Cada um destes líderes tem uma função específica no corpo. E cada membro tem o seu papel designado a cumprir dentro das organizações. Para que todo o corpo funcione bem, cada um membro precisa fazer a sua parte com excelência, em unidade.

No centro do sistema nervoso central está a medula espinhal, que se encaixa perfeitamente a figura do pastor. Nenhum destes membros é superior ou mais importante que o outro, devido a sua posição. Não é uma hierarquia, é uma organização. Nela, o pastor é o elemento principal, ele é a medula espinhal, mas isto não o faz ser melhor ou mais importante que ninguém, mas, ele tem uma função específica. Liderar o corpo. Ser o elo de ligação entre a cabeça e o corpo.

Igualmente os líderes. Não são melhores do que os seus liderados, mas cada um recebe uma designação específica. Quando um membro quer fazer aquilo que não é a sua função, gera conflito e todo o corpo sofre. Cada pessoa que assume uma função é direcionada por Deus para desenvolver um trabalho específico.

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve”. (I Cor 12.18)

Eu entendo que o pastor é aquele que faz a conexão entre a Igreja e Cristo. Não como um sacerdote do Antigo Testamento, não como um ungidão ou um ser especial, que vive da exploração da boa-fé dos fiéis. Mas, pelo simples fato de que a igreja é um corpo e a unidade deste corpo depende de uma organização. E, uma organização não subsiste com várias pessoas mandando. Em qualquer organização é salutar saber quem é o líder, e permitir que o líder tome as decisões.

5. Inimigos do corpo

Podemos chamar de inimigos do corpo as doenças que querem destruí-lo. Por exemplo o câncer que abateu o Steve Jobs, a covid que matou milhões de pessoas, a dengue que nos deixa completamente debilitados, dentre tantas outras doenças.

O corpo espiritual também fica enfermo. Há pessoas que estão dentro da igreja que nunca pertenceram ao corpo, e causa grandes desgastes, como podemos perceber na igreja de corinto. Percebemos por suas atitudes. Há também aqueles que estão dentro da igreja, mas, promove dissenção e conflitos. Com isto, a igreja sofre, e pode chegar a óbito.

O remédio para a proteção do corpo é o desenvolvimento de uma espiritualidade sadia baseada em Gálatas 5.22-23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio..”. Quando o nosso corpo é atacado por alguma doença, imediatamente o nosso sistema de defesa reage, são os anticorpos agindo para deter o avanço do mal. Os anticorpos não usam as mesmas armas da doença, se não, mataria o corpo. As nossas armas para combater o mal na igreja precisam ser espirituais, jamais carnais, semelhantes ao que o mal utiliza.

Conclusão

Voltando ao funcionamento do corpo, entendo que o pastor, abaixo de Cristo, é o principal responsável por promover a unidade e cuidar deste corpo, para mantê-lo saudável. Ele é o responsável por ouvir a voz de Deus e estabelecer as diretrizes deste corpo. Ainda que ele ouça sua liderança, e deve mesmo ouvir, pois na “multidão de conselhos há sabedoria”, a decisão para onde a igreja deve ir precisa vir dele.

Todas as entidades, seja civil, militar, governamental ou religiosa necessitam da figura de um líder para promoção da unidade. Cabe aos liderados, concordando ou não com a visão, não apenas obedecer, mas, através de sua função, contribuir com excelência para que a visão seja alcançada.

Para concluir, uma igreja que consegue que o corpo funcione em unidade é uma igreja vencedora, é uma igreja que não terá limites para tudo o que deseja fazer.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Ele não está aqui, ressuscitou!

 Mt 28.1-10

Ele não está aqui...”. Esta foi a palavra que o anjo disse às mulheres que foram ao sepulcro no domingo de manhã. Elas foram lá para visitar um sepulcro, um lugar de morte, mas acharam a vida! O anjo lhes disse que Jesus havia ressuscitado: "Ele não está aqui; ressuscitou...".

Estamos no período conhecido como Páscoa. Esta festividade teve início na formação do povo hebreu, quando foi liberto da escravidão do Egito. Desde que foi fundado, Israel deveria comemorar esta data todos os anos. Portanto, se tornou uma tradição religiosa reunir as famílias, matar um cordeiro pascoal, assar e comer (Ex.: 12.8). Jesus é este cordeiro pascal que foi morto. João Batista testemunhando a este respeito disse: "Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

O evento da morte de Jesus na cruz já remonta dois mil anos, é muito tempo. Devemos então pensar, o que ele representa para nós nos dias de hoje, partindo do princípio que a Palavra do Senhor é viva e dinâmica, e não letra morta?

Gostaria de apresentar pelo menos três grandes vitórias que a morte e ressurreição de Jesus nos traz:

1. Traz vitória diante de uma aparente derrota

A morte de Jesus deu-se em meio à festividade da páscoa. Jerusalém estava cheia de gente de toda a parte de Israel, peregrinos vinham para a cidade para participar das comemorações. A morte de Jesus se transformou em um grande espetáculo para os seus perseguidores. Naquele momento seus algozes estavam celebrando o triunfo de seu intento maligno.

Mas, a visão de Deus sobre aquele evento era bem diferente do que os olhos humanos contemplavam. Aparentemente a morte de Jesus era uma evidente derrota, porém o que parecia ser a maior de todas as derrotas, Deus transformou na maior de todas as vitórias. Isto porque ao terceiro dia Jesus venceu a morte e ressuscitou!

Lembro-me que certa vez a igreja que eu pastoreava foi denunciada no Ministério Público. A promotora me convidou para esclarecer sobre a questão de som muito alto. O que não era verdade. O real problema era que os vizinhos que não gostavam das músicas que tocávamos. Por esta razão, fui parar na promotoria para dar explicações algumas vezes. As pessoas que faziam a denúncia ficavam radiantes, achando que estavam me humilhando. Mas, com estas idas, a promotora acabou me conhecendo, parou de receber as denúncias caluniosas, e isto acabou gerando uma aproximação. A partir disto surgiu uma parceria com a promotora e desenvolvemos diversos trabalhos juntos no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.

É assim que Deus faz, onde em nossas vidas parecia que haveria uma grande derrota, o quadro se reverte de tal maneira que transforma tudo em uma vitória sem igual. Basta apenas confiar e esperar nele.

2. Traz vida onde há morte

Diz o texto que no domingo pela madrugada, as mulheres foram ao sepulcro e lá encontraram o anjo que havia movido a pedra que guardava a entrada. Os guardas que estavam na porta para ninguém roubar o corpo haviam desmaiado de medo ao ver os seres celestes. Então Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, entraram no sepulcro e o anjo disse: Ele não está aqui; ressuscitou.

Jesus certa vez estava indo, com os seus discípulos, para uma Aldeia chamada Naim. Ao chegar perto da Aldeia viu que vinha em sua direção um cortejo fúnebre. O filho de uma viúva estava morto, e um grupo seguia com uma multidão para sepultá-lo. Ele parou a comitiva, falou para a viúva não chorar mais, e ressuscitou o seu filho. Este foi um exemplo bem claro de que um encontro com Jesus é a celebração da vida e não da morte.

Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância

3. Traz liberdade em meio a escravidão

A páscoa ganhou um novo sentido a partir da morte de Jesus. Antes simbolizava a libertação do povo hebreu da escravidão de faraó no Egito. Depois do sacrifício de Jesus, a páscoa passou a simbolizar a ressurreição do nosso Senhor e a sua vitória sobre a morte. Pela sua morte Ele nos libertou da escravidão do reino das trevas. Através de sua ressurreição nos conduz para o reino da luz.

Certa vez, há muitos anos atrás, em um determinado encontro de jovens um dos convidados, um rapaz, chegou vestido de mulher. Nunca tínhamos tido esta experiência e ficamos inicialmente um pouco perdidos. Mas, ali tivemos uma experiência tremenda. Ele foi aceito da forma que chegou, ninguém o criticou ou olhou estranhamente. Não foi feita nenhuma acepção. Ninguém pregou diretamente para ele ou fez qualquer pressão para ele mudar qualquer coisa. Ele se sentiu aceito em nosso meio. O que aconteceu, foi que ele se sentiu acolhido por nós e atraído por Jesus. Pelo Jesus que estávamos demonstrando através das atitudes de amor. O resultado foi que aquele rapaz entregou a sua vida a Jesus como Senhor de sua vida. Ele teve a sua vida completamente transformada. Converteu-se, foi batizado e tornou-se membro de uma igreja.

Jesus venceu a morte e saiu daquele sepulcro para nos trazer libertação plena, para nos dar uma nova oportunidade de vida. Ele morreu e ressuscitou para ser o caminho que nos leva aos céus e para ser a porta de entrada para a salvação.

Conclusão:

Jesus disse: “eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra viverá”. O desejo de Jesus é trazer salvação e vida eterna. Creia em Jesus! Entregue a Ele a sua vida. Se você quer fazer parte da vitória em Jesus, quer vida e deseja ser liberto de algo que te sufoca, convide-o para entrar em seu coração dizendo: Senhor Jesus, eu preciso de sua vitória, preciso de vida e libertação, reconheço que preciso de sua presença em mim e por esta razão eu me entrego em suas mãos. Amém!

sábado, 23 de março de 2024

Onde está Abel, teu irmão?

 Gênesis 4.9

Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?

Qual foi o motivo do descontentamento de Caim em relação ao seu irmão? O que realmente o levou a matá-lo? A partir deste questionamento podemos pensar nos motivos pelos quais ocorrem tanta hostilidade entre os cristãos, repetindo o mesmo erro de Caim. Muitos imaginam que por não matar literalmente não estão fazendo a mesma coisa, mas, há um ledo equívoco neste pensamento.

No conhecido Sermão do Monte Jesus faz uma reinterpretação da Lei judaica. Os judeus utilizavam o método literal para interpretar os mandamentos, e por isto muitos tinham uma visão espiritual muito rasa do que Deus queria para eles. Por exemplo o sexto mandamento dizia literalmente “não matarás”. Jesus, porém, foi além da letra fria quando declarou:

“Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”.

Desta forma ele deixa bem claro que a ira, o insulto ou o xingamento contra o seu irmão já deve ser considerado crime. O Código Penal Brasileiro, está em pleno acordo com o que Jesus disse, ele tipifica este fato da seguinte forma: “Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Portanto, hoje no Brasil, dirigir palavras ou qualidades negativas ou xingar outra pessoa é crime passível de julgamento com “Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.

João é ainda mais severo em sua interpretação do que Jesus disse, ele afirma em I João 3.15: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”. Ele classifica como assassino aquele que destila ódio contra o seu irmão. Segundo o texto de João, o ódio contra o irmão é um impedimento para entrar na vida eterna.

Olhando para o texto de Gênesis percebemos que o assassinato de Abel foi apenas o ápice de todo um contexto. Caim havia desenvolvido um ódio muito grande contra o seu irmão Abel, portanto, ele já era um homicida em potencial. Este ódio o levou a querer silenciar o que lhe causava indignação. Ele não conseguia mais conviver pacificamente com o seu irmão; já não conseguia lidar com o contraditório; não conseguia sequer ouvi-lo.   

Pensando nisto, gostaria de pensar sobre quais algumas razões que levaram Caim a desenvolver todo aquele ódio que culminou em um assassinato?

1. Caim não era de fato convertido

Ambos, Caim e Abel andavam e falavam com Deus. Poderíamos dizer que eles participavam do mesmo culto, na mesma congregação. Desenvolviam juntos um trabalho religioso. Eles adoravam a Deus, oravam, cantavam, ouviam as mensagens, mas, havia uma diferença muito grande entre um e outro. Abel tinha um coração convertido ao Senhor. Ele de fato era um verdadeiro adorador. Caim era apenas um repetidor de ritos, alguém que se habituou com a religiosidade. Porém, o fato relevante que o texto denuncia é que suas práticas religiosas eram apenas exteriores. Ele era espiritualmente oco. Nota-se isto, a partir das suas decisões.

Essa superficialidade de Caim o levou a desenvolver uma inveja muito grande de seu irmão, pelo simples fato de não entender as coisas de Deus e não ter em si a essência divina naquilo que praticava. A prova disto é que o seu coração estava cheio de ira e rancor. Ele foi incapaz de tratar do assunto e resolver com diálogo e diplomacia, ele partiu para violência verbal e física.

2. Caim tinha uma divergência doutrinária

Algo surpreendente que esta história nos apresenta é que Caim não brigou por causa de mulher, bens materiais, dividas, ou qualquer outra coisa deste mundo. Ele se ofendeu com o seu irmão por causa de uma divergência doutrinária. A questão toda era devido a forma de ofertar. Ele se irou porque Deus reconheceu que a forma que ele estava fazendo não estava correta e sim a de seu irmão. A partir daí, ele se sentiu muito irritado com o contraditório.

A história nos mostra quantas celeumas houveram que proporcionaram rupturas enormes, perseguições, cárceres e até morte, devido divergências de ordem puramente doutrinária. A própria Reforma Protestante mostra claramente o que uma divergência doutrinária pode ocasionar, basta estudar sobre a quantidade de mortes ocorridas neste período.

Já participei de vários momentos de divergências doutrinárias na igreja. Todas ficaram para trás. Todas passaram. Coisas que eram importantíssimas na época, hoje não tem a menor importância. Mas, os cismas ocasionados pelas brigas, causaram feridas enormes impossíveis de serem curadas. Se na época Caim não tivesse matado Abel, mas, tivesse resolvido na diplomacia, poderiam ter vivido para ver as gerações futuras a eles, juntos. E, poderiam, ter percebido que aquela divergência poderia ter sido facilmente ajustada.

3. Caim agiu na covardia

Caim era inseguro, ele não estava convicto que a sua forma de ofertar estava correta. Mesmo porque, não estava. Ele possivelmente sabia disto. Ou estava se sentindo seguro diante de uma premissa falsa. A sua insegurança estava no fato de que ele queria ser aceito do seu jeito. Ele queria praticar o que queria e fazer da forma que queria, e ainda assim, queria que Deus aceitasse. Como não foi aceito, ele elaborou um plano maligno. Ele iria silenciar aquele que o fazia se sentir diminuído, menor, menos potente. Foi aí que ele decidiu covardemente matar a seu irmão. De certo ele pegou o seu irmão de surpresa e o atacou, por motivo torpe, banal, e sem dar a vítima a oportunidade de se defender. É o que muitos cristãos fazem, não com armas físicas, mas com palavras ditas nos corredores e nas sombras.

Conclusão

As ações de Caim certamente não o levaram ao céu. O lugar de justa recompensa pelo seu delito é a prisão eterna. Os crimes que cometemos nesta vida, podem nos levar, se julgados e condenados, para a cadeia. Mas, os crimes praticados contra Deus, nos levarão para a condenação eterna.

Onde está o seu irmão Abel? Esta pergunta ainda ecoa em todo o movimento religioso até o dia de hoje. Troque o nome de Abel por alguém que você tem ofendido e atentado covardemente contra ele. Pare para pensar no que você tem feito, se a tua ação está realmente agradando a Deus. Muitos talvez se enganem, como Saulo se enganava, perseguindo aos cristãos achando estar prestando um serviço para Deus. Mas, Saulo, uma hora, ouviu a voz do Senhor e se converteu. Ele se arrependeu do grande mal que estava praticando. E, após a sua conversão, ele deixou de perseguir Abel e passou a abraçá-lo.

Onde está o seu irmão Abel? Preste muita atenção no que você está fazendo contra o seu irmão em nome de Deus ou de alguma doutrina que você considera importante. Coloque diante de Deus se realmente é justa e correta a sua ofensa contra aquele que pensa diferente. Veja se você não está sendo levado pelo espírito de Caim, ou pelo espírito que levou Caim a assassinar o seu irmão.

Para Caim, já não resta mais esperança. Mas, para você pode ainda haver. Busque a sensatez, o equilíbrio, a mansidão. Busque uma solução sensata, sem ódio, para solucionar as questões de divergência.

Pr Sergio Rosa

domingo, 17 de março de 2024

Mulheres super presentes na fase embrionária da igreja

Romanos 16.1-16 

Nenhum outro capítulo da Bíblia apresenta tantas mulheres que se destacaram por seu mérito no serviço do Reino quanto em Romanos 16. Neste capítulo o apóstolo Paulo nos apresenta, através de sua saudação, uma lista de mulheres que contribuíram imensamente com o evangelho. Elas fazem parte da estruturação da igreja ainda em sua fase embrionária. Percebemos neste texto quantas mulheres fizeram parte da estruturação do cristianismo.

A Igreja que estava nascendo surge na contra mão de uma sociedade altamente machista, que desconsiderava a figura feminina como capacitada para participar das atividades de liderança tanto religiosa quanto política. Na religião judaica, que foi o útero da religião cristã, não havia muito espaço para atividades de mulheres como lideres. O sacerdócio em geral, ou seja, qualquer atividade de liderança religiosa judaica era realizada exclusivamente por homens. Mulheres não podiam, de forma alguma, ajudar no ofício levítico sacerdotal.

Jesus faz uma releitura da Lei

Jesus, em seus ensinos, faz uma releitura da lei e dos costumes judaicos, dando a eles uma nova interpretação, mais leve e menos legalista. Esta reinterpretação não caberia na religião antiga, uma vez que teria que ser descontruído diversos costumes fundamentais para dar início a um novo ensino. Jesus afirmou:

Então lhes contou esta parábola: "Ninguém tira remendo de roupa nova e o costura em roupa velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, o vinho novo rebentará as vasilhas, se derramará, e as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em vasilhas de couro novas” (Lucas 5:36-39).

Jesus, quando questionado a respeito do por que os seus discípulos não jejuavam, estendeu a resposta para todos os costumes judaicos. A sua resposta foi que os seus ensinos não caberiam na forma religiosa que eles desenvolveram. Ele estava oferecendo um vinho novo, que deveria ser colocado em odres novos. Um novo ensino, para um novo tempo, para novas pessoas. Provavelmente os seus ouvintes não compreenderam a resposta e muitos não compreendem a até os dias de hoje.

Os ensinos de Jesus incluía as mulheres

Jesus, diferentemente dos fariseus permitia que mulheres fossem suas seguidoras e que assentassem aos seus pés para aprenderem. Isto fica muito claro na leitura dos evangelhos: “Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra” (Lucas 10:39). Maria, irmã de Marta, uma das seguidoras de Jesus. Esta expressão ‘assentar-se aos pés’ era utilizada para quem estava na posição de aprendizado. Atos 22.3 diz que Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel.

Quando chegamos na Epístola de Paulo a Romanos, no capítulo 16, podemos perceber a diversidade de mulheres que se tornaram líderes na nova religião, que aos poucos foi sendo conhecida como cristã. Era o nascimento da igreja, início de novos tempos, de uma nova doutrina, baseada nos ensinamentos de Jesus. O mestre galileu apresentou uma nova perspectiva de adoração, bastante diferente da liturgia judaica, descentralizada do Templo de Jerusalém: "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores" (João 4.23). Neste novo formato religioso as mulheres estavam incluídas, podendo inclusive liderar.

As mulheres destacadas por Paulo

A primeira destas mulheres apresentada por Paulo é Febe. Ela era diaconisa na igreja de Cencreia. O termo utilizado para definir “servindo” ou “serva”, é o mesmo que define o diácono. Paulo afirma que ela havia sido protetora, em outras versões diz que ela hospedara a muitos, ajudado a muitos, tem sido de grande ajuda a muitos, tem sido de grande auxílio. Febe era uma ajudadora no sentido latu sensu. Ela servia a toda a igreja (pessoas) da melhor forma que podia.

A segunda mulher mencionada é Priscila. Não se sabe porque razão, mas, o nome dela aparece antes do seu marido, Áquila, o que não era nada comum e muito menos usual. Em uma sociedade e religiosidade completamente liderada por homens. Este casal foi companheiro leal de Paulo, chegando a arriscarem a sua vida a favor do apóstolo. O que mostra a imensa participação de Priscila na obra missionária. Uma mulher capaz de correr risco de vida pelo apóstolo.

As mulheres que se seguem são: Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia e a irmã de Nereu, que foram apresentadas como trabalhadoras; Junias, que era uma apóstola. Nesse caso específico, há uma discussão se o nome é masculino ou feminino. Se for feminino, como grande parte dos estudiosos afirmam, então havia pelo menos uma mulher no NT que se tornou apóstola. Este fato não seria tão relevante para a época, considerando que muitas mulheres já trabalhavam na liderança da novel religião. Se tornou relevante quando a igreja começou a ser estatizada e sugiram cargos oficiais, voltando assim ao antigo formato judaico do sacerdócio levítico.

Pr. Sergio Rosa

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Deus é o nosso Castelo Forte

Salmos 46.1-11

A música Castelo Forte é de autoria do monge agostiniano Martinho Lutero. Ele a escreveu no período em que se refugiou no castelo de Wartburgo-Alemanha devido a perseguição sofrida pela igreja cristã oficial.

No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero afixou na porta da Igreja de Wittemberg, Alemanha, 95 teses que criticavam a conduta da Igreja Católica. Os textos denunciavam a deturpação do evangelho, a venda de indulgências, a corrupção, o enriquecimento ilícito e a falta do celibato clerical. Além das denúncias, as teses chamavam o cristão ao arrependimento e à fé. Este evento, que hoje completa os seus 504 anos, é comemorado em todo o mundo cristão.

Embora a Igreja Batista não seja reformada, ou seja, não foi oriunda deste movimento, nós também comemoramos este evento, que ficou conhecido como o marco histórico do movimento evangélico.

A Reforma Protestante foi um cisma que dividiu o catolicismo ocidental em católicos e evangélicos. Não foi o primeiro cisma, no século XI houve a separação entre catolicismo ocidental e oriental, Igreja católica e ortodoxa.  A intensão de Lutero nunca foi dividir a igreja, mas, como um cristão piedoso, queria vê-la purificada dos seus erros. Durante muito tempo católicos e protestantes se consideravam inimigos. Creio que temos vencido esta etapa. Podemos discordar de algumas doutrinas, mas, não devemos ter inimizade com outra pessoa apenas porque ela escolheu um grupo religioso diferente do nosso.

De tudo o que aconteceu, o que ficou evidenciado na Reforma foi a convicção que Lutero tinha em Deus. A sua fé em Deus era inabalável. O rei Davi tinha esta mesma confiança, ele escreve sobre isto de diversas formas diferentes no livro dos salmos. Neste lindíssimo salmo, Davi afirma que Deus é “o nosso refúgio e fortaleza”, ou seja Deus é o nosso castelo forte!

Quais os benefícios de ter a Deus como o nosso castelo forte?

1. Não temeremos o mal (46.2)

Não temeremos..” diz o salmista de forma poética. Ainda que a situação nos seja completamente contrária, ainda que não vejamos saída, ainda que tudo esteja desmoronando, se temos convicção de nossa missão, não devemos temer. Se depositamos a nossa confiança em Deus, não nos deixaremos dominar pelo medo. Deus é o nosso socorro bem presente na hora da angústia, ele nos envia o livramento na hora certa,

Martinho Lutero, quando perseguido, contou com a proteção do príncipe Frederico, da Saxônia, que o abrigou no Castelo de Wartburgo. Muito bem protegido, Lutero pôde produzir muito material, que foi distribuído entre o povo. Contou também com a invenção da imprensa, por Johan Gutemberg, o que facilitou ainda mais a confecção dos folhetos com as suas mensagens.

Deus abriu aquela porta para que Lutero se refugiasse, se não, ele teria sido morto, como outros reformadores foram antes dele. Como exemplo podemos citar John Huss, morto aos 43 anos, cem anos da Reforma.

Não temer não significa ausência do medo, mas, não se render diante do medo. Quem permanece firme em sua missão, encontrará muitas dificuldades, porém, maior é Deus que nos dá a vitória sobre as lutas.

2. Jamais seremos abalados (46.5)

O fato de sermos cristãos, tementes a Deus, não nos isenta da perseguição e do enfrentamento do mal. Há muitas forças perversas neste mundo e elas se arvoram do poder do mundo e das armas do presente século. As forças do mal sempre tentam ocupar o espaço de poder, e lá chegando, elas promovem a corrupção e a perseguição aos seus contrários.

Martinho Lutero tinha convicção de seu chamado. A sua conversão se deu enquanto ele lia a Bíblia, ele se deparou com o livro de Romanos e entendeu que o homem é justificado exclusivamente mediante a sua fé em Deus. Romanos 1.17: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. A partir de sua conversão, ele começou a pregar e ensinar doutrinas que contrariavam a igreja oficial. Mas, ele não se abalou por isto, continuou a pregar incessantemente.

De forma semelhante, John Huss, apesar de perseguido, continuou firme em sua missão de pregar contra o que acreditava que eram ensinos contrários à vontade de Deus e à Bíblia. Devido às suas mensagens contrárias à venda de indulgências, ele foi identificado como herege, foi excomungado, preso e morto na fogueira. Apesar de tudo, ele se manteve firme, crendo em sua vocação.

3. Ele luta as nossas batalhas (46.9)

Quando nos colocamos à disposição de Deus, cremos que Ele luta as nossas batalhas. No domingo passado eu preguei sobre Eliseu, quando estava sendo perseguido pelo rei da Síria. Deus enviou uma legião de carros de fogo para defende-lo.

Davi tinha muita experiência com Deus neste sentido. Ele mesmo já havia experimentado o auxílio de Deus em suas batalhas. Quando ele enfrentou o gigante filisteu, Deus esteve com ele, dando uma força descomunal, a tal ponto, que ele conseguiu vencer Golias facilmente.

Nós não estamos sozinhos em nossas batalhas, Deus é conosco. E, nele podemos nos refugiar.

Conclusão

A Reforma Protestante é um marco da história dos evangélicos. Ela nos levou a retornarmos á Palavra de Deus, a fé e à graça. Acredito que precisamos viver esta reforma diariamente, para que a Reforma não tenha sido algo em vão.

Há uma celebre frase atribuída a Lutero, que demonstra a sua forte convicção chamada: “Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno”.

Lutero deixou claro para nós, através de seu testemunho que de fato Deus é o nosso Castelo Forte, assim como Davi deixa claro que Deus é o nosso refúgio e fortaleça.

Seja qual for a situação que você esteja enfrentando, creia em Deus, faça dele o seu castelo forte e o seu refúgio, o seu lugar seguro.

Pr. Sergio Rosa

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Quando somos desafiados a confiar

 Mateus 14.22-33

Em nossa caminhada com Deus sempre somos desafiados a confiar Nele. Confiar significa acreditar nas intenções do outro. Acreditar que o outro irá suprir aquilo que desejamos. Acreditar é crer que o outro é capaz. Eu diria que confiar é ter fé no outro. No que diz respeito a nossa fé, confiar, então, é crer plenamente em Jesus.

Este texto nos mostra que tudo é possível quando confiamos em Deus. Pedro foi desafiado naquela madrugada a confiar em Jesus. Era ainda madrugada, entre três e seis da manhã, quando tal fato aconteceu. Eles estavam no meio do mar da Galileia, também chamado de lago de Genesaré ou mar de Tiberíades, a cerca de cinco quilômetros da margem. Deveria ainda estar escuro, quase amanhecendo. Havia uma penumbra que os permitiam enxergar algo vindo em direção deles, andando sobre as águas. Entretanto, não conseguiram discernir exatamente o que era. Então deduziram, rapidamente, que só poderia ser um fantasma.

A palavra grega para fantasma é exatamente a mesma em português, que significa uma aparição de algo que não é deste plano terrestre, não é um ser vivo. É interessante observar que mesmo andando com Jesus já há tanto tempo, eles ainda tinham medo de fantasmas.

Quanto mais o fantasma se aproximava, mais eles sentiam medo. Entretanto, quando o fantasma se aproximou e falou com eles, reconheceram que era Jesus. - Ufa! Que alívio. - Pedro rapidamente, tomado pela emoção, pediu a Jesus para ir com ele e também andar sobre as águas. Neste momento Jesus o desafiou a ir, ele disse: Vem!

Muitas vezes somos tomados pela emoção do encontro com Jesus, e isto é maravilhoso. Porém, a nossa fé não pode ser baseada somente na emoção que sentimos nos cultos e em nossas devocionais, a nossa fé precisa ser madura. Talvez seja por isto que o Senhor nos prova a nossa fé. Nos momentos das provas somos desafiados a confiar que Jesus não nos deixará afundar.

Pedro confiou em Jesus e se lançou sobre as águas e caminhou. Porém, em determinado momento, ele desviou a sua atenção de Jesus e prestou mais atenção na força do vento.

Três fatos marcantes aconteceram que levaram Pedro desviar os olhos de Jesus:

1. Reparando na força do vento, teve medo

Em um primeiro momento Pedro teve uma tremenda convicção de que poderia andar sobre as águas. Ele era bastante impulsivo, talvez tenha feito sem pensar, mas, depois teve medo. O seu medo fez com que ele visse as ondas maiores do que Jesus. O seu medo ofuscou a sua visão e a sua fé.

Todos nós sentimos medo diante de situações difíceis. O medo nos balança e tenta nos desestabilizar. O medo não é um sentimento ruim, mas, precisa ser encarado apenas como um alerta, como aquela luz amarela ou vermelha que nos avisa do perigo. Ao receber o aviso, devemos apenas nos preparar e não nos desesperar.

O Pr Mauro Sanches fez um teste com os pastores da Meritiense. Uma das perguntas foi: De que você tem medo? Um dos pastores respondeu que era de ficar sem ministério. Como ele é pastor de tempo integral, ele tem medo de perder a sua fonte de sustento. Muitas pessoas tem o medo de ficar desempregado. Mas, o medo não pode te travar. Você precisa canalizar esta energia para o lugar certo. Quem sabe se preparar melhor, desenvolver mais a sua profissão, investir em conhecimento, buscar crescimento no que você faz, e, pedir ao Senhor para que não permita que você fique desempregado ou perca o ministério.

Pedro ao sentir medo, fez o que todos nós devemos fazer, ele clamou por Jesus e Jesus o socorreu. Aconteça o que acontecer, mantenha os seus olhos fixos no Senhor. Ele irá segurar em tuas mãos e te ajudará a vencer as suas dificuldades.

2. Reparando na força do vento, começou a afundar

Bastou Pedro começar prestar atenção nos problemas que o cercava para perder a sua fé começar a afundar nas águas.

Quando seguimos a nossa vida olhando diretamente para Jesus, ele nos sustenta diante de todos os dilemas da vida, de tal forma que podemos andar sobre as águas sem perceber os ventos contrários, porém, basta tirarmos os olhos de Jesus para que tudo em nosso entorno comece a afundar.

O Titanic foi um navio que afundou ao esbarrar em um Iceberg. Ele teve a sua lateral rasgada pelo impacto e começou a entrar água. Aquela que foi uma embarcação projetada para não afundar, afundou. Morreram 1.517 pessoas. A principal razão daquela embarcação ter afundado e ter morrido tanta gente foi a arrogância. Algumas pessoas afundam depois de estar no auge de suas carreiras, quando começam a confiar em si mesmas.

Quando Pedro começou a andar sobre as águas, primeiramente ele confiou somente no Senhor, mas, talvez um pouco de autossuficiência entrou no seu coração quando deu os primeiros passos. Ele deve ter olhado para ele mesmo e dito: Nossa! Estou andando sobre as águas. Eu sou mesmo poderoso! Neste momento ele perde Jesus de vista e começa a notar o tamanho das ondas.

Mas, Jesus, não permitiu que Pedro afundasse, ainda que Pedro tivesse perdido, momentaneamente a fé, Jesus estendeu a sua mão para ajudá-lo. Jesus sempre está pronto para nos socorrer quando começamos a afundar.

3. Reparando na força do vento, entrou em desespero

Acredito que o vento forte tenha formado grandes ondas, que batiam no rosto de Pedro, e talvez por um momento Pedro não conseguisse ver a face de Jesus. Isto acontece quando os problemas da vida nos cercam. Parece que não conseguimos ver a Jesus naquele momento. Quando isto acontece o desespero começa a tomar conta, porque nos sentimos frágeis.

Paul Tillich foi um teólogo Alemão que participou da segunda grande guerra como capelão, relata que certa noite, esgotado, andando no meio de cadáveres, muitos deles seus amigos pessoais, entrou em desespero. Ele era um cristão, porém, tinha uma visão distorcida de Deus. Ele confiava mais nos filósofos clássicos, do que na experiência com Deus. No meio da guerra, toda aquela certeza que tinha desapareceu. Ali, em meio aquela experiência terrível ele entrou em desespero. Viu toda a sua fé desaparecer. Foi em meio aquele terror que ele teve uma experiência autêntica com o verdadeiro Deus.

Diante do desespero Pedro começou a afundar. Mas, neste momento foi que ele teve a sua real experiência com Jesus. Ele começou a gritar por socorro. Ele gritou por Jesus: Salva-me, Senhor! A melhor coisa que aconteceu com Tillich e Pedro foi afundar. Só assim eles conheceram a fé verdadeira. Eles foram depurados de suas emoções e restou só a fé genuína.

Conclusão

As muitas tribulações da vida, às vezes, são tão fortes, que nos fazem temer, afundar e até mesmo entrar em desespero. Mas, neste momento sabemos que Jesus está perto, ainda que tenhamos dificuldades em vê-lo, ele está bem próximo e nos estende as mãos. Cabe a nós esticarmos a nossa mão, para que ele possa nos puxar e nos salvar.

Diante dos ventos fortes que nos atinge de forma intensa, devemos sempre confiar plenamente que Jesus irá nos salvar das tribulações. Ele estará sempre com as mãos erguidas em nossa direção para nos ajudar.

O tentador quer nos fazer desconfiar, quer nos roubar a atenção, ele lança suas setas para que olhemos para outro lado. Neste momento é preciso vencer a tentação e continuar crendo, apesar dos ventos contrários. É preciso manter os olhos fixos em Jesus e não se deixar levar pelas circunstâncias.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

A razão do meu viver

 Gálatas 2:20

Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pelo fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.

Afirmamos que algo é a razão do nosso viver quando aquilo é muito importante para nós. Nós ouvimos muito esta frase entre os casais, onde um diz para o outro que ele ou ela é a razão do seu viver. Quando se diz isto, está implícito todo o carinho e amor que um nutre pelo outro. Esta frase denuncia que um não consegue viver sem o outro. É uma expressão forte que revela total entrega de uma pessoa para a outra.

Um marido que diz que a esposa é a razão de seu viver, é porque primeiro certamente ele a ama; segundo, porque ela deve cuidar dele de forma impecável; terceiro, porque eles devem ter uma bela história juntos. Em meu caso, tenho 35 anos de bom relacionamento com Rosana. Temos um filho de vinte e oito anos, que se casou recentemente. Sem ela eu ficaria completamente perdido, sem rumo, sem direção. Ela cuida de tudo em nossa casa, de forma que eu não sei onde tem nada. Cuida da nossa alimentação, de nossa casa, de nossa roupa, de toda a parte médica, de toda a nossa agenda. Além de tudo isto, ela me faz muito feliz, me realiza como amiga, parceira, esposa e amante. Não imagino a minha vida sem ela.

Quando afirmamos que Cristo é a razão do nosso viver, estamos afirmando basicamente a mesma coisa. É o mesmo sentimento que temos para a pessoa que mais amamos. Estamos dizendo que ele tem a primazia em nossa vida, tem o primeiro lugar, lugar de honra, tem um espaço grande e especial em nossas vidas e em nossos corações.

O apóstolo Paulo tinha este sentimento a respeito de Jesus. Ele era um homem experimentado, que amava a Jesus de todo o seu coração. E tudo o que ele fazia em sua vida, Jesus estava em primeiro plano. Nada na vida de Paulo fazia mais sentido sem a presença de Jesus.

A Igreja da Galácia estava se afastando do evangelho que Paulo pregou, estavam seguindo orientações diferentes daquela que Paulo apresentou pra eles, e assim, eles estavam se distanciando de Cristo. Jesus não estava mais sendo suficiente em suas vidas, eles queriam experimentar outras sensações. Imagina se um belo dia você diz para o seu cônjuge que ele não te é mais suficiente? Então, O apóstolo escreveu esta carta com a finalidade de renovar em seus corações a paixão por Jesus.

A partir desta introdução eu gostaria de destacar três verdades altamente relevantes que Paulo afirmou neste texto, que pode nos levar a ter Cristo como a razão de nosso viver.

1. Primeira verdade que Paulo afirmou: “Cristo vive em mim”

Já estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu quem vive, mas, Cristo vive em mim”.

Para entender este sentimento de Paulo, é preciso conhecer a sua história, resumida de forma direta e suscinta em Fl 3.5-8. Antes de sua conversão, Paulo tinha toda uma profunda convicção religiosa farisaica, ele vivia em função do que acreditava. Ele perseguia os cristãos, os maltratava e os prendia, sempre utilizando muita violência legal. Ele fazia isto acreditando ser uma obra para Deus, entendia que os cristãos era uma erva daninha que precisava ser arrancada a força, pisada e esmagada.

Paulo perseguiu os cristãos até que ele mesmo teve um encontro pessoal com Cristo. Este encontro foi tão avassalador que transformou imediatamente toda a sua estrutura. Ele percebeu imediatamente que tudo aquilo que ele pensava ou supunha ser verdade, era mentira. Ele entendeu que toda a sua vida havia sido construída sobre um falso fundamento.

Foi na estrada indo para Damasco que ele teve a sua experiência com Jesus. Apareceu para ele uma forte luz e uma voz poderosa falou com ele: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” – Ele perguntou para a voz – “Quem és Senhor” – A voz responde para ele – “Eu sou Jesus a quem tu persegues”. Naquele mesmo momento ele abriu o seu coração e começou a sentir o amor de Deus por ele. Ele compreendeu imediatamente o quanto equivocado estava. Descobriu imediatamente que era aquilo que durante toda a sua vida estava buscando, mas não sabia. Foi um amor que surgiu a primeira vista. A partir daquele momento Cristo passou a ser a razão do seu viver.

Em sua bibliografia C.S. Lewis conta que a sua conversão foi a caminho de um zoológico, em uma cidade chamada de Whipsnade. Estava indo com o seu irmão de moto, quando começou a refletir sobre a sua vida. E ali, no sidecar da moto de seu irmão que ele tomou, sozinho, a sua decisão por Jesus. Durante a viagem, uma lembrança dominou a sua mente, ele lembrou que quando foi para Oxford estudar, ele pegou o caminho errado, e ao invés de ir para a cidade, ele saiu dela. Quando ele olhou para traz, ele viu a cidade, só aí se tocou que estava indo na direção contrária. Lembrando deste evento ele fez uma correlação com a sua própria vida, e chegou a conclusão que espiritualmente ele também estava indo na direção errada. E decidiu simplesmente voltar-se para Deus. Ali, ao vento naquele veículo, ele abriu o seu coração, sentiu o amor de Deus e teve o seu encontro pessoal com Jesus.

A partir daquele momento ele podia afirmar que Cristo vivia nele. Ele baixou a guarda, abriu o seu coração e deixou Cristo entrar.

2. Segunda verdade que Paulo afirmou: “Ele me amou”

Creio que o apóstolo Paulo estava muito convicto deste amor, afinal, ele sabia quem ele havia sido e tudo o que tinha feito. Era impossível ser aceito por Jesus se este não o amasse muito. O apóstolo Paulo havia sido um perseguidor de Cristãos, alguém que Jesus deveria odiar, pelo fato de que ele perseguia, açoitava e prendia os seus seguidores. Mas, pelo contrário, Cristo o amou, e o seu amor foi tão grande que alcançou a Saulo naquela estrada indo para Damasco.

É preciso muito amor para se perdoar alguém que tenha cometido tantas falhas como Saulo cometeu. A prova do amor de Deus para com ele está justamente em sua transformação. Saulo, uma vez transformado através daquele encontro com Cristo, passou a ser chamado Paulo. A primeira coisa que mudou na vida dele foi a forma que as pessoas o chamavam. A segunda coisa que mudou foram as suas atitudes. Aquele que era um perseguidor de cristãos, se tornou o apóstolo mais proeminente de todo o Novo Testamento.

As escrituras nos afirmam que Deus nos ama. É o amor de Deus que faz com que ele não desista de nós, mesmo sendo quem somos, com todas as nossas falhas e imperfeições. Seja você quem você for, creia, Deus te ama. E, por te amar tanto é ele deseja que você caminhe com ele.

3. Terceira verdade que Paulo afirmou: “Se entregou por mim”

Quando Paulo se converteu já havia se passado cerca de cinco anos da morte de Jesus. O apóstolo não o conheceu pessoalmente, não caminhou com ele, a sua experiência se deu anos depois. Antes de converter-se ele não sabia ao certo o porquê de Jesus ter sido morto. Mas, quando ele tem a sua experiência pessoal, tudo toma um novo significado, ele toma noção da dimensão do sacrifício de Jesus. Ele entende que Jesus havia morrido em seu lugar.

Há algum tempo atrás ocorreu um episódio no qual uma pessoa deslizou de uma pedra, caiu no mar e estava se afogando. As ondas e a forte correnteza não estavam deixando a pessoa sair. O salva vidas entrou no mar, arriscando a sua própria vida, e conseguiu tirar a pessoa, mas, ele mesmo não conseguiu sair e estava se afogando. Um surfista vendo a aflição do salva vidas, entrou no mar e com a sua prancha conseguiu ajudá-lo a sair. Eu me emociono só de lembrar desta reportagem, e eu nem estava lá. A bravura daquele rapaz não tem preço. O que ficou ali para os que foram salvos foi o sentimento de gratidão. Nem o salva vidas e nem o surfista morreram, graças a Deus. Mas, eles se sacrificaram por um desconhecido.

Foi isto que Jesus fez por nós. Ele se sacrificou por toda a humanidade, e Paulo estava bem certo disto. O que devemos fazer é simplesmente aceitar este sacrifício de Jesus por nós.

Conclusão

Para o apóstolo Paulo, Cristo era a coisa mais importante de sua vida, Jesus era a razão do seu viver. Era o que o levava a acordar e levantar. Era a essência de tudo o que fazia e falava. Era o que dava forças para continuar vivendo a sua vida. Era o tema principal de tudo o que dizia. Era a sua força motriz.

Da mesma forma que Cristo foi a razão da existência de Paulo, Ele também espera ser a razão do seu viver. Ele deseja ser o seu tudo, o alfa e o ômega, o princípio e o fim de tudo em sua vida.

Para que Cristo seja a razão de sua vida é preciso que, assim como Paulo, você também faça uma escolha em sua vida. Escolha a Cristo. Convide-o para encher o seu coração, permita que ele dirija a sua vida. Escolha Jesus e tenha a maior experiência de sua vida.

Faça como Paulo, ouça a voz do Senhor que te chama neste momento para a sua presença. Aquele mesmo amor que Paulo sentiu, na estrada que ia para Damasco, Deus quer que você também sinta. Se renda a este tão grande amor.

Se você deseja sentir este grande amor de Deus por sua vida, fale com ele agora, em silêncio no seu pensamento ou em voz alta, não importa a forma. O que é importante é que você faça isto com todo o seu coração.

Se você quiser saber mais sobre o assunto, pode deixar o seu comentário e e-mail logo abaixo..

Pr. Sergio Rosa