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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sexta-feira, 28 de abril de 2023

O poder da religião nas decisões das massas

Cada sociedade desenvolve a sua espiritualidade. Ninguém senta em uma prancheta e desenha uma religião, ela simplesmente vai acontecendo a partir de suas crenças, que vão sendo repassado de geração para geração. Na maioria das vezes, não se tem ideia de como se iniciou aquela religião, e neste momento nascem os mitos. A partir do momento em que ela começa a se tornar dominante, poderosos começam a apropriar-se dela como arma de controle e manipulação das massas. Algo que não há como fugir, a não ser pela revolução filosófica teológica.

Há pessoas que acham que pelo simples fato de não professar uma determinada fé ou seguir uma religião dominante está livre de ser manipulado por suas doutrinas. Ledo engano. A coisa é muito mais profunda do que se imagina e não se prende a um grupo ou a outro. A religião dominante está impregnada na cultura e moral de um povo, assim como o inverso é verdadeiro. Portanto, todas as decisões de massa que serão tomadas, estarão intimamente ligadas ao poder da religião dominante.

Vamos tomar alguns exemplos para entender isto de maneira macroscópica:

Povos nórdicos - Odin

Os vikings acreditavam em Odin como o seu deus principal. Odin era o deus da guerra e da morte. Em sua crença, eles acreditavam que vencer a guerra era um favorecimento de Odin. Quando o seu deus os fortalecia, eles venciam. O povo acreditava que após uma morte heroica em batalha eles iriam morar eternamente em Valhala (Salão de Odin) e iram banquetear eternamente com os bravos semelhantes e com Odin. Os medrosos ou quem morria de outra forma, não iria para o paraíso nórdico.

Este pensamento os estimulava para guerrear e não temer a morte violenta, ao contrário, eles até a buscavam. Isto fazia com que os exércitos nórdicos fossem poderosíssimos, o que muito explica as suas grandes vitórias contra os cristãos na idade média. Eles realizaram grandiosas conquistas, navegaram para muitas partes da Europa levando o terror e uma nova cultura.

É interessante notar que eles venceram a guerra, dominaram outros povos com os seus exércitos, mas, a sua filosofia e religião foi engolida pelo cristianismo.

Índia - Brahma

Na Índia há uma crença em diversas divindades, mas, a mais importante é Brahma, criador do universo, Vishnu e o sustentador do universo, e Shiva, o destruidor e regenerador da energia vital. Os três juntos formam a Trimúrti, a trindade sagrada do hinduísmo.

Os indianos vivem sobre um sistema de castas, que está intimamente ligado às suas crenças. Este sistema legal de castas foi abolido em 1950, com a nova Constituição. Porém, mesmo com a mudança da Constituição, nada se alterou na religião. A fé e a espiritualidade continuaram as mesmas. Trata-se de um problema religioso, moral, que está enraizado nas pessoas. O principal interessado na continuação deste pensamento é a casta dominante, que se beneficia com esta posição de subserviência. Enquanto eles acreditarem em suas divindades, jamais questionarão seriamente, jamais se rebelarão.

A crença na religião impede que haja revoluções para se quebrar as castas. As pessoas se colocam em posição de impedimento até mesmo para se casarem com pessoas de outras castas.

Europa e América - Jesus

O cristianismo em geral crê em Deus, o criador de todas as coisas. O Deus judaico-cristão se manifesta na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Durante o período em que a Igreja esteve no topo do poder em toda a Europa, ela exercia grande domínio sobre tudo. Ela ditava a forma que as pessoas viviam. Reis e governadores se dobravam ao domínio espiritual do santo Império romano. Até que começaram os questionamentos teológicos dos seus dogmas. Estes questionamentos se iniciaram a partir do uso da razão em detrimento a fé dogmática, no fim da idade média e início da idade moderna. Isto foi o estopim para muitas revoluções que varreram a Europa, modificando toda uma cultura.

A Reforma protestante foi resultado direto desta mudança de mente. A Reforma mudou o pensamento religioso da época. Após a Reforma Protestante o mundo ocidental experimentou o iluminismo e explodiu em revoluções. O rei deixou de ser o ungido intocável de Deus. Alguns dele foram depostos e até mortos. O cristianismo legitimava a figura do rei como soberano divino. Com a queda desta crença, muitos foram encorajados a lutar contra o absolutismo monárquico.

Conclusão

Seja em que lugar do mundo for, toda religião dominante está ligada diretamente à cultura. A cultura é reforçada pela religião e leva a hábitos e tomadas de decisões morais. O poder político estatal não está alheio a este fato. Ao contrário, utiliza-se deste expediente para manipular a religião e a cultura, para ter domímio pleno das massas, e assim, perpetuar-se no poder. Na maioria das vezes isto é feito de maneira mecânica, sem pensar, apenas praticando a mesma coisa e utilizando o mesmo expediente que todos. Todo poder dominante se enxerga como ‘o escolhido’ ou ‘agraciado’ pelo povo e pela divindade de seu povo. Sendo o rei escolhido por um deus, quem ousará a questionar?

Embora, em muitos países se defenda um estado laico, é impossível que o Estado seja totalmente laico, jamais será laico um país onde há uma religião dominante, a não ser que todos os cidadãos sejam ateus. Neste caso o ateísmo seria a forma condicionante sob a qual o povo viveria e nada mudaria, considerando que todo ateísmo está atrelado a uma doutrina filosófica, simplesmente iria se trocar um dogma religioso por um dogma filosófico.

Pr. Sergio Rosa


sexta-feira, 24 de março de 2023

Guerra ideológica comunismo x capitalismo



Guerra é um lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam por dicisão de velhos que se conhecem, se odeiam, mas, não se matam" (Frase atribuída a Erich Hartimann)

Dividi et impera
, que quer dizer “Dividir para conquistar”. Este conceito foi amplamente utilizado pelo imperador Marco  Aurélio, por Napoleão e outros grandes expoentes históricos. É uma tática que não sai de moda, políticos e estrategistas do mundo todo se utilizam deste princípio para realizarem ações de destruição e/ou dominação do inimigo.

Há várias formas de se fazer isto: Semeando inimizades, discórdia, estimulando segmentações, atacando a moral, demonizando o inimigo. Sim, é preciso que o inimigo seja um monstro para dar legalidade a ação de destruição do outro. É preciso criar comoção social para que as pessoas se levantem em oposição achando que estão destruindo o mal, trabalhando pela justiça, pelos bons costumes, pela moral, até por Deus. Enquanto isto, praticam coisas horrendas, matam, perseguem, destroi, gerream, mas, sempre crendo que estão fazendo uma coisa boa.

O planeta, desde o início do século XX, foi dividido em pelo menos dois grandes seguimentos políticos: Comunismo/Socialismo x capitalismo. Embora comunismo e socialismo não sejam a mesma coisa, as pessoas de senso comum as veem como se fossem uma só coisa. Estes movimentos de segregação odiosa sempre foram estimulados por grandes oligarcas. Homens poderosos, detentores de grande parte da riqueza mundial, que brigam entre si, fazem guerra, mas, jamais lutam, colocam os outros para lutar por eles. Eles vivem bem acima das nuvens do Estado. São detentores de quase todo o patrimônio do planeta. Não ligam tanto para ideologia quanto parecem, não são adeptos de nenhuma religiosidade, seu deus é o dinheiro. Entretanto, se utilizam tanto das ideologias quanto da religião para marcar seus territórios e tomarem a riqueza de outros. São manipuladores da massa e da política.

Um exemplo claro sobre isto foi a guerra contra o Iraque, na época do Osama Bin Laden. Ele foi treinado pela CIA (o serviço de inteligência norte-americano), com as mais sofisticas táticas militares e planejamento financeiro. A ele foi fornecido tanto recursos como armamento para combater a antiga União Soviética na invasão do Afeganistão. Quando se fez esta aliança, ninguém se preocupou com a religião ou partido dele. Osama foi criado para uma finalidade específica, combater os soviéticos.

A desculpa da guerra sempre foi a luta contra comunismo, porém, o que na verdade sempre esteve em jogo era as riquezas petrolíferas do oriente médio. Para se ter uma ideia da desfaçatez, o Vice Presidente do Presidente Bush, Dick Sheney, se tornou o CEO da Halliburton, uma das maiores empresas de petróleo dos EUA. Ele que havia sido também Secretário de Defesa em 1991. Este foi o resultado da guerra contra o comunismo.

A polarização do comunismo x capitalismo sempre foi uma grande desculpa ideológica para promover guerras, com a finalidade única de proteger e enriquecer as oligarquias. Oligarcas só se preocupam com uma coisa, dinheiro. Como para ter mais dinheiro eles precisam de poder, então, promovem guerras. Enquanto isto, os demais habitantes deste planeta, ficam como tolos, brigando por causas que não entendem, matando em nome de coisas que não existem.

Pr. Sergio

terça-feira, 14 de março de 2023

Homens a favor desta terra

Ezequiel 22.30

O povo hebreu quando conquistou as terras de Canaã andava na presença de Deus e por esta razão, eles foram prósperos e conseguiram apropriar-se de toda aquela região, expulsando dali os seus inimigos. Durante a sua trajetória às vezes eles erravam o caminho, quando isto acontecia, Deus levantava, inicialmente, juízes para orientá-los, e mais tarde, quando já estavam consolidados na nova terra, Deus enviava profetas para os corrigirem.

Porém, com o passar dos anos, eles começaram a esquecer-se do Deus, que havia lhes concedido tantas vitórias. A quantidade de falsos profetas multiplicou-se exponencialmente. Eles não conseguiam mais discernir a voz de Deus. Dia após dia se afundaram nos seus erros. O resultado disto foi que eles acabaram indo parar no cativeiro babilônico por setenta anos.

Ezequiel é um profeta exílico, isto é, ele profetizou em meio aos exilados na Babilônia. Neste capítulo 22, ele aponta diversas razões pelas quais Deus intentou a destruição de Jerusalém, não foram poucos os motivos:

22.6 – Os príncipes eram sanguinários;

22.7 - O povo praticava extorsões contra o estrangeiro e eram injustos com os órfãos e viúvas;

22.8 – Desprezavam as coisas santas;

22.10 – Eram adúlteros, devassos, não respeitavam sequer a própria família;

22.12 – Praticavam subornos, exploravam e extorquia o próximo;

22.26 – Os sacerdotes transgrediam a lei e não faziam diferença entre o santo e o profano;

22.27 – Os príncipes auferiam lucros desonestos;

22.28 – Nem os profetas se salvaram, prediziam mentiras e entregavam falsas visões;

22.29 – Havia violência contra o aflito e opressão contra o necessitado.

Jerusalém estava completamente arruinada moral e espiritualmente. Havia uma decadência total de tudo. O resultado foi a destruição pelas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Deus permitiu que uma nação pagã destruísse tudo aquilo que ele havia construído ao longo dos anos.

Ezequiel, usado pelo Senhor, diz que o Senhor buscou entre os homens um só que não se corrompera juntamente com o povo, alguém que estivesse disposto a lutar pelo povo, trabalhar na reconstrução dos muros e se colocasse na brecha do muro, mas, não achou a ninguém.

Deus continua a procura de homens e mulheres deste quilate, a quem ele possa atribuir esta tarefa de reconstrução, nos mais diversos lugares, seja na igreja, empresa, escola, enfim, em todo o canto da sociedade.

Quais seriam as características destas pessoas?

1. Trabalhador

Precisa ser alguém que goste de trabalhar, porque a sua principal função é trabalhar no muro, tampando as suas brechas. Alguém que não é muito chegado ao trabalho não iria ajudar na reconstrução de nada, portanto, precisaria ser alguém muito disposto a enfrentar as dificuldades e trabalhar duro.

Outro dia eu vi uma reportagem de um rapaz chamado Sergio Pereira, 36 anos, que se formou em direito em 2022. Ele conseguiu passar no exame da OAB ainda no nono período, e na primeira tentativa. A história dele é de muita determinação e coragem. Ele viveu em situação de rua, mas, buscou uma saída através do trabalho e o estudo. Trabalhou em um lava-jato, que o acolheu e deixou ele dormir no local. Com suor comprou uma bicicleta para trabalhar também como entregador. Mais tarde conseguiu comprar uma moto para fazer entregas. Com 30 anos voltou a estudar e saiu do ensino médio para bacharel em Direito em apenas seis anos.

As pessoas que querem prosperar na vida, chegar a um lugar melhor, produzir boas coisas, precisam gostar de trabalhar, acordar cedo, produzir, estudar, dedicar-se a algo, buscar o seu crescimento pessoal e primar pela excelência no que faz. Acredito que quando Deus vai buscar alguém para o seu serviço, alguém para se colocar na brecha, ele deve procurar por estas características.

2. Corajoso

Precisa ser alguém que não se assuste com os perigos facilmente, caso contrário iria abandonar o seu posto diante do primeiro perigo. Aqueles que desejam ser usados pelo Senhor não pode temer diante da primeira ameaça, precisa ser valente para enfrentar os perigos.

Eu não sou um cinéfilo, mas gosto de assistir filmes com Rosana. Em 1995 foi lançado um filme que foi sucesso de bilheteria, que é assistido até os dias de hoje, Coração Valente, com Mel Gibson. O filme conta a história de Willian Wallace, um herói escocês do século 13, que liderou seus conterrâneos contra o monarca inglês Edward I. O exército amador de Wallace foi maior que o exército da Inglaterra. Pelo seu ímpeto, ele conseguiu despertar a Escócia para uma reação contra a colonização inglesa.

Para ser um homem que luta a favor desta terra é preciso ter coragem, porque os desafios são gigantescos. A nossa luta não é apenas contra carne e sangue, mas, também contra potestades espirituais.

3. Empático

Precisa ser alguém que sinta a dor do seu povo, se solidarize, que enxergue o que acontece com o oprimido, que se sensibilize diante das atrocidades, mas, que ao mesmo tempo não concorde com o erro e com o crime. A empatia não pode ser simplesmente uma concordância com tudo.

A empatia é o que nos leva a sentir a dor do necessitado. Mas, não basta sentir empatia, é preciso tomar uma decisão e fazer algo de útil, algo que irá, de alguma forma, minimizar a desesperança, algo que irá contribuir para que pessoas sejam ajudadas.

Martin Luther King é alguém que eu sempre cito, porque foi um homem trabalhador, corajoso e empático. Ele praticamente sacrificou-se para que o povo negro conseguisse muitos dos seus direitos. Ele lutou bravamente contra as leis de segregação racial norte americana, não apenas porque era negro, mas, porque sentiu a dor de seus irmãos, e estava em uma posição que lhe permitia fazer algo.

Como cristãos, devemos ser empáticos o tempo todo, sempre pensando no que podemos fazer em favor desta terra.

Conclusão

Tendo Deus, no passado, procurado dentre o povo de Jerusalém, não achou ninguém que pudesse lutar em favor da terra. O resultado foi que Jerusalém foi destruído, o seu povo foi para o cativeiro e só retornou setenta anos depois.

Deus está à procura de homens e mulheres que estejam dispostos a lutar pelo bem desta terra. Não precisa temer, porque não será pelas suas forças ou habilidades que você conseguirá alcançar êxito.

Quando olhamos para este texto, nós pensamos apenas na igreja, mas, penso que o texto vai muito mais além. Deus quer usar homens a favor desta terra em diversas áreas deste mundo.

Atos 1.8 Jesus fez uma promessa para os seus discípulos, que eles receberiam poder, ao descer sobre eles o Espírito Santo, e eles seriam suas testemunhas a partir de Jerusalém. Acredito que o que Jesus estava dizendo é que quem considerar participar desta missão não estará sozinho. O Espírito Santo do Senhor estará contigo. Deus utilizará de suas características, de trabalhador, corajoso e empático, porém, o poder será do Senhor, para te fortalecer.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A Igreja e os seus paradoxos


A Igreja, como eu já afirmei diversas vezes, é um lugar maravilhoso. Não me refiro a um espaço físico, um templo, uma edificação, por mais confortável e bem estruturado que seja, mas, a um grupo de pessoas que se unem para juntos adorarem a Deus. É neste espaço que experimentamos uma das mais gratificantes experiências, a comunhão: “Onde estiver dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles” (Mateus 18.20). Dietrich Bonhoeffer falou com propriedade sobre a importância da vida em comunhão, que só é possível a partir de uma experiência genuína com Jesus. Ele afirmava que esta é uma experiência maravilhosa, um tipo de preliminar do céu. Mas, Bonhoeffer sentiu este paradoxo na pele, quando viu a igreja se unindo ao regime nazista.

Jesus é a base da Igreja, a pedra fundamental, todos nós sabemos disto, ainda que por teoria. Mas, esta afirmativa na prática nem sempre é verdadeira. Se considerarmos a Igreja Universal, ou seja, todo o corpo de Cristo, independente de denominações, tempo ou localidade, sim, temos convicção plena de que Cristo é o cabeça, a essência, a seiva, sem a qual ela não subsiste. Quando olhamos as particularidades da igreja, suas divisões, suas singularidades denominacionais, não é difícil perceberemos as suas incongruências e paradoxos. A impressão que dá é que as vezes a igreja cava fundo e arranca a pedra fundamental e a substitui por outra coisa. É neste momento que ela decai da fé genuína. Ainda que não desenvolva uma iconografia própria, ela já se tornou idólatra. Muitas vezes, idólatra de si mesma.

Quando examinamos a história da Igreja, percebemos que ela passou por muitas situações complexas. Logo nos primeiros séculos, durante o período da patrística, ela foi perseguida pelo império romano de forma cruenta. Cristãos que se recusavam a sacrificar aos deuses do império e adorar ao imperador como divindade eram servidos como espetáculos nas arenas. Mas, tão logo estabeleceu-se um tempo de paz, ela cresceu e se enraizou entre o próprio império. A partir de Constantino, ela começou a fazer parte do império, se tornando poderosíssima, chegando a um ponto de ser mais forte do que impérios. Este foi o pior momento que a igreja viveu, justamente na sua ascensão ao poder. É interessante este fato, porque queremos que a Igreja cresça e tome lugares relevantes na história, porém, quando isto aconteceu, foi uma verdadeira tragédia.

Esta é uma visão macro da igreja, se, entretanto, olharmos com uma lupa, veremos que no mesmo período que ela estava sendo perseguida, enfrentava lutas internas contra heresias, divisões e perseguições entre os próprios cristãos. Exemplo disto foram as inúmeras doutrinas estranhas que surgiram em sua origem. Como exemplo podemos citar o gnosticismo, grupo de pessoas que afirmavam ter um conhecimento especial. Eles desenvolveram a doutrina docetista, que afirmava que Jesus era um espírito, não tinha vinda em carne e osso. Esse foi um momento de grande divisão na igreja e também de batalhas internas contra heresias.

Quando olhamos para a igreja no presente e todos os seus paradoxos, somos tentados a pensar que um dia foi diferente, em algum tempo ou algum lugar, porém, nunca foi. Nem mesmo a igreja neotestamentária ficou livre dos enfrentamentos. O que me deixa impressionado é pensar em como a igreja sobreviveu ao longo dos séculos com todas as suas incongruências. Fico pasmo em saber que foi esta igreja cheia de defeitos e problemas, que conseguiu guardar incólume a mensagem de salvação até os tempos presentes.

Aqueles que querem achar a perfeição na igreja se iludem completamente. Nunca foi pretensão de Deus fazer uma igreja perfeita, se o fosse, não poderia nos utilizar para esta tarefa, por que somos criaturas horríveis, somos imperfeitos, somos pecadores. Um dos grandes paradoxos é entender que aquele que se justifica nesta imperfeição para fazer o mal, se constitui em um agente de satanás. E, aí nos deparamos com um grande problema, como podemos construir algo saudável quando nós mesmos somos doentes? Como sermos responsabilizados pelas falhas da igreja, quando não somos perfeitos? Talvez este seja o paradoxo principal.

Se pensarmos na igreja somente a partir dos indivíduos que a formam e a formatam, sem a presença do Espírito, teremos a construção de algo maligno; uma torre de babel; no mínimo, um império humano. Por isto, a igreja jamais pode separar-se de seu elemento fundamental, Jesus. É através de sua presença no meio da igreja que ela consegue existir e prevalecer em meio a tudo. É a presença do Espírito do Cristo no meio da igreja que a santifica e a faz cumprir a sua missão, apesar de toda a sua vacilação e tendência para o mal. Não é apenas o nome de Jesus na boca das pessoas, mas, a transformação genuína que ele provoca no coração de quem se permite, é que faz a diferença.

Como Deus não atua em templos feitos por mão humanas, ele se utiliza de pessoas que têm um coração aberto para ser utilizado por ele. Apesar de quê, ele utiliza tanto o mal quanto o bom, para cumprir os seus mistérios. Porém, aquele que se deixa usar por Deus experimenta a sua presença, e tem experiências profundas com o eterno. Enquanto o que se entrega a malícia e ao mal, pode até alcançar glórias e tesouros desta terra, mas, jamais experimentará a glória celeste.

Pr Sergio Rosa


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

A igreja e suas peculiaridades

Romanos 12.21

A Igreja é um lugar de adorarmos a Deus, lugar de estabelecermos comunhão, laços fraternos de amizade que vão durar por toda a eternidade. Lugar de buscarmos a cura para a alma, para o espírito e também para o fortalecimento do emocional. Através da nossa busca ao divino, tudo isto acontece naturalmente, fazendo da igreja o lugar ideal para todas as pessoas que desejam manter uma espiritualidade sadia.

Neste lugar sagrado é onde buscamos a presença de Jesus. Não exatamente um lugar específico, não confundamos templo com igreja, mas, o lugar onde os santos se reúnem para adorar. Quanto mais conhecemos a Jesus, mais ele transforma a nossa vida. Através de um relacionamento íntimo e sincero, somos aperfeiçoados pela fé. Isto é maravilhoso, e quer dizer que a cada dia somos desafiados a nos tornarmos pessoas melhores. Esta mudança pessoal impacta direta e indiretamente aqueles que estão em nosso entorno.

É na igreja que nós aprendemos a ler a Bíblia e começamos a ter alguma compreensão dos textos sagrados. Nos estudos das Escolas Bíblicas e nos sermões somos convidados a meditar um pouco mais profundamente nas Sagradas Letras. Esse conhecimento torna-se lâmpada para os nosso pés e luz para os nossos caminhos. É verdadeiramente um guia para toda a vida, nos mostrando um caminho mais excelente a ser seguido.

Foi na igreja que recebi auxílio de pessoas quando passei por situação complicada, tanto financeiro na hora de sufoco, quanto emocional na hora de crise. Foi na igreja onde eu tive e onde compartilhei os melhores momentos da minha vida, momentos de transbordar alegria.

Porém, a igreja não é um lugar perfeito, não tem só gente boa e não acontece só coisas boas. Há de tudo na igreja. Há pessoas tanto boas quanto más, pessoas bondosas e pessoas perversas. Acredito até que o número de pessoas perversas seja pequeno, porém, faz um barulho muito grande, principalmente quando se tornam líderes. Imagina o estrago que uma pessoa sem compaixão, sem o amor de Deus, promove na vida dos outros.

Há pessoas que estão na igreja, mas, são verdadeiras pedras de tropeço para os demais. São como os fariseus na época de Jesus, não entram no céu e não querem permitir que mais ninguém entrem também. São religiosos que não tem empatia, compaixão, não sentem paz, não tem temor ao Senhor. Vivem apenas escondidos atrás de fachadas religiosas. São ocas, não possuem o espírito do Cristo, por isto, são incapazes de se aperfeiçoar em fé.

Com tudo isto, a Igreja ainda possui a mensagem de vida eterna e do caminho da verdadeira espiritualidade vivida a partir de uma experiência autêntica com Jesus.

Se você pertence a uma igreja, busque o seu crescimento espiritual, aproxime-se cada vez mais de Jesus, torne-se uma pessoa melhor do que você foi ontem, seja misericordioso, pratique o amor, busque a paz. Não busque a companhia de pessoas perversas, nem se alie a eles. Vença o mal com o bem (Rm 12.21).

Pr. Sergio Rosa

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

A igreja evangélica e o carnaval

Tito 1.15-16

A festa de carnaval cresceu tanto, ao longo dos anos, que se tomou grande parte da cultura popular do Brasil. Em qualquer lugar do mundo o carnaval é visto como a maior manifestação cultural brasileira.

Não quero aqui fazer uma análise antropológica do carnaval, apenas um comentário sócio-teológico. Não é uma análise crítica profunda, apenas uma visão superficial geral do que se vê na prática, a partir de comentários de conhecidos e publicações de todos os tipos, desde as mais populares até às mais especializadas.

Não há uma definição exata do que seja ‘o carnaval’, embora algumas particularidades sejam: o ritmo do samba, a euforia e muito rebolado. A manifestação cresceu tanto que hoje existem várias vertentes desta festividade, uma para cada gosto.  Até mesmo a igreja evangélica foi envolvida no contexto carnavalesco. Chegamos ao ponto de ter igrejas que colocam o bloco na rua, com trio elétricos, música e muita dança. Entre membros das igrejas, há muitos que arriscam alguns passinhos de samba, ainda que seja por pura brincadeira. No entanto, isto demonstra que, apesar de muitos não se envolverem diretamente, são, de alguma forma, influenciados.

Já foi tempo em que evangélicos consideravam o carnaval como a festa da carne, do pecado, da luxúria. Hoje há um número bem grande de evangélicos que participam de algum tipo desta manifestação cultural. Uma grande parte ainda faz ‘escondido’ com medo de alguma repreensão. Outros vão ver desfiles das escolas de samba na Sapucaí, alguns ousam sair em blocos, e tem aqueles que fazem a sua própria festa em separado. Há também aqueles que trabalham diretamente para a indústria carnavalesca, na produção de roupas, fantasias e outros; há os ambulantes, pequenos negociantes, quem trabalha na segurança pública hotéis, e tantas outras atividades que o carnaval proporciona.

Verdade seja dita, assim como o futebol, o carnaval é uma grande festa popular, que acaba envolvendo a quase todo o País, de forma direta ou indireta. Podemos dizer que o futebol, em suas arenas, é tão profano quanto o carnaval. Cantarolas de grupo organizado não nos deixam mentir, com palavrões, brigas, tumultos, em meio ao espetáculo. Sem contar com o excesso de consumo de bebida alcoólica.

O carnaval é muito ligado às religiões afro, isto nota-se nos desfiles, onde há bastante exposição religiosa, principalmente nos carros alegóricos que trazem figuras dos orixás e entidades. Embora não sejam todos, é uma marca.  O som da bateria faz lembrar o som dos tambores africanos. Porém, nem todos que participam das festividades de carnaval são adeptos destas religiões. E, como já foi dito, há diversos grupos que fazem as suas festas de acordo com os seus próprios princípios e valores. Cada vez mais há uma adequação das festas carnavalescas.

Se me perguntassem há dez anos atrás se eu achava que pular carnaval seria pecado, eu diria que sim, sem pestanejar. Hoje, quando olho o que o carnaval se tornou uma manifestação cultural que tem de tudo, não consigo responder mais com um ‘sim’ ou ‘não’. Se você participa de alguma forma, da festividade, sem negociar seus princípios e valores cristãos, não seria pecado. Mas, se você absorve tudo de ruim que o carnaval possa oferecer, aí se torna pecado, devido aos males que irá te proporcionar.

A partir de tudo isto, o que se pode perguntar é se você consegue manter uma integridade cristã em meio ao seu envolvimento com esta onda gigante que é o carnaval.

Pr. Sergio Rosa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A Igreja e a ética da sexualidade

Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho”. (Cânticos dos Cânticos 1.2)

Parto do princípio que cada pessoa é responsável por seu próprio corpo, desde que, isto não interfira no direito dos outros. Desta forma falar sobre sexualidade é falar sobre as regras do uso do seu corpo. Porém, como ninguém faz sexo sozinho, então é preciso haver uma ética que doutrine estas relações. Ética é um convênio que é celebrado entre as pessoas, gerando regras de condutas. Cada grupo social forma o seu tratado ético, sendo formal ou não.

A ética da igreja é a ética cristã. Ninguém é obrigado a seguir esta ética, porém, ela foi desenvolvia de acordo com os padrões da Bíblia, que entendemos que é a Palavra de Deus. Desta forma, aquele que é cristão deveria pensar em segui-la. Penso que Deus sempre desejou o melhor para a humanidade. Ele não quer livrar ninguém do prazer, mas, sim de ter que enfrentar sérios problemas sem necessidade.

De acordo com os princípios bíblicos, o sexo é para ser praticado entre um homem e uma mulher nos limites do casamento. Veja que há aqueles que pensam diferente, inclusive cristãos. Uma boa parte dos jovens cristãos tem uma vida sexualmente ativa.  Mas, se você deseja seguir a ética cristã, então o sexo é para o casamento.

Se o mundo seguisse este princípio, não teríamos tanta gravidez precoce de adolescentes, e não precisaríamos tantas clínicas de aborto e não teríamos tanta DSTs. E, não adianta distribuir preservativo e anticoncepcional, porque a galerinha sempre esquece pelo menos uma vez. E aí, danou-se..

Tenho acompanhado diversas adolescentes que engravidaram sem planejamento e outros que contraíram DSTs. Lamentável! Chego a conclusão que Deus não quer mandar no corpo de ninguém, mas, ele, como Pai que ama, gostaria de ver os seus filhos livres de alguns grandes problemas..

Pr. Sergio Rosa