Mt 7.1-6
“Cuidado ao julgar os outros, por que você será medido com a mesma
régua. E por que você repara nas pequenas coisas que seu irmão faz, sendo que
você faz muito pior? Como você pode ajudar alguém a melhorar em suas
dificuldades, se você é pior do que essa pessoa? Hipócrita, resolve sua vida
primeiro, depois tente ajudar outros”. (Bíblia freestyle)
O que quer dizer não julgue?
O que exatamente Jesus quis dizer
ao afirmar: “Não julgueis”? Seria não faça qualquer juízo? Ou não expresse
opinião alguma sobre outra pessoa? Quem pensa desta forma são aquelas pessoas
que fazem tudo pela paz e da concórdia, e, especialmente pela unidade. Elas
fazem de tudo para evitar conflitos. Isto parece ser bom à primeira vista, mas
não é. Evitar conflitos não resolve problemas. Os conflitos precisam ser enfrentados
e solucionados.
Se fossemos considerar que Jesus
estava afirmando que não devemos fazer qualquer juízo ou ter uma opinião sobre
alguém, ficaria difícil de lidar com aquelas pessoas que realmente são
perversas. O verso 6 diz “não deis aos
cães o que é santo”. Como poderíamos definir quem são os cães se não
estabelecermos juízo de valor sobre os atos das pessoas?
Não julgar não pode ser
caracterizado como uma atitude frouxa e indulgente. A própria Bíblia nos ensina
que juízes e magistrados são nomeados por Deus, e que um magistrado tem por
incumbência proferir sentenças julgadoras, pois esse é seu dever. Portanto, a
declaração de Jesus não pode ser interpretada literalmente como se significasse
que não devemos julgar a ninguém em hipótese alguma.
Não julgar seria não condenar
João nos dá uma pista de como
solucionar isto quando declara: “Não
julgueis segundo a aparência e sim segundo a justiça” (Jo 7.14). Creio,
portanto, que Jesus estava preocupado com o juízo condenatório que todos nós
temos tendência a fazer. Esta mesma tendência pode ser encontrada nos fariseus.
Jesus alertou os seus discípulos para que tivesse o cuidado para não se tornar
semelhante a eles.
No texto de Lucas 18.9-14
encontramos a parábola do fariseu e o publicano: “Ó Deus, graças te dou, por que não sou como os demais homens... nem
ainda como este publicano”. A leitura que o fariseu faz de si mesmo e do
publicano é uma ilustração ótima do que Jesus estava ensinando sobre não
julgar.
Antes de julgar, examine-se
Em João 8.7 Jesus surpreende a
todos quando diz para aqueles homens que queriam apedrejar aaquele que dentre vós estiver
sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra”. Aquelas pessoas queriam
apenas condenar aos outros, mas quando se tratava de si mesmos eles queriam
esconder, por isto, um a um se retira e ninguém apedreja a mulher. Jesus
mostrou que eles estavam tão ou mais impuros que ela.
Crítica e hipercrítica
Todos nós temos uma tendência
para a hipercrítica. Há uma diferença entre critica e hipercrítica. A crítica
autêntica jamais se mostra meramente destrutiva. Já a hipercrítica jamais se
sente feliz enquanto não encontra algum erro. Ela está sempre pronta para
julgar e condenar e nunca se dá ao trabalho de tentar compreender as
circunstâncias. Jamais se dispõe a exercer a misericórdia.
Certa vez quando Jesus enviou
mensageiros às vilas dos samaritanos, para providenciarem para a sua chegada
ali, os samaritanos não quiseram acolhê-los. Então Tiago e João, perguntaram ao
Senhor “queres que mandemos descer fogo
do céu para os consumir?” (Lc 9.54). Jesus repreendeu imediatamente os
discípulos por aquela atitude. Eles estavam se achando superiores e condenaram
os samaritanos a morte.
Olhe primeiro a sua própria vida
Como podemos querer tirar um
cisco do olho de um irmão quando o nosso tem um pedaço de madeira enorme? Jesus
conhecendo a tendência da natureza humana assevera que a nossa intenção não é retidão
e nem o reto juízo, se fosse isto realmente o que queríamos, deveríamos julgar
primeiro a nós mesmos. Se não fazemos isto, então não estamos interessados na
verdade e sim em condenar o outro. Não existe pior pecado do que esse espírito
de julgamento sem amor. A outra pessoa talvez tenha caído em um pecado
terrível, no entanto, isso pode ser muito pequeno, apenas um cisco, diante da
nossa má atitude.
Conclusão
Devemos ter nossa opinião a
respeito do outro e sobretudo sobre uma condição de pecado, entretanto, devemos
primeiramente olhar para nós mesmos. Temos alguma condição de ajudar o irmão?
Estamos em condições melhores para ajudá-lo?
Jesus não está dizendo que não
devemos ajudar ao irmão a retirar o cisco, mas que para fazer isto devemos estar
enxergando bem, então precisamos primeiro retirar a trave que está no nosso
olho. Se você tentar agir diferente disto certamente irá machucar o olho do
irmão, por que você não está enxergando direito. Há muitas pessoas que foram
feridas por outro que só queriam ajudar, mas nesta tentativa apenas prejudicou
ainda mais. Sei de pessoas que foram aconselhar a outras que estavam em
adultério, mas em casa estava com sérios problemas com o seu cônjuge e ao invés
de aconselhar, condenou diretamente, por que era incapaz de compreender a
situação do outro.
Não devemos compactuar com o
pecado e nem com o erro, devemos tratar do pecado com rigidez, mas do pecador
com amor e de maneira justa e piedosa. Examine primeiro a sua vida e veja se
está em condições espirituais de dizer: “O que você fez está errado e é reprovável
diante de Deus, mas se você quiser eu estou com você para te ajudar a sair
desta. Porém, vá, e não peques mais”.
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