Mt. 6.19-21
Os três estudos anteriores falam
a respeito de situações onde somos tentados de uma forma muito sutil: na ajuda
ao próximo, na oração e no jejum. Veja que não são tentações a respeito de
coisas aparentemente desejáveis como sexo, dinheiro e poder. Estes três, apesar de ter um forte apelo, é
fácil identificar como tentação. Entretanto, somos também tentados na questão
do orgulho e vaidade espiritual, temos desejo de ser reconhecido e enaltecido
por nossos atos. Este é mais difícil ser identificado como tentação. Jesus dá a
orientação para que não façamos nada a finalidade de nos aparecermos, buscando
a nossa própria glória, tudo o que fizermos deve ser para que a luz do Senhor
brilhe através de nossas vidas e assim glorifiquem a Deus.
Nesta seção Jesus fala a respeito
do posicionamento cristão diante das riquezas deste mundo. O cristão é uma
pessoa como todas as outras, que enfrenta crises, angústias e dificuldades,
assim como experimenta vitórias e recebe honras. É uma pessoa que está neste
mundo e precisa sustentar-se e luta por um pouco de dignidade, por esta razão
luta por um emprego melhor, uma boa casa e estabilidade financeira. Quando não
consegue isto, fica bastante ansioso e frustrado.
Jesus não está falando sobre a
vida normal e nossas lutas para viver bem, mas é um alerta àqueles que querem
enriquecer a todo custo e coloca as riquezas deste mundo como a coisa principal
em sua vida.
Algumas considerações a respeito
destes tesouros:
1. Tesouro pode ser dinheiro
I Tm 6.10 “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a
espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a
si mesmos com muitas dores.
O amor ao dinheiro e não o
dinheiro em si, é a raiz de todos os males. Há pessoas que só pensam em dinheiro
e se tornam mesquinhas, arrogantes, prepotentes devido aos bens que possuem.
Deixam de agir com naturalidade e se comportam de maneira estranha e às vezes
extravagante. Algumas querem ostentar mostrando suas posses, casas, carros,
celulares, relógios caros. Não adquirem bens pensando no conforto e segurança,
mas sim em mostrar para as pessoas que eles podem. Todos nós estamos sujeitos a
experimentar isto. Há inclusive igrejas que fomentam este comportamento. Nestes
lugares a meta é você tornar-se rico e famoso. Para eles isto é sinônimo de uma
vida abençoada.
Veja aqui não existe uma
condenação para a riqueza, mas sim um ensino a respeito do seu uso. Jesus não
condenou a riqueza, só mostrou que a riqueza e bondade devem andar juntas.
Jesus, neste texto, está
denunciando que há pessoas que perdem toda a sua vida correndo atrás de
dinheiro e bens e coloca toda a sua confiança nestas coisas. Mas esquece de que
tudo o que é material vai ficar nesta terra, não podemos levar nada daqui.
2. Tesouro pode ser qualquer coisa a que você atribua grande valor
Tesouro não é apenas dinheiro,
tesouro é aquilo que uma pessoa considera muito importante a ponto de fazer
tudo para consegui-lo. Há cristãos que não tem problemas com o dinheiro, não cedem
a tentação nesta área, esta não é a sua fraqueza, mas que falha na questão da
busca por uma posição social ou um cargo importante que lhe dá status elevado.
Percebe-se nestas pessoas que há um declínio espiritual quando cedem a esta
tentação.
D. M. Lloyd-jones afirma que
“muitos pregadores têm sido arruinados pelas suas respectivas congregações. Os
elogios que lhe fazem, o encorajamento que lhe dão como um ser humano, quase
arruínam a determinado tipo de homem (...) Quase inconscientemente tal homem
tende por se deixar controlar pelo desejo de desfrutar de boa opinião e dos
elogios de sua gente; mas no momento em que isso sucede, já está juntando
tesouros sobre a terra ”.
3. O tesouro que poderemos levar para o céu
Toda riqueza, poder ou fama
adquiridos neste mundo ficarão por aqui mesmo, não poderemos levar nada. O
único tesouro que poderá entrar no céu são aquelas virtudes que foram
desenvolvidas para fazer a glória do Senhor resplandecer através de nossas
vidas: oração, vidas alcançadas para o Reino de Deus, adoração, amor ao próximo,
são exemplos de tesouros que agradam ao Senhor, estes podem entrar nos céus. Em
troca deste tesouro iremos receber um tesouro maior, o nosso galardão, a nossa
recompensa diante de uma vida vivida para a glória de Deus.
Pensemos: o que tem mais valor no
céu, o cargo que ocupo ou a forma que trato o outro? A voz afinada ou a minha
expressão pura de adoração? A minha eloquência ao falar ou quantas pessoas eu
ajudei a entrar nos céus? A fama ou a expressão do amor Ágape através da ajuda
ao próximo, a quantidade de bens que eu possuo ou a forma que administrei os
bens que o Senhor me deu em favor do Reino de Deus?
Portanto, creio que o que o
Senhor Jesus desejou foi chamar a nossa atenção para que não vivamos pensando
apenas neste mundo como se a vida fosse acabar aqui, mas vivamos neste mundo
pensando que a forma que vivermos aqui determinará a forma que seremos tratados
no reino celestial.
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