Quem sou eu

Minha foto
Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

segunda-feira, 24 de maio de 2021

O sétimo mandamento sob a perspectiva da lei e da graça

Êxodo 20.14


"Não adulterarás!" Este mandamento ainda está valendo? Este texto é convite a uma reflexão contemporânea de um assunto bastante antigo. Adultério não é algo novo. Existe desde que o mundo é mundo. Como podemos entendê-lo nos dias atuais?

A Lei mosaica foi estabelecida há mais de três mil anos atrás. Trata-se de um documento hebreu que se transformou em patrimônio da humanidade. A história do povo hebreu, narrada no Antigo Testamento, se constitui em base do cristianismo. Jesus nasceu e se criou no judaísmo. Ele faz citações de várias passagens antigas contidas no Antigo Testamento. Através das mensagens e princípios estabelecidos por Jesus, nasceu o cristianismo. Em Cristo Jesus foi estabelecida a graça. Paulo afirma: “Porque pela graça sois salvos, por intermédio da fé” (Efésios 2.8). A pergunta que muitos se fazem é: devemos continuar obedecendo aos mandamentos ou isto faz parte da Antiga Aliança e por isto deve ser rejeitado? Se a Antiga Aliança não está mais em vigor, podemos então desobedecer ao sétimo mandamento? Vamos tentar responder a esta pergunta.

O decálogo são as dez leis estabelecidas por Moisés no deserto. As leis que Deus estabeleceu para o povo hebreu na antiguidade. O povo hebreu havia acabado de sair do Egito, após 430 anos de gestação. Deus utilizou o Egito como um útero para gestar o embrião hebreu. Eles caminharam como nômades pelo deserto durante cerca de 40 anos. Ainda viviam em uma sociedade tribal, não estavam consolidados em Estado monárquico, isto iria ocorrer bem mais tarde, quando conseguem entrar na terra prometida.

A fé em Javé ainda não estava consolidada, os princípios e valores sobre os quais eles viviam se confundiam com os do Egito. Deus estava se revelando à humanidade através da formação deste povo. Não havia uma Bíblia, nem tão pouco cultos em uma Igreja ou uma EBD. O que eles aprendiam era ensinado pelos anciões e pelos pais. Ainda não havia uma cultura religiosa fundamentada. O Deus que eles acreditavam era o dos patriarcas, Abrão, Isaque e Jacó.

Deus primeiramente se revela a Moises


Através da teofania na sarça ardente, Deus começa a revelar-se a Moises. Mostrando para algo novo que ele não conhecia. Este é o momento onde Moises tem uma experiência com Deus. Este é o momento que Moises começa a conhecer a Deus verdadeiramente. Moises não tinha ideia de quem era Deus, e nem o seu povo, a não ser por histórias que os anciões contavam.

Deus levantou a Moises e Arão, para através deles o povo fosse conduzido para Canaã. Deus não apenas queria formar um povo em uma nova terra, Deus queria um povo diferenciado, como novos costumes e com uma adoração direcionada para Ele.

Chega em um ponto em meio ao deserto que Deus leva Moises ao Monte Sinai (Horebe) e revela a ele os dez mandamentos, que se tornou a base legal de praticamente toda a lei judaica. O decálogo foi como a Constituição daquele povo que estava sendo formado. A partir então desta Constituição foram estabelecidas várias outras leis que estão descritas no livro dos Levíticos.

A Lei de Moises foi para o Antigo Testamento

Para entendermos não apenas o decálogo, como o todas as leis descritas no Antigo Testamento, é fundamental estudar as cartas de Paulo, principalmente a de Romanos e Gálatas. É impossível um entendimento claro das leis veterotestamentárias sem este conhecimento prévio.

Um dos principais textos para esta compreensão é Galatas 3.23-25. Paulo afirma que estávamos sob a tutela da lei. A lei serviu como aio para nos conduzir a Cristo, um tipo de pedagogo para nos instruir, mas, uma vez em Cristo, já não estamos mais subordinados ao aio.

Outra chave para entender o decálogo nos dias de hoje é a discussão de Paulo com os judaizantes, que queriam obrigar aos gentios a circuncidar-se em obediência a Lei de Moises. A resposta de Paulo é o capítulo 5.1-4 de Gálatas. O verso 5.2 Paulo disse que se eles se deixassem circuncidar-se, Cristo não serviria para nada.

O sétimo mandamento e o tempo presente

Como compreender então todo o decálogo e hoje essencialmente o sétimo mandamento. Para sintetizar, eu compreendo que na lei as pessoas seguiam apenas a formalidade, na aparência que tanto foi criticada por Jesus como sendo hipocrisia. Eles falavam uma coisa, mas, faziam outra.

Eu penso que a graça é muito mais profunda e amadurecida que a lei. A graça não se constitui em um punhado de regras que devemos obedecer, mas, ela parte de uma profunda experiência de transformação, a partir de um arrependimento sincero e uma obediência a Cristo. Colossences 2.20-23 Paulo nos fala claramente a respeito disto. Na graça não deveria haver espaço para este debate sobre ‘pode ou não pode’, uma vez que, teoricamente, já teríamos morrido para o mundo e ressuscitados em Jesus.

O sétimo mandamento, que estamos estudando diz literalmente: “Não adulterarás”. Adulterar era literalmente tocar em uma mulher que não fosse a sua. A coisa era tão séria que adúlteros teriam que ser mortos (Levítico 20.10). É um princípio de claro entendimento. Tocou em outra mulher ou homem, morre. Isto acabou então com a graça. O apedrejamento acabou sim, mas, o entendimento tornou-se ainda mais profundo.

Entendendo a graça

Na graça Jesus disse que se olharmos para uma mulher com intenções impuras, isto já se constitui em adultério (Mt 5.27-28). Na graça se torna adultério não apenas que tocam outra mulher, mas também os que planejam tocar, pensam em tocar. O que nos leva ao chamado relacionamentos cibernéticos. Há pessoas mantendo relacionamentos secretos na internet e acha que está tudo certo, porque não tocou na pessoa. Talvez na lei houvesse espaço para esta atividade, porque a lei era concreta, tinha que haver o toque, se não houvesse, não era adultério. Porém, na graça o flerte já é adultério.

A pergunta que devemos fazer é se devemos obedecer á lei de Moisés ou não. Não dá para responder a esta pergunta com um simples ‘sim ou não’. É preciso compreender bem o assunto para não fazer um recorte errado e danoso. Nós não somos judeus, somos cristãos. Isto quer dizer então que devemos fazer tudo contrário à lei mosaica, nos entregar abertamente a uma licenciosidade? Paulo responde categoricamente a este questionamento: “de modo nenhum” (Romanos 6.1-2). A graça não quer dizer que a promiscuidade está liberada, pelo contrário, a graça nos aperta muito mais. A graça é um convite à santidade e não uma liberação geral. Vajamos em Romanos 2.2 o que Paulo diz sobre uma vida promíscua. João 3.9 é ainda mais contundente ao afirmar “aquele que pratica pecado é do diabo”.

Para estudar a graça, precisamos rever a doutrina da Hamartiologia, ou seja, doutrina que estuda o pecado. Para nós, gentios, neotestamentários, que vivemos na graça, pecado não é apenas uma desobediência à lei judaica, veterotestamentária, mas, uma negação à graça de Jesus. A antiga lei, na primeira aliança, havia um espaço para viver superficialmente a religião, por isto era imperfeita. A graça é perfeita, não há espaço para a hipocrisia. E foi isto que Jesus tanto combateu entre os fariseus.

Aconselho uma leitura dos debates de Jesus com os fariseus, narrados nos evangelhos e sobretudo as Cartas de Paulo, principalmente Gálatas e Romanos, para uma melhor compreensão desta discussão temática sobre a lei e a graça, que foi amplamente abordada em praticamente todo o Novo Testamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário