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terça-feira, 21 de setembro de 2021

Judas e Judas

 Lucas 6.16


O último nome da lista do colégio apostolar de Jesus é Judas. O nome Judas significa “Jeová conduz”. Há dois Judas entre os discípulos, Judas filho de Tiago e Judas Iscariotes. Embora o significado do nome Judas seja algo positivo, que demonstra confiança em Deus, no entanto, por causa da traição de Judas Iscariotes, este nome sempre terá uma conotação negativa. Em toda a parte do mundo, quando se quer ofender a alguém, utiliza-se o nome Judas para isso.

O estudo sobre Judas filho de Tiago serve para nos apresentar outra face do nome Judas. Vejamos sobre os dois Judas.

1. Judas filho de Tiago e Judas Tadeu

Ambos são a mesma pessoa, que é apresentado de duas formas diferentes: Judas, filho de Tiago em Lc 6.16 e Tadeu, em Mateus 10.3 e Mc 3.13. (Lebeu na versão Corrigida e Fiel). Segundo John MacArthur Tadeu significa ‘criança de peito’, evocando a ideia de um bebê sendo alimentado. É como se usássemos a expressão: “queridinho da mamãe”. Provavelmente ele era o mais novo dentre seus irmãos, tratado com carinho por seus pais. Tadeu, significa literalmente “criança do coração”.

Um outro Judas (Jd 1) que aparece no NT é o irmão de Tiago e de Jesus. Ele, provavelmente é o escritor da epístola de Judas, a última carta do Novo Testamento.

Em João 14.21 Jesus diz: “Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-se a nós e não ao mundo?” (Jo 14.22). Vemos aqui um homem simples, humilde diante de Jesus. Ele não era impetuoso como Pedro e nem bravo como os irmãos Boanerges. Sua pergunta é de uma pessoa branda, despojada de qualquer orgulho. Ele queria saber por que Jesus iria manifestar-se somente para os discípulos e não para o mundo, uma pergunta razoável que mostra traços de uma personalidade dócil.

Não se tem muita informação a respeito de Judas Tadeu. A maior parte das tradições mais antigas sobre Judas Tadeu sugerem que ele levou o evangelho para onde hoje é a região da Turquia e por causa de sua fé foi espancado até a morte com uma clava, uma espécie de bastão rústico parecido com um taco de basebol.

2. Judas Iscariotes

O nome de Judas Iscariotes aparece por último em todas as listas bíblicas. Toda vez que Judas é mencionado nas Escrituras, também encontramos uma observação de que ele é o traidor. Ele passou três anos com Jesus, mas durante todo esse tempo, seu coração tornou-se apenas mais endurecido e cheio de ódio. A vida de Judas nos faz entender que é possível estar muito próximo de Jesus, até mesmo relacionar-se com Cristo, e ainda assim ter um coração endurecido e voltado para o mal.

Ao que parece, Judas Iscariotes é o único apóstolo que não vinha da Galileia. Provavelmente vinha de Queriote-Hezrom (Josué 15.25). Seu pai chamava-se Simão Iscariotes (João 6.71). Fora isto, não temos outra informação sobre a família ou as origens sociais de Judas.

Ele viveu em um tempo em que os judeus esperavam um messias libertador, aquele que iria libertar o povo sofrido das mãos do Império Romano. É provável que ele acreditou que Jesus seria aquele que iria liderar o povo a uma revolta contra Roma. De forma semelhante aos onze, ele deixou tudo para imediatamente seguir a Jesus. Porém, de todos os apóstolos, foi o único que não abriu verdadeiramente o seu coração.

As Escrituras afirmam que quando Jesus escolheu a Judas, ele sabia que ele seria o traidor. No entanto, de forma alguma Judas foi coagido a agir contra o Mestre. Sua própria ganância, e perversidade o levaram a tal atitude insana. Ele fez o que estava cheio o seu coração.

Sua desilusão

Cada dia, passado com Jesus, fazia com que Judas ficasse cada vez mais desiludido. Ele que sonhava com a tomada do poder, mas teria que se conformar em dar a outra face e viver uma esperança de um Reino puramente espiritual. Isto jamais entrou no coração dele. Judas acreditava que Jesus seria como uma espécie de Rei Davi, que governaria com grande glória terrena. Os interesses mundanos de seu coração jamais foram vencidos. Com o passar do tempo, o seu coração se tornava mais petrificado. Em algum ponto durante aqueles últimos dias, sua desilusão se tornou em ódio, que junto com sua ganância, acabou na traição.

Sua avareza

Em João 12.2-3 traz o relato Marta e Maria: “Maria tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos”. Foi uma adoração extravagante. Ela gastou muito dinheiro, para somente ungir os pés de Jesus. Os versos 4 e 5 mostra a indignação de Judas, afirmando que poderia dar aquele dinheiro aos pobres. No entanto, era só uma falácia, ele não tinha nenhuma preocupação com ninguém, apenas consigo mesmo (João 12.6). Ele queria o dinheiro na sacola para poder ter o que roubar.

Sua traição e morte

Como qualquer hipócrita, ele tinha em mente trair a Jesus da forma mais discreta possível e sair bem depois de tudo. Ele iria jogar todos contra Jesus, e simplesmente passar-se por neutro. Ele recebera trinta moedas de prata para executar a traição. Judas combinou um sinal para identificar a Jesus: “Aquele que eu beijar” (Mt 26.48). Quem iria imaginar que aquele gesto comum de afeto seria um sinal inescrupuloso?

Depois de tudo consumado, ele pôde notar a grande besteira que tinha feito: Mateus 27.3-4 “Então Judas, vendo que Jesus fora condenado tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciões, dizendo: pequei, traindo sangue inocente”. No entanto, já era tarde demais, tomado de ressentimento, saiu dali e foi enforcar-se (Mt 27.5).

Albert Barnes afirma que Judas não supunha que o caso teria resultado dessa maneira calamitosa. Ele provavelmente esperava que Jesus fizesse um milagre para se libertar. Quando o viu sendo levado, amarrado, julgado e condenado. Quando viu que ele seria morto, foi tomado de dor e arrependimento ou remorso. A palavra no grego é metamelomai e pode ser traduzido de ambas as formas. Ele tentou reparar o que fez, mas, já era tarde demais. Ele não suportou o peso da culpa que sentia e suicidou-se.

Conclusão

Judas é um exemplo trágico de oportunidades perdidas, privilégios desperdiçados. A vida de Judas serve de lembrança para tomarmos cuidado com o nosso coração. Devemos manter um coração limpo, livre de ódios, rancores e magoas. Depois de todo mal feito, chega um ponto que não há como voltar atras.

O cultivo de um sentimento ruim foi o fator que o levou a tornar-se o traidor. Havia um lugar de honra para Judas Iscariotes entre os apóstolos, mas ele jogou fora a oportunidade e escreveu negativamente o seu nome na história. Ele se deixou levar por sentimentos perversos e destrutivos. Em algum momento, traído por seus sentimentos, ele deve ter achado que estava certo em tomar aquela atitude, porém, mais tarde percebeu o seu erro, e por não conseguir lidar com a dor daquela imensa culpa, suicidou-se.

Pr. Sergio Rosa

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

O meu grito de independência e liberdade

 

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão”. (Gl. 5.1)


Introdução


No dia sete de setembro comemoramos a independência do Brasil. Este é um dos marcos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. D. Pedro I tomou uma série de medidas que desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro I convocou uma Assembleia Constituinte e obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil conclamava o povo a lutar pela independência. Próximo ao riacho do Ipiranga, SP, levantou a espada e declarou a celebre frase: "Independência ou Morte!". Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822, selando assim o rompimento do Brasil como colônia portuguesa. Este ano completamos 199 anos de Independência.


A cultura registrou este fato através de um quadro pintado pelo artista paraibano Pedro Américo, em 1888, que está exposto no Museu Paulista. Esta obra de arte mostra Dom Pedro I, paramentado como um grande guerreiro, empinando o seu imponente alazão, com a espada desembainhada e bradando “Independência ou Morte”.


Mesmo não sendo autêntica a cena, é de arrepiar. O artista quis mostrar a grandeza da ação que foi praticada e não a realidade do que aconteceu. Fato é que D. Pedro levou o Brasil a romper com a subserviência portuguesa para viver em liberdade, independente de estar montado em um alazão ou em animal de carga.


Este fato ocorrido no dia sete de setembro nos é muito propício, porque pensar em independência é pensar em liberdade. A partir desta introdução, gostaria de discorrer sobre o que é a liberdade:


1. A liberdade é algo caro


O apóstolo Paulo declara que Cristo nos libertou para a liberdade. A versão NTLH diz: “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres”. O texto é bastante redundante, creio que seja para ressaltar a grandeza da nossa liberdade. O preço para que ela acontecesse não foi barato. Jesus pagou um alto preço para que isto se tornasse real. Ele entregou a sua própria vida para nos libertar da nossa condenação. O desejo de Deus é nos libertar da escuridão. João 3.16 diz que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho amado para morrer na cruz para nos salvar. Jesus pagou o preço por nossa liberdade com a sua própria vida.


No início da criação Deus criou o homem livre, mas o pecado entrou no mundo e escravizou o homem. O homem andava na luz de Deus, mas o maligno cobriu esta luz com densas trevas para que o homem não pudesse mais se encontrar. Ele fez isto através do pecado. Quando estamos em Jesus, ele nos liberta do poder dominador do pecado sobre nós.


D. Pedro teve que enfrentar o governo de Portugal para levar o Brasil a tornar-se livre. Ele teve que romper com amigos, família, parentes, além de perder privilégios e a proteção da coroa portuguesa, para aventurar-se a viver em liberdade. Se hoje gozamos da independência, foi porque alguém pagou um preço por isto.


Jesus pagou o preço por nossa liberdade, o que devemos fazer é tão somente aceitar este preço, aceitar o sacrifício que Jesus fez por mim. E, aprender a viver esta liberdade.


2. A liberdade é difícil


Assim que D. Pedro declarou a independência do Brasil muitos empresários e políticos ficaram bastante preocupados com a retaliação de Portugal que não queria de forma alguma perder o Brasil como colônia. Muitos não queriam perder seus privilégios e por isto eram contrários ao grito de liberdade.


Satanás da mesma forma não deseja perder aqueles que estão vivendo sobre o seu controle, por isto ele cria muitas dificuldades, e muitos tem medo da retaliação e preferem voltar a viver como escravo do pecado do que como filhos de Deus livres. Outros, ficam aprisionados naquilo que lhes proporciona um aparente prazer e o inimigo usa isto para leva-lo a cometer outros pecados, e então a pessoa se afunda cada vez mais.


Eu tive uma ovelha que estava em uma clínica de recuperação de viciados quando começou a frequentar a igreja. Ele se tornou muito participativo e foi batizado. Depois de dois anos, percebemos que ele andava um pouco estranho, meio impaciente e agressivo. Houve um roubo do cofre da igreja. Ladrões achavam que guardávamos dinheiro lá. Mas, só tinha uns trocados. Alguns vizinhos viram o roubo e o acusaram. Ele havia voltado a usar o crack e aquilo o estava dominando e o controlando a tal ponto de roubar a própria igreja.


A liberdade é difícil e por isto muitos querem voltar a escravidão. Viciados em drogas, em bebidas, em pornografia, em tabaco, em mentiras acham muito difícil largarem os vícios, alguns até tentam, mas não conseguem lutar e voltam.


3. A liberdade é uma conquista


Imagino a pressão sobre a cabeça de D. Pedro I ao tomar aquela decisão. A coisa era tão séria que ele sabia que corria o risco de ser morto. Mas para ele não tinha outra alternativa ou era a liberdade ou a condenação à morte.


A liberdade vivida em Jesus precisa ser conquistada. Mt. 11.12 “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele”. É preciso lutar para conquistar o Reino dos céus. E a maior luta não é contra o inimigo, é contra você mesmo, contra sua vontade, contra o seu querer. O apóstolo Paulo declara: I Co 9.27 “Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo”.


Nenhuma liberdade é dada gratuitamente, todas precisam ser conquistadas de alguma forma. A libertação da escravidão negra foi obtida a custo de muita luta. Muitos proprietários de escravos eram completamente contrários a libertar seus escravos. Eles eram mão-de-obra barata. A guerra de secessão nos USA, do Norte contra o Sul, foi basicamente a luta pela liberdade dos escravos. Os estados do Norte apoiaram a Constituição e o governo de Abrahan Lincon, enquanto estados do Sul lutavam pelo direito de manter escravos. Foi derramado muito sangue, para que a liberdade fosse conquistada.


Conclusão 


A nossa liberdade em Cristo Jesus, da mesma forma, só é conseguida a muito custo. É preciso esforçar-se para conseguir esta liberdade. O apóstolo Paulo diz que há uma verdadeira guerra em nosso interior: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gálatas 5:17). “Independência ou morte!”


Independência das trevas, do maligno e tudo o mais. Esta é a escolha que precisamos fazer. Deus está esperando por seu grito de independência, grito de liberdade, grito de basta. O desejo do Senhor é te dar liberdade total e completa das trevas. O que você precisa fazer para ser livre é ter um encontro com Jesus. Confessar a ele o seu pecado e pedir a ele perdão. Pedir a ele para que te aceite em sua presença. Só Jesus pode nos dar total liberdade, só ele pode nos tornar verdadeiramente livres.


Shana Tová - Feliz Ano Novo!


Parabéns ao povo Judeu pelo Ano Novo. Feliz 5782. Shana Tova!


A cultura judaica é impressionante. Conseguiu sobreviver a tantas coisas, por quase seis mil anos. Guerras, exílio, xenofobia, holocausto.. E, continua uma cultura forte até os dias de hoje. Uma cultura espalhada e presente em todo o mundo. Muito de sua cultura se perpetua através da religião judaico-cristã. A comemoração, ainda que deturpada, da festividade da páscoa, como exemplo, é um dos elos de ligação entre cristianismo e judaísmo. Assim como o respeito ao decálogo e todas as leis estabelecidas na antiguidade por Moisés.
Como cristão, eu tenho profunda admiração a muito dos símbolos judaicos e suas festas. Algumas Igrejas evangélicas tentaram e tentam incorporar símbolos antigos do judaísmo ao cristianismo. Mas, fica uma maquiagem estranha e sem sentido. Os símbolos judaíscos foram para o judaísmo e houve uma razão para isto. Pela nossa crença, o povo judeu foi o povo escolhido por Deus para manifestar a sua revelação ao longo da história. Esta revelação ficou registrada para todo o sempre nas páginas da Torah. Jesus era um mestre judeu, nascido na palestina, que ensinou a torah. Aquilo que conhecemos como o Antigo Testamento. Mais tarde, anos após a sua morte, os seus discípulos registraram os seus ensinos. Este registro ficou conhecido como o Novo Testamento. Judeus tem uma Aliança com a Lei de Moises, Cristãos tem uma Aliança com Jesus. Nisto, cristãos e judeus tem uma ligação eterna. Como católicos e protestantes, que, apesar do rompimento em Lutero, continuam ambos a seguirem os ensinamentos de Jesus.
As maiores religiões do mundo tem em si, mais coisas incomuns do que talvez gostariam de ter. Huns King fala a respeito do respeito e da paz entre as religiões como sendo uma condição 'sine qua nom' para a paz mundial. A Paz entre os homens de boa vontade.
Que neste dia de Ano Novo Judaico, o mundo possa celebrar a paz! Que o Brasil político possa celebrar a paz! Que ao invés de se fomentar a guerra, se lute pela paz!

Sergio Rosa

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Reboot, o apavorante caminho para encontrar o novo

Neemias 2.5


Reboot é uma expressão da língua inglesa que quer dizer reiniciar. É uma palavra bastante utilizada na computação. O reboot é realizado quando o computador trava, está lento, ou apresentando processamento ruim, ou seja, quando há algum problema no funcionamento. Em nossa vida, não é muito diferente, quando as coisas não vão bem, às vezes é preciso reiniciar. Mas, nem sempre escolhemos reiniciar apenas quando as coisas não estão dando certo, podemos também reiniciar quando está tudo aparentemente bem.  

O tema recomeçar me faz lembrar as tantas vezes que eu tive que recomeçar algo em minha vida. Eu chego aos 54 anos com o privilégio de colecionar bem poucos fracassos e com a alegria de experimentar alguns recomeços. Posso confessar que recomeçar é algo assustador. Trata-se de um desafio enorme ter que recuar passos atrás para novamente reiniciar. Dar reboot não é para todos. É algo que mexe profundamente com o nosso emocional e também com o espiritual.

Vamos falar de recomeço

Quando falamos de recomeço, muitos textos me vêm à mente: Penso no povo hebreu saindo do Egito para reiniciar uma vida nova em um lugar que eles não tinham a menor ideia de como seria. Eles levam quarenta anos naquela aventura de mudança de endereço. Apesar de enfrentarem lutas e guerras durante a caminhada, conseguem se estabelecer como uma poderosa nação. Foi preciso muita determinação, coragem, ousadia e perseverança. Muitos daqueles que estavam sob a liderança de Moises quiseram, não apenas voltar, mas, desanimar todo o povo. Eles ficaram com medo de fracassar, morrer em confronto com os povos cananeus, que lhes pareciam gigantes invencíveis. Eles tinham um grande problema de autoestima que os levava a enxergar a si mesmo como gafanhotos. Josué e Calebe foram aqueles que conseguiram enxergar além da evidência, eles perceberam que Deus seria aquele que os fortaleceria.

Sem decisão não há recomeço

Penso também em Esdras e Neemias, no retorno para a sua terra natal. Eles assumiram o enorme desafio de reconstruir o templo e os muros de Jerusalém que estavam em ruínas. Eu sempre penso no povo que ficou na terra, aqueles que não foram levados cativos, os mais pobres, que diariamente passavam em frente aos muros e ao templo. Deveria ser uma visão desanimadora. Pedras espalhadas, o mato crescendo, e a tristeza consumindo. Eu me pergunto porque eles não iniciaram a obra de reconstrução antes. Foram setenta anos sem fazer nada, apenas esperando. Talvez sonhando, mas, sem se mover. O que me leva a crer que sem decisão não há movimento e sem movimento não há recomeço. Esdras e Neemias desafiaram o povo a iniciar a obra, a condução deles os levou a enfrentar perseguições e nisto foram fortalecidos.

Meu recomeço pessoal

Estes textos e personagens me fazem refletir sobre alguns recomeços que eu experimentei em minha trajetória. Um deles, que me marcou bastante, foi quando eu deixei o ministério na Bahia para retornar ao Rio de Janeiro, após oito anos de um lindo ministério. Deus me deu a visão clara de que a sua missão ali comigo havia acabado e teria que recomeçar em outro lugar que ele ainda mostraria. É de doer o coração. Depois de tudo pronto, templo novo, liderança treinada, muitos batismos, senso de realização e de dever cumprido. Então eu ouço Deus dizer: acabou, volte, vamos recomeçar! É nesta hora que a nossa fé é provada. Somos tentados a desconfiar do Deus provedor. Será que vai dar tudo certo realmente? Acredito que este foi o dilema dos antigos diante das situações difíceis que tiveram que enfrentar. Assim como os heróis da fé, eu também escolhi confiar plenamente em Deus e isto fez toda a diferença.


Este ano faz onze anos, desde que retornamos ao Rio. Tivemos lindas experiências. Nunca faltou nada, pelo contrário, nunca tivemos tanto. Estou em meu segundo ministério, e cheio de expectativas para o novo de Deus em minha vida.

Conclusão

Recomeçar é um desafio que nos leva a lugares novos. É preciso coragem, determinação, ousadia e sobretudo muita fé em Deus. O que eu aprendo com os antigos irmãos, lendo os textos bíblicos, é que eles venceram o medo, a dor e o cansaço e prosseguiram confiando plenamente em Deus. Creio que este é o segredo para recomeçar.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

O sétimo mandamento sob a perspectiva da lei e da graça

Êxodo 20.14


"Não adulterarás!" Este mandamento ainda está valendo? Este texto é convite a uma reflexão contemporânea de um assunto bastante antigo. Adultério não é algo novo. Existe desde que o mundo é mundo. Como podemos entendê-lo nos dias atuais?

A Lei mosaica foi estabelecida há mais de três mil anos atrás. Trata-se de um documento hebreu que se transformou em patrimônio da humanidade. A história do povo hebreu, narrada no Antigo Testamento, se constitui em base do cristianismo. Jesus nasceu e se criou no judaísmo. Ele faz citações de várias passagens antigas contidas no Antigo Testamento. Através das mensagens e princípios estabelecidos por Jesus, nasceu o cristianismo. Em Cristo Jesus foi estabelecida a graça. Paulo afirma: “Porque pela graça sois salvos, por intermédio da fé” (Efésios 2.8). A pergunta que muitos se fazem é: devemos continuar obedecendo aos mandamentos ou isto faz parte da Antiga Aliança e por isto deve ser rejeitado? Se a Antiga Aliança não está mais em vigor, podemos então desobedecer ao sétimo mandamento? Vamos tentar responder a esta pergunta.

O decálogo são as dez leis estabelecidas por Moisés no deserto. As leis que Deus estabeleceu para o povo hebreu na antiguidade. O povo hebreu havia acabado de sair do Egito, após 430 anos de gestação. Deus utilizou o Egito como um útero para gestar o embrião hebreu. Eles caminharam como nômades pelo deserto durante cerca de 40 anos. Ainda viviam em uma sociedade tribal, não estavam consolidados em Estado monárquico, isto iria ocorrer bem mais tarde, quando conseguem entrar na terra prometida.

A fé em Javé ainda não estava consolidada, os princípios e valores sobre os quais eles viviam se confundiam com os do Egito. Deus estava se revelando à humanidade através da formação deste povo. Não havia uma Bíblia, nem tão pouco cultos em uma Igreja ou uma EBD. O que eles aprendiam era ensinado pelos anciões e pelos pais. Ainda não havia uma cultura religiosa fundamentada. O Deus que eles acreditavam era o dos patriarcas, Abrão, Isaque e Jacó.

Deus primeiramente se revela a Moises


Através da teofania na sarça ardente, Deus começa a revelar-se a Moises. Mostrando para algo novo que ele não conhecia. Este é o momento onde Moises tem uma experiência com Deus. Este é o momento que Moises começa a conhecer a Deus verdadeiramente. Moises não tinha ideia de quem era Deus, e nem o seu povo, a não ser por histórias que os anciões contavam.

Deus levantou a Moises e Arão, para através deles o povo fosse conduzido para Canaã. Deus não apenas queria formar um povo em uma nova terra, Deus queria um povo diferenciado, como novos costumes e com uma adoração direcionada para Ele.

Chega em um ponto em meio ao deserto que Deus leva Moises ao Monte Sinai (Horebe) e revela a ele os dez mandamentos, que se tornou a base legal de praticamente toda a lei judaica. O decálogo foi como a Constituição daquele povo que estava sendo formado. A partir então desta Constituição foram estabelecidas várias outras leis que estão descritas no livro dos Levíticos.

A Lei de Moises foi para o Antigo Testamento

Para entendermos não apenas o decálogo, como o todas as leis descritas no Antigo Testamento, é fundamental estudar as cartas de Paulo, principalmente a de Romanos e Gálatas. É impossível um entendimento claro das leis veterotestamentárias sem este conhecimento prévio.

Um dos principais textos para esta compreensão é Galatas 3.23-25. Paulo afirma que estávamos sob a tutela da lei. A lei serviu como aio para nos conduzir a Cristo, um tipo de pedagogo para nos instruir, mas, uma vez em Cristo, já não estamos mais subordinados ao aio.

Outra chave para entender o decálogo nos dias de hoje é a discussão de Paulo com os judaizantes, que queriam obrigar aos gentios a circuncidar-se em obediência a Lei de Moises. A resposta de Paulo é o capítulo 5.1-4 de Gálatas. O verso 5.2 Paulo disse que se eles se deixassem circuncidar-se, Cristo não serviria para nada.

O sétimo mandamento e o tempo presente

Como compreender então todo o decálogo e hoje essencialmente o sétimo mandamento. Para sintetizar, eu compreendo que na lei as pessoas seguiam apenas a formalidade, na aparência que tanto foi criticada por Jesus como sendo hipocrisia. Eles falavam uma coisa, mas, faziam outra.

Eu penso que a graça é muito mais profunda e amadurecida que a lei. A graça não se constitui em um punhado de regras que devemos obedecer, mas, ela parte de uma profunda experiência de transformação, a partir de um arrependimento sincero e uma obediência a Cristo. Colossences 2.20-23 Paulo nos fala claramente a respeito disto. Na graça não deveria haver espaço para este debate sobre ‘pode ou não pode’, uma vez que, teoricamente, já teríamos morrido para o mundo e ressuscitados em Jesus.

O sétimo mandamento, que estamos estudando diz literalmente: “Não adulterarás”. Adulterar era literalmente tocar em uma mulher que não fosse a sua. A coisa era tão séria que adúlteros teriam que ser mortos (Levítico 20.10). É um princípio de claro entendimento. Tocou em outra mulher ou homem, morre. Isto acabou então com a graça. O apedrejamento acabou sim, mas, o entendimento tornou-se ainda mais profundo.

Entendendo a graça

Na graça Jesus disse que se olharmos para uma mulher com intenções impuras, isto já se constitui em adultério (Mt 5.27-28). Na graça se torna adultério não apenas que tocam outra mulher, mas também os que planejam tocar, pensam em tocar. O que nos leva ao chamado relacionamentos cibernéticos. Há pessoas mantendo relacionamentos secretos na internet e acha que está tudo certo, porque não tocou na pessoa. Talvez na lei houvesse espaço para esta atividade, porque a lei era concreta, tinha que haver o toque, se não houvesse, não era adultério. Porém, na graça o flerte já é adultério.

A pergunta que devemos fazer é se devemos obedecer á lei de Moisés ou não. Não dá para responder a esta pergunta com um simples ‘sim ou não’. É preciso compreender bem o assunto para não fazer um recorte errado e danoso. Nós não somos judeus, somos cristãos. Isto quer dizer então que devemos fazer tudo contrário à lei mosaica, nos entregar abertamente a uma licenciosidade? Paulo responde categoricamente a este questionamento: “de modo nenhum” (Romanos 6.1-2). A graça não quer dizer que a promiscuidade está liberada, pelo contrário, a graça nos aperta muito mais. A graça é um convite à santidade e não uma liberação geral. Vajamos em Romanos 2.2 o que Paulo diz sobre uma vida promíscua. João 3.9 é ainda mais contundente ao afirmar “aquele que pratica pecado é do diabo”.

Para estudar a graça, precisamos rever a doutrina da Hamartiologia, ou seja, doutrina que estuda o pecado. Para nós, gentios, neotestamentários, que vivemos na graça, pecado não é apenas uma desobediência à lei judaica, veterotestamentária, mas, uma negação à graça de Jesus. A antiga lei, na primeira aliança, havia um espaço para viver superficialmente a religião, por isto era imperfeita. A graça é perfeita, não há espaço para a hipocrisia. E foi isto que Jesus tanto combateu entre os fariseus.

Aconselho uma leitura dos debates de Jesus com os fariseus, narrados nos evangelhos e sobretudo as Cartas de Paulo, principalmente Gálatas e Romanos, para uma melhor compreensão desta discussão temática sobre a lei e a graça, que foi amplamente abordada em praticamente todo o Novo Testamento.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Incendiando a próxima geração com o fogo de Deus

Juízes 2.6-12

Tem um ditado que diz: pai trabalhador, filho pródigo, netos miseráveis. Isto se diz em respeito aos pais que trabalham a vida toda e conseguem se tornar ricos. Vem os filhos, e muitos não viveram a luta de seus pais, acham que tudo foi conquistado facilmente, e gastam dissolutamente toda a riqueza que o pai conquistou. Quando nascem os netos, já não sobra quase nada para eles. Espiritualmente falando, foi o que aconteceu com a terceira geração depois de Josué. Os pais receberam tantas vitórias de Deus, os filhos viveram das conquistas espirituais dos pais e desperdiçaram tudo o que receberam, mas, para os netos, não sobrou nada.

O que aconteceu com eles? Por que se tornaram tão distantes de Deus? Gostaria de responder a esta pergunta a partir da consideração de três gerações.

1. Primeira geração – Pais cheios de intimidade com o Senhor (v. 7)

Examinando a história de Josué, podemos dizer que a sua geração foi a geração do avivamento. Eles vivenciaram um verdadeiro derramar da presença de Deus. Esta primeira geração é daqueles que tiveram um encontro real com Deus, eles experimentaram um grande avivamento pessoal, viram de perto as maravilhas de Deus, buscaram intimidade e se encheram do Espírito Santo. Eles foram testemunhas oculares da abertura do Rio Jordão, da queda dos muros de Jericó, e da tomada inicial da terra prometida. Estes crentes fizeram diferença em sua geração, fizeram grandes coisas, tiveram ricas histórias escritas em seu currículo.

Quando estava meditando neste texto, lembrei de grandes pastores, que realizaram obras grandiosas, foram homens cheios do Espírito Santo, porém, os seus filhos não tiveram a mesma experiência de seus pais. O que nos leva para a segunda geração.

2. Segunda geração – Filhos religiosos, crentes medianos (v. 8)

A geração seguinte apenas vivia das experiências contadas pelos seus pais. Mas, aqueles fatos em nada os preenchia. Logo eles se tornaram frios e distantes de Deus.

Josué morreu e foi sepultado, e a sua geração também. Ficaram os filhos deles. Eles não viram o agir de Deus. Só conheciam a Deus de ouvir as histórias de seus pais. Estas histórias eram contadas e recontadas em dias de festas. Mas, não representava nada para eles. Eles ainda possuíam algum temor de Deus, mas o suficiente somente para lembrar de Deus vagamente. Por isto, sua religiosidade era vazia, sem expressão, até mesmo hipócrita, porque não viviam nada daquilo que contavam para seus filhos.

Esta segunda geração é a dos filhos saudosistas de algo que não viveram ou eram muito pequenos para lembrar. Fato é que aquelas histórias já não diziam nada pra eles. Eles viviam a religiosidade na fé de seus pais somente. Desta forma, eles não tinham muita preocupação com a perpetuidade da adoração ou da lei de Deus. Eles só achavam legal seguir ao Senhor por causa de seus pais. Mas, para eles tudo aquilo era superficial e sem graça. Esta geração não tem comprometimento com a igreja. Eles querem se redescobrir. Não abandona de vez a base do evangelho, mas também não o vivem. Rompem com as tradições, questionam a fé, e vivem vazios.

3. Terceira geração – Netos, sem nenhum temor do Senhor (v. 10)

A terceira geração é a dos filhos dos crentes medianos. Eles presenciaram a vida dupla de seus pais e pensaram: “ora, tudo isto é uma hipocrisia! Eles não vivem o que pregam”. E a partir daí, partem para buscar as suas próprias verdades. Começam a se interessar por outros tipos de filosofia de vida e vão atrás de outros aspectos religiosos.

O texto mostra que a geração dos netos em diante, não conhecia ao Senhor e nem as obras que Ele fizera em Israel. Como eles estavam completamente esvaziados de qualquer coisa de Deus, eles procuraram se encher com o que melhor lhes agradou. Eles foram apresentados aos deuses daquela nova terra. Que a princípio pareceu bem melhor do que a ideia de um Deus invisível. Os deuses cananeus estavam ligados diretamente a uma expressão livre de sexualidade, sem aquela pureza sexual que os seus avós buscavam. Aos seus olhos, os avós pareciam retrógrados, tinham vários tabus desnecessários. Esta nova geração logo se identificou com aquele deus cananeu que promovia a sensualidade e a fertilidade. Baal e Astarote eram os principais. Então, eles foram e os serviram, abandonaram a Deus e se tornaram idólatras.

O que nos leva a pensar que o abandono a Deus e de seus princípios, em muitos casos, está intimamente ligada a licenciosidade. Muitos abandonam a Deus, porque querem viver uma vida dissoluta, como a parábola do filho pródigo nos ensina.

Conclusão

Eu olho para este texto e me sensibilizo com a terceira geração, porque estão no vácuo, completamente perdidos. A primeira geração vivenciou uma experiência genuína com Deus, eles tentaram, ao seu modo ensinar aos seus filhos a andarem na presença de Deus. Mas, a segunda geração, viveu uma religiosidade fria, com pouca ou nenhuma expressão, o resultado foi que a terceira geração abandonou completamente a Deus, e pior ainda, tornou-se idolatra de deuses cananeus.

Entendo que a nossa geração precisa ser a geração de crente do avivamento, aquele que faz a história, que presencia a ação de Deus, que tem intimidade com Deus, e que se compromete com Deus a fazer de sua geração, uma geração de crentes avivados, vivos em Deus. Mas, não apenas isto, precisamos incendiar a próxima geração. Precisamos deixar um legado de avivamento para nossos filhos e netos. Precisamos ensiná-los a amar a Deus de todo o seu coração e de todas as suas forças. É preciso nos preocuparmos com a próxima geração.

Um evangelho de aparências não é capaz de incendiar nem a nós mesmos, por isto, precisamos tomar uma decisão de nos enchermos da presença de Deus e viver um evangelho autêntico, para não corrermos o risco de cair no mesmo erro de Josué.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Você não é um hóspede você pertence à família

 Efésios 2.19

Certa vez, minha esposa estava conversando com o filho de um amigo nosso, que demonstrava imensa má vontade em ajudar em casa, mas queria desfrutar de todas as benesses da casa. Ele queria desfrutar da casa limpa, roupa lavada e passada, comida feita, armários cheios, contas pagas, internet e TV. Ela perguntou para o jovem: “Vem cá, você é um hóspede ou você é da família? O seu comportamento se parece mais com o de um hóspede do que de um membro da família, que dá a sua contribuição para que tudo esteja organizado. Aquele jovem parou para raciocinar e ficou envergonhado por concluir que ela tinha razão. A partir daquele dia o seu comportamento mudou em relação às suas atitudes e colaboração no serviço e sustento da sua casa.

Uma pessoa que se hospeda em nossa casa fica apenas por alguns dias, e por se tratar de uma visita, geralmente, poupamos esta pessoa de fazer as coisas. É natural que isto aconteça. Porém, uma pessoa que pertence à família, precisa dividir as tarefas da casa. Uma pessoa lava a louça e a roupa, a outra limpa a casa, tem aquele que faz a comida, e o que faz as compras. Aqueles que trabalham fora, devem contribuem para o pagamento dos gastos da casa. Há famílias onde a mãe é uma verdadeira escrava, faz tudo, e filhos e marido não fazem nada para ajudar, isto não é algo emocionalmente saudável. Desta forma, esta mãe pode não durar muito tempo. Cuide dela agora, depois que ela se for, não adianta lamentar.

Paulo nesta epístola à Igreja que estava em Éfeso, esclarece para os gentios que por intermédio de Jesus o Cristo, eles deixaram de ser estrangeiros, ou seja, eles não seriam mais hóspedes, passariam a fazer parte da família de Deus.

Fazer parte da família de Deus é algo realmente maravilhoso. Porém, é importante salientar que todo privilégio gera obrigações. Estas obrigações não são um peso, elas fazem parte do prazer em servir. Trata-se daquele serviço que fazemos com alegria. Cuidar da família a qual pertencemos, contribuir para que ela prospere, colaborar em tudo, é uma grata satisfação.

A partir desta introdução, gostaria de meditar com você sobre os privilégios e obrigações de pertencer à família de Deus:

1. O primeiro grande privilégio e obrigação é contar com a proteção e proteger a família (Nm 4.17)

Lemos no livro de Neemias que os muros de Jerusalém estavam sendo reconstruídos. Nabucodonozor, rei da Babilônia, havia invadido Jerusalém, décadas atrás, e derrubara os seus muros. Neemias, foi vocacionado por Deus para liderar o povo naquela difícil tarefa de reconstrução. Ele deixou a sua função de copeiro no reinado de Artaxerxes e partiu para a sua terra natal. Porém, a coisa toda não seria fácil, haviam inimigos que não queriam, de forma alguma, que aquela obra fosse a frente. Eles intentaram de todas as formas parar o trabalho. Para prevenir, Neemias colocou os homens trabalhando com o seu instrumento de construção de um lado e a sua espada pendurada do outro lado.

Esta foi a razão pela qual os construtores do muro de Jerusalém não foram atacados por seus inimigos durante a construção. Porque um protegia o outro. Ao mesmo tempo que eram protegidos, eles se protegiam. Esta deve ser a nossa postura enquanto família de Deus.

Quando éramos bem crianças, havia um menino em nossa rua que queria me bater. Toda rua tem o seu valentão. Como ele era maior, eu tinha medo dele. Ele vivia me ameaçando dizendo que ia me pegar. Um belo dia, juntou eu e minhas duas irmãs mais velhas e demos uma surra naquele menino mal. O resultado é que ele nunca mais ele implicou comigo.

Pertencer à família de Deus é contar com a proteção espiritual dos irmãos. Quando o inimigo ataca um, toda a Igreja é sente, e é tomada em oração em favor daquele que está padecendo uma perseguição.

2. O segundo grande privilégio e obrigação é ser sustentado e sustentar a família (Ml 3.10)

Malaquias faz um desafio para que todos entregues os dízimos no templo. A razão da existência do dízimo é para que todo o aparato religioso seja perpetuado. Através das contribuições individuais todas as despesas e investimentos referentes a religião é mantido. Por exemplo, a construção, manutenção e preservação do santuário, assim como todas as despesas relativas a pessoal.

Os membros da família que integram uma casa desfrutam de tudo o que há na casa, ao mesmo tempo que cuidam de tudo o que há na casa. Quando isto não acontece, o que há na casa se desgasta e no futuro não haverá nada para ninguém.

Aqueles que fazem parte da família devem ajudar no sustento da casa, ao mesmo tempo que são sustentados. Lá em casa Eu e João trabalhamos fora, Rosana cuida da casa. Ela é quem prepara o nosso alimento, cuida da casa e de nossas roupas. Nós sabemos que cuidar de uma casa é um serviço pesado. Já tivemos uma secretária que nos auxiliava, hoje não mais. Então, eu e o João damos a nossa contribuição, ajudando a lavar a louça, lavando o quintal, ajudamos naquilo que podemos.

A igreja é sustentada com dízimos e ofertas. Sem estes valores, o templo e todas as coisas que há nele não poderiam existir. Aqui, reunidos no templo, o membro recebe o alimento espiritual, suporte, apoio.

3. O terceiro grande privilégio e obrigação é ser amado e amar os que são da família (I Jo 4.19)

Deus nos amou de tal forma que entregou o seu filho amado para morrer na cruz, para que nós fossemos salvos. João, o apóstolo amado, nos desafia a expressar este amor uns pelos outros.

A melhor frase para definir o amor, que já vi, e a que eu li, há muitos anos, no livro de James Hunter, ‘O monge e o executivo’: “Amar é o que o amor faz”. Seria mais ou menos o mesmo que dizer que: “O amor sem obras é morto”. Assim como a fé precisa ser expressa através de alguma obra, conforme nos afirma o apóstolo Tiago, o amor, sem obras é vazio em si mesmo.

Não adianta muito dizer para as pessoas, eu te amo, se você não demonstra isto de forma alguma através de ações. Na família evidenciamos o nosso amor através das coisas que fazemos para quem mora na mesma casa. O que me faz lembrar sempre de um amigo pastor, quando eu fui a sua casa, no banheiro tinha um cartaz escrito por sua esposa. “Eu me sentiria uma mulher muito mais amada, se você simplesmente abaixasse a tampa do vaso”.

A família é lugar onde as pessoas amam e são amadas. É uma troca. Quando uma pessoa quer apenas ser amada ela se torna egocêntrica, achando que todos precisam amá-la, e ela não precisa retribuir o amor.

Da mesma forma, na família igreja precisamos demonstrar o amor que temos uns pelos outros através das nossas ações e atitudes. É uma carona, uma ajuda no ministério, um favor, uma contribuição que damos servindo em algum ministério.. Tudo isto demonstra o amor uns pelos outros.

Conclusão

Pertencer a família de Deus é um privilégio e, todo privilégio gera também obrigações. Eu não posso apenas querer pertencer à família e desfrutar de tudo o que há na casa do Pai e não contribuir com nada. Como membro da família, eu conto com a proteção, ao mesmo tempo que sou protegido; Eu participo do sustento, assim como sou sustentado; Eu sou amado, e transmito este amor.

Como membros da igreja, eu pertenço a esta família. Temos um estatuto que nos dirige, e lá está descrito que ao sermos aceitos como membros, temos direitos e deveres. Da mesma forma que a nossa família, onde temos direitos e obrigações.

O Senhor Jesus inaugurou o seu reino e convida a todos que quiserem participar. O seu reino é um reino espiritual, que começa em nossos corações.