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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Não matarás, pela lente de uma nova hermenêutica

MT. 5.21-26
 D. M. Lloyd-Jones afirma que os fariseus e escribas sempre foram culpados de reduzir o sentido e até mesmo os requisitos básicos da lei, e quanto a isso, temos aqui uma perfeita ilustração. Jesus disse: "Ouviste o que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento"(v. 21). "Não matarás" é um dos dez mandamentos, somente isto, mas os fariseus acrescentaram algo ao mandamento dizendo: "... quem matar estará sujeito a julgamento". Os fariseus juntara Gen 20.13 com Levítico 35.30-31 e assim reduziam o mandamento. O julgamento era o juízo de um tribunal local. Os fariseus tinham despido o mandamento do seu conteúdo primário, reduzindo-o a uma questão meramente de homicídio literal e não mais em uma questão de juízo divino. Reduziram o mandamento a uma questão legal e o tribunal local passou a ter mais importância do que o mandamento de Deus.

Jesus neste ponto do sermão do monte está confrontando a interpretação da lei dada pelos fariseus e está estabelecendo uma nova interpretação da lei. Os fariseus se orgulhavam de cumprir a lei, mas na verdade eles cumpriam a interpretação que faziam da lei. Jesus desmascarou  a falácia dos fariseus demonstrando que aquela maneira de interpretar a lei estava errada.

Neste texto podemos ver dois pontos importantes da lei abordado por Jesus:

1. Jesus fez algo inesperado, ele ampliou o sentido farisaico de interpretação que reduzia o mandamento, ele declarou que também a ira sem um real motivo, guardada no coração, contra um irmão, sem uma justa causa, deve ser levados ao tribunal. Não é preciso esperar alguém matar para ir para o tribunal, o simples fato de irar-se ou insultar ao irmão seria motivo de parar no tribunal. A ira guardada no coração é algo extremamente repreensível aos olhos de Deus.

Jesus vai mais além afirmando que jamais deveríamos utilizar expressões de desprezo para como o nosso irmão, "qualquer que dizer a seu irmão: Raca será réu do sinédrio. Raca é uma expressão utilizada para alguém indigno, a Bíblia na linguagem de hoje traduz como "você não vale nada".  Palavras desta magnitude destroem o nosso semelhante. Por que Jesus alargou tanto a interpretação deste texto? Por que pode-se destruir completamente a reputação de uma pessoa com maledicências. Para Jesus isto é o mesmo que assassinato e por esta razão ele diz que isto não deveria ser julgado por um tribunal comum, mas pelo Sinédrio, a mais alta corte dos judeus. E quem dissesse ao seu irmão tolo ou na versão de hoje, idiota, corre o risco de ir para o inferno.

2. A segunda declaração de Jesus, "se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e então voltando faze a sua oferta". Jesus declara que além de não podemos nos irar e ofender ao nosso próximo, não podemos também guardar pensamentos impuros contra eles; quando lembrarmos disto devemos nos reconciliar com nossos irmãos urgente.

Jesus nos versos 23 e 24 chama a atenção de seus ouvintes e diz que a coisa é bem mais profunda do que simplesmente a aparência exterior da adoração. Deus está preocupado com a adoração que vem do seu interior. Havia nos fariseus uma tentativa de fazer expiação por suas falhas. Eles achavam que desde que dizimassem e ofertassem estava tudo certo, eles já teriam pago por seus pecados. Entretanto Jesus afirma que não é bem assim, era necessário primeiramente concertar-se com o irmão antes de oferecer o sacrifício. Desta maneira Jesus demonstra que não há qualquer valor em um ato de adoração se eu estiver nutrindo algum pecado do qual eu tenha consciência. Se você não está dirigindo a palavra a algum irmão, ou se você tem pensamentos indignos contra alguém, então a palavra de Deus assegura que qualquer tentativa de adoração que você fizer não terá qualquer valor.
I Sm 15.22 diz "Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que obedeça à sua palavra? eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros". Nenhum ato de adoração encobrirá as nossas falhas aos olhos de Deus. Não podemos adular a Deus com presentes. É preciso de fato uma vida em santidade. Não adianta querer seguir a Deus apenas em aparência.

Jesus, portanto, nos leva a refletir na real interpretação da lei através de uma nova hermenêutica, uma interpretação que leva em consideração a alteridade, o colocar-se no lugar do outro. O princípio para cumprir esta lei seria o amor ao próximo e não mais o medo de ser punido por um sistema legal.

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