Prov.
19.15 e 20.13
O livro de
Provérbios é um compêndio de poemas que nos apresenta princípios de vida. São
experiências compartilhadas tiradas do cotidiano do escritor, verdadeiros
alertas para que tenhamos uma vida melhor. O texto de nossa meditação nos fala
de algo muito comum, a preguiça. É algo que não carece um estudo muito grande
para ser entendido, trata-se de um alerta e um desafio para que possamos
vencê-la.
Certa vez um
homem pediu para ser enterrado vivo, ele não queria mais viver por que não
gostava de trabalhar e sabia que iria mesmo acabar morrendo de fome. Assim o
colocaram em um caixão e seguiu-se a procissão. Um fazendeiro muito bondoso da
região se aproximou e perguntou quem havia falecido, e então contaram o caso
para ele. Muito entristecido com a situação propôs para aquele homem que se ele
desistisse daquela idéia ele lhe daria uma saca de arroz por mês. O homem então
levantou um pouco a cabeça, deu uma olhada para o fazendeiro e perguntou - o
arroz é com casca ou sem casca? – o fazendeiro respondeu – é com casca, está fresquinho,
é recém colhido – então o preguiçoso respondeu – pode seguir o enterro.
Encontramos nestes
dois versos três elementos que podem levar uma pessoa à ruina total.
1. Preguiça (Provérbios 24.30-34)
A preguiça é
um mal hábito em que a pessoa demonstra pouca disposição ou aversão para o
trabalho. Quem tem preguiça não prospera, não cresce em nenhuma área de sua
vida, seja social ou espiritual. Pela razão simples de que não consegue se
mover do seu lugar, não consegue vencer as amarras da moleza.
Todos nós
temos um dia ou um período que não queremos fazer nada, que nos entregamos ao
sono. Este momento é importante para repor as energias. Um tempo por exemplo de
férias, é essencial para descansar um pouco a mente, parar por as coisas no
lugar. Mas, isto não pode ser uma constante, e sim um momento de descanso para o
corpo e para a mente.
A preguiça
impede as pessoas não apenas de trabalhar, mas, também de estudar, ler, se planejar,
orar. A preguiça é, portanto, um impeditivo tanto para o crescimento pessoal
quanto para o espiritual. Sem movimento, o corpo enferruja, sem estudo e uma
boa leitura, a nossa mente fica estagnada e sem oração, não há crescimento
espiritual.
A preguiça
precisa ser combatida severamente. Eu lembro que meu pai me dizia que era preciso
doutrinar o corpo para vencer a preguiça. Se isto não for feito, relaxamos e o
corpo amolece.
No entanto,
devemos considerar que a vida não é feita apenas de trabalho. Um bom momento de
soneca em horário apropriado é saudável. Um período de férias do trabalho
também é muito bom. Mas, a preguiça não pode ser uma constante, por exemplo, preguiça
de acordar cedo aos domingos para ir para o a EBD e o culto matinal; preguiça
para assumir funções e trabalhos na igreja; preguiça de ler a Bíblia.
Precisamos
vencer esta preguiça e produzir mais para o Reino de Deus. Foi para isto que
fomos chamados.
2. Ócio
Há um ditado
que diz que “mente vazia é oficina do
diabo”. Creio que ninguém contesta este dito popular, porque é pura
realidade. Ociosidade é aquele tempo de não fazer nada. O tempo de descanso,
por exemplo, é um tempo de ócio do bem, descansar um pouco é saudável. O que não
é nada bom é querer viver a vida descansando.
O rei Davi
era um grande homem de Deus, saia para as guerras e vencia todos os seus inimigos.
Era um adorador impecável e grande líder de sua nação. Entretanto, houve um
período que ele ficou ocioso, não tinha nada pra fazer então resolveu passear
em seu terraço. Praticamente todos os homens de guerra estavam fora lutando e
Davi passeando em seu terraço quando viu Bate-seba tomando banho. Veio à sua
mente o pensamento maligno de se deitar com aquela mulher. Ele se deitou com a
mulher de Urias, um dos seus valentes, traiu a confiança de um dos seus homens
de confiança e de Deus.
Um outro exemplo de ócio do bem é o chamado
ócio produtivo. Filósofos afirmam que esta é uma vertente boa do ócio. É o tempo
em que paramos para raciocinar, pensar, elaborar, trabalhar apenas com a mente.
Sem este ócio, a mente não teria espaço para novas elocubrações. A produção
literária e todo o tipo de raciocínios, precisam deste ócio para trabalhar. Neste
caso, o ócio produtivo seria um trabalho, e não uma mente vazia.
Um ócio produtivo espiritualmente pode ser
aquele que paramos para meditar em Deus, paramos para orar e buscar a face do Pai
Celeste.
3. Sono demasiado
"um pouco para dormir, um pouco para
toscanejar, um pouco para cruzar as mãos em repouso; assim te sobrevirá a tua
pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado". (Pv 6:10,11)
A preguiça e
o ócio são amigas intimas do sono. Não estou aqui falando de uma noite bem
dormida de sono, ou daquele soninho que nos entregamos durante as férias. O sono
demasiado é o que Salomão fala sobre o amor ao sono. É dormir demais. É não ter
limites. É deixar de fazer as coisas para simplesmente dormir. É dormir até
tarde do dia sem necessidade.
Sobre o sono,
todos nós temos um organismo diferente um do outro. E, com isto, temos necessidades
distintas. Somos seres singulares, e nesta singularidade, cada um talvez tenha
um tempo diferente de necessidade da quantidade de horas dormidas.
O sono é
restaurador, precisamos dormir bem. Há pessoas que tem dificuldades em dormir,
e se sentem pesadas no dia seguinte, lentos, não conseguem produzir. O sono, portanto,
na medida correta, é altamente necessário para um bom funcionamento do corpo e
da mente. No entanto, quando isto passa do limite da razoabilidade, se torna um
elemento nocivo.
As pessoas
que acordam tarde, dormem demais, ficam sentem desânimo o dia todo. Parece que saiu
da cama, mas, a cama não saiu dele. Não tem disposição nem mesmo para orar e
meditar na Palavra.
Uma atenção
precisa ser dada a isto, porque pode ser apenas uma preguiça, mas, o excesso de
sono ou falta dele pode ser indício de alguma enfermidade na alma, um problema
de ordem emocional. Neste caso, é preciso um acompanhamento médico.
Conclusão
Quando eu leio
o livro de Provérbios eu me pergunto porque Deus teria inspirado os seus
escritores para nos deixar tantas instruções. Acredito que seja porque Deus se
preocupa com o homem integral, com o ser humano por inteiro. Deus não se
preocupa apenas com a nossa alma. Ele se preocupa com o ser humano todo. É o evangelho
todo, para o homem todo.
Nestes dois
versos eu vejo uma preocupação de Deus para que sejamos seres produtivos.
Pessoas que vivem bem a sua vida, que não se entrega à preguiça, ao ócio ou ao
sono demasiado. A preocupação de Salomão era para que ninguém viesse, com isto,
a empobrecer e assim ter falta do que comer.
No que diz
respeito ao nosso espírito, aquele que se entrega à preguiça, ao ócio ou ao
sono demasiado, será pobre espiritualmente. Assim como o corpo e a mente, o
espírito precisa ser igualmente alimentado. É preciso a dedicação na oração, na
leitura bíblica, e na meditação, para que o nosso espírito seja fortalecido.
Que o Senhor
nos abençoe, para que possamos vencer a preguiça e buscarmos o nosso crescimento
pessoal, assim como buscar o fortalecimento espiritual.