Cidade genérica é um conceito criado
pelo arquiteto Rem Koolhaas, um teórico da arquitetura e urbanismo do Reino Unido,
professor deste curso em Harvard. Ele exemplifica a sua teoria a partir dos
aeroportos, que são iguais no mundo inteiro. Não há uma personalização, não há uma
identidade, é tudo igual, cabe para toda e qualquer pessoa.
Eu tive a oportunidade de
conhecer alguns aeroportos do mundo e de fato, é bem interessante, porque se
você conheceu um grande aeroporto, praticamente conheceu a todos. São todos
muito parecidos, mudam o idioma das placas, mas, os sinais, o formato de locomoção,
a arrumação estética, acompanham a mesma estrutura; as placas, em geral são na língua do País e no Inglês, o que facilita para viajantes do mundo inteiro se orientarem.
Esse conceito se encaixa perfeitamente
no utilitarismo do filósofo inglês Jeremy Bentham, que busca maximizar a
felicidade e minimizar o sofrimento. Os utilitaristas avaliam a moralidade de suas
ações pelos resultados alcançados. Se os atos praticados ou a situação em si
causar bem-estar às pessoas, ela é moralmente correta e aceitável. Desta forma,
se cada aeroporto no mundo tiver a sua singularidade, imagina o estresse que
seria. Assim, o conceito de Koolhaas é o utilitarismo na prática, é aquilo que
causa a sensação de bem-estar nas pessoas que trafegam pelos aeroportos do mundo.
É uma tendência que não parece
que irá retroceder, e quem não se encaixar no novo perfil já está sendo atropelado
pelas novidades. A cada dia que passa uma nova igreja nasce trazendo inovações
radicais atraindo a juventude. As igrejas consideradas tradicionais, estão esvaziando
dia após dia, seja católica, ortodoxa, ou evangélica, de qualquer segmento. As
cabeças brancas são cada vez mais evidentes nos cultos tradicionais, são a
geração passada, que construíram aquela religiosidade e o espaço de culto ideal
para o desenvolvimento de uma fé passada.
Esta não é uma crítica de valor,
onde se discute o que é melhor ou pior, mas, um fato notório da nova realidade.
Também não é um texto para construir uma resposta, mas, apenas problematizar,
trazer a lume o debate. Não há como se construir uma solução para problemas do
passado, sem entender bem a dinâmica do presente. E, nem sei se há uma solução para
esta tendência, talvez não haja. Considerando que há 8 bilhões de pessoas no
planeta, que se multiplicam em progressão geométrica, todos os conceitos precisam
ser revistos, dia após dia, cada vez mais rapidamente.
Se trouxermos Bauman para a
conversa e acrescentar o seu conceito de sociedade líquida para o que ocorre
com a religiosidade pós-moderna, verificaremos uma conexão entre estes pensamentos. Vivemos em uma
sociedade líquida, que busca relacionamentos líquidos, ou foram induzidas a
eles, e que naturalmente desenvolvem ou são atraídas para uma religiosidade
igualmente líquida. Tudo isto se reflete não apenas na estética dos novos templos, como no comportamento, liturgias e mensagens.
Sergio Rosa – Pastor, Mestre em
Teologia.
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