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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sábado, 11 de junho de 2016

Virar a outra face? Eu prefiro olho por olho, dente por dente!

Mateus 5.38-42
O que você sente quando alguém te dá uma fechada no trânsito, ou quando alguém te apronta uma que te deixa todo embaraçado na frente de todo mundo. Em geral sentimos uma revolta e queremos descontar a ofensa. Isto é o que qualquer pessoa natural faria.  Chegamos a um texto que muitos consideram impossível de ser praticado. Será? Vamos examinar, a partir das ponderações de Lloyd-jones e David Bosh, e tentar descobrir se é possível praticar este ensino, ou teria Jesus ensinado algo que é descartável?

A declaração do AT “olho por olho, dente por dente”, aparece nos trechos de Ex 21.24 e Dt 19.21. O principal motivo pelo qual este preceito foi outorgado foi para controlar os excessos praticados contra o outro. Era preciso regular a respeito da ‘desforra’ ou uma espécie de indenização pelo mal praticado. Todos nós temos nos tornado culpados desse pecado. O revide faz parte de nosso instinto natural. Basta uma pequena ofensa para que a pessoa ofendida procure se vingar, podendo até mesmo matar. Desde a mais tenra idade as crianças manifestam esse impulso para a vingança; esse é um dos mais odiosos resultados da queda do homem. A finalidade desse preceito mosaico foi o de controlar e reduzir esta inclinação, devolvendo certa ordem à sociedade dos homens.

O que a lei de Moises veio normatizar? se um homem chegasse a cegar a outrem, não deveria ser morto por esse motivo. Antes, seria “olho por olho”. Ou então, se viesse a arrancar um dente de um seu semelhante, a vítima só tinha o direito de exigir que o ofensor perdesse um dos seus dentes. Se tirasse a vida, pagaria com sua vida. O castigo era sempre equivalente à ofensa, sem jamais excedê-la. Até hoje este é o princípio do direito moderno de indenização, ou seja, ressarcir os danos causados a outrem.

É importante frisar que este preceito não foi dado para os indivíduos, mas antes, foi dirigido aos juízes, que eram os responsáveis pela lei e pela ordem. Aos juízes competia averiguar se a justiça estava sendo efetuada, não cabia isto aos indivíduos em particular. O seu principal objetivo era introduzir o elemento de justiça e retidão, e não legalizar o que denominamos justiceiros, ou seja, aquele que faz justiça pelas próprias mãos. Quem cometeu o delito precisa sofrer ou pagar o equivalente ao delito cometido, mas quem determinaria isto seriam os magistrados e não pessoas comuns.

No que diz respeito ao ensino dos fariseus e escribas, a dificuldade central deles é que ignoravam totalmente o fato de que esse ensino se destinava exclusivamente aos juízes, mas antes, dele faziam uma questão de aplicação pessoal. Jesus apresenta uma nova interpretação que era totalmente contrária ao conceito farisaico. Com isto, ele não estava estabelecendo uma nova lei que iria substituir a lei de Moises; pelo contrário, o que ele pretendeu foi enfatizar o espírito da lei, o por um fim ao entendimento farisaico da lei.

É importante frisar que este não é um texto que pode ser entendido isoladamente. Aliás, nenhum texto pode ser interpretado separadamente. Este bloco de texto faz parte do sermão do monte e portanto, precisa ser entendido a partir de seu contexto. Jesus iniciou o sermão com as bem-aventuranças: “bem-aventurados os humildes de espírito”, “aqueles que choram”, “os mansos”, “aquele que tem fome e sede de justiça”.  Desta forma o ensino de todo o restante precisa ser entendido a partir destas qualidades. O homem natural será incapaz de entender, somente aquele que nasceu de novo será capaz de aceitar o que Jesus ensinou.

O que Jesus está afirmando é que a justiça é expressa por meio da fórmula “olho por olho, dente por dente” e que não havia nada de errado na lei. O individuo que não se põe debaixo da graça divina, precisa ser mantido debaixo da lei.  A lei, portanto, é necessária para manter o perverso sob controle e puni-lo em caso de abusos, foi o próprio Deus quem determinou assim.

Podemos ver neste texto os aspectos que versa sobre à reação pessoal do crente diante das coisas que lhe acontecem. Certamente só existe um princípio básico neste preceito, a saber, a atitude de uma pessoa para consigo mesma. Jesus disse: “... mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”. E então Jesus diz, inesperadamente: “Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. E isso nos impele imediatamente a indagar: Que tem a ver essa questão dos empréstimos com a questão da não-resistência ao perverso, de não revidar e não brigar com o próximo? Jesus estava interessado na questão do “eu”, está em pauta o que eu penso de mim mesmo, bem como qual é a minha atitude para comigo mesmo diante da ofensa. Quem tem um senso de justiça próprio muito elevado será incapaz de enxergar o outro, ver a necessidade do outro, não consegue praticar a alteridade, sua visão é só de si mesmo.

Com isto Jesus não está dizendo para você se deixar ser esbofeteado por qualquer um. Se um bêbado ou louco quiser esbofetear sua face ou mesmo pegar um dinheiro emprestado, ele nãos sabe o que está fazendo. Na verdade ele não tem noção do mal que está praticando. O que Jesus está dizendo? que você não deve cobrar a divida ao perverso e não deve querer pagá-lo na mesma moeda, se você assim proceder, você se igualou a isto, você voltou a lei 'olho por olho' e portanto abandonou a graça. 

Me permita ilustrar com um fato real. Conta-se que certa vez o missionário Hudson Taylor estava na China quando acenou para um barqueiro, quando o bote já estava se aproximando, um rico chinês lhe empurrou, ele caiu na lama e o chinês quis entrar em sua frente. Taylor não disse nada, mas o barqueiro indignado se recusou a levar o chinês e disse, ele me chamou primeiro. Taylor então entrou no bote e logo em seguida convidou o chinês para entrar e ir com ele. No bote Taylor aproveitou a oportunidade para evangelizá-lo.

Jesus estava desmascarando tudo aquilo que se refere ao espírito de autodefesa, que aflora prontamente quando alguém nos faz alguma injustiça, esse espírito de retaliação, de justiça própria, que tanto caracteriza o homem natural. Não deveríamos nos preocupar tanto com ofensas e insultos pessoais que nos vitimam.

Jesus também fala “... e ao que demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa”. Jesus aqui falava a respeito de nossa tendência de exigirmos os nossos direitos. De conformidade com as leis judaicas, um homem não podia de forma alguma ser despojado de suas roupas mais externas, embora pudesse sê-lo de sua roupa interior.

O crente não precisa preocupar-se com insultos e ofensas pessoais. Porém quando se trata de uma questão de honra e de justiça, de retidão e de verdade, o crente deve preocupar-se e fazer o seu protesto. Quando a lei não é honrada, quando ela é quebrada de modo flagrante, não por causa de algum interesse pessoal, e nem a fim de nos protegermos a nós mesmos, mas para que se promova a justiça.

Sobre o que Jesus fala de “andar a segunda milha”. No mundo antigo uma autoridade romana podia determinar a qualquer pessoa carregar uma bagagem ou levar algo para outrem. O exército romano exercia controle sobre as vidas dos judeus e com frequência exigia que levasse suas bagagens, o que despertava revolta. Jesus disse, se alguém te obrigar ir uma, vai duas com ele. Desta forma o teu testemunho falará mais do que muitas palavras.

O crente não deve exibir o amargor de espírito do homem natural. Mas, isto não quer dizer que ele
precisa se conformar e não lutar por mudanças na lei de uma forma geral, mas sim que ele não deve viver amargurado. Martin Luther King foi alguém que lutou contra leis injustas que oprimiam o seu povo, sem usar o revide ou a revolta. Apenas lutou contra leis injustas por que tinha fome e sede de justiça.


Uma ultima coisa que Jesus levanta é sobre a questão de emprestar. “Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Isto não quer dizer que devemos dar dinheiro a todos que nos pedirem, mas sim que devemos ter os olhos abertos ao necessitado. Se você der um dinheiro para um bêbado ou drogado estará contribuindo para sustentar o seu vício e isto não é correto, da mesma forma se você der dinheiro a um golpista não estará o ajudando. O que Jesus estava considerando é a tendência do ser humano em só olhar para si mesmo e não ajudar ao próximo. I João 3.17-18 diz que devemos ajudar ao nosso semelhante por que isto é a manifestação do amor de Deus.

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