Gênesis 4.9
“Disse o SENHOR a Caim: Onde
está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?”
No conhecido Sermão do Monte Jesus
faz uma reinterpretação da Lei judaica. Os judeus utilizavam o método literal
para interpretar os mandamentos, e por isto muitos tinham uma visão espiritual
muito rasa do que Deus queria para eles. Por exemplo o sexto mandamento dizia
literalmente “não matarás”. Jesus, porém, foi além da letra fria quando declarou:
“Eu, porém, vos digo
que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento
do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”.
Desta forma ele deixa bem claro
que a ira, o insulto ou o xingamento contra o seu irmão já deve ser considerado
crime. O Código Penal Brasileiro, está em pleno acordo com o que Jesus disse, ele
tipifica este fato da seguinte forma: “Art. 140 – Injuriar alguém,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Portanto, hoje no Brasil, dirigir palavras ou qualidades negativas ou xingar outra pessoa é crime passível de julgamento
com “Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.
João é ainda mais severo em sua
interpretação do que Jesus disse, ele afirma em I João 3.15: “Todo aquele que
odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a
vida eterna permanente em si”. Ele classifica como assassino aquele que destila
ódio contra o seu irmão. Segundo o texto de João, o ódio contra o irmão é um impedimento
para entrar na vida eterna.
Olhando para o texto de Gênesis
percebemos que o assassinato de Abel foi apenas o ápice de todo um contexto. Caim
havia desenvolvido um ódio muito grande contra o seu irmão Abel, portanto, ele
já era um homicida em potencial. Este ódio o levou a querer silenciar o que lhe
causava indignação. Ele não conseguia mais conviver pacificamente com o seu
irmão; já não conseguia lidar com o contraditório; não conseguia sequer ouvi-lo.
Pensando nisto, gostaria de
pensar sobre quais algumas razões que levaram Caim a desenvolver todo aquele
ódio que culminou em um assassinato?
1. Caim não era de fato
convertido
Ambos, Caim e Abel andavam e falavam
com Deus. Poderíamos dizer que eles participavam do mesmo culto, na mesma
congregação. Desenvolviam juntos um trabalho religioso. Eles adoravam a Deus, oravam,
cantavam, ouviam as mensagens, mas, havia uma diferença muito grande entre um e
outro. Abel tinha um coração convertido ao Senhor. Ele de fato era um
verdadeiro adorador. Caim era apenas um repetidor de ritos, alguém que se habituou
com a religiosidade. Porém, o fato relevante que o texto denuncia é que suas
práticas religiosas eram apenas exteriores. Ele era espiritualmente oco.
Nota-se isto, a partir das suas decisões.
2. Caim tinha uma divergência
doutrinária
A história nos mostra quantas celeumas
houveram que proporcionaram rupturas enormes, perseguições, cárceres e até
morte, devido divergências de ordem puramente doutrinária. A própria Reforma
Protestante mostra claramente o que uma divergência doutrinária pode ocasionar,
basta estudar sobre a quantidade de mortes ocorridas neste período.
Já participei de vários momentos
de divergências doutrinárias na igreja. Todas ficaram para trás. Todas
passaram. Coisas que eram importantíssimas na época, hoje não tem a menor
importância. Mas, os cismas ocasionados pelas brigas, causaram feridas enormes
impossíveis de serem curadas. Se na época Caim não tivesse matado Abel, mas,
tivesse resolvido na diplomacia, poderiam ter vivido para ver as gerações
futuras a eles, juntos. E, poderiam, ter percebido que aquela divergência
poderia ter sido facilmente ajustada.
3. Caim agiu na covardia
Conclusão
As ações de Caim certamente não o
levaram ao céu. O lugar de justa recompensa pelo seu delito é a prisão eterna. Os
crimes que cometemos nesta vida, podem nos levar, se julgados e condenados,
para a cadeia. Mas, os crimes praticados contra Deus, nos levarão para a
condenação eterna.
Onde está o seu irmão Abel?
Preste muita atenção no que você está fazendo contra o seu irmão em nome de
Deus ou de alguma doutrina que você considera importante. Coloque diante de
Deus se realmente é justa e correta a sua ofensa contra aquele que pensa
diferente. Veja se você não está sendo levado pelo espírito de Caim, ou pelo
espírito que levou Caim a assassinar o seu irmão.
Para Caim, já não resta mais
esperança. Mas, para você pode ainda haver. Busque a sensatez, o equilíbrio, a
mansidão. Busque uma solução sensata, sem ódio, para solucionar as questões de
divergência.
Pr Sergio Rosa