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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quarta-feira, 2 de março de 2016

Fome e sede de justiça

Mt. 5.6 "Bem-aventurados aqueles que tem fome e sede de justiça"

Chegamos à quarta bem-aventurança, "aqueles que tem fome e sede de justiça". Até o momento ficamos a considerar e tratar a questão do nosso ego. Aquele egoísmo e egocentrismo que nos faz olhar somente para nós mesmos e nossas questões particulares. Entendemos que precisamos buscar a libertação do "eu". Este "eu" só pode ser liberto através da graça. No versículo em destaque encontramos uma das mais extraordinárias declarações do Evangelho Cristão. Ela é totalmente doutrinária, frisa a mais fundamental doutrina do Evangelho, a salvação pela graça.

Estamos vivendo um momento de religiosidade cristã onde a busca da benção se tornou primazia. As pessoas estão vivendo o evangelho simplesmente para alcançar algum tipo de benção, mas este não é o evangelho de Jesus e reduzi-lo a isto é diminuir completamente tudo aquilo que foi planejado de plenitude para a vida cristã. Talvez este tenha sido uma dos maiores erros da igreja pós-moderna. Fazer com que as pessoas corram atrás de uma benção.

Lloyd-Jones afirma que a Bíblia não aponta a este tipo de atitude, não convém aos santos terem fome e sede de benção, de felicidade ou prazer. Isto o mundo já faz naturalmente. Sobretudo na igreja pós-moderna onde o hedonismo e o egocentrismo é evidenciado em cada ação. A felicidade e a realização pessoal sempre foi o objetivo natural do ser humano. No entanto, nesta busca frenética pelo prazer, acabam por se distanciar cada vez mais de uma realização plena. Percebe-se que quando o indivíduo chega onde ele queria chegar se sente frustrado e vazio. Ele achou que a posição almejada daria a ele uma sensação de plenitude. Mas não foi isto o que aconteceu. Percebe-se  isto nitidamente na vida de jogadores de futebol, artistas, cantores, empresários e até mesmo pastores de aparente sucesso. Poderíamos citar aqui diversos nomes dos famosos que se suicidaram, se entregaram para as drogas, se divorciaram, são completamente infelizes, mas não se faz necessário devido a notoriedade dos fatos.

Jones exemplifica da seguinte maneira: Suponhamos que alguém está sentindo muita dor, é claro que
o indivíduo deseja livrar-se dela. Se ele começar a se automedicar ou tratar somente da dor não ficará livre da doença que está provocando aquela dor. O que ele deve fazer é ir ao médico, que deverá investigar o motivo daquela dor através de exames, chegar a um diagnóstico e tratar da doença com a medicação específica. Há muitas pessoas tratando apenas de sua dor espiritual e não da doença que está causando a dor. Eles querem combater a dor com paliativos. Dinheiro, sexo e poder são os principais.

Há muitos membros de igrejas que também vivem em busca de paliativos espirituais. Eles vivem buscando experiências que irão enchê-las de júbilo e irá arrebatá-las em êxtase espiritual. Procuram isto com fome e sede, mas jamais acharão. O que a Palavra de Deus nos orienta é ter  fome e sede de justiça e não fome e sede de experiências espirituais. Felicidade, benção, experiências arrebatadoras são consequências de uma espiritualidade sadia, de uma vida em oração e santidade e jamais podem ser o foco de nossa fé. Nosso alvo é ser parecidos com Jesus. Quando colocamos algo para concorrer com Jesus dá-se a idolatria. Nos tornamos idólatras da benção e da felicidade. Felicidade e benção Deus acrescenta àqueles que buscam a sua justiça.

O que não é esta justiça

Esta Justiça não é moralidade. Embora a justiça leve a um senso de moral elevado. Ter uma moral ilibada é sem dúvidas uma  característica de um caráter íntegro. Mas é inferior à proposta de justiça oferecida por Jesus. O desafio de Jesus é bem mais arrojado do que simplesmente ter retidão nos negócios, ter uma vida equilibrada, honrar os acordos. O conceito de retidão é muito mais profundo do que isto. Conheci pessoas justas nos negócios, mas que mantinham amantes. Bons pai de família e excelente marido mas que mantinha negócios escusos. Pastores íntegros com as finanças da igreja e com a sexualidade, mas que se blindava e abatia a todos que era contra o seu ministério, com medo de ser derrubado. Este é um comportamento natural. Entre o mundo não há um senso de justiça que transforme o caráter do homem em sua plenitude.

O que significa ter fome e sede de justiça?

Ter fome e sede de justiça significa desejar ser livre do pecado, entende-se que o pecado nos separa de Deus. Todas as dificuldades que assediam o  mundo atual devem-se ao fato que o homem não está bem com Deus. O desejo de obter a justiça é o desejo de se estar bem com Deus. Ele anseia por retornar àquele antigo relacionamento, àquele relacionamento original de justiça, quando o homem andava na companhia de Deus.

Ter fome e sede de justiça é em última instância o desejo de ser santo. O homem que tem fome e sede de justiça tem o desejo supremo parecer com Jesus.

O ponto de vista profano encara a justiça concentrando toda a atenção no próprio homem e no seu caráter. Mas isto somente produz o orgulho pessoal do fariseu. Como disse C.S. Lewis "orgulho de ser humilde". Ter fome e sede não pode apontar para o esforço próprio, porquanto logo na primeira bem-aventurança somos informados que devemos ser humildes de espírito. Quando há um orgulho em seu próprio caráter então compreende-se que este não pode ter sido produzido pelo Espírito Santo. A humildade gerada pelo Espírito produz ainda maior quebrantamento, por que percebemos nitidamente, com maior clareza, o quanto estamos distante do propósito de Deus.

Ter fome e sede é bem exemplificado pelo salmista quando diz "como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de ti" (Sm 42.1-2).

Somente Jesus pode saciar a nossa sede e fome de justiça

E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. (João 6:35)

Em  João 7.37-38 lemos "Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu interior". (João 7:37,38).

Quem tem fome e sede de justiça serão fartos, ficarão satisfeito, serão cheios. Jesus afirmou que nunca terão fome ou sede. Mas este precisa ser um processo contínuo que envolve a santificação.  Fome e sede é uma figura de linguagem, uma metáfora que o Senhor Jesus utilizou para nos informar que é algo que precisamos nos saciar todos os dias. Assim como temos que comer e beber diariamente. É algo que precisa fazer parte do nosso cotidiano diário, e não apenas um dia em uma experiência arrebatadora. Aquele que verdadeiramente encontrou a Jesus, tem a plenitude, por esta razão é bem-aventurado, é feliz, é pleno, por que achou a razão primeira de sua existência, encontrou ao Cristo.


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