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terça-feira, 29 de outubro de 2024

A unidade perfeita

 I Coríntios 12.12

A metáfora que Paulo utiliza para falar da igreja aqui é sensacional. É tão simples e prática que qualquer criança entende. Ele compara um corpo físico a igreja e afirma que a igreja é o corpo de Cristo. Isto não é algo literal, é alegórico, foi a forma que ele utilizou para ensinar para a igreja qual deveria ser o seu comportamento. A igreja deve se comportar da mesma forma que um corpo humano. Esta forma de ensino é surpreendente, pela sua profundeza e simplicidade. Qualquer criança consegue entender esta analogia. O problema não é entender, mas, sim praticar. A Igreja de Corinto, era rica, tinha muito dons, mas, era um corpo doente.

Seguindo este princípio ensinado por Paulo, entendemos que a igreja é um organismo vivo, uma entidade, um ser. O desafio da igreja é tornar-se uma unidade perfeita, como perfeito é o funcionamento do corpo humano.

A partir desta introdução, podemos verificar algumas semelhanças:

1. A Igreja de Jesus não é um corpo sem cabeça.

Se não seríamos anencéfalo. O que acontece um corpo anencéfalo? Segundo pesquisas: “Aproximadamente 75% dos fetos anencéfalos morrem dentro do útero. Dos 25% que chegam a nascer, todos têm sobrevida vegetativa que chega a 24 horas na maioria dos casos”. São raros os que sobrevivem. E, se sobreviver, vivem como se fosse um vegetal. Não falam, não andam, não sentem nada. Isto porque lhes falta o principal, o cérebro.

A Igreja pode sobreviver sem pé, sem mão, sem muitos dos órgãos do corpo, mas, não conseguirá sobreviver sem a cabeça. Cristo é a cabeça da igreja. Uma igreja sem cristo é uma igreja anencéfala. João diz: “...tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1). Está viva no diagnóstico, mas, é como se estivesse morta.

Cristo, portanto, é a cabeça espiritual, ou seja, aquele de quem vem todo o comando para o corpo. No entanto, uma cabeça não vive sozinha, precisa de um corpo. A Igreja é o corpo de Cristo. Enquanto organismo vivo necessita dos órgãos para sobreviver. Paulo descreve bem isto no capítulo 12 de I Coríntios. Ele cita alguns membros: Pés, mãos, ouvidos, olho, e membros que ele chama de mais fracos e os que parecem menos dignos e não decorosos e membros nobres.

Imagina a confusão que seria se um órgão do seu corpo decidisse se rebelar contra as ordens da sua cabeça e quisesse ser autônomo fazendo sua própria vontade? Você quer escovar os dentes, mas, ele quer pentear o cabelo. Todas as duas coisas são importantes, porém, uma delas é prioritária. Por algum motivo relevante o cérebro entendeu que naquele momento era preciso escovar os dentes e não pentear o cabelo. Talvez estivesse na hora de dormir ou coisa que o valha. Seja qual for o motivo, não é mão quem decide o que irá fazer, mas o cérebro.

2. A Igreja de Jesus não é um corpo com movimentos involuntários

Quando eu estava na Bahia uma amiga nossa, esposa de um pastor querido teve um tipo de curto circuito em seu sistema nervoso. Ela perdeu o controle dos movimentos do seu corpo. Ela se movimentava aleatoriamente, sem que ela pudesse controlar. Ela estava consciente e vendo tudo, estava lúcida, consciente, porém, sem controle. Não foi um caso de endemoninhamento, foi uma perda de controle de movimentos. Seus braços, pernas e cabeça se movimentavam para todos os lados aleatoriamente. Ela tinha espasmos e movimentos involuntários em todo o corpo.

A igreja que não está centrada em Cristo terá esta característica. Poderá ter muitos movimentos, fazer muita coisa, mas, nenhuma fará sentido, porque serão movimentos involuntários.

3. A Igreja de Jesus é um corpo com unidade

A pergunta que podemos fazer é como podemos promover a unidade de um corpo com órgãos tão distintos entre si? A razão pela qual há unidade em um corpo físico é porque todos os nossos corpos são ligados a um sistema nervoso central. Todos os órgãos são interligados ao cérebro através deste sistema. Desta forma, o apóstolo, inspirado pelo Espírito, foi muito feliz nesta comparação. O corpo é a metáfora perfeita para a Igreja. Você consegue imaginar um órgão que não esteja ligado ao sistema nervoso central do seu corpo? Ele não te ajudará em nada, será um peso. Tenho um amigo muito querido que sofreu um derrame que paralisou todo o seu lado esquerdo. Ele luta a anos com fisioterapia para tentar recuperar os movimentos de braços e pernas, que estão paralisados. Agora, imagina outra situação, daquela minha amiga que perdeu o controle de seus membros. Se compararmos a uma igreja, seria uma igreja onde todos querem fazer algo, mas, independente, desligados do sistema nervoso central.

4. A unidade do corpo se dá através do seu sistema nervoso central

É através do sistema nervoso central que o corpo se comunica com o cérebro e o cérebro se comunica com o corpo. Na igreja poderíamos afirmar que este sistema é a liderança. A liderança é formada por líderes de ministérios, diretoria estatutária e o pastor. Cada um destes líderes tem uma função específica no corpo. E cada membro tem o seu papel dentro das organizações. Para que todo o corpo funcione bem, cada um precisa fazer a sua parte com excelência, em unidade.

No topo da espinha dorsal está a diretoria, no topo da diretoria o pastor. Nenhum destes membros é superior ou mais importante que o outro, devido a sua posição. Não é uma hierarquia, é uma organização. Nela, o pastor é o elemento principal, mas isto não o faz ser melhor ou mais importante que ninguém, mas, ele tem uma função específica. Liderar o corpo.  

Igualmente os líderes. Não são melhores do que os seus liderados, mas cada um recebe uma designação específica. Quando um membro quer fazer aquilo que não é a sua função, gera conflito e todo o corpo sofre. Cada pessoa que assume uma função é direcionada por Deus para desenvolver um trabalho específico.

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve”. (I Cor 12.18)

Eu pastorei uma igreja onde a diretoria queria ditar as normas para o pastor. Queria dizer para o pastor o que ele deveria fazer. Eu agradeci a oportunidade e saí desta igreja. Eu entendo que o pastor é aquele que faz a conexão entre a Igreja e a Cristo. Não como um sacerdote do Antigo Testamento, não como um ungidão que só ele tem a revelação última. Mas, pelo simples fato de que a igreja é um corpo e a unidade deste corpo está diretamente ligada àquele que está no topo da espinha dorsal.

Conclusão

Desta forma, entendo que o pastor, abaixo de Cristo, é o principal responsável por promover a unidade deste corpo. Ele é o responsável por ouvir a voz de Deus e estabelecer as diretrizes deste corpo. Ainda que ele ouça sua liderança, e deve mesmo ouvir, pois na “multidão de conselhos há sabedoria”, a decisão para onde a igreja deve ir precisa ser dele.

Todas as entidades, seja civil, militar, governamental ou religiosa necessita da figura de um líder para promoção da unidade. Cabe aos liderados, concordando ou não com a visão, não apenas obedecer, mas, através de sua função, contribuir com excelência para que a visão seja alcançada.

É fundamental que o líder seja honrado, por que o nome dele e da instituição que lidera se confundem, não há como separar. Se o pastor tem a sua imagem manchada, toda a igreja sofrerá.

Para concluir, uma igreja que consegue que o corpo funcione em unidade é uma igreja vencedora, é uma igreja que não terá limites para tudo o que deseja fazer.

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