I Coríntios 12.12
Seguindo este princípio ensinado
por Paulo, entendemos que a igreja é um organismo vivo, uma entidade, um ser. O
desafio da igreja é tornar-se uma unidade perfeita, como perfeito é o funcionamento
do corpo humano.
A partir desta introdução,
podemos verificar algumas semelhanças:
1. A Igreja de Jesus não é um
corpo sem cabeça.
Se não seríamos anencéfalo. O que
acontece um corpo anencéfalo? Segundo pesquisas: “Aproximadamente 75% dos fetos
anencéfalos morrem dentro do útero. Dos 25% que chegam a nascer, todos têm
sobrevida vegetativa que chega a 24 horas na maioria dos casos”. São raros os
que sobrevivem. E, se sobreviver, vivem como se fosse um vegetal. Não falam,
não andam, não sentem nada. Isto porque lhes falta o principal, o cérebro.
A Igreja pode sobreviver sem pé,
sem mão, sem muitos dos órgãos do corpo, mas, não conseguirá sobreviver sem a
cabeça. Cristo é a cabeça da igreja. Uma igreja sem cristo é uma igreja anencéfala.
João diz: “...tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1).
Está viva no diagnóstico, mas, é como se estivesse morta.
Cristo, portanto, é a cabeça
espiritual, ou seja, aquele de quem vem todo o comando para o corpo. No
entanto, uma cabeça não vive sozinha, precisa de um corpo. A Igreja é o corpo
de Cristo. Enquanto organismo vivo necessita dos órgãos para sobreviver. Paulo
descreve bem isto no capítulo 12 de I Coríntios. Ele cita alguns membros: Pés,
mãos, ouvidos, olho, e membros que ele chama de mais fracos e os que parecem
menos dignos e não decorosos e membros nobres.
Imagina a confusão que seria se
um órgão do seu corpo decidisse se rebelar contra as ordens da sua cabeça e
quisesse ser autônomo fazendo sua própria vontade? Você quer escovar os dentes,
mas, ele quer pentear o cabelo. Todas as duas coisas são importantes, porém,
uma delas é prioritária. Por algum motivo relevante o cérebro entendeu que
naquele momento era preciso escovar os dentes e não pentear o cabelo. Talvez
estivesse na hora de dormir ou coisa que o valha. Seja qual for o motivo, não é
mão quem decide o que irá fazer, mas o cérebro.
2. A Igreja de Jesus não é um
corpo com movimentos involuntários
Quando eu estava na Bahia uma
amiga nossa, esposa de um pastor querido teve um tipo de curto circuito em seu
sistema nervoso. Ela perdeu o controle dos movimentos do seu corpo. Ela se
movimentava aleatoriamente, sem que ela pudesse controlar. Ela estava
consciente e vendo tudo, estava lúcida, consciente, porém, sem controle. Não
foi um caso de endemoninhamento, foi uma perda de controle de movimentos. Seus
braços, pernas e cabeça se movimentavam para todos os lados aleatoriamente. Ela
tinha espasmos e movimentos involuntários em todo o corpo.
A igreja que não está centrada em
Cristo terá esta característica. Poderá ter muitos movimentos, fazer muita
coisa, mas, nenhuma fará sentido, porque serão movimentos involuntários.
3. A Igreja de Jesus é um
corpo com unidade
A pergunta que podemos fazer é
como podemos promover a unidade de um corpo com órgãos tão distintos entre si?
A razão pela qual há unidade em um corpo físico é porque todos os nossos corpos
são ligados a um sistema nervoso central. Todos os órgãos são interligados ao
cérebro através deste sistema. Desta forma, o apóstolo, inspirado pelo
Espírito, foi muito feliz nesta comparação. O corpo é a metáfora perfeita para
a Igreja. Você consegue imaginar um órgão que não esteja ligado ao sistema
nervoso central do seu corpo? Ele não te ajudará em nada, será um peso. Tenho
um amigo muito querido que sofreu um derrame que paralisou todo o seu lado
esquerdo. Ele luta a anos com fisioterapia para tentar recuperar os movimentos
de braços e pernas, que estão paralisados. Agora, imagina outra situação,
daquela minha amiga que perdeu o controle de seus membros. Se compararmos a uma
igreja, seria uma igreja onde todos querem fazer algo, mas, independente,
desligados do sistema nervoso central.
4. A unidade do corpo se dá
através do seu sistema nervoso central
É através do sistema nervoso
central que o corpo se comunica com o cérebro e o cérebro se comunica com o
corpo. Na igreja poderíamos afirmar que este sistema é a liderança. A liderança
é formada por líderes de ministérios, diretoria estatutária e o pastor. Cada um
destes líderes tem uma função específica no corpo. E cada membro tem o seu
papel dentro das organizações. Para que todo o corpo funcione bem, cada um
precisa fazer a sua parte com excelência, em unidade.
No topo da espinha dorsal está a
diretoria, no topo da diretoria o pastor. Nenhum destes membros é superior ou
mais importante que o outro, devido a sua posição. Não é uma hierarquia, é uma
organização. Nela, o pastor é o elemento principal, mas isto não o faz ser
melhor ou mais importante que ninguém, mas, ele tem uma função específica.
Liderar o corpo.
Igualmente os líderes. Não são
melhores do que os seus liderados, mas cada um recebe uma designação
específica. Quando um membro quer fazer aquilo que não é a sua função, gera
conflito e todo o corpo sofre. Cada pessoa que assume uma função é direcionada
por Deus para desenvolver um trabalho específico.
“Mas Deus dispôs os membros,
colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve”. (I Cor 12.18)
Eu pastorei uma igreja onde a
diretoria queria ditar as normas para o pastor. Queria dizer para o pastor o
que ele deveria fazer. Eu agradeci a oportunidade e saí desta igreja. Eu
entendo que o pastor é aquele que faz a conexão entre a Igreja e a Cristo. Não
como um sacerdote do Antigo Testamento, não como um ungidão que só ele tem a
revelação última. Mas, pelo simples fato de que a igreja é um corpo e a unidade
deste corpo está diretamente ligada àquele que está no topo da espinha dorsal.
Conclusão
Desta forma, entendo que o
pastor, abaixo de Cristo, é o principal responsável por promover a unidade
deste corpo. Ele é o responsável por ouvir a voz de Deus e estabelecer as
diretrizes deste corpo. Ainda que ele ouça sua liderança, e deve mesmo ouvir, pois
na “multidão de conselhos há sabedoria”, a decisão para onde a igreja deve ir
precisa ser dele.
Todas as entidades, seja civil,
militar, governamental ou religiosa necessita da figura de um líder para
promoção da unidade. Cabe aos liderados, concordando ou não com a visão, não
apenas obedecer, mas, através de sua função, contribuir com excelência para que
a visão seja alcançada.
É fundamental que o líder seja
honrado, por que o nome dele e da instituição que lidera se confundem, não há
como separar. Se o pastor tem a sua imagem manchada, toda a igreja sofrerá.
Para concluir, uma igreja que
consegue que o corpo funcione em unidade é uma igreja vencedora, é uma igreja
que não terá limites para tudo o que deseja fazer.