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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O sentido do Natal

Lucas 2.1-20 e Apocalipse 3.20

É interessante observar alguns programas de TV onde os personagens estão buscando o sentido do natal, como se o natal fosse uma data de significado aleatório onde as pessoas tivessem que encontrar um significado para atribuir a este tão maravilhoso e importante evento. Nesta busca alguns dizem que natal é paz, natal é esperança, natal é festa,natal é reflexão, natal é amor... em fim há um monte de significados apresentados.

Mas afinal de contas qual é o real significado do natal? Natal é o nascimento de Jesus. Simples assim! É uma festa estritamente cristã, de todos os segmentos: protestantes, católicos e ortodoxos. É uma data em que todos param para celebrar o nascimento do messias, daquele que veio ao mundo para implantar o reino de Deus e servir como caminho para encontrarmos a Deus.

A data de 25 de dezembro é apenas comemorativa. Jesus provavelmente não
nasceu em dezembro, não há uma data certa. O mês de dezembro é inverno naquela região e no inverno não há pastores e nem animais na manga. Esta data foi implantada como dia oficial somente no século IV, antes disto os cristãos davam pouca ou nenhuma atenção para esta data. Eles preferiam reunir-se e celebrar no domingo que havia sido o dia da ressurreição de nosso Senhor. Especula-se que provavelmente Jesus tenha nascido no mês de março.

           Devido a este detalhes há pessoas que deixaram de comemorar o natal em dezembro atribuindo ao natal uma qualidade de festa pagã. Realmente será pagã para aqueles que nesta data comemorem a outras coisas que não seja Jesus. Não há como ser pagã se a sua dedicação for de culto ao Senhor Jesus. Há ainda alguns que aboliram ao uso de árvore de natal e enfeites por que seriam símbolos pagãos. Entretanto, se abolirmos todos os símbolos pagãos de nossa vida não faremos mais nada: não comeremos certas marcas por que os donos são pagãos, não compraremos certos produtos, não iremos a determinados lugares, e até ficaria difícil morar em determinado lugar.

Falando em símbolos, em muitas casas o papai Noel é bastante lembrado. Mas vamos fazer algumas considerações sobre o bom velhinho:

1. Ele aparece muito mais na casa dos ricos, levando para eles os melhores presentes. Para os pobres, ficam sempre os piores ou nenhum presente;

2. Ele leva as crianças pobres à desilusão e a perca da esperança;

3. Ele rouba a cena que não lhe pertence, pois natal é nascimento de Jesus;

4. Ele alega ter atributos que somente Deus possui: Onipresença, onisciência e onipotência;

5. Aquela roupa vermelha é muito suspeita e própria para o inverno. Aqui no Brasil dezembro é verão. Portanto sua roupa deveria ser mais leve;

6. Papai Noel na verdade é  um simbolo para sufocar o sentido do natal, Jesus. É interessante como muitas pessoas, até mesmo entre os cristãos, preferem dar maior importância a uma ficção, uma estória para alegrar crianças, do que a história do nascimento do Messias.

Nesta data há muitas festas e celebrações, mas Jesus, que deveria ser o principal participante não pode entrar na maioria dos banquetes. Ele está do lado de fora, batendo, querendo entrar, por que do lado de dentro não há lugar para ele. Não há lugar para Jesus em grande parte das festas natalinas. Da mesma forma que aconteceu há cerca dois mil anos atrás, quando Maria estava procurando um lugar para dar a luz a Jesus e não achou, hoje Jesus ainda está procurando um lugar para entrar, mas há poucos lugares. Será que Ele pode entrar em sua vida? Se puder, então convide-o para entrar. Diga para ele, Jesus eu atendo o seu chamado, pode entrar em minha casa, pode entrar em minha vida e ficar para sempre. 

A melhor forma de convidar a Jesus para entrar em sua casa é convidar uma pessoa pobre, que não tem condições, desprovida de recursos, carente, para uma boa ceia. Há muitas pessoas pobres precisando de algo para simplesmente comer neste natal. Fazendo a um destes pequeninos, você estará fazendo para o próprio Jesus.

       

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Gender non-conforming - Crianças transgênero

"Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, não se afastará dele". Prov. 22.6
           
Coisas que não consigo entender: O Programa Fantástico do dia 20/09/2015 apresentou uma reportagem sobre o que chamou de 'crianças transgênero', onde um dos pais afirmou que o seu filho sempre quis vestir as roupas da mãe e calçar seus sapatos de saltos altos. Agora eles deixaram ele escolher ser uma menina. Ele tem apenas seis anos de idade. Esperem um pouco!!! Fico olhando para minha infância, ainda bem que minha mãe não deu ouvidos quando eu disse que eu era o Capitão Marvel, embora eu vestisse a capa, colocava a cueca por cima da calça e repetia centenas de vezes, todos os dias, "Shazam!". Hoje prefiro ser o Capitão América, mesmo por que o velho Capitão Marvel perdeu um pouco do seu prestígio entre os super heróis e já não é mais moda.
            Uma opção de infância que vai mudar a vida toda de uma pessoa não pode ser escolhida por uma criança, se assim o fosse ela teria que ser responsável por todos os seus atos, o que contraria o nosso código civil. Tenho visto que a matéria não tem sido discutida, apenas orquestrada e empurrada. Está sendo colocado sobre as nossas crianças uma responsabilidade de escolha que elas não estão preparadas para fazer. Fico pensando nas crianças com gostariam de ser um terrorista, ou se transformar em um animal, ou que não deveria ter nascido... espero que elas não sejam estimuladas a ser o que querem, por que certamente daqui a alguns anos poderão perceber que não queriam ser a mulher maravilha e sim o super man.. mas será tarde demais para voltar.
  O filme 'Diamante de Sangue', mostra o terror da guerra onde crianças são sequestradas e treinadas
para matar. Elas crescem acreditando que matar é a única forma descente de vida. O filme narra a história de uma criança que foi tirada de seus pais e recebeu treinamento de guerra. O seu pai luta para achá-la e quando finalmente encontra depara-se com uma criança que foi transformada em uma fria arma de guerra. Por sorte aquele cruel conceito ainda não havia sido totalmente sedimentado em sua mente e ele lembrou de seu pai e que ainda era uma criança.
            Crianças precisam de cuidado, atenção e direção. Fernanda Oliveira em seu artigo 'Criança transgênero: nem menino, nem menina', publicado no site 'vilamulher', diz que "Também nos Estados Unidos, um casal contou à rede de televisão ABC que seu filho Coy Mathis já se recusava a usar roupas de meninos quando tinha apenas 1,5 ano”. Parei um pouco e conversei com alguns pais se uma criança nesta idade saberia definir o que é roupa de homem e roupa de mulher? Se ela teria capacidade para analisar as informações que chegaram para ela e tomar suas próprias decisões? Se ela visse um homem escocês com suas tradicionais roupas, se ela não ficaria confusa? Quem estaria direcionando esta criança e com que propriedade ela estaria fazendo suas escolhas? todos os pais foram unânimes em dizer que esta criança não teria capacidade para  julgar um conceito, seja ele o mais simples, como uso de roupas. 
         Em um parte de seu artigo Fernanda Oliveira diz que o casal defende que "aos poucos, a discriminação e o preconceito fazem a criança, que não possui recursos e defesas construtivas, retrair e isolar-se". Aqui há uma enorme contradição, ao afirmar que a criança não possui recursos e defesas construtivas. Deveras, ela ainda está em processo de formação, e aquilo que ela faz apenas reflete o que está sendo ensinado, reforçado ou até mesmo ignorado pelos pais. Já vi vários casos de crianças maiores querer imitar bebês falando. Qual criança nunca fez isto quando sentiu ciúmes dos irmãozinhos mais novos em uma tentativa de chamar atenção de seus pais. Alguns pais corrigem e outros acham bonitinhos. A criança corrigida muda a postura, a que foi ignorada ou recebeu reforço do seu ato entendeu que aquilo é um comportamento adequado e passa a falar como bebê a vida toda.
            Os pais são responsáveis em ensinar à criança a viver, cuidar dela e zelar por sua segurança. Se uma família não possui equilíbrio, a criança vai ter problemas no desenvolvimento. Neste caso é papel do estado através das leis de proteção à criança zelar para que ela tenha assistência garantida. Não cabe ao Estado definir qual é o sexo da criança, isto cabe à natureza. Não cabe ao Estado oferecer suporte de apoio psicoterápico para crianças taxadas de transgêneras baseado apenas nas novas pesquisas, sem comprovação ciêntifica amplamente aceita, que não se sabe ao certo onde é que vai dar e que tipos de males irá causar para as próximas gerações. Talvez o suporte deveria ser oferecido aos pais que estão colocando sobre as crianças uma responsabilidade de decisão que elas ainda não estão preparadas para tomar e/ou propositalmente reforçando comportamentos incomum ao seu gênero. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eleito Marcos Lopes - Presidente da OPBB Fluminense

O dia 29 de julho de 2015 foi marcante para quem esteve presente na Assembleia da OPBB Fluminense realizada na Igreja Batista em Leandro, Itaguaí/RJ. Tivemos a honra de participar da eleição da Diretoria da OPBB onde foi eleito o Pr. Marcos Lopes para Presidente. Ele que até então é o atual presidente da sub seção Meritiense. Bom pai, família excelente e exemplar, um pastor confiável entre os pastores, homem bastante conhecido em nosso meio por seu empenho e colaboração denominacional. Bons adjetivos não faltam para descrever a este homem de Deus.
Estávamos sentados ao lado do Pr. Marcos durante toda a eleição,
havia alguns pastores da Meritiense e Caxienses. Verificamos a sua apreensão e preocupação, em nenhum momento ostentou a possibilidade de vencer, na realidade expressou que não acreditava que passaria do primeiro turno. Mas, após a votação e a confirmação da comissão escrutinadora de que ele havia vencido por muitos votos de diferença, vieram várias palavras de afeto, carinho e amizade. Então ele pode perceber o quanto é querido por tantos, e quanto valeu ser a pessoa simples e valorosa que é.
Na segunda-feira que antecedeu à eleição, havíamos realizado a reunião da OPBB sub seção Meritiense, onde  ele trouxe a palavra de que não é bom ficar se auto promovendo, deixe que o reconhecimento aconteça naturalmente, apenas faça o que tem que ser feito. Disse isto como reflexão após assistirmos ao filme a respeito do Sr. Nicholas Wilton, o homem que salvou 669 crianças do extermínio nazista. Este homem estava no anonimato, nunca se vangloriou ou vendeu sua imagem, além de não se permitir ser chamado de herói. Em semelhança a este detalhe atentamos que o Pr. Marcos nunca cogitou ser presidente da OPBB fluminense, não fez campanha e não solicitou que alguém o indicasse. Como homem simples que sempre foi, apenas aceitou a indicação e concorreu humilde conforme seu costume.
Cremos que o Pr. Marcos exercerá com galhardia e competência a grande tarefa que lhe é confiada e sabemos que poderá contar com o apoio e ajuda dos muitos pastores que não somente o admiram, mas que certamente marcarão presença junto com ele.
Nossa oração é para que o Senhor o abençoe e o guarde, dando sabedoria e ânimo para esta nova etapa de sua vida.
Nossos Parabéns.

Pr. Sergio Rosa

domingo, 12 de julho de 2015

Eu não estou neste mundo a passeio

"a fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo" (Ef. 1,12)
Alguém já teve férias frustradas? ou um passeio em que tudo deu errado? como é chato você trabalha durante todo um período e quando em fim pode relaxar tudo acontece de errado. Graças e Deus não tenho experiências trágicas a este respeito. Ao contrário, minhas férias e passeios sempre foram bastante agradáveis. Mas lembro de uma experiência que um amigo nos contou sobre uma lua de mel frustrada de um conhecido. Eles queriam um casamento diferente. Então planejaram tudo diferente, desde a cerimônia até a lua de mel. Mas, tudo já começou 'dar ruim' antes mesmo da cerimônia. Eles planejaram se casar em um jardim. Alugaram um lugar legal e fizeram um ambiente cinematográfico.
Porém, não contaram com o desagradável fator surpresa. Pra começar o carro que o noivo estava quebrou em uma rua deserta. E ele todo arrumado teve que concertar. Se sujou todo de graxa, ficou todo suado e chegou atrasado. Quando ele chegou todos já estavam esperando e ele teve uma entrada triunfal. Se não bastasse, começou a chover e ventar e desfez toda a arrumação e a cerimônia teve que seguir em uma pequena varanda com todo mundo molhado e a noiva toda desfeita. Acabando a cerimônia e a "festa", seguiram cansados para a lua de mel. Quando chegaram no local, havia acabado a luz, era uma casa de campo, estava cheio de mosquito, e quente. Tiveram que dormir com as janelas abertas. No dia seguinte quando acordaram, segundo depoimento da noiva, eles estavam com os traseiros todo marcado de picadas de mosquito. Para quem queria algo diferente, eles conseguiram.
Talvez você também já tenha tido um tempo de férias ou passeio frustrado, se já passou pela experiência então tem uma bela estória pra contar. Depois você pode me enviar para eu usar como ilustração de sermão.

A nossa proposta hoje não é refletir sobre férias ou passerios, mas exatamente sobre o oposto "eu não estou neste mundo a passeio". Esta frase bastante utilizada pela Missionária Analzira Nacimento, uma das grandes referências de missões no Brasil, foi uma das frases-tema do "SIM, todos somos vocacionados". Congresso realizado em 2012 pela JMM e JMN. A ideia foi Refletir sobre a Missiologia atual, tendo como objetivo contribuir para que cada congressista descobrisse a sua vocação, e vislumbrasse como poderia servir no Reino, glorificar a Deus com suas vidas, no lugar em que foram colocados.
Considerando que nosso assunto é outro, depois desta introdução gostaria de fazer seguinte pergunta: Se eu não estou neste mundo a passeio o que eu estou fazendo aqui? eu estou em uma missão. Então poderíamos completar o tema: Eu não estou no mundo a passeio, eu estou em uma missão. Que missão seria esta? Glorificar a Deus com a minha vida.
Gostaria de destrinchar esta frase: "Eu não estou no mundo a passeio", fazendo três perguntas:
1. Primeira pergunta: Eu quem?
Gostaria de destacar dois tipos de "Eus". O primeiro "Eu" é aquele que se converteu a Jesus, que sabe que não está no mundo a passeio. Este "Eu" se achou com Deus. E agora realiza a obra do Senhor. Ele sabe que foi eleito em Jesus para toda a boa obra. Ele percebe que está no mundo, mas, não pertence a este mundo. Ele tem certeza de que foi criado por Deus para sua glória.
O outro tipo de "Eu", é aquele que está na igreja, mas a igreja não está nele. Na verdade ele tentou sair do mundo, mas o mundo não saiu dele. Havia um programa chamado 'Zorra Total' e neste programa tinha um baiano que tentava sair da Bahia, mas nunca conseguia sair. Então no final do quadro sempre ele dizia. "Eu tento sair da Bahia, mas a Bahia não sai de mim". Este não experimentou ainda uma conversão genuína. O mundo portanto é um pátio de diversão para ele. E ele realmente está convencido de que está no mundo a passeio. Ele acredita que todas as coisas que existem no mundo são para serem realmente desfrutadas ao seu modo.
Estes me fazem lembrar a fábula do lobo que desejou ser ovelha. Conta-se que um lobo olhando a vida das ovelhas teve vontade de tornar-se uma delas. Então ele veste uma pele de ovelha e vai habitar entre elas. No começo ele acha estranho mas se acostuma com a vida pacata e simples das ovelhas. Mas, sempre quando chegava a noite ele ficava lembrando-se de como era prazeroso as noitadas com os outros lobos. Desta forma ele decide viver durante o dia como ovelha e a noite como lobo. Esta situação começou a gerar um conflito interno, de tal forma que ele nem era feliz como lobo e nem se sentia realizado como ovelha. Então ele entendeu que se não fosse uma ovelha, jamais viveria feliz como as ovelhas. Sobre isto Jesus afirma que ninguém pode servir a dois senhores. Você nunca poderá se sentir realizado, pleno, se você ficar, meio na igreja e meio no mundo.
Estes sim, estão no mundo a passeio por que não se converteram e portanto é impossível a eles compreenderem a missão. Precisam primeiramente entregar-se totalmente a Jesus, converter-se de todo o coração. É importante que se compreenda que conversão é quando você abandona completamente o caminho por onde estava indo e passa a trilhar em outra direção. Seu alvo passa a ser Jesus. Tudo na sua vida é Jesus. Você não consegue mais viver sem Jesus. Você é inundado por Jesus. Tudo o que você faz ou fala reflete Jesus. Todo o seu ser exala o bom perfume de Cristo.
Quando isto ocorre você compreende bem que a sua missão é refletir a gloria de Deus. E não tem dúvidas disto.

2. Segunda pergunta: O que é o mundo?
A expressão mundo no contexto bíblico quer dizer tudo o que não é de Deus. Chamamos mundano o que na verdade é profano. Desta maneira entendemos que o Senhor nos salvou deste mundo mediante a nossa redenção em Jesus o Cristo. Ele nos tirou das trevas e nos conduziu por seu amor para sua luz. Mas este ponto não é tão fácil de definir, embora na teoria o seja. Temos um problema muito sério neste ponto para resolver. É o problema cultural. O teólogo Paul Tillich em sua Teologia da Cultura mostra a correlação entre a preocupação pelo supremo e as diferentes facetas da cultura. Tillich descreve a cultura como expressão da alma.
Sobre a discussão cultural na igreja, a coisa quase não acontece, somente é absorvida. Alguns não discute por medo outros por despreocupação, e deixa-se a definição em geral por conta do que todos estão fazendo.  Nesta questão somos conduzidos pelo pragmatismo. Aceita-se o que é geralmente aceito. Quem sai na frente é criticado, mas depois passa o momento da crítica e da proibição e entra no momento da aceitação. Se deu certo aceitamos e se deu errado rejeitamos.
Penso que toda expressão cultural carrega em si a expressão da alma de quem a produziu. Não existe cultura desligada da religiosidade. Cultura e religião andam juntas, por que uma é expressão da outra e o ser humano não se divide. O mesmo homem religioso é o ser cultural. Por esta razão toda religião, por mais fechada que seja, é sincrética, por que são formadas por pessoas carregadas de sua cultura, que se convertem mas levam consigo sua bagagem cultural.
Toda expressão cultural carrega em si uma expressão religiosa proveniente da alma do artista. E aí está talvez o grande problema para ser observado, por que há musicas, shows, espetáculos, obras de arte, literatura, filmes, novelas, administração, engenharia, arquitetura, marketing, artes, moda, filosofia e etc. e uma infinidade de programas culturais que absorvermos e que não são produzidas por crentes.
Vivemos em um país plural e multicultural. Por esta razão, teremos imensa dificuldade em definir o que é certo e o que é errado. Não podemos afirmar que tudo é certo e que toda expressão cultural é boa, este foi o erro o irmão mais novo da parábola dos dois irmãos (conhecida como filho pródigo), é o erro do ultraliberalismo; por outro lado não se pode afirmar que tudo o que há fora da igreja seja ruim. Este foi o problema do irmão mais velho. É o erro do fundamentalismo.
A falta de uma boa discussão a respeito do assunto tem levado aos nossos jovens a frequentar lugares tipo o Rock in Rio, Boates, Shows, etc... Tem levado nossos jovens a se tatuarem, usar brincos, consumir bebidas alcoólicas, usar todo o tipo de roupas e absorvido toda a multiculturalidade sem nenhuma reflexão a respeito do assunto. Só sendo levando pela onda do pragmatismo. Tem uma musica baiana que diz, "olha a onda, olha a onda".
A nossa juventude tem sido apenas levada pela onda. Estamos em um verdadeiro passeio neste mundo. Sexo hoje é a coisa mais comum entre os jovens. Namorados já nem escondem mais que fazem. Já falam com orgulho sobre sua vida sexual ativa. Afinal, é culturalmente aceito, portanto normal. É coisa do momento moderno, sexualidade livre. É mesmo? e quem paga a conta disto? A adolescente grávida. O jovem com AIDS e outras DSTs. Os viciados. Os compulsivos. Em fim.. resultados de uma vida sem reflexão sobre o que é realmente o mundo.
É preciso uma parada para reflexão no que a Palavra de Deus diz que fomos criados para o louvor de sua glória. Fomos formados para realizarmos uma missão neste mundo, glorificar a Deus.
3. Terceira e ultima pergunta: Por que eu não estou a passeio?
Porque eu estou em missão! A minha missão é expressar a glória de Deus através da minha vida. Eu fui chamado para ser pastor. Mas ser pastor não é minha missão, a minha missão é refletir a glória de Deus através do que eu faço. O apóstolo Paulo afirma o seguinte: "Portanto quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus". (I Co 10: 31).
Pastoreei oito anos no sul da Bahia. O lugar é um encanto. Um paraíso. Uma pequena cidade no estilo portuguesa com seus 22 mil habitantes, litoral nordestino, cidade turística. A cidade mais próxima, Porto Seguro, ficava a 75KM, depois vinha Eunápolis, 140KM e Itabuna a 300KM. Das três a menor era Porto, depois Eunápolis e a maior era Itabuna. Então, quando não se achava alguma coisa em uma cidade e tinha que ir para a outra, tinha que andar bastante.
Mas, a cidade em si era muito calma, sossegada e tranquila. Aproveitei muito para correr na praia, jogar bola no estádio municipal e nadar nos rios. Mas, mesmo fazendo tudo isto, eu não podia esquecer de uma coisa. Eu não estava ali a passeio, eu tinha uma missão, proclamar as virtudes do Senhor. Eu estava ali para levar o evangelho de salvação aquelas pessoas.
Fico muito feliz por que o balanço que faço da minha vida ali foi muito positivo. Quando cheguei naquela igreja ela era formada por mais de 60% de pessoas que haviam passado de 60 anos de idade. Tinha dois membros que já tinha mais de 90 anos. Começamos a pregar o evangelho, jovens começaram a converter-se, discipulamos, doutrinamos e treinamos novos líderes. O prédio da Igreja era pequeno e tosco, sem nenhuma expressão. As telhas de barros eram todas caquinhos, creio que estavam lá desde a fundação. Esta igreja vai comemorar 100 anos em 2016. Uma das congregações não tinha templo, se reunia em uma lojinha alugada. Construímos um prédio para a congregação para 100 pessoas e a sede para 600 pessoas. O templo da Igreja virou cartão postal.
No lugar onde se reunia a antiga igreja iniciamos um Projeto Social, que ganhou notoriedade e funciona lá até hoje. Este projeto ganhou o título de utilidade pública municipal e através dele recebemos uma cadeira no CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente).
A Igreja que até então era sem graça ganhou notoriedade e respeito na cidade a tal ponto de a posse do Prefeito em 2006 foi em nossa igreja. E neste evento ele entregou a chave da cidade para a igreja, que está lá pendurada até hoje.
A cidade de Belmonte é uma pequena cidade turística, muitos dos que vão até ali vão tão somente para passear. Mas, eu não fui até lá para passear, fui com uma missão. Fazer conhecido o nome de Jesus através da minha vida.  
Onde você estiver ali está o seu campo missionário. Nem todos foram chamados para ser pastores ou missionários, mas todos os salvos foram chamados para refletirem a glória de Deus. Seja você um advogado, médico, professor, cientista, político, militar, engenheiro, técnico, contador, faxineiro, pedreiro... em fim seja qual for a sua profissão, esta não é a sua missão, esta deve ser apenas a forma através da qual você vai refletir a glória de Deus. O profeta Isaias afirma que "A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz" (Is 43:7).

Conclusão:

Em seu último sermão, na igreja Batista Ebenezer, Atlanta, na qual era pastor, Martin Luther King Jr. encerrou o seu sermão dizendo:
E isto é tudo o que eu tenho a dizer:
Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante; Se eu puder animar alguém com uma canção; Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo; Se eu puder cumprir meu dever cristão; Se eu puder levar a salvação para alguém; Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou...então, minha vida não terá sido em vão.
Creio que podemos resumir a sua mensagem desta forma: Se eu for usado para o louvor de sua glória, a minha vida não terá sido um passeio.
Para concluir, gostaria de desafiar você a cumprir a sua missão. Fazer diferença no meio desta geração refletindo a glória de Deus. Não estou te chamando para ser missionário, pastor, ministro ou qualquer outra coisa. Por que talvez você até já seja. O chamado é para você fazer diferença onde você estiver. Alguém que inspire confiança. Alguém que exala o bom perfume de Cristo. Alguém que consegue influenciar a sua geração. Que consegue pregar a Cristo mesmo sem palavras, apenas com atitude. Que revele ao mundo a glória de Deus através de sua vida.
Minha oração é para que você experimente um despertamento, a tal ponto que esta experiência mude completamente sua vida e te leve a ser uma poderosa testemunha de Jesus onde você for.



quinta-feira, 25 de junho de 2015

Como alcançar paz interior

O maior bem que o ser humano pode encontrar é a paz interior. Pessoas em todo o planeta procuram por isto por diferentes formas. Uns procuram na riqueza, outros no prazer, outros no poder. Há inclusive aqueles que acreditam que sem a guerra não existe paz. Então procuram através do conflito e enfrentamento o estabelecimento da paz.
O sentimento de paz é aquele sentimento de tranquilidade e harmonia plena interior, onde a agonia e o tormento da alma não fazem sentido. A pessoa se sente tão bem que quase é capaz de flutuar enquanto caminha. Dorme leve e acorda esplendoroso, com um leva sorriso ao lado da boca mesmo em meio às crises. Diferente de outros sentimentos, ele é profundo, não desaparece com pequenos infortúnios.
Muitas pessoas buscam este sentimento, mas não se dão conta de que realmente é a paz que estão buscando, por esta razão erram ao procurar. Há um ditado popular atribuído a Sêneca que diz que "para quem não sabe para onde vai, nenhum vento lhe será favorável". Por não saber o que procuram, acabam procurando em lugares que somente irão produzir um certo estupor. Será somente alguns momentos de entorpecimento produzido pelos neurotransmissores dopamina e noradrenalina responsáveis pela sensação de bem estar, ou por substâncias químicas ingeridas.
Há um perigo muito grande em procurar a paz em lugares onde não se pode achar. A talentosa cantora note americana Whitney Houston, uma das mais belas vozes do mundo e de todos os tempos,
morreu em uma tentativa desesperada de encontrar a paz. Ela buscou nas bebidas e nas drogas. Os poucos momentos de paz que ela sentia eram nos momentos de suas apresentações. Ela amava o que fazia e se realizava nos palcos. Mas aos poucos aquela alegria inicial foi passando e ela precisou de substâncias entorpecentes que a fizessem sentir-se alegre e realizada novamente. Mas quanto mais drogas ela experimentava, mas vazia ficava. E isto aconteceu até levá-la a óbito.
O ser humano busca realização pessoal, riqueza e prazer. Mas quando alcança a tudo o que estava buscando ele vê que não é suficiente, tudo aquilo não o completa. Bill Gates o famoso bilionário norte americano conseguiu conquistar tudo o que um ser humano é capaz de sonhar para esta vida. Mas depois de conseguir tudo o que sempre quis, voltou-se para a filantropia. Doou grande parte de sua fortuna para caridade. Por que fez isto? por que uma pessoa faz tudo para conseguir ficar rico e depois doa parte de sua riqueza? por que ele é bonzinho. Pode ser, mas penso que é por que ele procura por algo que ainda não encontrou. Ele procura por paz. E a caridade é uma boa pista de onde podemos encontrá-la.
Monges em todo o mundo, religiosos de todos os credos fazem orações, rezas e praticam mantras em busca de uma maior espiritualidade. Outros praticam a caridade e esmolas. Mas muitos não conseguem chegar perto da paz procurada. Por que a paz não tem a ver com a religião que se segue ou o tipo de ritualismo utilizado ou a forma cultica expressada. A paz não pode ser alcançada através de manifestações ou ações do exterior. A paz é algo que só pode ser encontrada no mais profundo da alma.
A caridade nos dá uma pista de como alcançar a paz por que ela tem a ver com o amor incondicional. Aquele amor que nos faz enxergar o outro, que nos faz ver o outro e amá-lo, mesmo sem que ele nos ame primeiro ou sequer retribua. Este amor só é possível através da mais profunda revelação divina. Não há condições do ser humano conseguir esta virtude sozinho. Somente Deus pode conceber este amor. E é exatamente neste amor divino que reside a verdadeira paz.
Jesus disse: "Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou" (Jo 14.27)
Jesus é a expressão da verdadeira paz. Podemos experimentar paz momentâneas de outras formas. Mas, a verdadeira e eterna paz, somente através dele. Outro tipos de paz pode se tornar um pesadelo quando acaba. Mas a paz real em Jesus não desaparece por que dura por toda a eternidade.
Jesus não é só um nome a ser repetido ou uma cruz para ser carregada, ele é o próprio Deus manifesto em carne. Ele é a expressão humana da glória de Deus. Embora não exista uma forma específica de encontrá-lo, há entretanto algumas direções que são antagônicas ao caminho. O caminho do ódio, da perversidade, da mentira e do egocentrismo por exemplo são lugares que levam o ser humano para longe de Deus.
Outra forma de se distanciar de Deus é o caminho da idolatria. Você gostaria de estar casado com alguém que te trai? não? nem Deus. Nosso relacionamento com Deus precisa ser único. Somente através de uma ligação verdadeira com Deus é possível experimentar esta paz. A idolatria é uma forma de dizer para o outro que eu não estou satisfeito com ele, ele não me satisfaz, ele não é suficiente. Por isto o principal mandamento bíblico é: "Não terás outros deuses diante de mim". Deus é único e precisa ser recebido como único.
O profeta Jeremias nos dá outra pista de como encontrar a paz que reside em Deus: "Vocês me buscarão e me encontrarão, quando me buscarem com todo o seu coração". (Jr 29.13).
Nem religião, nem qualquer outra coisa que fizermos é capaz de suprir esta paz que somente há no encontro com Deus. A religião pode até nos ajudar, se ela apontar para Deus. Mas a grande maioria das religiões só querem prender as pessoas em seus ritos e dogmas. A religião tem a chave para a paz, mas ela não pode transmitir a paz.
Somente quando o ser humano descobre verdadeiramente a Deus é que ele pode experimentar a verdadeira paz. Por que Deus é plenitude em amor e quando o experimentamos, nos enchemos de sua essência. Nossos atos de contemplação em oração nos levam ao mais profundo estado de gozo que um ser humano pode experienciar. Nesta experimentação somos agraciados com a sua gloriosa e perfeita paz.


quinta-feira, 26 de março de 2015

Fundamentalismo x Liberalismo - Briga entre irmãos

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos". (Lucas 15:11)
Gostaria de iniciar este texto com a afirmação de que não sou LIBERAL e muito menos FUNDAMENTALISTA. Penso que ambos estão completamente fora dos propósitos divinos. Como frequentemente sou abordado sobre o assunto, penso que deveria compartilhar um pouco de minha linha teológica utilizando um texto que gosto muito e que expõe de maneira clara o que Jesus pensava a respeito do assunto.
O texto de Lucas 15 a partir do verso 11, é conhecido como A Parábola do Filho Pródigo. Entretanto Jesus começa sua fala dizendo que haviam dois filhos, logo são duas estórias, dois posicionamentos e duas abordagens.  Se olharmos esta parábola apenas pela ótica do irmão mais novo acharemos que Jesus estava pregando apenas para os pecadores, mas se partirmos do princípio de que haviam dois irmãos na parábola, então veremos que Jesus também tinha a intenção de atingir ao grupo de escribas e fariseus que também estavam ouvindo sua mensagem. Isto nos coloca diante do antagonismo entre o irmão mais velho e o mais novo; entre o moralismo e a libertinagem; entre o fundamentalismo e o liberalismo.
Os versos 1 e 2 mostram claramente que haviam dois grupos para quem Jesus estava pregando. Os pecadores e os religiosos. "E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles". (Lucas 15:1-2).Os religiosos aparecem murmurando por que Jesus estava comendo com os publicanos e pecadores. Na visão deles, se Jesus era um rabino não deveria se misturar com aquele tipo de gente. Jesus então conta a parábola onde o irmão mais novo é apresentado como um libertino que gastou toda a fortuna do pai. Fica claro que o seu posicionamento estava errado. Mas ele se arrepende e volta para a casa do pai e o pai o aceita. O irmão mais velho é um filho dedicado à casa, mas ao ouvir que havia uma festa para seu irmão mais novo fica frustrado e não aceita de forma alguma a decisão do Pai. Jesus ensina com a parábola que tanto o posicionamento do irmão libertino quanto o do irmão moralista estão errados. O libertino precisava converter-se e deixar a libertinagem e o moralista deveria da mesma maneira converter-se e abandonar o legalismo moralista. O irmão mais velho deveria ter compaixão de seu irmão mais novo e recebê-lo juntamente com o seu pai. Escribas e fariseus  deveriam aceitar os publicanos e pecadores e ajudá-los a voltar para a casa do Pai. Mas eles os rejeitam e esta a acusação de Jesus para eles na parábola.
Fundamentalismo e liberalismo são dois posicionamentos antagônicos, porém oriundos da mesma raiz, o pensamento cristão. Dois filhos com pensamentos diferentes, mas gerados pelo mesmo pai, o cristianismo. Duas formas teológicas de abordagem do mesmo assunto, porém com posicionamentos distintos.
Tenho tentado me achar no meio destas duas abordagens antagônicas. Assistindo a um programa onde  Leonardo Boff estava sendo entrevistado, me veio um direcionamento. Foi perguntado a ele sobre política e ele fez uma leitura sensacional sobre o PT. Segundo ele, o PT dialogou muito bem com as categorias de base, conversou com os pobres. Fez uma boa política de base. Entretanto umas vinte ou trinta pessoas que ocupam altos cargos deveriam ser expulsas do partido por que seu procedimento não condiz com a ideologia partidária. Disse isto e complementou - não sou petista, não tenho partido político, sou um intelectual e penso que todo intelectual deve estar livre para poder se pronunciar sobre tudo.
A partir do pronunciamento de Boff me veio a pergunta: por que tenho que ser fundamentalista ou liberal? As pessoas ao nosso redor querem a todo custo nos rotular de alguma coisa: tradicional, pentecostal, fundamentalista, liberal, neo-liberal... Mas, como pensador de teologia preciso ser livre para ler, pesquisar e analisar todo material sério produzido. O interesse da pesquisa é buscar o conhecimento, tentando ao máximo se manter isento de uma posição partidária.
Claro que não se pode ficar em cima do muro a respeito de questões fundamentais, é preciso um posicionamento a respeito dos temas importantes da existência e da religião. Mas, quem disse que há de se concordar com tudo que há no sistema onde você encontrou uma das respostas para uma das suas questões. Por que preciso escolher um único sistema teológico e achar que ele está completamente correto? Ao se divinizar um sistema teológico corre-se o risco de idolatria ou fanatismo.
A parte que me toca do fundamentalismo e que não abro mão e que é a minha base, meu alicerce, meu fundamento, meu princípio inegociável é que a salvação vem exclusivamente por intermédio de Jesus, o filho de Deus, e que a Bíblia é Revelação de Deus para que o homem venha a conhecer esta tão grande salvação. A parte liberal que aceito é a vivência do Ágape, o olhar para o outro como pessoa e não como coisa, e o desapego supremo das estruturas religiosas como se elas fossem Deus. A liberdade de pesquisa e a crítica do pensamento teológico histórico também é uma grande contribuição liberal. 
Ed Rene Kivitz em seu sermão 'Qual é a vantagem', pregado ho Haggai 2014, pergunta (parafresando): "a qual tradição cristã você diz que segue, quando afirma que segue a sã doutrina? O apóstolo Paulo quando escreveu suas cartas desconhecia completamente toda e qualquer doutrina que foi formulada após ele". Creio que esta frase do Ed é para se pensar e refletir bastante. A bíblia é para mim a única regra de fé e prática ou são as doutrinas que foram formuladas a partir de uma interpretação? Haveria hoje um sistema teológico ou doutrinário, a prova de falhas, que seria a expressão fiel do que Jesus ensinou? Se concordarmos com isto, então estaremos repetindo a infalibilidade papal. 
Quando olho para o fundamentalismo teológico, vejo uma preocupação enorme em se manter a sã doutrina, a instituição e seus dogmas. Entretanto, a que custo? cria-se um dogma em determinado momento histórico, baseado nas crenças e verdades da cultura e época, e depois se diviniza este dogma e ele se torna imutável. Um complemento da Bíblia. Uma interpretação fiel ao texto sagrado. O problema é que com o tempo surgem novas descobertas, novas pesquisas, novas informações que o derrubam e ele se torna insustentável. Para que não haja discussões e fechar o assunto sobre ele é preciso colocá-lo como mistério indiscutível que deve ser somente aceito sem restrições. Portanto, um dogma.
Na parábola contada por Jesus percebe-se que era muito mais fácil o irmão mais novo ceder e ir até o irmão mais velho, do que o irmão mais velho aceitar qualquer coisa advinda do irmão mais novo. É muito mais fácil um liberal abrir para dialogar com um fundamentalista do que o inverso. Por que o segundo está fechado para qualquer possibilidade de diálogo. Óbvio que isto não faz do liberalismo a melhor forma de se fazer teologia, mas a abertura do diálogo mostra que talvez ele possa vir a converter-se, como acontece com o irmão mais novo. Por que a "fé vem pelo ouvir" (Rm 10.17). Portanto se os ouvidos estiverem fechados e a boca aberta, não se poderá ouvir nada. 
Como poderia os dois irmãos dialogar se ambos são completamente antagônicos entre sí? Será que são? Não é verdade. Tanto um quanto o outro queriam a casa do Pai. Então temos um ponto em comum. A forma que queriam é que era o problema. Um queria fazer da forma libertina, achando que poderia fazer de tudo e que tudo era permitido. A busca pelo prazer, o hedonismo, a completa ausência de senso de moral seria para ele algo normal. Entretanto, sua estória mostra que este caminho leva a destruição pessoal e não à realização. O outro queria a casa do pai, mas se recusava a aceitar a vontade do pai em aceitar o seu irmão. Achou inadmissível que o pai fizesse uma festa para aquele filho ingrato. Não quis entrar na casa e participar da festa. Não se prontificou a ajudar e aceitar ao seu irmão. Mas o fato é que ambos eram filhos e tinham direito na herança. O pai não recusa nem o filho libertino nem o moralista, mas chama os dois a um reposicionamento.
Os escribas e fariseus tinham uma grande preocupação com a instituição religiosa. O Fundamentalismo erra pensando na proteção da instituição. No fundamentalismo a preocupação última é a instituição e seus dogmas. A preocupação com as pessoas vem em segundo ou terceiro plano, quando há. E quando isto acontece, a preocupação é sempre trazer a pessoa para dentro do seu círculo dogmático, a preocupação é sempre proselitista voltada para a instituição, nunca para o ser humano. A ideia é sempre de missão. De realizar uma tarefa. Salvar almas, sem preocupar-se com o ser humano. Quase não há a preocupação real com gente. A evidência do ágape é rara. A alteridade não se vê, a não ser entre os pares. Por isto suas atitudes são sempre radicais e cruéis com aquele a quem é considerado como oponente. Contra quem não está dentro do círculo dogmático. Por isto a ala radical do Islamismo mata. Obvio que a preocupação com a instituição deve haver sempre para que ela não morra ou seja desmontada, entretanto, deve ser moderada e há de se pesar sempre a que custo. 
Os pecadores e publicanos não se preocupavam em nada com a instituição. O pensamento liberal é que a igreja é retrograda e ultrapassada. Desta forma o liberalismo erra ao se desfazer da instituição, mas o faz tendo como preocupação última o ser humano. Isto ficou bem evidenciado na Teologia da Libertação que demonstrou uma forte preocupação com a assistência e aceitação do outro. Entretanto sua banalização da Bíblia acabou conduzindo a uma certa libertinagem existencial e relaxamento moral. No liberalismo a preocupação com o indivíduo precede à instituição. A instituição só existe para atender ao indivíduo.
Alguém pensou que se conseguíssemos colocar os dois irmãos para conversarem e tentar achar o melhor que os dois tem, talvez o posicionamento de um seria a chave para complementar o outro. Tentativas assim foram feitas, mas, daí nasceu o terceiro filho o neo-liberalismo. Um dos maiores pensadores nesta linha talvez tenha sido Karl Barth. Que na verdade criou outra coisa, e não apenas a conversa entre os dois filhos, é mais um irmão que foi rejeitado pelos outros dois anteriores a ele.
Pr. Sergio Rosa.
(TEXTO EM CONSTRUÇÃO - DEIXE SUA CONTRIBUIÇÃO E CRÍTICA)



sexta-feira, 20 de março de 2015

"The walking dead!" Uma abordagem sobre a heteronomia espiritual na atualidade

"Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados". (Colossenses 1:13-14).

Virou moda lançar filmes sobre os mortos vivos. Eu mesmo já me peguei assistindo a dois ou três desta categoria, se assim podemos chamar. Antes este tipo de filme era classificado como terror ou espanto, mas parece que está se tornado uma categoria própria de tão massificado que está no cinema. Tanto é verdade que já existem vários comerciais de TV se utilizando deste 'potencial'. Em um dos filmes que assisti o zumbi era um rapaz que se apaixona por uma moça viva. Eles se enamoram e no final a força do amor faz com que o rapaz volte novamente à vida. Foi a primeira vez que vi um filme de mortos vivos onde um zumbi volta a viver.
Volta e meia temos nossos momentos de 'good-time', onde vem às nossas mentes lembranças de bons dias do passado. Lembrei-me da minha infância. Vivíamos em seis, meus pais e quatro filhos. Sendo eu o único filho homem no meio de três meninas, duas irmãs mais velhas e uma mais nova. Era uma farra, brincávamos e brigávamos como acontece na maioria das famílias. Mas, minha mãe, 'sargentona ditadora', vinha e acabava com toda a festa, e não podíamos nem retrucar. Ás vezes, como era de costume, soltávamos o famoso: "Ah mãe!" era o suficiente para tomar uma chinelada daquelas e 'fechar o bico'.
A heteronomia não é algo fácil de definir, devido às inúmeras discussões filosóficas sobre o assunto. Quero ficar aqui com o pensamento de Kant e Paulo Freire. É estar sujeito a normação ou regulação do outro. É achar-se sujeito à leis, sem o direito de uma decisão autônoma. Segundo Freire crianças na idade estudantil estão sujeitas às regras da instituição sem o poder da contestação. Portanto, educadores de infantes devem estar bastante atentos à difícil passagem da  heteronomia para a autonomia.
A criação que recebi por parte dos meus pais foi assim, bastante heteronoma durante a infância e adolescência. Mas lembro que minha mãe foi aos poucos me estimulando a desenvolver a autonomia através de pequenas coisas do tipo, comprar minhas próprias roupas, buscar meus próprios cursos, escolher a carreira... Pena que ela morreu antes de concluir os ensinos, apesar de que sua pouca instrução a desprovia de conhecimento o suficiente para me mostrar o horizonte da autonomia em um nível mais elevado. De qualquer forma, vínhamos de uma ditadura militar onde a filosofia havia sido caçada e o pensar vigiado. Éramos ensinados a obedecer sem questionar, seja nas leis domésticas, escolares ou do estado.
Voltando aos filmes dos zumbis, uma característica geral é que todos os mortos vivos querem a qualquer custo comer  carne humana. Eles não fazem outra coisa a não ser correr atrás dos vivos para comê-los. Eles querem apenas saciar a sua fome. Outra característica é que após se transformarem em zumbis eles perdem sua capacidade cognitiva. Já não raciocinam, são apenas guiados por uma necessidade que podemos classificar como heterônoma, se pensarmos que já não existe por parte deles uma autonomia que lhes permitam decidir. Neste caso a força da necessidade seria o heteros. Aquele quem governa suas decisões.
Quando penso no cristianismo atual sou tentado fazer uma analogia entre o the walking dead e os cristãos pós-modernos. O apóstolo Paulo afirma "Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados". (Colossenses 1:13-14).
Cristo nos resgatou da escuridão e nos trouxe para a sua luz, antes portanto nós éramos escravos de satanás, vivendo debaixo da heteronomia deste mundo, sobre a regulação do príncipe das trevas. Viver o evangelho é estar em liberdade plena como seres autônomos, tendo liberdade dada por Cristo para tomada de decisões. Desta forma  a nossa autonomia se transforma em teonomia. Entretanto, se ainda vivemos como escravos do prazer, buscando incansavelmente saciar uma necessidade hedonista, cada vez mais latente em nossa sociedade, concluí-se que ou há algum problema com o evangelho ou com a nossa forma de viver o evangelho.
C.S. Lewis falando a respeito da sexualidade em seu livro Cristianismo Puro e Simples, compara o apetite sexual com pecado de glutonaria. O indivíduo já está saciado, já comeu tudo o que caberia em seu estômago, mas, ele quer a todo custo comer mais. Assim, ele faz coisas absurdas que uma pessoa comum não faria. Coisas que só de falar embrulha nosso estomago. Desta forma se comporta aquele que é conduzido tão somente por suas paixões. A busca pelo prazer sexual se torna heteronoma em sua vida. O indivíduo perde a razão e faz coisas absurdas em busca do prazer. Não há limite para saciar sua apetite sexual.
O sexo foi só um exemplo. Não estou simplificando o pecado pós-moderno e nem mesmo colocando o sexo como a primazia dos pecados, por que não é. O pior pecado deste século continua sendo o hedonismo. Há um egocentrismo narcisista exarcebado, que chega às raias de uma heteronomia, como acontece com os mortos vivos dos filmes. Sobretudo com os mais jovens que perdem o domínio de suas atitudes em função de uma necessidade de saciar sua compulsão de ser feliz a qualquer custo.
A religião cristã, aquela que deveria ensinar o indivíduo a viver a sua liberdade em Cristo, aquela que deveria conduzir portando-se como um aio, levando da heteronomia para uma teonomia espiritual, não o faz. O cristianismo atual escraviza outra vez o indivíduo privando-o de toda a capacidade crítica profética. Jesus disse: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós". (Mateus 23:15). Eu imagino Jesus levantando-se no meio de uma convenção de qualquer denominação Cristã e proferindo estas palavras. Com certeza ele seria expulso. 
Viver na teonomia é caminhar sobre os princípios de Deus na prática da fé e do amor (ágape). É andar em conformidade com a Presença Espiritual (Paul Tillich). Teonomia não pode ser confundida com viver sob o jugo de uma religião manipuladora ou de um moralismo escravizador.  Nem mesmo uma observação literal cega às leis vetero-testamentária sem uma reflexão plausível. É um viver sob a Palavra de Deus. É viver em intimidade com Deus. A religião só será verdadeiramente espiritual se tiver a capacidade de levar o indivíduo à libertação da heteronomia do pecado, ensinando-o a viver uma liberdade em Cristo.
Desta forma concluo que uma religiosidade onde as pessoas são 'alcançadas' com finalidade de serem controladas, usadas, exploradas e manipuladas para um fim que não seja tão somente o pleno conhecimento de Deus, fracassou em sua missão de ser igreja de Jesus. Sua consequência será gerar pessoas que se concentram cada vez mais em si mesmas e em como saciar e preencher sua necessidade existencial.

Pr. Sergio Rosa.