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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O PREÇO DO LUXO

“Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizeis a seus senhores: dai cá, e bebamos” (Am 4.1).


Certa vez vi um filme com o título de "diamante de sangue" (Blood Diamond) do diretor Edward Zwick. O filme conta a história de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex- mercenário e Solomon Vandy (Djimon Hounson), um pescador da etnia mende. A Força Revolucionária Unida está em busca do poder de Serra Leoa. Para financiar a guerra com o governo a FRU trafica diamantes garimpados pela população escravizada. Solomon vê sua aldeia ser destruída pelos revolucionários e o seu filho ser sequestrado para ser soldado da FRU. No meio do campo ele encontra um grande diamante rosa e se arrisca a escondê-lo. Interessante que há uma jornalista Maddy Bowen (Jennifer Connelly),  norte-americana que está investigando com a finalidade de denunciar o tráfico de diamantes que são contrabandeados para os países ocidentais. A finalidade é que as pessoas ricas saibam de onde vem os diamantes que estão usando e talvez assim tomem uma atitude de não mais comprá-los.
Este filme é baseado em fatos reais. A partir desta denúncia cinematográfica, comecei a pensar um pouco mais sobre o assunto, e me veio esta pergunta: qual o preço do luxo? qual o preço do excesso de conforto? o que está por detrás dos iates, lanchas, campos de golfe, mansões, joias, carros, templos suntuosos e tantas outras coisas mais?
Vivemos em um mundo onde a distribuição da riqueza é cruel. Países ricos ainda colonizam países pobres explorando suas riquezas. Esta riqueza fica concentrada nas mãos de poucos poderosos que não tem limites de contentamento. São cisternas rotas ou sem fundos.
Olhando com uma lupa para dentro deste sistema cruel enxergamos pessoas não tão ricas, quanto aos príncipes donos da terra, mas, que também vivem em seu mundo pessoal praticando a mesma barbárie. Utilizam o mesmo princípio. Não exploram colônias, por que não podem, mas exploram outras pessoas. Sub empregam, maltratam, humilham, roubam, sonegam direitos, corrompem, compram produtos produzidos por mão de obra escrava... Por que fazem isto? grande parte o fazem para que os seus preços fiquem mais competitivos no mercado e não percam para a concorrência. Seria incoerente supor que com esta cultura os que mais exploram se tornarão os mais ricos?
Estava conversando com a minha esposa, ela disse que iria comprar um determinado produto e que iria em tal estabelecimento por que lá era mais barato. Eu perguntei a ela, sabe por que lá é mais barato? Por que aquela empresa sonega impostos, paga os menores salários do mercado, nega os direitos básicos e compra produtos sub-faturados. Além de outras coisas mais. É por isto que ela consegue superar os seus concorrentes em preço. Por que não existe mágica para vencer a concorrência é preciso enxugar a máquina e comprar bem. E nesta concorrência quem não pratica estas coisas vai ficando pra trás. Ou fecha os olhos ou fecha as portas. Há não ser que já tenha um nome ou marca consolidada na praça. Lamentável.
Quando olho um carro de luxo na rua acho lindo, como qualquer admirador de carros. Mas, me pergunto, quantas pessoas deixaram de comer ou comem mal para que uma pessoa possa dirigir um carro de um milhão de dólares. Quantas pessoas precisam vestir-se de forma maltrapilha para que se possa vestir roupas de dez mil dólares.
Olhando para o texto de Amós, verificamos que a nação de Israel estava vivendo um período de grande prosperidade.  Neste período a nação gozava de uma relativa paz. O reino Norte achava-se em seu apogeu no que tange a expansão territorial. Um tempo de riqueza havia se instalado nas terras de Israel, o que, consequentemente trouxe certo conforto aos seus cidadãos. Foi um período conhecido como a “idade de ouro”. A sociedade esbanjava luxo e ostentava pompa. Os homens naquela época saturavam-se na busca do prazer pelo prazer. O hedonismo havia conquistado aquele povo. O profeta denuncia a vida fútil daquelas mulheres. A nação de Israel estava experimentando uma apostasia e elas permaneciam indiferentes, porque estavam ocupadas demais satisfazendo os seus apetites e caprichos. As mulheres vacas de Basã existem até hoje, juntamente com os bois. Não perderam suas características. Permanecem materialistas. Estão preocupadas exclusivamente com sua riqueza e o prazer que ela pode gerar.
Paro um pouco e olho para a igreja, que deveria ser um referencial para modificar esta situação e lutar contra a opressão, mas, parece que ela está andando no mesmo ritmo ou pior. Há construções faraônicas de prédios cristãos todo paramentado, com equipamentos multimilionários de última geração. Constrói-se templos em países de terceiro mundo com o mesmo padrão americano de sofisticação, mas utilizando-se a miséria do povo. Enquanto isto, a mesma não faz nada em favor dos pobres que ali frequentam. As que fazem algo e quando fazem é apenas uma fachada para 'massagear o coração e sair bem na foto'. As ações são apenas para marketing. O percentual das verbas e irrisório. O discurso é que é tudo para Deus. Mas, na realidade é apenas para saciar o ego dos dirigentes e elevar seu status sócio-religioso. Fecha-se os olhos para a pobreza, que afinal é culpa do governo, e acumula-se riqueza para o Senhor. Será mesmo? Estaria o Senhor concordando com a avareza que o apóstolo Paulo tão sabiamente e inspirado pelo Espírito Santo condenou?
Quero aqui salientar que não sou contra ao conforto ou a riqueza. Sou explicitamente contra a avareza e o amor ao dinheiro. Sou contra ao esquecimento do pobre em favor do luxo. Sou contra a opressão, colonização e exploração do próximo.
Sei que não vamos mudar o mundo com nossas observações e ponderações a respeito do assunto e não é esta a minha pretensão. A minha intenção é alcançar e chamar você para fazer diferença no ambiente em que se encontra.
Como e o que pode ser feito? Deixa eu começar dizendo o que não deve ser feito. Não é para fazer assistencialismo, a não ser em casos excepcionais e urgentes. Não é para sair distribuindo o seu dinheiro para os pobres. Isto seria um grande desperdício. Eles não saberiam usar e esbanjariam tudo. Basta ver os ganhadores da loteria. Faça Ação e Promoção Social. Pense em coisas que mudariam a vida de uma pessoa. Certa vez eu paguei um curso de cabeleireira para uma adolescente, por que vi nos olhos dela o entusiasmo  para fazer. Resultado, hoje ela tem uma profissão e trabalha ganhando seus recursos. Foi uma coisa tão pequena que mudou uma história. Desenvolvi alguns projetos para que outras pessoas pudessem fazer cursos gratuitos. Nem todos deram valor, mas muitos aproveitaram. Certa ocasião levei a nossa igreja a construir duas casas, mesmo estando no meio da obra do novo templo para duas famílias que haviam perdido seus pais. Aquele ato mudou a hisória de duas famílias. Estes são pequenos exemplos. Talvez você esteja em uma posição em que possa fazer muito mais ou talvez menos. Importa é que você faça alguma coisa.
Não feche os olhos para a dura realidade da vida. Talvez a sua riqueza esteja sendo patrocinada pela pobreza de muitos. Mude o seu mundo. Talvez assim aquele que iria nos assaltar e matar não o fará mais por que teve uma oportunidade para não entrar na criminalidade. Quem sabe aquele que iria abarrotar as cadeias (onde só são presos os pobres) tenham um futuro melhor.
Com a inteligência do sábio, a força do trabalho e o amor ao próximo podemos mudar o nosso mundo. Não mudaremos o mundo dos que não querem, apenas o nosso.

Pr. Sergio Rosa



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