Mt. 5.6 "Bem-aventurados aqueles que tem fome e sede
de justiça"
Chegamos à quarta
bem-aventurança, "aqueles que tem
fome e sede de justiça". Até o momento ficamos a considerar e tratar a
questão do nosso ego. Aquele egoísmo e egocentrismo que nos faz olhar somente
para nós mesmos e nossas questões particulares. Entendemos que precisamos
buscar a libertação do "eu". Este "eu" só pode ser liberto
através da graça. No versículo em destaque encontramos uma das mais
extraordinárias declarações do Evangelho Cristão. Ela é totalmente doutrinária,
frisa a mais fundamental doutrina do Evangelho, a salvação pela graça.
Estamos vivendo um momento de
religiosidade cristã onde a busca da benção se tornou primazia. As pessoas
estão vivendo o evangelho simplesmente para alcançar algum tipo de benção, mas
este não é o evangelho de Jesus e reduzi-lo a isto é diminuir completamente
tudo aquilo que foi planejado de plenitude para a vida cristã. Talvez este tenha
sido uma dos maiores erros da igreja pós-moderna. Fazer com que as pessoas
corram atrás de uma benção.
Lloyd-Jones afirma que a Bíblia
não aponta a este tipo de atitude, não convém aos santos terem fome e sede de
benção, de felicidade ou prazer. Isto o mundo já faz naturalmente. Sobretudo na
igreja pós-moderna onde o hedonismo e o egocentrismo é evidenciado em cada
ação. A felicidade e a realização pessoal sempre foi o objetivo natural do ser
humano. No entanto, nesta busca frenética pelo prazer, acabam por se distanciar
cada vez mais de uma realização plena. Percebe-se que quando o indivíduo chega
onde ele queria chegar se sente frustrado e vazio. Ele achou que a posição
almejada daria a ele uma sensação de plenitude. Mas não foi isto o que
aconteceu. Percebe-se isto nitidamente
na vida de jogadores de futebol, artistas, cantores, empresários e até mesmo
pastores de aparente sucesso. Poderíamos citar aqui diversos nomes dos famosos que
se suicidaram, se entregaram para as drogas, se divorciaram, são completamente
infelizes, mas não se faz necessário devido a notoriedade dos fatos.
Jones exemplifica da seguinte
maneira: Suponhamos que alguém está sentindo muita dor, é claro que
o indivíduo
deseja livrar-se dela. Se ele começar a se automedicar ou tratar somente da dor
não ficará livre da doença que está provocando aquela dor. O que ele deve fazer
é ir ao médico, que deverá investigar o motivo daquela dor através de exames,
chegar a um diagnóstico e tratar da doença com a medicação específica. Há
muitas pessoas tratando apenas de sua dor espiritual e não da doença que está
causando a dor. Eles querem combater a dor com paliativos. Dinheiro, sexo e
poder são os principais.
Há muitos membros de igrejas que
também vivem em busca de paliativos espirituais. Eles vivem buscando
experiências que irão enchê-las de júbilo e irá arrebatá-las em êxtase espiritual.
Procuram isto com fome e sede, mas jamais acharão. O que a Palavra de Deus nos
orienta é ter fome e sede de justiça e
não fome e sede de experiências espirituais. Felicidade, benção, experiências
arrebatadoras são consequências de uma espiritualidade sadia, de uma vida em
oração e santidade e jamais podem ser o foco de nossa fé. Nosso alvo é ser
parecidos com Jesus. Quando colocamos algo para concorrer com Jesus dá-se a
idolatria. Nos tornamos idólatras da benção e da felicidade. Felicidade e benção
Deus acrescenta àqueles que buscam a sua justiça.
O que não é esta justiça
Esta Justiça não é moralidade. Embora
a justiça leve a um senso de moral elevado. Ter uma moral ilibada é sem dúvidas
uma característica de um caráter
íntegro. Mas é inferior à proposta de justiça oferecida por Jesus. O desafio de
Jesus é bem mais arrojado do que simplesmente ter retidão nos negócios, ter uma
vida equilibrada, honrar os acordos. O conceito de retidão é muito mais
profundo do que isto. Conheci pessoas justas nos negócios, mas que mantinham
amantes. Bons pai de família e excelente marido mas que mantinha negócios
escusos. Pastores íntegros com as finanças da igreja e com a sexualidade, mas
que se blindava e abatia a todos que era contra o seu ministério, com medo de ser
derrubado. Este é um comportamento natural. Entre o mundo não há um senso de
justiça que transforme o caráter do homem em sua plenitude.
O que significa ter fome e sede de justiça?
Ter fome e sede de justiça significa desejar ser livre do pecado, entende-se que o pecado nos separa de Deus. Todas as dificuldades que assediam o mundo atual devem-se ao fato que o homem não está bem com Deus. O desejo de obter a justiça é o desejo de se estar bem com Deus. Ele anseia por retornar àquele antigo relacionamento, àquele relacionamento original de justiça, quando o homem andava na companhia de Deus.
Ter fome e sede de justiça significa desejar ser livre do pecado, entende-se que o pecado nos separa de Deus. Todas as dificuldades que assediam o mundo atual devem-se ao fato que o homem não está bem com Deus. O desejo de obter a justiça é o desejo de se estar bem com Deus. Ele anseia por retornar àquele antigo relacionamento, àquele relacionamento original de justiça, quando o homem andava na companhia de Deus.
Ter fome e sede de justiça é em
última instância o desejo de ser santo. O homem que tem fome e sede de justiça
tem o desejo supremo parecer com Jesus.
O ponto de vista profano encara a
justiça concentrando toda a atenção no próprio homem e no seu caráter. Mas isto
somente produz o orgulho pessoal do fariseu. Como disse C.S. Lewis
"orgulho de ser humilde". Ter fome e sede não pode apontar para o
esforço próprio, porquanto logo na primeira bem-aventurança somos informados
que devemos ser humildes de espírito. Quando há um orgulho em seu próprio
caráter então compreende-se que este não pode ter sido produzido pelo Espírito
Santo. A humildade gerada pelo Espírito produz ainda maior quebrantamento, por
que percebemos nitidamente, com maior clareza, o quanto estamos distante do
propósito de Deus.
Ter fome e sede é bem
exemplificado pelo salmista quando diz "como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus,
suspira a minha alma. A minha alma tem sede de ti" (Sm 42.1-2).
Somente Jesus pode saciar a nossa
sede e fome de justiça
E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá
fome, e quem crê em mim nunca terá sede. (João 6:35)
Em João 7.37-38 lemos "Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede,
venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva
correrão do seu interior". (João 7:37,38).
Quem tem fome e sede de justiça serão
fartos, ficarão satisfeito, serão cheios. Jesus afirmou que nunca terão fome ou
sede. Mas este precisa ser um processo contínuo que envolve a santificação. Fome e sede é uma figura de linguagem, uma
metáfora que o Senhor Jesus utilizou para nos informar que é algo que
precisamos nos saciar todos os dias. Assim como temos que comer e beber
diariamente. É algo que precisa fazer parte do nosso cotidiano diário, e não
apenas um dia em uma experiência arrebatadora. Aquele que verdadeiramente
encontrou a Jesus, tem a plenitude, por esta razão é bem-aventurado, é feliz, é
pleno, por que achou a razão primeira de sua existência, encontrou ao Cristo.
Muito bom ..Que Deus continue lhe dando sabedoria na caminhada..
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