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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sábado, 20 de julho de 2024

Coisas que só os amigos fazem

Jó 2.11-13

Hoje estamos comemorando o dia do amigo, embora a data oficial seja 20 de julho. O professor e filósofo argentino Enrique Ernesto Febbraro foi o responsável pela criação do Dia Internacional da Amizade. A ideia surgiu com a chegada do homem à Lua, em 1969, pois este fato significava que juntos, os povos poderiam conseguir superar desafios quase impossíveis. Para o criador da data, esse evento representava um símbolo de união entre todos os seres humanos.

É difícil definir exatamente o que é amizade. No conceito geral a amizade é a relação afetiva entre os indivíduos. É o relacionamento que as pessoas têm de afeto e carinho por outra, que possuem um sentimento de lealdade, proteção, e etc.. Amigos são aquelas pessoas que gostamos da companhia, da presença, e, não sabemos explicar o porquê. Provérbio 15.30 diz: “O olhar do amigo alegra o coração”.

Tenho relido o livro de Jó nestes últimos dias. Este não é um livro da Bíblia que muita gente gosta de ler, não é um dos livros mais lidos, porque é um pouco maçante para quem não está acostumado com a poesia hebraica. O livro é uma discussão filosófica, em linguagem poética, que trata acerca do sofrimento humano. Indiretamente o livro de Jó também fala sobre amizade. Praticamente todo o livro é um diálogo entre Jó e seus três amigos: Elifaz, Bildade e Sofar. Ao saberem que o seu amigo Jó estava enfrentando um grande infortúnio, eles deixaram os seus afazeres e foram até ele para o consolar. Ali, eles ficaram inicialmente, sete dias, sem dizer uma palavra. Apenas chorando e sofrendo com ele. Depois destes sete dias eles começaram a falar, aí estragou tudo, estava tudo muito bom enquanto eles estavam apenas quietos.

A partir do diálogo existente no livro de Jó, gostaria de pensar com vocês sobre coisas que só os amigos fazem:

1. Amigos nos falam o que ninguém jamais falaria

Os amigos de Jó, enquanto estavam calados foram verdadeiros poetas, mas, foi só abrir a boca para falarem muitas coisas indevidas. Mas, eles falaram aquilo que estava em seus corações. Amigos tem esta característica de nos confrontar de maneira dura, mas, quando fazem isto, sempre pensam em nosso bem. Às vezes eles estão certos, e por isto precisamos ouvi-los. mas, as vezes erram feio, como os amigos de Jó, e precisam ser corrigidos.

Os amigos de Jó fizeram uma leitura totalmente equivocada da situação, como se Jó tivesse algo para confessar. Eles imaginaram que se Jó perdeu tudo o que tem, é porque Deus estava pesando a sua mão. Deus jamais retribuiria o bem com o mal. Esta é a lógica humana a respeito do problema do sofrimento. Os discípulos de Jesus também tiveram este posicionamento, João 9:1 diz: “E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Jesus respondeu que nem um e nem outro havia pecado. O que nos leva a pensar que nem todo mal é resultado de pecado ou maldição.

Amigos nos confrontam quando eles entendem que estamos errados. Quem não tem amigos assim, que diz na nossa cara aquilo que pensa a respeito de determinadas situações? E, quanto mais íntimo, mais se tem liberdade para falar.

2. Amigos fazem coisas que ninguém mais faria

Foram sete dias sentados chorando e se condoendo com Jó. Quem mais faria isto? Apesar de todo o debate que eles promoveram com Jó, eles não o abandonaram, ficaram com ele até que ele fosse totalmente restaurado de sua dor. Amigos fazem grandes coisas por nós, melhores amigos, fazem coisas extraordinárias, coisas que ninguém mais faria.

Lucas 5.17-19 fala a respeito de um homem paralítico, que foi conduzido por outros homens para ser curado por Jesus. Como o lugar estava cheio e eles não conseguiam se aproximar, tiveram a ideia de descer o paralítico pelo terraço. Quem mais teria uma ideia maluca assim? só amigos muito chegados.

Amigos são aqueles que contamos para nos ajudar na hora dos apertos da vida. Nem sempre eles poderão nos ajudar, precisamos entender a limitação de cada um. Mas, no geral, melhores amigos sempre dão um jeito de nos ajudar em situações complicadas.

3. Amigos nos suportam apesar de quem somos

Os amigos de Jó tinham uma ideia falsa sobre ele. Eles achavam que Jó teria que ter um erro para confessar, para que Deus pudesse perdoá-lo e acabar o sofrimento. A lógica deles não estava errada. Porém, apesar da lógica ser verdadeira, a premissa era falsa. Porque Jó não havia feito nada errado, estava apenas sendo experimentado em sua fé.

Este fato nos leva a concluir que nem todo o sofrimento que enfrentamos é consequência direta de algo errado que tenhamos feito. Há muitas pessoas se sentindo culpadas achando que Deus está pesando a sua mão sobre ela, quando na verdade está apenas enfrentando situações difíceis da vida.

É importante destacar que mesmo com o pensamento errado a respeito de Jó, seus amigos não o desprezaram. E, da mesma forma Jó, apesar de seus amigos terem uma falsa ideia ao seu respeito, ele também não os desprezou.

Amigos se suportam, apesar de suas falhas, erros e diferenças.

Conclusão

Segundo o poeta Milton Nascimento: “Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Amizade é uma poderosa expressão de amor. Algo que dura pra vida toda. Há ocasiões que ficamos anos sem ver um amigo, e quando reencontramos, parece que foi ontem.

Hoje, no dia do amigo, alguém que gosta muito de você te convidou para este culto. A intenção é que você conheça outras pessoas e quem sabe faça outras amizades. De todos os amigos, nós gostaríamos de apresentar, o maior de todos eles, é alguém que fez algo que poucos amigos fariam, ele entregou a própria vida para que eu e você pudéssemos ser salvos. Jesus!

Jesus quer ser o seu melhor amigo, ele te convida para iniciar ou reatar uma amizade. Em João 15:15 ele diz: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.

Jesus é o amigo fiel. Outros amigos, como os de Jó, podem até falhar, mas, Jesus jamais falhará. E, como amigo, ele nos convida a desfrutar de tudo o que ele tem. Ele quer dividir conosco o seu reino. Ele nos faz um convite, para que entremos no seu reino. Para tomar posse do reino de Jesus e participar do seu reino, basta aceitá-lo em seu coração.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Família lugar onde se aprende amar a Deus – Dt 6.4-9

Este texto de Deuteronômio traz uma grande responsabilidade a nós, os pais, ele diz que em nosso relacionamento familiar devemos ser exemplos para os nossos filhos ensinando-os a amar a Deus e andar em seus caminhos. Devemos fazer isto em todo o momento. O verso 7 apresenta quatro momentos distintos: 1. Assentado em casa – por exemplo nas conversas que fazemos durante a refeição; 2. Andando pelo caminho – quando estamos indo para qualquer lugar; 3. Ao deitar-se – para as mães que gostam de contar histórias para os filhos dormir, a bíblia apresentar belas histórias; 4. Ao levantar-se – na preparação dos filhos para a escola. O verso 9 diz que os Israelitas deveriam atar nas mãos, na testa e escrever nas portas, para que o tempo todo estivessem lendo e aprendendo sobre a Palavra de Deus, para que em momento algum eles viessem a se esquecer dos mandamentos de Deus, e se corrompessem.

O verso 7 atribui uma grande responsabilidade aos pais, porém, vivemos em um tempo de grande ativismo, onde não temos tempo para quase nada. Em uma grande parte dos lares ambos os cônjuges trabalham fora, estudam, buscam aperfeiçoamento profissional, e ainda se dedicam à igreja, ficando muito pouco tempo para a família. Quando o casal tem filhos, estes ficam com os avós ou com empregada, no tempo em que estes estão fora.

Baseado nesta introdução gostaria de destacar o papel dos pais no ensino dos filhos:


1º lugar. O poder da mãe no ensino

I Ts 2.7 “antes nos fizemos brandos no meio de vós, como a mãe que acaricia seus filhos”. O poder de uma mãe na educação de um filho é tão importante que o apóstolo Paulo se utiliza da figura materna para ilustrar o seu relacionamento pastoral.

As mães são, em geral, muito aplicadas ao ensino dos filhos, e são detentoras de uma forma carinhosa para tratar e ensinar os filhos.

São elas que têm os primeiros contatos com o filho, e ali os alimentam em seus próprios seios, trocam suas fraudas, e em maioria, são as que ficam mais tempo com os filhos, e são as que lhes dão maior atenção. Existem as exceções, mas, em sua maioria, as mães são mais dedicadas aos filhos que os pais. Há pais que fazem os filhos e desaparecem na vida, e sequer pagam pensão.

Até mesmo o Estado compreende que a mãe precisa ficar mais perto do filho, e concede às mães a licença maternidade bem superior a licença paternidade. É algo que esta sendo discutido, em alguns países da Europa, Portugal por exemplo, os pais também tem licença paternidade em tempo igual ao da mulher, para também curtir o filho. Basta saber se estes indivíduos têm realmente se dedicado à sua prole.

Se eu puder deixar um conselho para as mães, eu diria para que vocês aproveitem bem este dom que Deus te deu para ensinar aos seus filhos a trilharem nos caminhos do Senhor. Seja um modelo de adoradora para o seu filho, ele terá uma forte tendência a te copiar, se ele vir em você uma pessoa digna de ser copiada.

Aproveite a paixão, a admiração, o amor, que o teu filho tem por você, para conduzi-lo nos caminhos do Senhor.

 

2º lugar. O poder do pai no ensino

I Ts 2.11-12 “E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória”. O apóstolo Paulo utiliza também a figura do pai para comparar como ele procedia no ensino, na correção e na consolação.

Paulo no final do verso 11 diz que cuidamos “a cada a um de vós”. Por que ele faz este destaque? Porque sabemos que cada filho é diferente um do outro, pode se ter recebido a mesma educação, mas cada um terá características próprias que irá diferenciar um do outro, e por esta razão precisará de um cuidado diferenciado.

Esta passagem mostra como é importante a figura paterna. Deus é nosso pai celestial. Como nossos filhos nos vêem? Perverso, amoro, arrogante, paciente? Quando somos crianças fazemos muitas associações para compreendermos o mundo. A criança associa a figura do Pai a Deus. Martinho Lutero tinha esta dificuldade. Ele era filho de um pai muito opressor, que lhe espancava muito e o reprimia com todo o rigor. Desta forma, a figura que Lutero tinha de Deus era de um Deus tirano que oprimia aos seus filhos o tempo todo.

Pais, temos uma tarefa importante: ser exemplo para nossos filhos. Devemos fazer para eles aprenderem, e repetirem aquilo que fazemos. Nesta grande tarefa não temos como falar: “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Parafraseando a Paulo, temos que dizer: “faça como eu faço, por eu faço como Cristo faria”.

 

3º lugar. Nossa tarefa como pais

A maioria de nós, creio, conhece o texto de Prov. 22.6 “ensina a criança no caminho...”. Segundo o professor Gene Getz o original diz “treine a criança de acordo com sua personalidade, ou inclinação pessoal”. O que quer dizer isto? Que temos que entender como a criança é para educá-la em sua forma natural.

As crianças experimentam diversas fases em sua formação.

1. A fase da descoberta em que ela quer mexer em tudo - A maioria das crianças, logo descobrem as tomadas da casa e querem enfiar os seus dedinhos lá. O que devemos fazer para protegê-las e colocar uma tampinha.

2. A fase da imitação - A criança imita tudo o que fazemos. Então quando o pai dirige o filho diz: eu dirijo igual ao meu pai. Elas crescem imitando o que fazemos.

Quando ela cresce o adulto não diz mais ser igual ao pai ou a mãe, agora ela diz que é ela mesmo fazendo. Ela cresceu naturalmente copiando tudo de seus pais e continuará fazendo até envelhecer.

3. Fase da confrontação - Quando as crianças não recebem exemplos, ou começam a desconfiar dos exemplos que estão recebendo de seus pais, eles não querem mais copiar, e então eles procuram outros exemplos. Eles dizem eu não quero ser igual aos meus pais. Isto, em geral, acontece na fase da adolescência. Isto gera um grande problema, estes jovem não sabem quem são. Eles já não querem ser iguais aos seus pais, porque a fase de desenvolvimento foi ruim. Elas não tiveram um modelo que querem seguir.

Precisamos ser exemplos e criarmos os nossos filhos naturalmente, ensinando-os assentado em casa, no caminho, ao deitar-se e ao levantar-se. Assim, chegará uma hora em que ela irá querer nos imitar, e buscar ter a sua própria experiência com Jesus Cristo.

Se eles perceberem que somos hipócritas, fingindo ser quem não somos, eles não irão querer saber de nos seguir. Há muitos filhos frustrados com o evangelho porque seus pais se dizem crentes, mas são pessoas terríveis. Eles nunca experimentaram o novo nascimento, a religião era apenas uma fachada.

Nossas famílias estão precisando urgentemente de modelos. Nossa sociedade está precisando urgentemente de modelos. Nossa igreja está precisando urgentemente de modelos. Modelos de caráter, de seriedade, de relacionamento com Deus.

 

Conclusão

A ausência dos pais cria uma lacuna enorme, uma ferida que nunca será completamente cicatrizada. A minha mãe saiu de casa eu tinha cerca de 16 anos. Ela simplesmente saiu sem se despedir. Um belo dia foi embora. Três anos depois ela morreu. Meu pai não absorveu muito bem a situação e eu tive que me virar desde esta idade. A Igreja neste período em nada me ajudou, mas, os princípios divinos que fui ensinado me livrou de cair em um abismo sem fim. Estou com 57 anos e isto ainda é uma lacuna em minha vida.


Pais que se divorciam, precisam ter consciência do estrago que isto causa nos filhos. Falo isto por experiência própria na minha vida. Vejo isto também na vida de duas sobrinhas netas. Vejo a revolta na vida delas. Penso que é preciso ter mais responsabilidade na hora de gerar uma criança. Vejo muitos adolescentes tendo filhos, sem nenhuma experiência de vida, deixando os seus filhos para que os avós cuidem. Vejo pessoas maduras, tendo filhos, e deixando para que outros cuides e eduquem. Vejo consultórios de psicologia cheios de pessoas com problemas devido a família que desmoronaram.

Os pais têm a responsabilidade não apenas de ensinar, mas, de reforçar o ensino, para que os filhos façam escolhas adequadas. A família precisa ser o porto seguro dos filhos. Pense nisto antes de começar a construir uma família e não deixe de fazer isto, se você já tem uma.

A sua família é o lugar onde se deve aprender a amar a Deus. Este é o princípio de uma igreja e uma sociedade ajustada.

domingo, 5 de maio de 2024

Cuide bem do seu Pastor

2 Samuel 12.26-29

Joabe era o grande general das tropas do rei Davi. Joabe foi um dos três filhos de Zeruia, a irmã de Davi. Ele foi o comandante do exército real durante todo o reinado de Davi. Por seu intermédio Israel conseguiu alcançar grandes vitórias. O que Davi foi para Saul, Joabe foi para Davi, com uma diferença, Joabe nunca quis ser rei. Ele sempre soube o seu papel, ele era temido por todos os povos devido a sua maestria em liderar os exércitos de Israel.

Um fato interessante de se notar é que o nome de Joabe não aparece na lista dos valentes de Davi, embora conste os nomes dos seus dois irmãos: Abisai e Asael. O que nos leva a crer que ele era mais um líder estrategista do que um bravo guerreiro. A sua história nos mostra que tinha grande competência para tal, porque durante todo o tempo em que esteve nesta posição Israel jamais perdeu uma batalha. Sua força estava em sua inteligência estratégica e não em sua espada.

O que mais me impressiona em toda a história de Joabe, é que mesmo com todo o poder que possuía, sempre foi fiel e leal a Davi. Aqui temos uma grande chave para entender o sucesso do reinado de Davi. Ele teve sobre a sua liderança homens como Joabe, que tinham pelo menos duas qualidades essenciais que todo líder busca em seus liderados: fidelidade e capacidade. Mesmo homens tão poderosos como Davi precisaram de liderados competentes, bravos e fiéis ao seu lado. Artigo que não é fácil de encontrar, juntos, em uma mesma pessoa.

O texto nos mostra que Joabe saiu para pelejar contra Rabá, a cidade das águas. Esta era a principal cidade Amonita. Os amonitas sempre foram grandes inimigos de Israel durante toda a história. Estudiosos afirmam que foi durante esta batalha que Joabe, obedecendo ordens de Davi, levou Urias para frente dos exércitos para que ele morresse. Joabe conquistou grande parte da cidade, porém, quando estava pronto para tomá-la por completo mandou chamar a Davi, para que o rei viesse e concluísse a vitória, para que a glória não fosse atribuída a ele, mas, ao rei (v. 28). Davi foi e conquistou a vitória sobre Rabá.

Baseado na experiência de Joabe, eu gostaria de meditar sobre: por que a igreja precisa cuidar bem do seu pastor?

1. Porque sem pastor as ovelhas se dispersam – Mateus 26.31

“(...) está escrito: ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas

O texto que Jesus está citando é do profeta Zacarias. No AT pastor não se referia ao titular de uma igreja, este conceito nasce no Novo Testamento. Este título era utilizado para líderes da nação de forma geral. Se o líder principal de uma instituição ou País for ferido, todos sofrem. Por isto, a importância de proteger e cuidar bem do líder.

A Bíblia é extraordinária e nos ensina como devemos proceder em tudo, inclusive na honra aos nossos líderes. Um líder honrado por seus liderados ficará muito mais motivado para realizar o seu trabalho. A história de Joabe é um belo exemplo espiritual de como isto deve funcionar. Ele honrou Davi em tudo.

A igreja dos planos de Deus é justamente assim, um lugar onde pastor e ovelhas caminham juntos, conectados, sabedores do quanto um precisa do outro.

O pastor é aquele que agrega o rebanho em torno de si. Isto não é feito por imposição ou força, é feito voluntariamente. É a ovelha quem decide que deseja ser obediente e fiel ao seu pastor. Foi Joabe quem abriu o seu coração para Davi para ser leal a ele para segui-lo. Ele tomou a iniciativa de lealdade e fidelidade. Ninguém o forçou ou o coagiu para fazer isto. Foi próprio dele.

Quando a ovelha deixa de acreditar no seu pastor como líder as coisas não acabam bem. A palavra do pastor para ela não fará mais nenhum efeito. Ela poderá estar presente durante as mensagens, porém, seus pensamentos vaguearão, não terá prazer em ouvir a voz do pastor, ficará entediada, buscará refúgio no celular ou qualquer outra coisa para passar o tempo. Tudo porque o seu coração está distante, fechado àquela liderança. Nada e nem ninguém poderá mudar esta situação a não ser a própria ovelha.

Abra o seu coração para o seu pastor te pastorear, permita que ele possa te acolher junto de si. Não queira ser alguém de coração fechado para receber o pastoreio e nem mesmo uma oposição.

A figura pastoral, abaixo de Jesus, é o símbolo máximo na igreja, pois o pastor representa toda uma comunidade de fé. Como símbolo ele é o objeto que é usado por Deus para unir a todos. Esta é razão pela qual se o pastor for ferido, o rebanho se dispersará.

2. Porque sem pastor as ovelhas não tem direção – João 10.2-4

elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz.”

Joabe reconhecia em Davi o seu líder. Ele tinha plena convicção de que Davi era a pessoa que Deus escolheu para dirigir o povo, para liderá-los, para mostrar o caminho. Este é o papel do pastor, orientar as ovelhas, mas, para isto as ovelhas precisam ouvir a voz do seu pastor e reconhecer a sua liderança. Joabe entendeu bem isto, por isto ouvia e seguia ao seu líder com fidelidade.

Qualquer pessoa pode ser consagrada ao ministério pastoral, basta ter um chamado, assim como qualquer pessoa poderia ocupar o trono, desde que escolhido para isto. Não vejo nada de especial nisto, apenas diferentes papeis. O problema é que na igreja só pode haver um pastor titular e no reino apenas um rei. Ainda que uma igreja tenha diversos pastores auxiliares e líderes competentes, ainda assim haverá apenas um só pastor titular. E, é através deste que vem a visão para a igreja.

Deus vocaciona pastores para dirigir o seu rebanho, é preciso portanto que as ovelhas ouçam a voz do seu pastor. Reconhecer a voz é obedecer, é seguir a direção que está sendo apontada. Se na igreja houver um grupo que quer dirigir o pastor, ainda que tenha a melhor das intenções, a coisa toda se inverteu e ovelhas passam a pastorear ao pastor. Na Bíblia não há amparo para tal atitude.

Talvez alguém possa perguntar, mas, e se o pastor se perder e for na direção errada? Primeiro, cada um dará conta de si mesmo, tanto pastores quanto as ovelhas. A falha do pastor não justifica a falha da ovelha; segundo, para a proteção da igreja, existem os órgãos denominacionais e o próprio Estatuto da Igreja, que determina o limite de ação dos pastores.

Fato é que, todo rebanho precisa de um bom pastor que as dirija, que as alimente, e que as proteja contra os lobos devoradores. E, isto deve ficar muito claro, principalmente no momento de sucessão pastoral.

3. Porque se o pastor estiver bem poderá cuidar das ovelhas

Joabe sabia que Davi precisava estar bem para cuidar do seu povo. Se um líder não estiver bem, como poderá tomar boas decisões e fazer o seu trabalho. Por isto, tudo o que esteve ao alcance de Joabe para proteger e cuidar do seu líder, ele fez. Ele chegou a anular-se, para que o seu líder brilhasse. Ele preparou toda a estratégia para a vitória contra Rabá, mas, deixou que o seu líder sacramentasse, para não o ofuscar. Joabe não fez isto porque era ingênuo, pelo contrário, era um líder muito forte, mas, porque visou o bem estar de toda a nação e não suas priorizou a si mesmo.

O pastor precisa estar bem para cuidar de suas tarefas, além de seus próprios problemas pessoais. Ele precisa estar saudável para cuidar das ovelhas e resolver cada problema que a igreja apresenta. E, olha que não são poucos. Se o pastor não estiver bem, não conseguirá cuidar de nada, nem de si mesmo.

Por esta razão se faz necessário que haja líderes com o caráter de Joabe na vida dos pastores. Homens comprometidos, fiéis, e capacitados, para ajudar no pastoreio.

Conclusão

“Cuide bem do seu pastor” é uma mensagem de desafio, para que a igreja aprenda a cuidar bem do seu líder espiritual; ajude-o a desenvolver a obra; Apoie-o; Crie condições para que ele se sinta confortável para a realização do trabalho.

Cuide bem do seu pastor, para que ele esteja bem para cuidar bem de você e de sua família. Para que ele esteja bem para trazer a revelação de Deus. Para que possa trabalhar para levar o rebanho ao crescimento.

Cuide bem do seu pastor, não porque ele é alguém especial, um 'ungidão' que todos tem a obrigação de servir, ou um ditador espiritual. Não são estas as razões pelas quais você cuidará bem dele, mas, pelo fato de que você reconhece que: Sem pastor, as ovelhas se dispersam; Sem pastor as ovelhas não tem direção, e se o pastor estiver bem, poderá fazer um excelente trabalho. Há muitos pastores que se envaidecem com a sua posição, e começam a acreditar que são merecedores de toda a bajulação de seus liderados. Porém, bons liderados entendem que a bajulação enfraquece qualquer liderança. Portanto, cuidar bem não é sinônimo de bajulação. Cuidar bem é servir com inteligência visando o crescimento do Reino.

O segredo de Davi foi Joabe e todos os demais líderes valentes que ele possuía. Assim também é a liderança pastoral. Nenhum pastor faz um bom ministério se não contar com uma liderança fiel e capacitada que lhe dê suporte para executar a sua visão.

No que você pode, trabalhe para que o pastor esteja bem para desempenhar as suas funções de maneira eficaz. Seja uma ovelha do tipo Joabe, aquele que é capacitado e fiel, que faz tudo para que a sua igreja cresça e se fortaleça.

Pr. Sergio Rosa

sexta-feira, 12 de abril de 2024

A unidade do corpo

I Coríntios 12.12

A metáfora que Paulo utiliza para falar da igreja aqui é sensacional. É tão simples e prática que qualquer criança pode entender facilmente. Ele compara a igreja a um corpo humano e afirma que a igreja é o corpo de Cristo. Isto não é algo literal, é alegórico, foi a forma que ele utilizou para ensinar para a igreja como deveria ser o seu comportamento relacional. Esta forma de ensino é surpreendente, pela sua profundeza e simplicidade. Qualquer pessoa consegue aplicar esta analogia. Ao longo do meu ministério tenho percebido que o problema não é entender, mas, sim praticar. A Igreja de Corinto entendia bem este ensino, mas, era um corpo doente. Apesar de ser uma igreja rica e cheia de dons, não tinha o principal, a saúde do corpo.

Steve Jobs, fundador da Apple, foi um empresário de sucesso, tornou-se bilionário com o desenvolvimento de novas tecnologias de informática, sua fortuna foi avaliada em mais de dois bilhões de dólares, o que dá mais de dez bilhões de reais. Porém, o seu corpo era doente, ele tinha câncer do pâncreas, e morreu precocemente aos 56 anos de idade.

Seguindo o princípio da unidade ensinado por Paulo, entendemos que a igreja é um organismo vivo, uma entidade, um ser, cujo a cabeça é Cristo. Já parou pra pensar nisto? O criador do universo é o cabeça da organização que você participa.

Baseado nisto, eu gostaria de esmiuçar um pouco mais este tema sobre a unidade do corpo.

1. A Igreja não é um corpo sem cabeça.

Na minha adolescência eu vi um filme, que foi baseado em um best seller escrito por Washington Irving, em 1820, chamado: A lenda do cavaleiro sem cabeça. Bom, isto é coisa só de filme, um corpo sem cabeça não sobrevive.

Uma criança pode ser gestada sem o cérebro. Um corpo assim é chamado de anencéfalo. O que acontece a um corpo anencéfalo? Segundo pesquisas: “Aproximadamente 75% dos fetos anencéfalos morrem dentro do útero. Dos 25% que chegam a nascer, todos têm sobrevida vegetativa que chega a 24 horas na maioria dos casos”. São raros os que sobrevivem. E, se sobreviver, vivem como se fosse um vegetal. Não falam, não andam, não sentem nada. Isto porque lhes falta o principal, o cérebro.

Da mesma forma, a Igreja pode sobreviver sem pé, sem mão, sem muitos dos órgãos do corpo, mas, não conseguirá sobreviver sem a cabeça. Cristo é a cabeça da igreja. Uma igreja sem cristo é uma igreja anencéfala. João diz: “...tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1). Está viva no diagnóstico, mas, é como se estivesse morta.

Cristo, portanto, é a cabeça espiritual, ou seja, aquele de quem vem todo o comando para o corpo. No entanto, uma cabeça não vive sozinha, precisa de um corpo. A Igreja é o corpo de Cristo. Enquanto organismo vivo necessita dos membros para sobreviver. Paulo cita alguns membros do corpo no capítulo 12 de I Coríntios: Pés, mãos, ouvidos, olho, e membros que ele chama de mais fracos e os que parecem menos dignos e não decorosos e membros nobres.

Imagina a confusão que seria se um órgão do seu corpo decidisse se rebelar contra as ordens da sua cabeça e quisesse ser autônomo fazendo sua própria vontade? Você quer escovar os dentes, mas, ele quer pentear o cabelo. Todas as duas coisas são importantes, porém, uma delas é prioritária. Por algum motivo relevante o cérebro entendeu que naquele momento era preciso fazer uma coisa e não outra. Talvez estivesse na hora de dormir ou coisa que o valha. Seja qual for o motivo, não é a mão quem decide o que irá fazer, mas o cérebro.

O que nos leva ao nosso segundo ponto:

2. A Igreja não é um corpo com movimentos involuntários

Quando eu estava na Bahia uma amiga nossa, esposa de um pastor querido teve um tipo de curto circuito em seu sistema nervoso. Ela perdeu o controle dos movimentos do seu corpo e começou a movimentar-se aleatoriamente, sem que pudesse se controlar. Ela estava consciente e vendo tudo, estava lúcida, consciente, porém, sem controle. Não foi um caso de endemoninhamento, onde a pessoa não sabe o que está fazendo, foi uma perda somente do controle de seus movimentos. Seus braços, pernas e cabeça se movimentavam para todos os lados aleatoriamente. Ela tinha espasmos e movimentos involuntários em todo o corpo.

A igreja que não está centrada em Cristo será parecida com o que aconteceu a esta minha amiga, terá muitos movimentos, fará muita coisa, mas, nenhuma terá sentido para o corpo, porque serão movimentos descoordenados, sem direção ou propósito.

Isto nos leva a compreender o ponto três:

3. A Igreja é um corpo com muitos membros, mas só uma unidade

A pergunta que podemos fazer é como podemos promover a unidade de um corpo com membros tão distintos entre si? A diferença entre as funções dos mais variados órgãos do corpo é exatamente o segredo do seu sucesso. Cada órgão do nosso corpo se complementa. Cada um tem a sua razão de existir, e cada um funciona de acordo com a sua singularidade. Todos são necessários. Precisamos que todos funcionem bem. Paulo diz no verso 26: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele..

A unidade no corpo humano é possível devido a um sistema nervoso central. Todos os membros do corpo são interligados entre si e ligados ao cérebro através deste sistema. O apóstolo, inspirado pelo Espírito, foi muito feliz nesta comparação. O corpo é a metáfora perfeita para a Igreja. Você consegue imaginar um membro ou órgão que não esteja ligado ao sistema nervoso central do seu corpo? Ele não te ajudará em nada, será um peso. Tenho um amigo muito querido que sofreu um derrame que paralisou todo o seu lado esquerdo. Ele luta a anos com fisioterapia para tentar recuperar os movimentos de braços e pernas, que estão paralisados. Se compararmos a uma igreja, estes membros são aqueles que querem estar no corpo, porém, desligados do sistema nervoso central.

4. A igreja é um sistema organizado

É através do sistema nervoso central que o corpo se comunica com o cérebro e o cérebro se comunica com o corpo. Na igreja poderíamos afirmar que este sistema é a liderança. A liderança é formada por líderes de ministérios, diretoria estatutária. Cada um destes líderes tem uma função específica no corpo. E cada membro tem o seu papel designado a cumprir dentro das organizações. Para que todo o corpo funcione bem, cada um membro precisa fazer a sua parte com excelência, em unidade.

No centro do sistema nervoso central está a medula espinhal, que se encaixa perfeitamente a figura do pastor. Nenhum destes membros é superior ou mais importante que o outro, devido a sua posição. Não é uma hierarquia, é uma organização. Nela, o pastor é o elemento principal, ele é a medula espinhal, mas isto não o faz ser melhor ou mais importante que ninguém, mas, ele tem uma função específica. Liderar o corpo. Ser o elo de ligação entre a cabeça e o corpo.

Igualmente os líderes. Não são melhores do que os seus liderados, mas cada um recebe uma designação específica. Quando um membro quer fazer aquilo que não é a sua função, gera conflito e todo o corpo sofre. Cada pessoa que assume uma função é direcionada por Deus para desenvolver um trabalho específico.

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve”. (I Cor 12.18)

Eu entendo que o pastor é aquele que faz a conexão entre a Igreja e Cristo. Não como um sacerdote do Antigo Testamento, não como um ungidão ou um ser especial, que vive da exploração da boa-fé dos fiéis. Mas, pelo simples fato de que a igreja é um corpo e a unidade deste corpo depende de uma organização. E, uma organização não subsiste com várias pessoas mandando. Em qualquer organização é salutar saber quem é o líder, e permitir que o líder tome as decisões.

5. Inimigos do corpo

Podemos chamar de inimigos do corpo as doenças que querem destruí-lo. Por exemplo o câncer que abateu o Steve Jobs, a covid que matou milhões de pessoas, a dengue que nos deixa completamente debilitados, dentre tantas outras doenças.

O corpo espiritual também fica enfermo. Há pessoas que estão dentro da igreja que nunca pertenceram ao corpo, e causa grandes desgastes, como podemos perceber na igreja de corinto. Percebemos por suas atitudes. Há também aqueles que estão dentro da igreja, mas, promove dissenção e conflitos. Com isto, a igreja sofre, e pode chegar a óbito.

O remédio para a proteção do corpo é o desenvolvimento de uma espiritualidade sadia baseada em Gálatas 5.22-23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio..”. Quando o nosso corpo é atacado por alguma doença, imediatamente o nosso sistema de defesa reage, são os anticorpos agindo para deter o avanço do mal. Os anticorpos não usam as mesmas armas da doença, se não, mataria o corpo. As nossas armas para combater o mal na igreja precisam ser espirituais, jamais carnais, semelhantes ao que o mal utiliza.

Conclusão

Voltando ao funcionamento do corpo, entendo que o pastor, abaixo de Cristo, é o principal responsável por promover a unidade e cuidar deste corpo, para mantê-lo saudável. Ele é o responsável por ouvir a voz de Deus e estabelecer as diretrizes deste corpo. Ainda que ele ouça sua liderança, e deve mesmo ouvir, pois na “multidão de conselhos há sabedoria”, a decisão para onde a igreja deve ir precisa vir dele.

Todas as entidades, seja civil, militar, governamental ou religiosa necessitam da figura de um líder para promoção da unidade. Cabe aos liderados, concordando ou não com a visão, não apenas obedecer, mas, através de sua função, contribuir com excelência para que a visão seja alcançada.

Para concluir, uma igreja que consegue que o corpo funcione em unidade é uma igreja vencedora, é uma igreja que não terá limites para tudo o que deseja fazer.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Ele não está aqui, ressuscitou!

 Mt 28.1-10

Ele não está aqui...”. Esta foi a palavra que o anjo disse às mulheres que foram ao sepulcro no domingo de manhã. Elas foram lá para visitar um sepulcro, um lugar de morte, mas acharam a vida! O anjo lhes disse que Jesus havia ressuscitado: "Ele não está aqui; ressuscitou...".

Estamos no período conhecido como Páscoa. Esta festividade teve início na formação do povo hebreu, quando foi liberto da escravidão do Egito. Desde que foi fundado, Israel deveria comemorar esta data todos os anos. Portanto, se tornou uma tradição religiosa reunir as famílias, matar um cordeiro pascoal, assar e comer (Ex.: 12.8). Jesus é este cordeiro pascal que foi morto. João Batista testemunhando a este respeito disse: "Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

O evento da morte de Jesus na cruz já remonta dois mil anos, é muito tempo. Devemos então pensar, o que ele representa para nós nos dias de hoje, partindo do princípio que a Palavra do Senhor é viva e dinâmica, e não letra morta?

Gostaria de apresentar pelo menos três grandes vitórias que a morte e ressurreição de Jesus nos traz:

1. Traz vitória diante de uma aparente derrota

A morte de Jesus deu-se em meio à festividade da páscoa. Jerusalém estava cheia de gente de toda a parte de Israel, peregrinos vinham para a cidade para participar das comemorações. A morte de Jesus se transformou em um grande espetáculo para os seus perseguidores. Naquele momento seus algozes estavam celebrando o triunfo de seu intento maligno.

Mas, a visão de Deus sobre aquele evento era bem diferente do que os olhos humanos contemplavam. Aparentemente a morte de Jesus era uma evidente derrota, porém o que parecia ser a maior de todas as derrotas, Deus transformou na maior de todas as vitórias. Isto porque ao terceiro dia Jesus venceu a morte e ressuscitou!

Lembro-me que certa vez a igreja que eu pastoreava foi denunciada no Ministério Público. A promotora me convidou para esclarecer sobre a questão de som muito alto. O que não era verdade. O real problema era que os vizinhos que não gostavam das músicas que tocávamos. Por esta razão, fui parar na promotoria para dar explicações algumas vezes. As pessoas que faziam a denúncia ficavam radiantes, achando que estavam me humilhando. Mas, com estas idas, a promotora acabou me conhecendo, parou de receber as denúncias caluniosas, e isto acabou gerando uma aproximação. A partir disto surgiu uma parceria com a promotora e desenvolvemos diversos trabalhos juntos no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.

É assim que Deus faz, onde em nossas vidas parecia que haveria uma grande derrota, o quadro se reverte de tal maneira que transforma tudo em uma vitória sem igual. Basta apenas confiar e esperar nele.

2. Traz vida onde há morte

Diz o texto que no domingo pela madrugada, as mulheres foram ao sepulcro e lá encontraram o anjo que havia movido a pedra que guardava a entrada. Os guardas que estavam na porta para ninguém roubar o corpo haviam desmaiado de medo ao ver os seres celestes. Então Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, entraram no sepulcro e o anjo disse: Ele não está aqui; ressuscitou.

Jesus certa vez estava indo, com os seus discípulos, para uma Aldeia chamada Naim. Ao chegar perto da Aldeia viu que vinha em sua direção um cortejo fúnebre. O filho de uma viúva estava morto, e um grupo seguia com uma multidão para sepultá-lo. Ele parou a comitiva, falou para a viúva não chorar mais, e ressuscitou o seu filho. Este foi um exemplo bem claro de que um encontro com Jesus é a celebração da vida e não da morte.

Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância

3. Traz liberdade em meio a escravidão

A páscoa ganhou um novo sentido a partir da morte de Jesus. Antes simbolizava a libertação do povo hebreu da escravidão de faraó no Egito. Depois do sacrifício de Jesus, a páscoa passou a simbolizar a ressurreição do nosso Senhor e a sua vitória sobre a morte. Pela sua morte Ele nos libertou da escravidão do reino das trevas. Através de sua ressurreição nos conduz para o reino da luz.

Certa vez, há muitos anos atrás, em um determinado encontro de jovens um dos convidados, um rapaz, chegou vestido de mulher. Nunca tínhamos tido esta experiência e ficamos inicialmente um pouco perdidos. Mas, ali tivemos uma experiência tremenda. Ele foi aceito da forma que chegou, ninguém o criticou ou olhou estranhamente. Não foi feita nenhuma acepção. Ninguém pregou diretamente para ele ou fez qualquer pressão para ele mudar qualquer coisa. Ele se sentiu aceito em nosso meio. O que aconteceu, foi que ele se sentiu acolhido por nós e atraído por Jesus. Pelo Jesus que estávamos demonstrando através das atitudes de amor. O resultado foi que aquele rapaz entregou a sua vida a Jesus como Senhor de sua vida. Ele teve a sua vida completamente transformada. Converteu-se, foi batizado e tornou-se membro de uma igreja.

Jesus venceu a morte e saiu daquele sepulcro para nos trazer libertação plena, para nos dar uma nova oportunidade de vida. Ele morreu e ressuscitou para ser o caminho que nos leva aos céus e para ser a porta de entrada para a salvação.

Conclusão:

Jesus disse: “eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra viverá”. O desejo de Jesus é trazer salvação e vida eterna. Creia em Jesus! Entregue a Ele a sua vida. Se você quer fazer parte da vitória em Jesus, quer vida e deseja ser liberto de algo que te sufoca, convide-o para entrar em seu coração dizendo: Senhor Jesus, eu preciso de sua vitória, preciso de vida e libertação, reconheço que preciso de sua presença em mim e por esta razão eu me entrego em suas mãos. Amém!

sábado, 23 de março de 2024

Onde está Abel, teu irmão?

 Gênesis 4.9

Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?

Qual foi o motivo do descontentamento de Caim em relação ao seu irmão? O que realmente o levou a matá-lo? A partir deste questionamento podemos pensar nos motivos pelos quais ocorrem tanta hostilidade entre os cristãos, repetindo o mesmo erro de Caim. Muitos imaginam que por não matar literalmente não estão fazendo a mesma coisa, mas, há um ledo equívoco neste pensamento.

No conhecido Sermão do Monte Jesus faz uma reinterpretação da Lei judaica. Os judeus utilizavam o método literal para interpretar os mandamentos, e por isto muitos tinham uma visão espiritual muito rasa do que Deus queria para eles. Por exemplo o sexto mandamento dizia literalmente “não matarás”. Jesus, porém, foi além da letra fria quando declarou:

“Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”.

Desta forma ele deixa bem claro que a ira, o insulto ou o xingamento contra o seu irmão já deve ser considerado crime. O Código Penal Brasileiro, está em pleno acordo com o que Jesus disse, ele tipifica este fato da seguinte forma: “Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Portanto, hoje no Brasil, dirigir palavras ou qualidades negativas ou xingar outra pessoa é crime passível de julgamento com “Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.

João é ainda mais severo em sua interpretação do que Jesus disse, ele afirma em I João 3.15: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”. Ele classifica como assassino aquele que destila ódio contra o seu irmão. Segundo o texto de João, o ódio contra o irmão é um impedimento para entrar na vida eterna.

Olhando para o texto de Gênesis percebemos que o assassinato de Abel foi apenas o ápice de todo um contexto. Caim havia desenvolvido um ódio muito grande contra o seu irmão Abel, portanto, ele já era um homicida em potencial. Este ódio o levou a querer silenciar o que lhe causava indignação. Ele não conseguia mais conviver pacificamente com o seu irmão; já não conseguia lidar com o contraditório; não conseguia sequer ouvi-lo.   

Pensando nisto, gostaria de pensar sobre quais algumas razões que levaram Caim a desenvolver todo aquele ódio que culminou em um assassinato?

1. Caim não era de fato convertido

Ambos, Caim e Abel andavam e falavam com Deus. Poderíamos dizer que eles participavam do mesmo culto, na mesma congregação. Desenvolviam juntos um trabalho religioso. Eles adoravam a Deus, oravam, cantavam, ouviam as mensagens, mas, havia uma diferença muito grande entre um e outro. Abel tinha um coração convertido ao Senhor. Ele de fato era um verdadeiro adorador. Caim era apenas um repetidor de ritos, alguém que se habituou com a religiosidade. Porém, o fato relevante que o texto denuncia é que suas práticas religiosas eram apenas exteriores. Ele era espiritualmente oco. Nota-se isto, a partir das suas decisões.

Essa superficialidade de Caim o levou a desenvolver uma inveja muito grande de seu irmão, pelo simples fato de não entender as coisas de Deus e não ter em si a essência divina naquilo que praticava. A prova disto é que o seu coração estava cheio de ira e rancor. Ele foi incapaz de tratar do assunto e resolver com diálogo e diplomacia, ele partiu para violência verbal e física.

2. Caim tinha uma divergência doutrinária

Algo surpreendente que esta história nos apresenta é que Caim não brigou por causa de mulher, bens materiais, dividas, ou qualquer outra coisa deste mundo. Ele se ofendeu com o seu irmão por causa de uma divergência doutrinária. A questão toda era devido a forma de ofertar. Ele se irou porque Deus reconheceu que a forma que ele estava fazendo não estava correta e sim a de seu irmão. A partir daí, ele se sentiu muito irritado com o contraditório.

A história nos mostra quantas celeumas houveram que proporcionaram rupturas enormes, perseguições, cárceres e até morte, devido divergências de ordem puramente doutrinária. A própria Reforma Protestante mostra claramente o que uma divergência doutrinária pode ocasionar, basta estudar sobre a quantidade de mortes ocorridas neste período.

Já participei de vários momentos de divergências doutrinárias na igreja. Todas ficaram para trás. Todas passaram. Coisas que eram importantíssimas na época, hoje não tem a menor importância. Mas, os cismas ocasionados pelas brigas, causaram feridas enormes impossíveis de serem curadas. Se na época Caim não tivesse matado Abel, mas, tivesse resolvido na diplomacia, poderiam ter vivido para ver as gerações futuras a eles, juntos. E, poderiam, ter percebido que aquela divergência poderia ter sido facilmente ajustada.

3. Caim agiu na covardia

Caim era inseguro, ele não estava convicto que a sua forma de ofertar estava correta. Mesmo porque, não estava. Ele possivelmente sabia disto. Ou estava se sentindo seguro diante de uma premissa falsa. A sua insegurança estava no fato de que ele queria ser aceito do seu jeito. Ele queria praticar o que queria e fazer da forma que queria, e ainda assim, queria que Deus aceitasse. Como não foi aceito, ele elaborou um plano maligno. Ele iria silenciar aquele que o fazia se sentir diminuído, menor, menos potente. Foi aí que ele decidiu covardemente matar a seu irmão. De certo ele pegou o seu irmão de surpresa e o atacou, por motivo torpe, banal, e sem dar a vítima a oportunidade de se defender. É o que muitos cristãos fazem, não com armas físicas, mas com palavras ditas nos corredores e nas sombras.

Conclusão

As ações de Caim certamente não o levaram ao céu. O lugar de justa recompensa pelo seu delito é a prisão eterna. Os crimes que cometemos nesta vida, podem nos levar, se julgados e condenados, para a cadeia. Mas, os crimes praticados contra Deus, nos levarão para a condenação eterna.

Onde está o seu irmão Abel? Esta pergunta ainda ecoa em todo o movimento religioso até o dia de hoje. Troque o nome de Abel por alguém que você tem ofendido e atentado covardemente contra ele. Pare para pensar no que você tem feito, se a tua ação está realmente agradando a Deus. Muitos talvez se enganem, como Saulo se enganava, perseguindo aos cristãos achando estar prestando um serviço para Deus. Mas, Saulo, uma hora, ouviu a voz do Senhor e se converteu. Ele se arrependeu do grande mal que estava praticando. E, após a sua conversão, ele deixou de perseguir Abel e passou a abraçá-lo.

Onde está o seu irmão Abel? Preste muita atenção no que você está fazendo contra o seu irmão em nome de Deus ou de alguma doutrina que você considera importante. Coloque diante de Deus se realmente é justa e correta a sua ofensa contra aquele que pensa diferente. Veja se você não está sendo levado pelo espírito de Caim, ou pelo espírito que levou Caim a assassinar o seu irmão.

Para Caim, já não resta mais esperança. Mas, para você pode ainda haver. Busque a sensatez, o equilíbrio, a mansidão. Busque uma solução sensata, sem ódio, para solucionar as questões de divergência.

Pr Sergio Rosa

domingo, 17 de março de 2024

Mulheres super presentes na fase embrionária da igreja

Romanos 16.1-16 

Nenhum outro capítulo da Bíblia apresenta tantas mulheres que se destacaram por seu mérito no serviço do Reino quanto em Romanos 16. Neste capítulo o apóstolo Paulo nos apresenta, através de sua saudação, uma lista de mulheres que contribuíram imensamente com o evangelho. Elas fazem parte da estruturação da igreja ainda em sua fase embrionária. Percebemos neste texto quantas mulheres fizeram parte da estruturação do cristianismo.

A Igreja que estava nascendo surge na contra mão de uma sociedade altamente machista, que desconsiderava a figura feminina como capacitada para participar das atividades de liderança tanto religiosa quanto política. Na religião judaica, que foi o útero da religião cristã, não havia muito espaço para atividades de mulheres como lideres. O sacerdócio em geral, ou seja, qualquer atividade de liderança religiosa judaica era realizada exclusivamente por homens. Mulheres não podiam, de forma alguma, ajudar no ofício levítico sacerdotal.

Jesus faz uma releitura da Lei

Jesus, em seus ensinos, faz uma releitura da lei e dos costumes judaicos, dando a eles uma nova interpretação, mais leve e menos legalista. Esta reinterpretação não caberia na religião antiga, uma vez que teria que ser descontruído diversos costumes fundamentais para dar início a um novo ensino. Jesus afirmou:

Então lhes contou esta parábola: "Ninguém tira remendo de roupa nova e o costura em roupa velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, o vinho novo rebentará as vasilhas, se derramará, e as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em vasilhas de couro novas” (Lucas 5:36-39).

Jesus, quando questionado a respeito do por que os seus discípulos não jejuavam, estendeu a resposta para todos os costumes judaicos. A sua resposta foi que os seus ensinos não caberiam na forma religiosa que eles desenvolveram. Ele estava oferecendo um vinho novo, que deveria ser colocado em odres novos. Um novo ensino, para um novo tempo, para novas pessoas. Provavelmente os seus ouvintes não compreenderam a resposta e muitos não compreendem a até os dias de hoje.

Os ensinos de Jesus incluía as mulheres

Jesus, diferentemente dos fariseus permitia que mulheres fossem suas seguidoras e que assentassem aos seus pés para aprenderem. Isto fica muito claro na leitura dos evangelhos: “Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra” (Lucas 10:39). Maria, irmã de Marta, uma das seguidoras de Jesus. Esta expressão ‘assentar-se aos pés’ era utilizada para quem estava na posição de aprendizado. Atos 22.3 diz que Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel.

Quando chegamos na Epístola de Paulo a Romanos, no capítulo 16, podemos perceber a diversidade de mulheres que se tornaram líderes na nova religião, que aos poucos foi sendo conhecida como cristã. Era o nascimento da igreja, início de novos tempos, de uma nova doutrina, baseada nos ensinamentos de Jesus. O mestre galileu apresentou uma nova perspectiva de adoração, bastante diferente da liturgia judaica, descentralizada do Templo de Jerusalém: "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores" (João 4.23). Neste novo formato religioso as mulheres estavam incluídas, podendo inclusive liderar.

As mulheres destacadas por Paulo

A primeira destas mulheres apresentada por Paulo é Febe. Ela era diaconisa na igreja de Cencreia. O termo utilizado para definir “servindo” ou “serva”, é o mesmo que define o diácono. Paulo afirma que ela havia sido protetora, em outras versões diz que ela hospedara a muitos, ajudado a muitos, tem sido de grande ajuda a muitos, tem sido de grande auxílio. Febe era uma ajudadora no sentido latu sensu. Ela servia a toda a igreja (pessoas) da melhor forma que podia.

A segunda mulher mencionada é Priscila. Não se sabe porque razão, mas, o nome dela aparece antes do seu marido, Áquila, o que não era nada comum e muito menos usual. Em uma sociedade e religiosidade completamente liderada por homens. Este casal foi companheiro leal de Paulo, chegando a arriscarem a sua vida a favor do apóstolo. O que mostra a imensa participação de Priscila na obra missionária. Uma mulher capaz de correr risco de vida pelo apóstolo.

As mulheres que se seguem são: Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia e a irmã de Nereu, que foram apresentadas como trabalhadoras; Junias, que era uma apóstola. Nesse caso específico, há uma discussão se o nome é masculino ou feminino. Se for feminino, como grande parte dos estudiosos afirmam, então havia pelo menos uma mulher no NT que se tornou apóstola. Este fato não seria tão relevante para a época, considerando que muitas mulheres já trabalhavam na liderança da novel religião. Se tornou relevante quando a igreja começou a ser estatizada e sugiram cargos oficiais, voltando assim ao antigo formato judaico do sacerdócio levítico.

Pr. Sergio Rosa