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sábado, 23 de março de 2024

Onde está Abel, teu irmão?

 Gênesis 4.9

Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?

Qual foi o motivo do descontentamento de Caim em relação ao seu irmão? O que realmente o levou a matá-lo? A partir deste questionamento podemos pensar nos motivos pelos quais ocorrem tanta hostilidade entre os cristãos, repetindo o mesmo erro de Caim. Muitos imaginam que por não matar literalmente não estão fazendo a mesma coisa, mas, há um ledo equívoco neste pensamento.

No conhecido Sermão do Monte Jesus faz uma reinterpretação da Lei judaica. Os judeus utilizavam o método literal para interpretar os mandamentos, e por isto muitos tinham uma visão espiritual muito rasa do que Deus queria para eles. Por exemplo o sexto mandamento dizia literalmente “não matarás”. Jesus, porém, foi além da letra fria quando declarou:

“Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”.

Desta forma ele deixa bem claro que a ira, o insulto ou o xingamento contra o seu irmão já deve ser considerado crime. O Código Penal Brasileiro, está em pleno acordo com o que Jesus disse, ele tipifica este fato da seguinte forma: “Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Portanto, hoje no Brasil, dirigir palavras ou qualidades negativas ou xingar outra pessoa é crime passível de julgamento com “Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.

João é ainda mais severo em sua interpretação do que Jesus disse, ele afirma em I João 3.15: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”. Ele classifica como assassino aquele que destila ódio contra o seu irmão. Segundo o texto de João, o ódio contra o irmão é um impedimento para entrar na vida eterna.

Olhando para o texto de Gênesis percebemos que o assassinato de Abel foi apenas o ápice de todo um contexto. Caim havia desenvolvido um ódio muito grande contra o seu irmão Abel, portanto, ele já era um homicida em potencial. Este ódio o levou a querer silenciar o que lhe causava indignação. Ele não conseguia mais conviver pacificamente com o seu irmão; já não conseguia lidar com o contraditório; não conseguia sequer ouvi-lo.   

Pensando nisto, gostaria de pensar sobre quais algumas razões que levaram Caim a desenvolver todo aquele ódio que culminou em um assassinato?

1. Caim não era de fato convertido

Ambos, Caim e Abel andavam e falavam com Deus. Poderíamos dizer que eles participavam do mesmo culto, na mesma congregação. Desenvolviam juntos um trabalho religioso. Eles adoravam a Deus, oravam, cantavam, ouviam as mensagens, mas, havia uma diferença muito grande entre um e outro. Abel tinha um coração convertido ao Senhor. Ele de fato era um verdadeiro adorador. Caim era apenas um repetidor de ritos, alguém que se habituou com a religiosidade. Porém, o fato relevante que o texto denuncia é que suas práticas religiosas eram apenas exteriores. Ele era espiritualmente oco. Nota-se isto, a partir das suas decisões.

Essa superficialidade de Caim o levou a desenvolver uma inveja muito grande de seu irmão, pelo simples fato de não entender as coisas de Deus e não ter em si a essência divina naquilo que praticava. A prova disto é que o seu coração estava cheio de ira e rancor. Ele foi incapaz de tratar do assunto e resolver com diálogo e diplomacia, ele partiu para violência verbal e física.

2. Caim tinha uma divergência doutrinária

Algo surpreendente que esta história nos apresenta é que Caim não brigou por causa de mulher, bens materiais, dividas, ou qualquer outra coisa deste mundo. Ele se ofendeu com o seu irmão por causa de uma divergência doutrinária. A questão toda era devido a forma de ofertar. Ele se irou porque Deus reconheceu que a forma que ele estava fazendo não estava correta e sim a de seu irmão. A partir daí, ele se sentiu muito irritado com o contraditório.

A história nos mostra quantas celeumas houveram que proporcionaram rupturas enormes, perseguições, cárceres e até morte, devido divergências de ordem puramente doutrinária. A própria Reforma Protestante mostra claramente o que uma divergência doutrinária pode ocasionar, basta estudar sobre a quantidade de mortes ocorridas neste período.

Já participei de vários momentos de divergências doutrinárias na igreja. Todas ficaram para trás. Todas passaram. Coisas que eram importantíssimas na época, hoje não tem a menor importância. Mas, os cismas ocasionados pelas brigas, causaram feridas enormes impossíveis de serem curadas. Se na época Caim não tivesse matado Abel, mas, tivesse resolvido na diplomacia, poderiam ter vivido para ver as gerações futuras a eles, juntos. E, poderiam, ter percebido que aquela divergência poderia ter sido facilmente ajustada.

3. Caim agiu na covardia

Caim era inseguro, ele não estava convicto que a sua forma de ofertar estava correta. Mesmo porque, não estava. Ele possivelmente sabia disto. Ou estava se sentindo seguro diante de uma premissa falsa. A sua insegurança estava no fato de que ele queria ser aceito do seu jeito. Ele queria praticar o que queria e fazer da forma que queria, e ainda assim, queria que Deus aceitasse. Como não foi aceito, ele elaborou um plano maligno. Ele iria silenciar aquele que o fazia se sentir diminuído, menor, menos potente. Foi aí que ele decidiu covardemente matar a seu irmão. De certo ele pegou o seu irmão de surpresa e o atacou, por motivo torpe, banal, e sem dar a vítima a oportunidade de se defender. É o que muitos cristãos fazem, não com armas físicas, mas com palavras ditas nos corredores e nas sombras.

Conclusão

As ações de Caim certamente não o levaram ao céu. O lugar de justa recompensa pelo seu delito é a prisão eterna. Os crimes que cometemos nesta vida, podem nos levar, se julgados e condenados, para a cadeia. Mas, os crimes praticados contra Deus, nos levarão para a condenação eterna.

Onde está o seu irmão Abel? Esta pergunta ainda ecoa em todo o movimento religioso até o dia de hoje. Troque o nome de Abel por alguém que você tem ofendido e atentado covardemente contra ele. Pare para pensar no que você tem feito, se a tua ação está realmente agradando a Deus. Muitos talvez se enganem, como Saulo se enganava, perseguindo aos cristãos achando estar prestando um serviço para Deus. Mas, Saulo, uma hora, ouviu a voz do Senhor e se converteu. Ele se arrependeu do grande mal que estava praticando. E, após a sua conversão, ele deixou de perseguir Abel e passou a abraçá-lo.

Onde está o seu irmão Abel? Preste muita atenção no que você está fazendo contra o seu irmão em nome de Deus ou de alguma doutrina que você considera importante. Coloque diante de Deus se realmente é justa e correta a sua ofensa contra aquele que pensa diferente. Veja se você não está sendo levado pelo espírito de Caim, ou pelo espírito que levou Caim a assassinar o seu irmão.

Para Caim, já não resta mais esperança. Mas, para você pode ainda haver. Busque a sensatez, o equilíbrio, a mansidão. Busque uma solução sensata, sem ódio, para solucionar as questões de divergência.

Pr Sergio Rosa

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