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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ostracismo Batista - Paramos de avançar

"Portanto ide e fazei discípulo em todas as nações" (Mateus 28.19-20)
A Igreja Batista sempre foi conhecida pela seriedade com o estudo da Bíblia e por missões. No entanto, sem pegar em relatórios, apenas fazendo uma simples observação do panorama geral, percebe-se que paramos de avançar. Se fizermos um levantamento e compararmos como era o avanço da implantação de igrejas em décadas atrás e como é hoje perceberemos que a situação é grave.
Não sou velho, tenho apenas 47 anos, todos vividos dentro desta denominação. Lembro-me de ver diversas congregações crescendo até se transformarem em igrejas. Hoje, parece que há um ostracismo e/ou comodismo que está apagando o ardor por esta forma de realizar missões. Temos nos contentado em apenas contribuir financeiramente com a Junta de Missões, os que ainda o fazem. Entretanto, a Junta é uma só, enquanto igrejas temos milhares. Portanto, o trabalho de implantação de igrejas jamais pode ser relegado a uma única e pequena instituição, é um trabalho da igreja local. A não ser, em casos específicos devido a pormenores onde a presença da Junta se faz necessária. Por outro lado, seria bem interessante se a Junta pudesse coordenar este trabalho em parceria com as igrejas, provendo-as de informação, conhecimento técnico, resultados de pesquisas e outros. Sabemos que isto já acontece, embora não seja muito constante. Há um distanciamento enorme entre Igreja e Junta, que só diminui nas épocas das campanhas. Isto nas igrejas que ainda fazem contribuem com seriedade.
Por outro lado, os seminários não param de gerar bachareis em teologia e a Ordem (ainda que seja a Igreja que solicite) não para de consagrá-los. Resultado deste desencontro é que atualmente temos uma gama imensa de pastores sem igreja, sobretudo nos locais onde há seminários. Homens, e agora também mulheres, vocacionados, que atenderam ao chamado, se prepararam e não tem para onde ir prestar o serviço clerical. E, por outro lado, devido a falta de uma boa comunicação e um trabalho sério de recolocação e/ou investimento, faltam pastores em  algumas regiões.

O que me impressiona é que parece que não estamos prestando muita atenção nisto. As igrejas continuam fazendo apelos para despertar novos vocacionados, e as pessoas continuam atendendo ao chamado e indo para os seminários prepararem-se, mas quando estão prontos há uma enorme decepção com o que vem depois. Nada! Não há um plano denominacional para aproveitar a mão-de-obra técnica formada. Alguns são convidados por igrejas locais, que são poucas em relação aos candidatos, outros servem como ministros auxiliares. Na maioria das vezes estes auxiliares são mal remunerados e tem que dividir o seu tempo com um trabalho secular para complementar a renda e garantir o seu sustento. Os que sobram ficam batendo cabeça. Há quem diga que este é o processo de Deus para peneirar os seus escolhidos. Ouvimos muito coisas do tipo: "Se você foi chamado, o Senhor providenciará uma igreja para você". Interessante, por que eu tinha em conta de que o Senhor atribuiu esta tarefa aos homens. Caberia portanto à denominação se ater a este detalhe e gerenciar melhor isto. Desta forma talvez o Senhor tivesse uma forma menos cruel de 'escolha'.  
O problema que isto representa é grave e muito sério. Esta 'parada' na implantação de igrejas acabaram concentrando o alcance da igreja em uma determinada região ou cidade onde está alocada, enquanto lugares até mesmo próximos à igreja ficam sem nenhum trabalho batista. Tive conhecimento de algumas igrejas que investem altas somas em projetos missionários localizados a centenas de kilometros de distância, enquanto não investem um único centavo nas comunidades e pessoas próximas em estado de vulnerabilidade social.
Quando olho para alguns lugares em grande crescimento demográfico no RJ fico assustado. Há um número muito grande de prédios sendo erguidos rapida e frenéticamente. Estas são regiões que precisam ser olhadas com carinho por que daqui a pouco ficará muito difícil implantar igrejas ali por falta de espaço. É sabido que as igrejas existentes nestes locais crescem junto com o desenvolvimento habitacional. Por isto não há glória alguma para a liderança em afirmar que a igreja cresceu. É uma tendência natural. Difícil é lidar com a vaidade pessoal. O problema é que elas ficaram concentradas e centradas em si mesmas e de forma alguma irão conseguir atender à altíssima demanda espiritual emergente. Sem contar que há entre líderes eclesiásticos um grande temor pela 'concorrência' devido a falta de ética de alguns ministros. No entanto, se a coisa for estratégicamente pensada e bem feita, certamente este problema não acontecerá.
"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". (Atos 1:8)
Lembro do tempo que as igrejas de maior porte tinham várias congregações. Em Belmonte/Ba, onde pastoreei uma igreja de porte médio, tínhamos três congregações, uma delas emancipou-se e continuamos com duas. Hoje, a coisa mais difícil é encontrar igrejas que estão implantando congregações de forma pensada e planejada. Algumas existentes são mais frutos de cisão.
Estamos nos concentrando em Jerusalém e nos esquecendo da Judéia e Samaria. Dos confins do mundo só nos lembramos em época de campanha missionária onde doamos uma pequena quantia e só. Em um mundo onde as invenções malignas não param de crescer, parar no tempo é o mesmo que retroceder.
O ostracismo leva ao provicianismo, ao empobrecimento cultural, ainda que se fale de um lugar desenvolvido e resulta em uma atrofia espiritual. Igrejas que alcançaram um determinado número de membros correm o perígo de começar a sentir-se realizada e aí ocorre o começo da derrocada. Já vimos este filme diversas vezes.
"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela
". (Mateus 16:18)
Como não resistirão se a igreja parou de fazer frente? É preciso voltar a avançar, deixar o ostracismo e voltar a olhar para Judéia e Samaria.
Se nada for feito corremos o risco de estagnarmos de vez, satisfeitos com o que temos. A consequência será a consolidação do ostracismo batista redundando na construções de belas catedrais erguidas para saciar o nosso próprio ego. Uma Convenção cada vez mais distante da realidade da igreja local. Um esfriamento denominacional cada vez maior com missões através da igreja.

(Texto ainda em elaboração e correção, toda contribuição será bem recebida)


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O PREÇO DO LUXO

“Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizeis a seus senhores: dai cá, e bebamos” (Am 4.1).


Certa vez vi um filme com o título de "diamante de sangue" (Blood Diamond) do diretor Edward Zwick. O filme conta a história de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex- mercenário e Solomon Vandy (Djimon Hounson), um pescador da etnia mende. A Força Revolucionária Unida está em busca do poder de Serra Leoa. Para financiar a guerra com o governo a FRU trafica diamantes garimpados pela população escravizada. Solomon vê sua aldeia ser destruída pelos revolucionários e o seu filho ser sequestrado para ser soldado da FRU. No meio do campo ele encontra um grande diamante rosa e se arrisca a escondê-lo. Interessante que há uma jornalista Maddy Bowen (Jennifer Connelly),  norte-americana que está investigando com a finalidade de denunciar o tráfico de diamantes que são contrabandeados para os países ocidentais. A finalidade é que as pessoas ricas saibam de onde vem os diamantes que estão usando e talvez assim tomem uma atitude de não mais comprá-los.
Este filme é baseado em fatos reais. A partir desta denúncia cinematográfica, comecei a pensar um pouco mais sobre o assunto, e me veio esta pergunta: qual o preço do luxo? qual o preço do excesso de conforto? o que está por detrás dos iates, lanchas, campos de golfe, mansões, joias, carros, templos suntuosos e tantas outras coisas mais?
Vivemos em um mundo onde a distribuição da riqueza é cruel. Países ricos ainda colonizam países pobres explorando suas riquezas. Esta riqueza fica concentrada nas mãos de poucos poderosos que não tem limites de contentamento. São cisternas rotas ou sem fundos.
Olhando com uma lupa para dentro deste sistema cruel enxergamos pessoas não tão ricas, quanto aos príncipes donos da terra, mas, que também vivem em seu mundo pessoal praticando a mesma barbárie. Utilizam o mesmo princípio. Não exploram colônias, por que não podem, mas exploram outras pessoas. Sub empregam, maltratam, humilham, roubam, sonegam direitos, corrompem, compram produtos produzidos por mão de obra escrava... Por que fazem isto? grande parte o fazem para que os seus preços fiquem mais competitivos no mercado e não percam para a concorrência. Seria incoerente supor que com esta cultura os que mais exploram se tornarão os mais ricos?
Estava conversando com a minha esposa, ela disse que iria comprar um determinado produto e que iria em tal estabelecimento por que lá era mais barato. Eu perguntei a ela, sabe por que lá é mais barato? Por que aquela empresa sonega impostos, paga os menores salários do mercado, nega os direitos básicos e compra produtos sub-faturados. Além de outras coisas mais. É por isto que ela consegue superar os seus concorrentes em preço. Por que não existe mágica para vencer a concorrência é preciso enxugar a máquina e comprar bem. E nesta concorrência quem não pratica estas coisas vai ficando pra trás. Ou fecha os olhos ou fecha as portas. Há não ser que já tenha um nome ou marca consolidada na praça. Lamentável.
Quando olho um carro de luxo na rua acho lindo, como qualquer admirador de carros. Mas, me pergunto, quantas pessoas deixaram de comer ou comem mal para que uma pessoa possa dirigir um carro de um milhão de dólares. Quantas pessoas precisam vestir-se de forma maltrapilha para que se possa vestir roupas de dez mil dólares.
Olhando para o texto de Amós, verificamos que a nação de Israel estava vivendo um período de grande prosperidade.  Neste período a nação gozava de uma relativa paz. O reino Norte achava-se em seu apogeu no que tange a expansão territorial. Um tempo de riqueza havia se instalado nas terras de Israel, o que, consequentemente trouxe certo conforto aos seus cidadãos. Foi um período conhecido como a “idade de ouro”. A sociedade esbanjava luxo e ostentava pompa. Os homens naquela época saturavam-se na busca do prazer pelo prazer. O hedonismo havia conquistado aquele povo. O profeta denuncia a vida fútil daquelas mulheres. A nação de Israel estava experimentando uma apostasia e elas permaneciam indiferentes, porque estavam ocupadas demais satisfazendo os seus apetites e caprichos. As mulheres vacas de Basã existem até hoje, juntamente com os bois. Não perderam suas características. Permanecem materialistas. Estão preocupadas exclusivamente com sua riqueza e o prazer que ela pode gerar.
Paro um pouco e olho para a igreja, que deveria ser um referencial para modificar esta situação e lutar contra a opressão, mas, parece que ela está andando no mesmo ritmo ou pior. Há construções faraônicas de prédios cristãos todo paramentado, com equipamentos multimilionários de última geração. Constrói-se templos em países de terceiro mundo com o mesmo padrão americano de sofisticação, mas utilizando-se a miséria do povo. Enquanto isto, a mesma não faz nada em favor dos pobres que ali frequentam. As que fazem algo e quando fazem é apenas uma fachada para 'massagear o coração e sair bem na foto'. As ações são apenas para marketing. O percentual das verbas e irrisório. O discurso é que é tudo para Deus. Mas, na realidade é apenas para saciar o ego dos dirigentes e elevar seu status sócio-religioso. Fecha-se os olhos para a pobreza, que afinal é culpa do governo, e acumula-se riqueza para o Senhor. Será mesmo? Estaria o Senhor concordando com a avareza que o apóstolo Paulo tão sabiamente e inspirado pelo Espírito Santo condenou?
Quero aqui salientar que não sou contra ao conforto ou a riqueza. Sou explicitamente contra a avareza e o amor ao dinheiro. Sou contra ao esquecimento do pobre em favor do luxo. Sou contra a opressão, colonização e exploração do próximo.
Sei que não vamos mudar o mundo com nossas observações e ponderações a respeito do assunto e não é esta a minha pretensão. A minha intenção é alcançar e chamar você para fazer diferença no ambiente em que se encontra.
Como e o que pode ser feito? Deixa eu começar dizendo o que não deve ser feito. Não é para fazer assistencialismo, a não ser em casos excepcionais e urgentes. Não é para sair distribuindo o seu dinheiro para os pobres. Isto seria um grande desperdício. Eles não saberiam usar e esbanjariam tudo. Basta ver os ganhadores da loteria. Faça Ação e Promoção Social. Pense em coisas que mudariam a vida de uma pessoa. Certa vez eu paguei um curso de cabeleireira para uma adolescente, por que vi nos olhos dela o entusiasmo  para fazer. Resultado, hoje ela tem uma profissão e trabalha ganhando seus recursos. Foi uma coisa tão pequena que mudou uma história. Desenvolvi alguns projetos para que outras pessoas pudessem fazer cursos gratuitos. Nem todos deram valor, mas muitos aproveitaram. Certa ocasião levei a nossa igreja a construir duas casas, mesmo estando no meio da obra do novo templo para duas famílias que haviam perdido seus pais. Aquele ato mudou a hisória de duas famílias. Estes são pequenos exemplos. Talvez você esteja em uma posição em que possa fazer muito mais ou talvez menos. Importa é que você faça alguma coisa.
Não feche os olhos para a dura realidade da vida. Talvez a sua riqueza esteja sendo patrocinada pela pobreza de muitos. Mude o seu mundo. Talvez assim aquele que iria nos assaltar e matar não o fará mais por que teve uma oportunidade para não entrar na criminalidade. Quem sabe aquele que iria abarrotar as cadeias (onde só são presos os pobres) tenham um futuro melhor.
Com a inteligência do sábio, a força do trabalho e o amor ao próximo podemos mudar o nosso mundo. Não mudaremos o mundo dos que não querem, apenas o nosso.

Pr. Sergio Rosa



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ENTRE PROFETAS E SACERDOTES DA ATUALIDADE

E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei. (2 Crônicas 15:3)
O peso que viu o profeta Habacuque. (Habacuque 1:1)

Quando parei para escrever este texto fiquei pensando, como escrever sobre algo tão profundo de maneira que todos possam entender? Difícil esta tarefa. Mas vamos tentar realizá-la de maneira simples, sem, no entanto, ser muito simplista.
Vamos pensar no sacerdote como aquela pessoa que tem por ofício dar continuidade ao sistema religioso. Se você frequenta uma igreja, já percebeu que existem pessoas que fazem a coisa acontecer e outras só participam das coisas que vão acontecendo. O sacerdote é aquele que faz com que o culto aconteça. A ele é conferido a autoridade de oficializar os cultos e zelar pela continuidade doutrinária e perpetuação dos ritos religiosos.
O fato de vivermos hoje em um sacerdócio universal, onde todos os remidos são sacerdotes, não faz de cada pessoa um sacerdote em potencial. Se não, teríamos que viver em uma anarquia, onde todos podem tudo e tem o papel de fazer o tudo acontecer: o culto, a perpetuação da religiosidade, o ensino religioso, os ritos, as práticas, o doutrinamento. Todos os remidos são sacerdotes na abertura que se tem de buscar a Deus sem a interferência de um mediador humano. Jesus é o único mediador entre o homem e Deus. Nas palavras de Paul Tillich dentro da Comunidade Espiritual todos são sacerdotes, mas, o mesmo não cabe dentro da Comunidade Eclesiástica.
Eu tive o privilégio de ter tido alguns pastores. Dentre eles, lembro de um que era extremamente ranzinza, ele vivia de cara fechada. Com o tempo de convivência percebemos que aquela cara era somente uma defesa para que as pessoas não se aproximassem demais. Lembro que ele tentava manter a disciplina e a ordem de maneira incisiva e a fisionomia sempre fechada testemunhava a favor de sua austeridade. Ele dizia: "quando o Pastor estiver de pé a congregação toda deve ficar de pé também". Lembro de sua firmeza doutrinária, defendendo a Carta Doutrinária Denominacional como sendo expressão fiel das verdades bíblicas.
A verdade é que precisamos de sacerdotes. Sem a existência do sacerdote, acontece o que aconteceu com Israel: "E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus". Qual a razão desta afirmação? por que eles estavam sem Deus? o texto responde, eles estavam "sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei".
Este é um dado assustador, por que aqui percebe-se a relevância do sacerdócio. Sem sacerdotes que ensinem não há a perpetuação da religião, o povo cai em descrença, a presença de Deus desaparece em meio a incredulidade. Aqui não se discute o discipulado ou a qualidade do que se ensina ou como se ensina. Queremos nos ater aqui apenas na discussão do oficio sacerdotal.
A simples existência do sacerdote, embora garanta a continuidade da coisa, não é garantia de que tudo ande na linha e em perfeita harmonia com Deus. O teólogo Paul Tillich em seu livro de 'Teologia Sistemática' falando sobre 'a realidade da revelação' afirma que "uma administração mecânica de ritos religiosos pode excluir qualquer presença reveladora da realidade sagrada". Esta atitude sacerdotal pode levar a falência do sistema religioso. Ainda que em teoria continue funcionando, já não alcança mais seu objetivo.
Neste momento se faz necessário a interferência profética, a revelação divina e a orientação para o povo. No AT percebemos muita desta interferência no percurso da história. O Profeta Habacuque carrega a preocupação de um esfriamento religioso, o que para ele se transforma em um grande peso. A palavra então vem até ele. Ele sofre pelo povo, intercede pelo povo, e profetiza para o povo.
O profeta é aquele que tem uma experiência extática que muda a sua vida, a sua história, e a história de todos os que o cercam. A mensagem divina e divinamente recebida não se contém dentro do profeta. Ela exige que seja pronunciada, ainda que esta não seja a vontade de seu portador. Esta mensagem irá de encontro com as imperfeições de maneira contundente.
O profeta portanto é aquele que pronuncia o juízo divino e sua sentença, sua aliança ou destruição. O sacerdote irá acatar ou não a mensagem profética. Ele se encontra em uma situação dificílima por que não tem como provar que a mensagem profética é verdadeira ou falsa. Não há muitos parâmetros para julgá-la. Se por um lado ele aceitar a mensagem como divina, ele corre pelo menos dois grandes riscos: 1. Estar errado e a mensagem não ser verdadeira e levar a sua congregação à ruína. 2. Estar certo, e o povo rejeitá-lo por ir de encontro aos maus costumes que ficaram enraizados.
O oficio sacerdotal terá que viver com este dilema. Não há resposta segura para respondê-lo. Faz parte do desempenho de sua função vivenciar este problema. É viver pisando em ovos. O que de certa forma não é ruim, por que esta insegurança vai levá-lo a uma dependência do divino. A falsa segurança sacerdotal é demoníaca. Por demoníaca aqui entenda-se como processo destruidor do ser espiritual e o distanciamento da plenitude da espiritualidade autêntica. A confiança em si mesmo e no seu próprio eu leva o líder religioso à ruína espiritual.
Por outro lado, para o profeta não existe saída. Ele é o que é, um profeta. Ele sente antecipadamente a dor que o povo sentirá e vê aquilo que ningúem está vendo. Aquilo corrói a sua alma, queima em suas entranhas. Ele recebe a palavra e entrega para o povo. Por vezes será aceita e por vezes será rejeitada. Não é sua função convencer o povo de que suas palavras são verdadeiras e as vezes em sua ira humana nem quer que o povo realmente acredite. Não lhe cabe uma oratória convincente ou vibrante. A forma com que vai pronunciar o oráculo é sua última preocupação. Muito embora o profeta tema por sua vida, sua dignidade, seu status social, família, etc., ele não terá como rejeitar o anúncio sagrado.
Sabemos que o termo profeta está profundamente desgastado em nossos dias, e há uma profunda preocupação em se saber qual é o profeta verdadeiro e o falso. Este desgaste não é novo, desde a antiguidade sempre houve e sempre haverão profetas verdadeiros e falsos. E não há como saber qual é qual. Não existe uma fórmula humana para se saber. Esta dúvida sempre esteve presente no meio da religiosidade. Ainda que o que o profeta disse aconteceu, não é garantia de que seja verdadeiro, pode ter sido uma mera coincidência.
Isto nos tira um pouco a paz e a tranquilidade por que gostamos de certezas. Gostamos de respostas diretas. Gostamos de nos sentir seguros. Mas este não é o caminho profético. Na maioria das vezes o pronunciamento profético ira mexer com a 'zona de conforto'. Ele irá denunciar e trazer a tona a sujeira humana e o estado lamentável da alma, sobretudo entre os poderosos que estão assentados confortavelmente sobre a corrupção.
Há casos em que o oficio profético e sacerdotal será encontrado em uma mesma pessoa. Neste caso ele levará sobre si a responsabilidade sacerdotal e o peso profético. Ao mesmo tempo que precisará perpetuar a ordem religiosa ele será um agente contrário a ela, quando for o caso, não só de sua congregação, mas, de toda a existência religiosa. O que certamente o levará a um grande conflito pessoal.
Sei que nesta altura alguns já estão se perguntando se existem ainda hoje profetas, por que sacerdotes sabemos que existem. Lamento, mas, não posso responder à sua pergunta diretamente. Muitos tem se levantado como profeta em nossos dias e anunciado pretensos oráculos dizendo "assim diz o Senhor", quando o Senhor  não falou nada. O que é verificado da palavra profética é que ela é como uma bomba nuclear, quando proferida, nada pode pará-la, nem reis, nem sacerdotes e  nem mesmo o profeta.
Sobre a forma da revelação profética, que causa uma enorme dúvida, o que se pode afirmar é que o profeta não perde sua consciência no momento em que recebe a palavra, ainda que a mensagem seja recebida através de uma experiência extática. Quem faz o indivíduo perder sua razão são forças demoníacas e não o poder divino. O divino se apodera da pessoa e soma com ela. A revelação não se dá por uma perda de sentidos, embora o transe é uma particularidade profética. Não se fala aqui de um transe esotérico, de uma programação mental, mas de um estado onde a alma humana é ligada diretamente ao divino. E neste momento de contato o profeta entende e recebe o mistério do divino, que mesmo após revelado, ainda continua sendo misterioso.
 (texto ainda em elaboração, deixe sua participação para melhora desta construção)
Sergio Rosa




terça-feira, 28 de outubro de 2014

Dorcas, razões para ressuscitar

Atos 9.36-43
Muitas pessoas marcaram a história de maneira relevante, dentre as quais, algumas mulheres. Madre Tereza de Calcutá, uma mulher magra, de pequena estatura, de aparência frágil, mas, uma leoa, no que diz respeito a ajuda humanitária, escreveu o seu nome na história por ajudar aos pobres indianos. Dentre os batistas a missionária Analzira se destaca por sua determinação missionária e perseverança em Huambo, Angola.
Durante o período do Novo Testamento houveram muitas pessoas que se destacaram por sua envergadura humanitária e dentre elas Tabita se destaca de maneira contundente. O nome Tabita é a forma Aramaica do vocábulo grego Dorcas. Não se sabe qual a razão pela qual o escritor sacro apresenta o nome nos dois idiomas. 
Pouca coisa se sabe também sobre Jope, sabe-se no entanto que era uma cidade portuária distante cerca de 50KM de Jerusalém, hoje conhecida como Jafa.
Os poucos versículos que falam de Dorcas é de uma profundidade impressionante. Poucos são os personagens bíblicos que receberam tal apreciação e destaque por parte dos escritores sacros.
Quatro qualidades na vida desta grande mulher:
1. Tabita era uma discípula (v. 36) -  A palavra discípulo vem do hebraico talmid, que significa aprender. O vocábulo talmidin ou 'discípulos' veio a ser usado para indicar aqueles que seguiam algum rabino específico e a sua escola de pensamento e é originário da palavra hebraica talmude, que é o conjunto de escritos judaicos utilizados para aclarar as Escrituras. No livro de Atos a palavra discípulo ocorre mais de 250 vezes, nota-se portanto sua devida importância.
Ser escolhido como discípulo por um rabino não era uma coisa qualquer, era um privilégio de poucos. O fato de um rabino selecionar entre tantas pessoas e escolher um especificamente fazia do discípulo uma pessoa especial. Olhando por este lado, conseguimos entender melhor por que os discípulos de Jesus largam imediatamente o que estavam fazendo, redes, coletoria e todos os seus ofícios para se tornarem seus discípulos.
A ordem de Jesus em Mateus 28.19 é para fazer talmidins e não apenas seguidores de uma nova seita. Para tornar-se um discípulo era necessário renunciar a tudo, tornar-se um copo vazio que seria cheio de um novo conhecimento e não simplesmente aceitar uma nova religião.
Como Igreja necessitamos formar discípulos que irão alimentar a próxima geração, é a única chance de ver algo diferente acontecendo.  
2. Gozava de boa reputação (v. 36) - A versão Revista e Atualizada da Sociedade bíblica, 2ª edição diz que Tabita "era notável". Ser notável é ser acima da média. É fazer algo a mais do que todos estão fazendo. Ser notável implica em ser uma pessoa agradável de bom caráter. Tabita era tão notável que o apóstolo Pedro não poderia deixar de atender ao chamado para estar ali em seu sepultamento. O texto não diz o que motivou os outros discípulos chamarem a Pedro, se era pra trazer consolo ou se visavam o milagre da ressuscitação de Tabita. Fato é que Pedro ao defrontar-se com a situação orou, e sentiu-se impulsionado pelo Espírito a ordenar que ela voltasse a vida. Há poucos relatos de ressuscitação na bíblia, portanto, jugo que Tabita era tão notável que sua ótima reputação influenciou até o céu.
3. Praticava boas obras (v. 36) - Tabita agia humanitariamente utilizando-se de seus próprios recursos. Desta forma ela tornou-se notável pelas boas obras e esmolas que fazia. A etimologia da palavra esmola nos mostra que ela vem do grego ἐλεημοσύνη (Elemuosune), que tinha a ver com caridade, ou auxílio prestado em favor do desfavorecido. Este favor era revestido de carinho humanitário e desejo de apoio material. Hoje esta palavra ficou corroída e em geral quer dizer um simples dar o que sobeja ou dar um trocadinho a um pedinte na rua.
Em Belmonte, uma pequena cidade ao sul do litoral baiano, onde tive a honra de pastorear a Primeira Igreja Batista, haviam algumas pessoas muito caridosas, dentre eles eu poderia destacar a Cal, ela era uma jovem senhora muito caridosa, gostava muito de ajudar com seus bens. Ela era proprietária de uma loja de roupas e seu esposo era vereador e dono de uma das pousadas da cidade, ela era membro de nossa igreja.  Lembro que todas as festas que fazíamos em nosso projeto social, onde atendíamos cerca de cinquenta crianças, Cal fazia questão de doar todos os presentes e roupas. Ela era muito conhecida e respeitada na cidade por suas boas obras.
Como cristãos necessitamos ser despertados para a prática das boas obras, por que elas tocam os céus e podem mudar a história das pessoas.
4. Era muito querida (v. 39) - Diz o texto que a colocaram-na no cenáculo, ou sala superior que havia nas casas dos judeus para receber visitas. Muitas pessoas a quem ela havia ajudado estavam ali para velar o seu corpo e chorar a sua morte.
Nas cidades pequenas e interior ainda se realiza o velório nas casas e o cortejo mortuário sai pelas ruas em direção ao cemitério. É um evento bastante interessante, por onde o cortejo vai passando, baixa-se as portas do comercio em respeito. Algo que se pode notar é que se a pessoa morta é muito querida segue-se uma quantidade bem grande de pessoas, no entanto, se fosse alguém sem muita relevância não vai muita gente.
Se fosse em Belmonte Tabita encheria todas as ruas devido a sua grande reputação e o carinho que o texto trata a respeito dela.

Conclusão
O apóstolo Paulo nos diz em Efésios 2.8-9, "não vem pelas obras para que ninguém se glorie". Sabemos que o fazer obras não leva ninguém à salvação. Realmente não somos salvos pelas boas obras, mas creio que somos salvos para praticá-las. Atos 10 diz que Cornélio fazia boas obras, mas, ele precisou de ouvir a exposição do evangelho e ser batizado. Apesar de não ser salvo suas boas obras e ajuda ao próximo subiram ao céu, de tal forma que o apóstolo Pedro foi convocado diretamente por Deus para levar o evangelho a ele e sua família. Aprender a fazer o bem é um desafio do profeta Isaias, percebemos ao ler o Profeta que as deixar de fazer boas obras desagradam ao Senhor, logo, as boas obras o agradam.
Dorcas realizava grandes obras aos olhos de Deus e por isto ela foi notada pelo Senhor ao ponto de ser ressuscitada. Gostaria que você pensasse em algo: se você morresse hoje e tivéssemos entre nós pessoas com tal poder de orar e ordenar que um morto ressuscite, quais seriam as razões pelas quais você deveria ser ressuscitado? quais são as suas boas obras? o que o mundo contaria ao seu respeito depois de sua morte?
O livro de Apocalipse 21.12  diz: "e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras". Se você fosse chamado ainda hoje diante da presença do Senhor para prestação de contas, o que seria lido no livro da vida ao seu respeito?

Gostaria de convidá-lo a construir uma vida de boas obras e de ajuda ao próximo. Que o Senhor te direcione para este propósito. Amém!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O cristão em um mundo pós-moderno

" Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". (2 Coríntios 5:17)
O século XXI trouxe muito avanço tecnológico e facilidade de acesso a informação. A humanidade nunca esteve tão bem servida de acesso ao conhecimento quanto está nos dias atuais. Bem-vindo ao mundo pós-moderno, a era da informação digital.
Outro dia estava vendo uma criança que mal parecia ter um ano de idade brincando com um celular. Era uma criaturinha doce, com um sorriso lindo, e toda compenetrada no que estava fazendo. Com uma das mãos ela segurava um smartphone e com a outra mão ela deslizava o dedo nas opções touch screen abrindo a opção de jogos e interagia com o jogo com enorme facilidade. Depois, ela fechou esta opção e abriu a pasta de fotos e começou a ver uma por uma. 
O acesso a informação é um dos grandes benefícios da pós-modernidade. Basta poucos cliques e/ou toques e pronto, temos acesso ao que está acontecendo no mundo todo, e se não bastasse isto, podemos também nos comunicar e trocar informações com pessoas que estão do outro lado do globo.
Tecnologia hoje não falta, temos de sobra em todas as áreas, e a cada dia se descobre algo novo. As grandes descobertas e invenções nem sempre são utilizadas para o bem estar dos outros. Desta forma, nossas crianças estão sendo bombardeadas de informações que não seriam próprias para sua idade. Elas estão recebendo uma promíscua banalização e vulgarização generalizada da violência e sexualidade sem um devido preparo e sem uma idade própria para saber discernir o que é bom ou ruim para si mesmas.
O pensar em um mundo pós-moderno me remete ao apóstolo Paulo quando nos fala a respeito do novo ser em Cristo. Este novo ser anteriormente era um velho ser, que tem um encontro com o Cristo, e este encontro o transforma em um novo ser. Isto é algo maravilhoso, por que trata-se de um verdadeiro milagre divino. Não é tratado aqui de se adquirir um novo pacote religioso, e a partir de determinadas regras melhorar o comportamento. O apóstolo fala a respeito do novo ser, portanto, o que ocorre é uma metamorfose, se assim podemos chamar a transformação ocorrente.
O avanço tecnológico ou as mudanças culturais da pós-modernidade em nada modificam a mensagem paulina no novo ser. Há centenas de anos atrás não havia tecnologia como nos dias atuais, não havia email, internet, facebook, celular, etc. Não precisamos nem ir muito longe, há apenas alguns anos atrás, eu lembro que utilizávamos máquina telex para enviar mensagens, e as cartas e documentos precisavam ser datilografadas. Pensa-se então que por isto o homem mudou e o mundo piorou. Mas, se examinarmos bem verificaremos que o homem é o mesmo desde sua origem. Muda-se a tecnologia, mas, a maldade do coração humano é a mesma. Muda-se a fachada da discussão, mas, o foco é o mesmo. No século passado qual era o principal interesse do homem? sexo, bebida, dinheiro e poder. E hoje qual é? tire a tecnologia, e você vai ver que nada mudou.
Há milhares de anos o homem já discute a respeito da homossexualidade, não é coisa nova. Este comportamento já foi comum em alguns lugares e condenados em outros. A forma de discutir o assunto mudou, mas, a questão é sempre a mesma: sexo e prazer. O homem como velha criatura está fora do Novo Ser, que somente pode existir a partir do Cristo. Longe do Cristo que é Jesus ele está fora dos propósitos divinos e por isto fica a mercê dos ditames e comportamentos próprios de sua época. 
O cristão do mundo pós-moderno não tem diferença do cristão de outras épocas, fazendo ele parte do Novo Ser no Cristo tem uma vida diferenciada, por que seu espírito uma vez vinculado ao Espírito do Cristo o conduz para um atmosfera diferenciada. Portanto, o homem enquanto nova criatura vence a alienação humana, ou o distanciamento de Deus e será diferente em qualquer época ou em qualquer lugar que estiver.  


quarta-feira, 5 de março de 2014

Autoestima e sofrimento - buscando razões para continuar


O que fazer durante o enfrentamento de um grande trauma ou um acidente ou incidente que deixou a vida completamente desfigurada? O que fazer para retomar a vida e continuar vivendo quando não se encontra mais motivo?
Conversando com um amigo, ele relatou que depois de anos e anos trabalhando em uma empresa, foi demitido e não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho, suas finanças começaram a ruir e sua esposa foi embora com outra pessoa logo após o diagnóstico de uma doença grave. Após um período de tentativas e fracassos, não conseguiu se reestabelecer e as coisas foram de mal a pior. Isto parece enredo de um filme ou novela, mas, é fato real, acontece todos os dias, e não escolhe endereço.
O caso deste meu amigo que está tentando superar o turbilhão de crises que despencou sobre ele me faz lembrar o personagem bíblico chamado Jó, se você já leu sua história, sabe o quanto ele sofreu, ele perdeu todos os bens, os filhos e a própria saúde, e pra piorar a situação sua mulher o amaldiçoa e fala pra ele dar um jeito de morrer e os seus melhores amigos que vieram consolá-lo não param de acusá-lo.
Não é nada fácil para quem está passando um enorme temporal ou está no 'olho do furacão'
conseguir enxergar uma luz no fim do túnel, a impressão que dá é que não há saída, todas as possíveis soluções já não existem, é o fim. Moisés quando estava cercado pelo exército de faraó deve ter pensado assim. Quando se esta nesta condição sente-se vulnerável, quebrado, sem forças e sem perspectivas. É natural que um sentimento depressivo invada a mente e o coração. É nesta fase que muitos pensam que a melhor solução seria a morte. Será?
Jeremias um grande profeta do Antigo Testamento também passou por situação semelhante onde amaldiçoa seu próprio nascimento. O personagem Jó, o Profeta Jeremias e tantos outros homens de Deus me fazem pensar que calamidades não escolhem lugar, condição social, religião, sexo, etnia e nem qualquer outra característica para acontecer, elas simplesmente acontecem. Alguns tentam consolar aos outros ou a si mesmo dizendo: "foi da vontade de Deus...". Sabemos que tudo o que acontece é da vontade de Deus, é um conhecimento popular, mas, há quem divida a vontade de Deus em: permissiva e soberana. A primeira Deus apenas sabe o que vai acontecer sem se interferir, na segunda Ele decide. Mas, teria Deus vontade de que nós sofrêssemos? Penso que não. O sofrimento faz parte da vida, e é portanto natural que soframos. É senso comum acharmos que não estamos prontos para enfrentá-lo, mas, todos nós teremos que, em algum momento, encará-lo, com maior ou menor intensidade.
O homem sofre desde a sua criação: "Viu Deus que o homem estava só..". Há quem diga que Adão era feliz e não sabia. Fato é que o Genesis narra a criação por que Deus viu o sofrimento do homem e partiu para uma solução, formou a mulher para que estivesse junto com o homem. Deus não criou o
sofrimento, criou o homem, mas o fato, é que ao ver-se só, ele sofreu. Desta forma, penso que Deus criou todas as coisas, e por vezes sofremos dependendo da situação em que nos encontramos. Sofremos quando alguém morre, esta morte pode ser acidental, doença, idade, má formação, provocada, em fim.. Não nos contentamos com a morte de um ente querido, não queremos perdê-los. Mas, a vida não foi feita pra durar pra sempre, há um começo, meio e fim. Uns vivem mais, outros menos, mas, todos morrem. Não é Deus quem decide matar alguém, Deus criou a vida e nos deu de presente, só não sabemos o que irá acontecer no meio da caminhada. Penso na vida como uma árvore frutífera, alguns nem chegam a desabrochar a flor, outros caem ainda verdinhos, outros são derrubados por eventos naturais, já outros caem de maduro. Se aceitamos a vida como Deus a criou, sofremos menos com as perdas. Sofremos com a dor, separações afetivas, desemprego, fome, incompreensão, brigas desentendimentos, desilusões...
Considerando a vida como um dom de Deus, um presente celestial, penso que deveríamos vivê-la intensamente, não desperdiçar um só minuto deste presente maravilhoso. Como podemos desfrutar o melhor da vida? pergunto, se alguém te dá um presente o que você faz? em geral, nós nos sentimos honrados e agradecemos. Penso que se Deus nos deu a vida, a melhor forma de vivemos é agradecendo a Ele por esta tão grande dádiva.
Viver intensamente a vida não é fácil, precisamos achar o caminho certo para fazê-lo. Há pessoas que acham que aproveitar a vida é desperdiça-la com drogas, álcool, banalizando o sexo, perdendo noites de sono, sendo pródigo, vivendo perigosamente, arriscando a vida a toa... desta forma, muitos desperdiçam o precioso presente que Deus te deu. A melhor forma de usufruir deste tempo que temos aqui nesta terra é vivendo cheio do amor de Deus.Quando nosso coração está transbordando deste amor somos capazes de enfrentar qualquer coisa e vencer. O amor de Deus enche nossa alma de tal forma que nos completa e nos aproxima da semelhança do criador.
Desta forma, quando você pensar que perdeu todas as coisas e a vida não faz mais sentido, lembre-se de que em Deus ela faz todo o sentido, e com o seu amor manifesto através de sua graça por intermédio de JESUS, Ele te dá todo o poder para continuar. JESUS renova as forças para continuar, renova as esperanças, e nos dá um grande motivo para vencer. Através de uma vida genuinamente em Cristo novas perspectivas aparecem e uma nova visão ontológica distorcida toma conta do indivíduo.


Pr. Sergio Rosa.