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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

EM 2016 JORRARÁ ÁGUA NO MEU DESERTO

II Reis 3.15-17 e 20.

“Um argentino está andando no deserto, desesperado por um pouco de água.
De repente, ele vê algo ao longe que parece um oásis. Na esperança de encontrar água, se arrasta até lá, mas só encontra um camelô brasileiro sentado perto de uma mesa cheia de gravatas. O argentino implora:
- Puer favor, estoy muerto de sede, puedes me dar um pouquito de sulágua?
O brasileiro responde:
- Eu não tenho água, mas por que você não compra uma gravata? Tenho uma aqui que combina muito bem com sua roupa!
O argentino exclama, furioso:
- Jô não quiero una gravata! Jô quiero água!
- Tá certo, não compre a minha gravata - diz o brasileiro - Mas sou um sujeito gente boa. Vou te dizer onde tem água assim mesmo: depois daquela colina ali, a cerca de 10 quilômetros, existe um ótimo restaurante. Vá até lá e você poderá tomar quanta água quiser.
O argentino sai em direção à colina e desaparece. Cinco horas depois, ele volta se arrastando até a mesa do brasileiro, que pergunta:
- Eu disse 10 quilômetros depois da colina. Você não encontrou?
E o argentino:
- Encontrei, só que és uno restaurante que no és permitido entrar sem la gravata!”.
Em meio ao deserto, areia escaldante, temperatura altíssima, nenhuma sombrinha, vento que parece mais a boca do forno assando... as pessoas fariam qualquer coisa para obter água.
O rei de Israel, Jorão, filho de Acabe, era o novo rei de Israel. Ele havia feito uma aliança com Josafá rei de Judá e com o rei de Edom para guerrearem contra os moabitas. Então eles traçam uma estratégia de guerra e decidem ir pelo caminho do deserto, entretanto, após caminharem sete dias, parece que a estratégia foi mal planejada e faltou água em meio ao deserto.
Quem planeja mal e sobretudo não consulta a Deus, está sujeito a estas coisas. Começa bem, com todo o gás, mas no meio do caminho começa a faltar recursos, então percebe que faltou duas coisas básicas: 1.Planejamento; 2. Aprovação do Senhor.
Basicamente é o que acontece com os três reis trapalhões, somente após perceberem que não conseguiriam ter sucesso em sua empreita é que se lembram da provisão divina, então eles decidem
consultar ao profeta Eliseu para saber da vontade do Senhor. Na hora de adorar Jorão servia aos deuses de seus pais, mas na hora de achar um culpado ele apontava para Deus. Estávamos assistindo na TV um programa sobre a seca do Ceará e algumas pessoas estavam se perguntando por que Deus permitiu tamanha seca. A coisa está tão feia que muitas famílias abandonaram o lugar em busca de uma vida melhor. Há cerca de uma semana antes de assistir a esta reportagem, havia passado na Globo sobre a decisão do Vaticano em perdoar o Padre Cícero, personagm muito adorado no Ceará. Mostrou as grandes romarias que se faz para pedir ao santo uma benção. Então ficamos meio que sem entender. O problema da seca é de Deus, mas quem dá a benção é o santo Padim Ciço?
No verso 14 lemos as duras palavras do profeta Eliseu para o rei Jorão. Por que o profeta dirige ao rei palavras tão duras? Porquê o verso 2 diz que o rei “fez o que era mal aos olhos do Senhor”. Jorão era um rei idolatra assim como seu pai Acabe e ainda cometia uma série de outros pecados. O profeta Eliseu, utilizou sua autoridade profética para confrontar o rei Jorão e disse que somente iria atender ao seu pedido por causa de Josafá, que era rei de Judá.
O profeta pede para trazer um tangedor, um músico que pudesse tocar um instrumento, e quando as notas começam a ecoar como forma de louvor, vem o poder de Deus sobre o profeta e ele anuncia a mensagem profética. Deus habita no meio dos louvores. Creio que no meio dos louvores há curas, libertação, transformação, renovo e palavra profética. O nosso momento de culto a Deus é mais que um simples momento cerimonial litúrgico, é um momento onde nos desligamos de tudo para ligar a nossa alma diretamente a Deus e adorá-lo.
O instrumentista toca a melodia e então Eliseu então recebe a instrução do Senhor, que aliás foi bastante estranha, ele manda construir covas e valas em meio ao deserto, e anuncia que ali mesmo iria jorrar água suficiente para todos, inclusive os animais.
F.t.: A partir deste texto, gostaria de compartilhar alguns passos que podem te ajudar a fazer jorrar água em meio ao deserto. Para fazer jorrar água em meio ao deserto é preciso...

1. Consultar ao Senhor (v.11) – Josafá rei de Israel quando se vê pressionado pela terrível situação vai consultar a Deus através do profeta. Quando você estiver enfrentando uma difícil situação, ainda que tenha sido conseqüência de uma decisão equivocada, consulte ao Senhor. O melhor é consultar sempre ao Senhor antes de tomar uma decisão, para que ele possa te orientar pelo melhor caminho e você não tenha que padecer pela decisão errada.
Há anos atrás, trabalhei em uma empresa como analista de planejamento financeiro, nossa função era avaliar o negócio da empresa e dar o parecer sobre o retorno do capital investido. Em fim, se era um negócio viável ou não. Alguns dos diretores da área comercial achava que não precisam fazer nenhum tipo de consulta, mas volta e meia deparávamos com situações em que se o diretor de um área investisse naquele negócio iria ter prejuízo. Éramos técnicos habilitados para dar aquele tipo de parecer, não consultar era a pior escolha que um diretor poderia fazer, por que iria se arriscar sem necessidade, correndo o risco do negócio não dar certo e ser demitido.
Consultar ao Senhor é ter certeza de que você terá uma boa orientação para começar o seu projeto. 2016 está começando, e você precisa de bons projetos para encerrar bem o ano. Quais cursos irá fazer, qual faculdade, quem vai namorar, noivar, casar, ter filhos, comprar casa, projeto de aposentadoria, compra de imóvel, compra de carro, abertura de negócios... em fim, são uma infinidade de projetos.
Você já consultou ao Senhor para verificar se os seus projetos estão em conformidade com a sua vontade??

2. Seguir as orientações do Senhor (v. 16) – Josafá consultou ao profeta Eliseu após cometer o erro de iniciar o seu projeto sem consultar ao Senhor. Deus, então através do profeta enviou o direcionamento do que fazer: "Fazei covas no deserto". O rei poderia dizer para Eliseu: Oh Eliseu, você está delirando? O exército já está fadigado, com sede, estamos todos muito cansados e você ainda manda cavar buracos neste deserto? Não vamos fazer nada disto. Esta poderia ter sido a decisão do rei. Se tivesse feito isto, teria errado pela segunda vez, e ele não veria a água jorrar. Os caminhos do Senhor as vezes parecem difíceis, e até mesmo impossíveis, mas Ele sabe qual é o melhor pra você.
Certa vez os discípulos passaram uma noite inteira pescando, e não pegaram absolutamente nada. Jesus disse para eles, joguem a rede do outro lado. Aqueles homens eram pescadores experiente, Jesus era carpinteiro, aparentemente ele não entendia nada de pesca, mas, os  discípulos entendiam que podiam confiar em sua palavra profética, então disseram: sobre a tua palavra lançaremos a rede, e lançaram, e as redes vieram cheias.
Seguir as orientações do Senhor é seguir a sua Revelação. Na Bíblia encontramos a orientação de Deus necessária para nos levar até a sua presença. Através de sua Palavra conseguimos achar o caminho para os céus, Jesus.
Procure saber pela Palavra de Deus e pela oração qual é a vontade de Deus para a sua vida no ano de 2016.

3. Crer no Senhor apesar das evidências contrárias (v. 17) – Todas as evidências mostravam-se contrarias a Jorão e Jeosafá . Eles estavam em meio ao deserto, não haviam rios, ou qualquer possibilidade de chuva, só havia areia escaldante e sol. Como crer em meio ao deserto, como acreditar que Deus fará algo surgir do nada? O rei Josafá crêu na palavra do profeta, e viu a ação sobrenatural de Deus. Naquele dia a água jorrou em meio ao árido deserto.
Estamos acompanhando os noticiários e a previsão para o ano de 2016 não é boa. Tudo indica que haverá muito desemprego, recessão, inflação, desaceleração da economia, em fim, a melhor das expectativas não é nada agradável.
Romanos 4.18 diz que Abraão creu contra a esperança. Ele e sua mulher já eram de idade avançadíssima. Ele um jovem senhor de cem anos e ela, Sara, uma jovem senhora de apenas 90 anos. Genesis 18.11 diz que já havia até mesmo cessado o costume das mulheres. Mas Abrão creu e viu o impossível tornar-se possível.
Não é fácil crer quando as evidências mostram que não há mais esperança. Quando parece que tudo está perdido, o desespero tenta nos abater, as forças parecem chegar ao fim... lembre-se que nós que somos do Senhor e não andamos por vista e sim pela fé em nosso Senhor.
Jeosafá lembrou-se disto naquele fatídico dia e pela manhã, depois do momento de adoração, onde foi entregue a oferta de alimentos ao Senhor, Deus trouxe a provisão, e vieram as águas e as covas e valas ficaram cheias em meio ao deserto de sol escaldante.

Conclusão
Faça isto em 2016, consulte ao Senhor para saber se os seus projetos estão sendo aprovados por Ele; Siga as orientações do Senhor a partir de sua palavra e na intimidade da oração; creia que o Senhor estará contigo, ainda que tenha que passar pelo vale da sombra da morte, ainda que as evidências mostrem o contrário.

O ano que está por vir não será fácil, precisaremos de muita ajuda do Senhor para vencê-lo. o cenário político aponta para desaceleração na econômia, crescimento negativo, recessão, inflação, desemprego, falência, juros alto, falta de investimento em todas as áras e aperto, muito aperto. O seu desafio será fazer da crise sua grande oportunidade de crescer, prosperar, vencer. Se por um lado será o ano do desemprego, por outro lado será o ano do empreendedorismo. Não pare de lutar, creia que é o Senhor quem concede a sua vitória. Creia que o Senhor fará jorrar água em meio ao seu deserto, ainda que esteja completamente seco, árido e sem vida. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

FAZENDO DO MUNDO UM LUGAR MELHOR

Pura utopia. O mundo nunca será um lugar melhor, para quem quer fazer dele um lugar pior. Creio como disse o Dr. Martin Luther Kung Jr que o inimigo número um não são aqueles que praticam atos discriminatórios ou criminosos por que eles já disseram para o que vieram. O pior inimigo são as pessoas que não fazem nada. Eu creio que piores mesmos são aquelas que além de não fazer nada ainda são egocêntricas. Não importa onde elas estejam sempre serão pessoas incapazes de pensar no outro. Não importa quem vai morrer, quem está desfalecendo, quem será prejudicado, o necessitado ou o próximo, o que importa é o seu prazer e sua satisfação pessoal.

O teógolo católico Hunz Kung escrevendo sobre ethos mundial diz que é preciso haver diálogo e tolerância para haver paz. Penso em como pode haver este diálogo se vivemos em um mundo plural e cada região do planeta possui uma cosmovisão diferenciada de vida. O que é consenso de todos os lugares? O desamor e o descuido com as classes mais baixas, aquelas que nunca saíram do gueto se não houver uma mão para ajudá-los, como as meninas prostitutas da índia que não conseguem nem emprego ou vaga nas escolas por que moram na zona de prostituição. Elas já nascem com o destino traçado, são filhas de prostitutas e pais desconhecidos, o destino é tornarem-se prostitutas desde a tenra idade. São sub-seres-humanos, marginalizados, explorados, esquecidos. O que falar daquele que nasce na favela no Brasil, tem o destino traçado, muitos são aliciados pelo tráfico, alguns poucos tem pequenas oportunidades para sair de lá. Os mais inteligentes, espertos, desprendidos
conseguem aproveitar as pequeníssimas oportunidades. Apenas um em hum milhão. Mesmo assim necessitam de apoio para vencerem o preconceito e muita inteligência para mudarem sua cosmovisão de mundo. Os menos favorecidos de QI servem mesmo de soldados ao tráfico. Afinal, quem pagaria o que eles recebem lá, quem daria uma 'moral' para que eles se sentissem alguém nesta sociedade? a única mão que ele conhece é a do traficante que paga bem para ele servir de olheiro, fogueteiro. Ali ele cresce e tem uma carreira meteórica no mundo do tráfico, ele sabe que certamente acabará no cemitério ainda bem jovem, mas com sua cosmovisão não consegue ver outra direção ou caminho. Estes são os realmente desfavorecidos, que precisam de uma mão para caminharem em outra direção.

Penso que o problema está realmente no hedonismo, desde as pequenas camadas sociais até às mais altas, seja qual for a cultura. A necessidade de prazer, não por que a vida é bela e maravilhosa e ótima para ser vivida, mas o prazer acima de qualquer coisa. Este tipo de posicionamento leva o eu-individual a querer viver só pra ele utilizando o outro somente para saciar seu desejo de prazer, seja ele qual for. Pensar no outro é rever o princípio da alteridade. O outro como já dizia Charles Chaplin não é uma coisa: "Necessitamos mais de humildade do que de máquinas. Mas de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá". Karl Marx afirma o outro não pode ser simplesmente uma peça de engrenagem desta máquina. Eu digo que precisamos mais de Ágape do que de tecnologia. De que tem servido tantas descobertas se o mundo fica cada vez pior? Para que precisamos de facebook se nem sequer comprimentamos o nosso vizinho, ou a pessoa que pega ônibus, metrô, barca ou mesmo o elevador junto conosco; se nem sabemos o nome do funcionário da padaria que nos atende todos os dias; ou do manobrista que estaciona o nosso carro? Para que tantos sites de relacionamentos se nossos relacionamentos ficam cada vez mais plásticos, frios e sem vida?

Estamos vivendo em uma neura tão grande, que estamos nos isolando cada vez mais, aumentamos os nossos muros, colocamos grades em tudo, cercas eletrificadas, câmeras que nos dão uma falsa sensação de segurança. Nossos condomínios parecem penitenciárias de presos de alta periculosidade. Enquanto nos prendemos dentro de nossas pequenas cadeias os bandidos andam livremente e milícias armadas vendem 'segurança'. Agentes do estado, que são pagos para fazer assegurar a ordem, agora vendem sua mão de obra especializada. Na verdade o que precisaríamos é tomar novamente as ruas que pertencem ao cidadão de bem, diminuir nossos muros para protegermos uns aos outros. Mas estamos ficando refém de nós mesmos, das nossas neuras, temores e pavores. Não sou contra tecnologia e nem contra a segurança, mas se estas forem as nossas prioridades então não há esperança.
Queremos armar cada vez mais a polícia, colocar mais policiais, gastar cada vez mais dinheiro com a segurança e penitenciarias. Queremos mais contratação de policiais, mas não se consegue fazer o controle dos que se tem hoje, segundo o ex delegado Helio Luz. Mas, vamos pensar quem é o bandido que ocupam as penitenciarias e quem mais ganha dinheiro com o bandido preso? Quem é mais bandido, aquele que nos roubam e nos matam com armas nas ruas, ou aqueles que exploram a estes? Qual seria a solução? Queremos que o governo pense sozinho nestas questões, por que queremos viver bem e tranquilamente sem nos ocuparmos com estas coisas. Então, penso no meu filho, ele tem 21 anos, ele trabalha o dia todo o quando chega em casa quer esticar as pernas e tudo na mão. Muitos pais tem dado tudo nas mãos do filho e o criam mal. Em um casa, uma família, cada um tem que colaborar para o bem estar da família, mas é quase natural querer viver de sombra e água fresca. Afinal, eu já trabalho. Certo? e quem faz o restante? ah, a mamãe e o papai. Este é o pensamento, trabalhamos e pagamos impostos, agora a responsabilidade é do governo. Não temos responsabilidade, queremos chegar do trabalho, abrir o portão automático, em nossos carros com vidros escuros, fechar o portão e ficar feliz em meu mundinho pessoal. A culpa da violência é do governo. Em grande parte realmente o é, é papel do estado promover a segurança. Mas, o Estado não é formado apenas pelo poder público. Eles não são e nem devem ser os senhores feudais. Cada um de nós temos responsabilidade com o próximo. Quem tem muito poder tem muita responsabilidade, quem temos menos poder menos responsabilidade. A quem muito é dado, muito é cobrado.

A grande maioria dos criminosos que ocupam as penitenciarias são negros, pardos, pobres, favelados
. Também fazem parte da estatística os que são mortos violentamente com armas de fogo. A sociedade os explora em seus sub-empregos, os empurram para condições sub-humanas, os colocam amontoados em favelas, eles crescem sem a educação adequada, em um ambiente inadequado e querem cobrar que eles se comportem adequadamente, querem que eles fiquem no morro, não desçam para o asfalto. O delegado Hélio Luz em uma entrevista disse: falaram que eu era violento como delegado, mas como cumprir a missão que me foi dada de impedir que o morro desça e invada o asfalto? Só com violência.

Enquanto tivermos o egocentrismo, cada um querendo andar com o carro mais luxuoso que o outro, querendo morar em mansões maiores que o outro, querendo ter mais poder a qualquer custo, querendo que o mundo se dobre aos seus pés, sem enxergar o outro como um ser humano criado a imagem e semelhança de Deus, então teremos que viver em um mundo cada vez pior, sem graça, apavorante, e nenhum bem que se puder juntar, nem uma riqueza que se puder ter, nem todo o poder do mundo servirá para causar verdadeira alegria e real prazer de viver.

Nem toquei aqui no assunto político dos desvios do dinheiro público, das fraudes de milhões. Políticos riquíssimos a custa de muita impunidade. Ladrões, anti-patriotas, destruídores da nação. Quando vejo uma propagando política hoje penso, será este o próximo político a ser preso? Uma vergonha.

Mas quem são esta gente? quem são os políticos? eles não são extra-terrestres, são gente que saiu de nós com o pensamento hedonista, o egocentrismo é sua lei, sua cartilha e bíblia de cabeceira é Maquiavel e por isto não vê problemas nos desvios públicos, é tudo para um fim. O seu próprio prazer.

Este mundo que esta gente quer construir é um mundo sem coração, sem bondade, sem cor, é só sujeira, traição, prostituição, lascívia, roubo, mentira. É um mundo cão. É uma vida que não vale a pena ser vivida. É uma vida sem Deus, sem amor, sem o próximo, sem graça.

Podemos construir, ainda que seja somente ao nosso redor, um mundo melhor. Comece com
pequenas atitudes, com um sorriso, um cumprimento, talvez um abraço, quem sabe uma ajuda a quem você sabe que pode ajudar, estender a mão. Quem sabe o filho de um empregado, um amigo falido, funcionário... a soma de pequenas ações podem se transformar em grandes ações e transformar o mundo em um lugar melhor.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O sentido do Natal

Lucas 2.1-20 e Apocalipse 3.20

É interessante observar alguns programas de TV onde os personagens estão buscando o sentido do natal, como se o natal fosse uma data de significado aleatório onde as pessoas tivessem que encontrar um significado para atribuir a este tão maravilhoso e importante evento. Nesta busca alguns dizem que natal é paz, natal é esperança, natal é festa,natal é reflexão, natal é amor... em fim há um monte de significados apresentados.

Mas afinal de contas qual é o real significado do natal? Natal é o nascimento de Jesus. Simples assim! É uma festa estritamente cristã, de todos os segmentos: protestantes, católicos e ortodoxos. É uma data em que todos param para celebrar o nascimento do messias, daquele que veio ao mundo para implantar o reino de Deus e servir como caminho para encontrarmos a Deus.

A data de 25 de dezembro é apenas comemorativa. Jesus provavelmente não
nasceu em dezembro, não há uma data certa. O mês de dezembro é inverno naquela região e no inverno não há pastores e nem animais na manga. Esta data foi implantada como dia oficial somente no século IV, antes disto os cristãos davam pouca ou nenhuma atenção para esta data. Eles preferiam reunir-se e celebrar no domingo que havia sido o dia da ressurreição de nosso Senhor. Especula-se que provavelmente Jesus tenha nascido no mês de março.

           Devido a este detalhes há pessoas que deixaram de comemorar o natal em dezembro atribuindo ao natal uma qualidade de festa pagã. Realmente será pagã para aqueles que nesta data comemorem a outras coisas que não seja Jesus. Não há como ser pagã se a sua dedicação for de culto ao Senhor Jesus. Há ainda alguns que aboliram ao uso de árvore de natal e enfeites por que seriam símbolos pagãos. Entretanto, se abolirmos todos os símbolos pagãos de nossa vida não faremos mais nada: não comeremos certas marcas por que os donos são pagãos, não compraremos certos produtos, não iremos a determinados lugares, e até ficaria difícil morar em determinado lugar.

Falando em símbolos, em muitas casas o papai Noel é bastante lembrado. Mas vamos fazer algumas considerações sobre o bom velhinho:

1. Ele aparece muito mais na casa dos ricos, levando para eles os melhores presentes. Para os pobres, ficam sempre os piores ou nenhum presente;

2. Ele leva as crianças pobres à desilusão e a perca da esperança;

3. Ele rouba a cena que não lhe pertence, pois natal é nascimento de Jesus;

4. Ele alega ter atributos que somente Deus possui: Onipresença, onisciência e onipotência;

5. Aquela roupa vermelha é muito suspeita e própria para o inverno. Aqui no Brasil dezembro é verão. Portanto sua roupa deveria ser mais leve;

6. Papai Noel na verdade é  um simbolo para sufocar o sentido do natal, Jesus. É interessante como muitas pessoas, até mesmo entre os cristãos, preferem dar maior importância a uma ficção, uma estória para alegrar crianças, do que a história do nascimento do Messias.

Nesta data há muitas festas e celebrações, mas Jesus, que deveria ser o principal participante não pode entrar na maioria dos banquetes. Ele está do lado de fora, batendo, querendo entrar, por que do lado de dentro não há lugar para ele. Não há lugar para Jesus em grande parte das festas natalinas. Da mesma forma que aconteceu há cerca dois mil anos atrás, quando Maria estava procurando um lugar para dar a luz a Jesus e não achou, hoje Jesus ainda está procurando um lugar para entrar, mas há poucos lugares. Será que Ele pode entrar em sua vida? Se puder, então convide-o para entrar. Diga para ele, Jesus eu atendo o seu chamado, pode entrar em minha casa, pode entrar em minha vida e ficar para sempre. 

A melhor forma de convidar a Jesus para entrar em sua casa é convidar uma pessoa pobre, que não tem condições, desprovida de recursos, carente, para uma boa ceia. Há muitas pessoas pobres precisando de algo para simplesmente comer neste natal. Fazendo a um destes pequeninos, você estará fazendo para o próprio Jesus.

       

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Gender non-conforming - Crianças transgênero

"Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, não se afastará dele". Prov. 22.6
           
Coisas que não consigo entender: O Programa Fantástico do dia 20/09/2015 apresentou uma reportagem sobre o que chamou de 'crianças transgênero', onde um dos pais afirmou que o seu filho sempre quis vestir as roupas da mãe e calçar seus sapatos de saltos altos. Agora eles deixaram ele escolher ser uma menina. Ele tem apenas seis anos de idade. Esperem um pouco!!! Fico olhando para minha infância, ainda bem que minha mãe não deu ouvidos quando eu disse que eu era o Capitão Marvel, embora eu vestisse a capa, colocava a cueca por cima da calça e repetia centenas de vezes, todos os dias, "Shazam!". Hoje prefiro ser o Capitão América, mesmo por que o velho Capitão Marvel perdeu um pouco do seu prestígio entre os super heróis e já não é mais moda.
            Uma opção de infância que vai mudar a vida toda de uma pessoa não pode ser escolhida por uma criança, se assim o fosse ela teria que ser responsável por todos os seus atos, o que contraria o nosso código civil. Tenho visto que a matéria não tem sido discutida, apenas orquestrada e empurrada. Está sendo colocado sobre as nossas crianças uma responsabilidade de escolha que elas não estão preparadas para fazer. Fico pensando nas crianças com gostariam de ser um terrorista, ou se transformar em um animal, ou que não deveria ter nascido... espero que elas não sejam estimuladas a ser o que querem, por que certamente daqui a alguns anos poderão perceber que não queriam ser a mulher maravilha e sim o super man.. mas será tarde demais para voltar.
  O filme 'Diamante de Sangue', mostra o terror da guerra onde crianças são sequestradas e treinadas
para matar. Elas crescem acreditando que matar é a única forma descente de vida. O filme narra a história de uma criança que foi tirada de seus pais e recebeu treinamento de guerra. O seu pai luta para achá-la e quando finalmente encontra depara-se com uma criança que foi transformada em uma fria arma de guerra. Por sorte aquele cruel conceito ainda não havia sido totalmente sedimentado em sua mente e ele lembrou de seu pai e que ainda era uma criança.
            Crianças precisam de cuidado, atenção e direção. Fernanda Oliveira em seu artigo 'Criança transgênero: nem menino, nem menina', publicado no site 'vilamulher', diz que "Também nos Estados Unidos, um casal contou à rede de televisão ABC que seu filho Coy Mathis já se recusava a usar roupas de meninos quando tinha apenas 1,5 ano”. Parei um pouco e conversei com alguns pais se uma criança nesta idade saberia definir o que é roupa de homem e roupa de mulher? Se ela teria capacidade para analisar as informações que chegaram para ela e tomar suas próprias decisões? Se ela visse um homem escocês com suas tradicionais roupas, se ela não ficaria confusa? Quem estaria direcionando esta criança e com que propriedade ela estaria fazendo suas escolhas? todos os pais foram unânimes em dizer que esta criança não teria capacidade para  julgar um conceito, seja ele o mais simples, como uso de roupas. 
         Em um parte de seu artigo Fernanda Oliveira diz que o casal defende que "aos poucos, a discriminação e o preconceito fazem a criança, que não possui recursos e defesas construtivas, retrair e isolar-se". Aqui há uma enorme contradição, ao afirmar que a criança não possui recursos e defesas construtivas. Deveras, ela ainda está em processo de formação, e aquilo que ela faz apenas reflete o que está sendo ensinado, reforçado ou até mesmo ignorado pelos pais. Já vi vários casos de crianças maiores querer imitar bebês falando. Qual criança nunca fez isto quando sentiu ciúmes dos irmãozinhos mais novos em uma tentativa de chamar atenção de seus pais. Alguns pais corrigem e outros acham bonitinhos. A criança corrigida muda a postura, a que foi ignorada ou recebeu reforço do seu ato entendeu que aquilo é um comportamento adequado e passa a falar como bebê a vida toda.
            Os pais são responsáveis em ensinar à criança a viver, cuidar dela e zelar por sua segurança. Se uma família não possui equilíbrio, a criança vai ter problemas no desenvolvimento. Neste caso é papel do estado através das leis de proteção à criança zelar para que ela tenha assistência garantida. Não cabe ao Estado definir qual é o sexo da criança, isto cabe à natureza. Não cabe ao Estado oferecer suporte de apoio psicoterápico para crianças taxadas de transgêneras baseado apenas nas novas pesquisas, sem comprovação ciêntifica amplamente aceita, que não se sabe ao certo onde é que vai dar e que tipos de males irá causar para as próximas gerações. Talvez o suporte deveria ser oferecido aos pais que estão colocando sobre as crianças uma responsabilidade de decisão que elas ainda não estão preparadas para tomar e/ou propositalmente reforçando comportamentos incomum ao seu gênero. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eleito Marcos Lopes - Presidente da OPBB Fluminense

O dia 29 de julho de 2015 foi marcante para quem esteve presente na Assembleia da OPBB Fluminense realizada na Igreja Batista em Leandro, Itaguaí/RJ. Tivemos a honra de participar da eleição da Diretoria da OPBB onde foi eleito o Pr. Marcos Lopes para Presidente. Ele que até então é o atual presidente da sub seção Meritiense. Bom pai, família excelente e exemplar, um pastor confiável entre os pastores, homem bastante conhecido em nosso meio por seu empenho e colaboração denominacional. Bons adjetivos não faltam para descrever a este homem de Deus.
Estávamos sentados ao lado do Pr. Marcos durante toda a eleição,
havia alguns pastores da Meritiense e Caxienses. Verificamos a sua apreensão e preocupação, em nenhum momento ostentou a possibilidade de vencer, na realidade expressou que não acreditava que passaria do primeiro turno. Mas, após a votação e a confirmação da comissão escrutinadora de que ele havia vencido por muitos votos de diferença, vieram várias palavras de afeto, carinho e amizade. Então ele pode perceber o quanto é querido por tantos, e quanto valeu ser a pessoa simples e valorosa que é.
Na segunda-feira que antecedeu à eleição, havíamos realizado a reunião da OPBB sub seção Meritiense, onde  ele trouxe a palavra de que não é bom ficar se auto promovendo, deixe que o reconhecimento aconteça naturalmente, apenas faça o que tem que ser feito. Disse isto como reflexão após assistirmos ao filme a respeito do Sr. Nicholas Wilton, o homem que salvou 669 crianças do extermínio nazista. Este homem estava no anonimato, nunca se vangloriou ou vendeu sua imagem, além de não se permitir ser chamado de herói. Em semelhança a este detalhe atentamos que o Pr. Marcos nunca cogitou ser presidente da OPBB fluminense, não fez campanha e não solicitou que alguém o indicasse. Como homem simples que sempre foi, apenas aceitou a indicação e concorreu humilde conforme seu costume.
Cremos que o Pr. Marcos exercerá com galhardia e competência a grande tarefa que lhe é confiada e sabemos que poderá contar com o apoio e ajuda dos muitos pastores que não somente o admiram, mas que certamente marcarão presença junto com ele.
Nossa oração é para que o Senhor o abençoe e o guarde, dando sabedoria e ânimo para esta nova etapa de sua vida.
Nossos Parabéns.

Pr. Sergio Rosa

domingo, 12 de julho de 2015

Eu não estou neste mundo a passeio

"a fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo" (Ef. 1,12)
Alguém já teve férias frustradas? ou um passeio em que tudo deu errado? como é chato você trabalha durante todo um período e quando em fim pode relaxar tudo acontece de errado. Graças e Deus não tenho experiências trágicas a este respeito. Ao contrário, minhas férias e passeios sempre foram bastante agradáveis. Mas lembro de uma experiência que um amigo nos contou sobre uma lua de mel frustrada de um conhecido. Eles queriam um casamento diferente. Então planejaram tudo diferente, desde a cerimônia até a lua de mel. Mas, tudo já começou 'dar ruim' antes mesmo da cerimônia. Eles planejaram se casar em um jardim. Alugaram um lugar legal e fizeram um ambiente cinematográfico.
Porém, não contaram com o desagradável fator surpresa. Pra começar o carro que o noivo estava quebrou em uma rua deserta. E ele todo arrumado teve que concertar. Se sujou todo de graxa, ficou todo suado e chegou atrasado. Quando ele chegou todos já estavam esperando e ele teve uma entrada triunfal. Se não bastasse, começou a chover e ventar e desfez toda a arrumação e a cerimônia teve que seguir em uma pequena varanda com todo mundo molhado e a noiva toda desfeita. Acabando a cerimônia e a "festa", seguiram cansados para a lua de mel. Quando chegaram no local, havia acabado a luz, era uma casa de campo, estava cheio de mosquito, e quente. Tiveram que dormir com as janelas abertas. No dia seguinte quando acordaram, segundo depoimento da noiva, eles estavam com os traseiros todo marcado de picadas de mosquito. Para quem queria algo diferente, eles conseguiram.
Talvez você também já tenha tido um tempo de férias ou passeio frustrado, se já passou pela experiência então tem uma bela estória pra contar. Depois você pode me enviar para eu usar como ilustração de sermão.

A nossa proposta hoje não é refletir sobre férias ou passerios, mas exatamente sobre o oposto "eu não estou neste mundo a passeio". Esta frase bastante utilizada pela Missionária Analzira Nacimento, uma das grandes referências de missões no Brasil, foi uma das frases-tema do "SIM, todos somos vocacionados". Congresso realizado em 2012 pela JMM e JMN. A ideia foi Refletir sobre a Missiologia atual, tendo como objetivo contribuir para que cada congressista descobrisse a sua vocação, e vislumbrasse como poderia servir no Reino, glorificar a Deus com suas vidas, no lugar em que foram colocados.
Considerando que nosso assunto é outro, depois desta introdução gostaria de fazer seguinte pergunta: Se eu não estou neste mundo a passeio o que eu estou fazendo aqui? eu estou em uma missão. Então poderíamos completar o tema: Eu não estou no mundo a passeio, eu estou em uma missão. Que missão seria esta? Glorificar a Deus com a minha vida.
Gostaria de destrinchar esta frase: "Eu não estou no mundo a passeio", fazendo três perguntas:
1. Primeira pergunta: Eu quem?
Gostaria de destacar dois tipos de "Eus". O primeiro "Eu" é aquele que se converteu a Jesus, que sabe que não está no mundo a passeio. Este "Eu" se achou com Deus. E agora realiza a obra do Senhor. Ele sabe que foi eleito em Jesus para toda a boa obra. Ele percebe que está no mundo, mas, não pertence a este mundo. Ele tem certeza de que foi criado por Deus para sua glória.
O outro tipo de "Eu", é aquele que está na igreja, mas a igreja não está nele. Na verdade ele tentou sair do mundo, mas o mundo não saiu dele. Havia um programa chamado 'Zorra Total' e neste programa tinha um baiano que tentava sair da Bahia, mas nunca conseguia sair. Então no final do quadro sempre ele dizia. "Eu tento sair da Bahia, mas a Bahia não sai de mim". Este não experimentou ainda uma conversão genuína. O mundo portanto é um pátio de diversão para ele. E ele realmente está convencido de que está no mundo a passeio. Ele acredita que todas as coisas que existem no mundo são para serem realmente desfrutadas ao seu modo.
Estes me fazem lembrar a fábula do lobo que desejou ser ovelha. Conta-se que um lobo olhando a vida das ovelhas teve vontade de tornar-se uma delas. Então ele veste uma pele de ovelha e vai habitar entre elas. No começo ele acha estranho mas se acostuma com a vida pacata e simples das ovelhas. Mas, sempre quando chegava a noite ele ficava lembrando-se de como era prazeroso as noitadas com os outros lobos. Desta forma ele decide viver durante o dia como ovelha e a noite como lobo. Esta situação começou a gerar um conflito interno, de tal forma que ele nem era feliz como lobo e nem se sentia realizado como ovelha. Então ele entendeu que se não fosse uma ovelha, jamais viveria feliz como as ovelhas. Sobre isto Jesus afirma que ninguém pode servir a dois senhores. Você nunca poderá se sentir realizado, pleno, se você ficar, meio na igreja e meio no mundo.
Estes sim, estão no mundo a passeio por que não se converteram e portanto é impossível a eles compreenderem a missão. Precisam primeiramente entregar-se totalmente a Jesus, converter-se de todo o coração. É importante que se compreenda que conversão é quando você abandona completamente o caminho por onde estava indo e passa a trilhar em outra direção. Seu alvo passa a ser Jesus. Tudo na sua vida é Jesus. Você não consegue mais viver sem Jesus. Você é inundado por Jesus. Tudo o que você faz ou fala reflete Jesus. Todo o seu ser exala o bom perfume de Cristo.
Quando isto ocorre você compreende bem que a sua missão é refletir a gloria de Deus. E não tem dúvidas disto.

2. Segunda pergunta: O que é o mundo?
A expressão mundo no contexto bíblico quer dizer tudo o que não é de Deus. Chamamos mundano o que na verdade é profano. Desta maneira entendemos que o Senhor nos salvou deste mundo mediante a nossa redenção em Jesus o Cristo. Ele nos tirou das trevas e nos conduziu por seu amor para sua luz. Mas este ponto não é tão fácil de definir, embora na teoria o seja. Temos um problema muito sério neste ponto para resolver. É o problema cultural. O teólogo Paul Tillich em sua Teologia da Cultura mostra a correlação entre a preocupação pelo supremo e as diferentes facetas da cultura. Tillich descreve a cultura como expressão da alma.
Sobre a discussão cultural na igreja, a coisa quase não acontece, somente é absorvida. Alguns não discute por medo outros por despreocupação, e deixa-se a definição em geral por conta do que todos estão fazendo.  Nesta questão somos conduzidos pelo pragmatismo. Aceita-se o que é geralmente aceito. Quem sai na frente é criticado, mas depois passa o momento da crítica e da proibição e entra no momento da aceitação. Se deu certo aceitamos e se deu errado rejeitamos.
Penso que toda expressão cultural carrega em si a expressão da alma de quem a produziu. Não existe cultura desligada da religiosidade. Cultura e religião andam juntas, por que uma é expressão da outra e o ser humano não se divide. O mesmo homem religioso é o ser cultural. Por esta razão toda religião, por mais fechada que seja, é sincrética, por que são formadas por pessoas carregadas de sua cultura, que se convertem mas levam consigo sua bagagem cultural.
Toda expressão cultural carrega em si uma expressão religiosa proveniente da alma do artista. E aí está talvez o grande problema para ser observado, por que há musicas, shows, espetáculos, obras de arte, literatura, filmes, novelas, administração, engenharia, arquitetura, marketing, artes, moda, filosofia e etc. e uma infinidade de programas culturais que absorvermos e que não são produzidas por crentes.
Vivemos em um país plural e multicultural. Por esta razão, teremos imensa dificuldade em definir o que é certo e o que é errado. Não podemos afirmar que tudo é certo e que toda expressão cultural é boa, este foi o erro o irmão mais novo da parábola dos dois irmãos (conhecida como filho pródigo), é o erro do ultraliberalismo; por outro lado não se pode afirmar que tudo o que há fora da igreja seja ruim. Este foi o problema do irmão mais velho. É o erro do fundamentalismo.
A falta de uma boa discussão a respeito do assunto tem levado aos nossos jovens a frequentar lugares tipo o Rock in Rio, Boates, Shows, etc... Tem levado nossos jovens a se tatuarem, usar brincos, consumir bebidas alcoólicas, usar todo o tipo de roupas e absorvido toda a multiculturalidade sem nenhuma reflexão a respeito do assunto. Só sendo levando pela onda do pragmatismo. Tem uma musica baiana que diz, "olha a onda, olha a onda".
A nossa juventude tem sido apenas levada pela onda. Estamos em um verdadeiro passeio neste mundo. Sexo hoje é a coisa mais comum entre os jovens. Namorados já nem escondem mais que fazem. Já falam com orgulho sobre sua vida sexual ativa. Afinal, é culturalmente aceito, portanto normal. É coisa do momento moderno, sexualidade livre. É mesmo? e quem paga a conta disto? A adolescente grávida. O jovem com AIDS e outras DSTs. Os viciados. Os compulsivos. Em fim.. resultados de uma vida sem reflexão sobre o que é realmente o mundo.
É preciso uma parada para reflexão no que a Palavra de Deus diz que fomos criados para o louvor de sua glória. Fomos formados para realizarmos uma missão neste mundo, glorificar a Deus.
3. Terceira e ultima pergunta: Por que eu não estou a passeio?
Porque eu estou em missão! A minha missão é expressar a glória de Deus através da minha vida. Eu fui chamado para ser pastor. Mas ser pastor não é minha missão, a minha missão é refletir a glória de Deus através do que eu faço. O apóstolo Paulo afirma o seguinte: "Portanto quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus". (I Co 10: 31).
Pastoreei oito anos no sul da Bahia. O lugar é um encanto. Um paraíso. Uma pequena cidade no estilo portuguesa com seus 22 mil habitantes, litoral nordestino, cidade turística. A cidade mais próxima, Porto Seguro, ficava a 75KM, depois vinha Eunápolis, 140KM e Itabuna a 300KM. Das três a menor era Porto, depois Eunápolis e a maior era Itabuna. Então, quando não se achava alguma coisa em uma cidade e tinha que ir para a outra, tinha que andar bastante.
Mas, a cidade em si era muito calma, sossegada e tranquila. Aproveitei muito para correr na praia, jogar bola no estádio municipal e nadar nos rios. Mas, mesmo fazendo tudo isto, eu não podia esquecer de uma coisa. Eu não estava ali a passeio, eu tinha uma missão, proclamar as virtudes do Senhor. Eu estava ali para levar o evangelho de salvação aquelas pessoas.
Fico muito feliz por que o balanço que faço da minha vida ali foi muito positivo. Quando cheguei naquela igreja ela era formada por mais de 60% de pessoas que haviam passado de 60 anos de idade. Tinha dois membros que já tinha mais de 90 anos. Começamos a pregar o evangelho, jovens começaram a converter-se, discipulamos, doutrinamos e treinamos novos líderes. O prédio da Igreja era pequeno e tosco, sem nenhuma expressão. As telhas de barros eram todas caquinhos, creio que estavam lá desde a fundação. Esta igreja vai comemorar 100 anos em 2016. Uma das congregações não tinha templo, se reunia em uma lojinha alugada. Construímos um prédio para a congregação para 100 pessoas e a sede para 600 pessoas. O templo da Igreja virou cartão postal.
No lugar onde se reunia a antiga igreja iniciamos um Projeto Social, que ganhou notoriedade e funciona lá até hoje. Este projeto ganhou o título de utilidade pública municipal e através dele recebemos uma cadeira no CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente).
A Igreja que até então era sem graça ganhou notoriedade e respeito na cidade a tal ponto de a posse do Prefeito em 2006 foi em nossa igreja. E neste evento ele entregou a chave da cidade para a igreja, que está lá pendurada até hoje.
A cidade de Belmonte é uma pequena cidade turística, muitos dos que vão até ali vão tão somente para passear. Mas, eu não fui até lá para passear, fui com uma missão. Fazer conhecido o nome de Jesus através da minha vida.  
Onde você estiver ali está o seu campo missionário. Nem todos foram chamados para ser pastores ou missionários, mas todos os salvos foram chamados para refletirem a glória de Deus. Seja você um advogado, médico, professor, cientista, político, militar, engenheiro, técnico, contador, faxineiro, pedreiro... em fim seja qual for a sua profissão, esta não é a sua missão, esta deve ser apenas a forma através da qual você vai refletir a glória de Deus. O profeta Isaias afirma que "A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz" (Is 43:7).

Conclusão:

Em seu último sermão, na igreja Batista Ebenezer, Atlanta, na qual era pastor, Martin Luther King Jr. encerrou o seu sermão dizendo:
E isto é tudo o que eu tenho a dizer:
Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante; Se eu puder animar alguém com uma canção; Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo; Se eu puder cumprir meu dever cristão; Se eu puder levar a salvação para alguém; Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou...então, minha vida não terá sido em vão.
Creio que podemos resumir a sua mensagem desta forma: Se eu for usado para o louvor de sua glória, a minha vida não terá sido um passeio.
Para concluir, gostaria de desafiar você a cumprir a sua missão. Fazer diferença no meio desta geração refletindo a glória de Deus. Não estou te chamando para ser missionário, pastor, ministro ou qualquer outra coisa. Por que talvez você até já seja. O chamado é para você fazer diferença onde você estiver. Alguém que inspire confiança. Alguém que exala o bom perfume de Cristo. Alguém que consegue influenciar a sua geração. Que consegue pregar a Cristo mesmo sem palavras, apenas com atitude. Que revele ao mundo a glória de Deus através de sua vida.
Minha oração é para que você experimente um despertamento, a tal ponto que esta experiência mude completamente sua vida e te leve a ser uma poderosa testemunha de Jesus onde você for.



quinta-feira, 25 de junho de 2015

Como alcançar paz interior

O maior bem que o ser humano pode encontrar é a paz interior. Pessoas em todo o planeta procuram por isto por diferentes formas. Uns procuram na riqueza, outros no prazer, outros no poder. Há inclusive aqueles que acreditam que sem a guerra não existe paz. Então procuram através do conflito e enfrentamento o estabelecimento da paz.
O sentimento de paz é aquele sentimento de tranquilidade e harmonia plena interior, onde a agonia e o tormento da alma não fazem sentido. A pessoa se sente tão bem que quase é capaz de flutuar enquanto caminha. Dorme leve e acorda esplendoroso, com um leva sorriso ao lado da boca mesmo em meio às crises. Diferente de outros sentimentos, ele é profundo, não desaparece com pequenos infortúnios.
Muitas pessoas buscam este sentimento, mas não se dão conta de que realmente é a paz que estão buscando, por esta razão erram ao procurar. Há um ditado popular atribuído a Sêneca que diz que "para quem não sabe para onde vai, nenhum vento lhe será favorável". Por não saber o que procuram, acabam procurando em lugares que somente irão produzir um certo estupor. Será somente alguns momentos de entorpecimento produzido pelos neurotransmissores dopamina e noradrenalina responsáveis pela sensação de bem estar, ou por substâncias químicas ingeridas.
Há um perigo muito grande em procurar a paz em lugares onde não se pode achar. A talentosa cantora note americana Whitney Houston, uma das mais belas vozes do mundo e de todos os tempos,
morreu em uma tentativa desesperada de encontrar a paz. Ela buscou nas bebidas e nas drogas. Os poucos momentos de paz que ela sentia eram nos momentos de suas apresentações. Ela amava o que fazia e se realizava nos palcos. Mas aos poucos aquela alegria inicial foi passando e ela precisou de substâncias entorpecentes que a fizessem sentir-se alegre e realizada novamente. Mas quanto mais drogas ela experimentava, mas vazia ficava. E isto aconteceu até levá-la a óbito.
O ser humano busca realização pessoal, riqueza e prazer. Mas quando alcança a tudo o que estava buscando ele vê que não é suficiente, tudo aquilo não o completa. Bill Gates o famoso bilionário norte americano conseguiu conquistar tudo o que um ser humano é capaz de sonhar para esta vida. Mas depois de conseguir tudo o que sempre quis, voltou-se para a filantropia. Doou grande parte de sua fortuna para caridade. Por que fez isto? por que uma pessoa faz tudo para conseguir ficar rico e depois doa parte de sua riqueza? por que ele é bonzinho. Pode ser, mas penso que é por que ele procura por algo que ainda não encontrou. Ele procura por paz. E a caridade é uma boa pista de onde podemos encontrá-la.
Monges em todo o mundo, religiosos de todos os credos fazem orações, rezas e praticam mantras em busca de uma maior espiritualidade. Outros praticam a caridade e esmolas. Mas muitos não conseguem chegar perto da paz procurada. Por que a paz não tem a ver com a religião que se segue ou o tipo de ritualismo utilizado ou a forma cultica expressada. A paz não pode ser alcançada através de manifestações ou ações do exterior. A paz é algo que só pode ser encontrada no mais profundo da alma.
A caridade nos dá uma pista de como alcançar a paz por que ela tem a ver com o amor incondicional. Aquele amor que nos faz enxergar o outro, que nos faz ver o outro e amá-lo, mesmo sem que ele nos ame primeiro ou sequer retribua. Este amor só é possível através da mais profunda revelação divina. Não há condições do ser humano conseguir esta virtude sozinho. Somente Deus pode conceber este amor. E é exatamente neste amor divino que reside a verdadeira paz.
Jesus disse: "Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou" (Jo 14.27)
Jesus é a expressão da verdadeira paz. Podemos experimentar paz momentâneas de outras formas. Mas, a verdadeira e eterna paz, somente através dele. Outro tipos de paz pode se tornar um pesadelo quando acaba. Mas a paz real em Jesus não desaparece por que dura por toda a eternidade.
Jesus não é só um nome a ser repetido ou uma cruz para ser carregada, ele é o próprio Deus manifesto em carne. Ele é a expressão humana da glória de Deus. Embora não exista uma forma específica de encontrá-lo, há entretanto algumas direções que são antagônicas ao caminho. O caminho do ódio, da perversidade, da mentira e do egocentrismo por exemplo são lugares que levam o ser humano para longe de Deus.
Outra forma de se distanciar de Deus é o caminho da idolatria. Você gostaria de estar casado com alguém que te trai? não? nem Deus. Nosso relacionamento com Deus precisa ser único. Somente através de uma ligação verdadeira com Deus é possível experimentar esta paz. A idolatria é uma forma de dizer para o outro que eu não estou satisfeito com ele, ele não me satisfaz, ele não é suficiente. Por isto o principal mandamento bíblico é: "Não terás outros deuses diante de mim". Deus é único e precisa ser recebido como único.
O profeta Jeremias nos dá outra pista de como encontrar a paz que reside em Deus: "Vocês me buscarão e me encontrarão, quando me buscarem com todo o seu coração". (Jr 29.13).
Nem religião, nem qualquer outra coisa que fizermos é capaz de suprir esta paz que somente há no encontro com Deus. A religião pode até nos ajudar, se ela apontar para Deus. Mas a grande maioria das religiões só querem prender as pessoas em seus ritos e dogmas. A religião tem a chave para a paz, mas ela não pode transmitir a paz.
Somente quando o ser humano descobre verdadeiramente a Deus é que ele pode experimentar a verdadeira paz. Por que Deus é plenitude em amor e quando o experimentamos, nos enchemos de sua essência. Nossos atos de contemplação em oração nos levam ao mais profundo estado de gozo que um ser humano pode experienciar. Nesta experimentação somos agraciados com a sua gloriosa e perfeita paz.


quinta-feira, 26 de março de 2015

Fundamentalismo x Liberalismo - Briga entre irmãos

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos". (Lucas 15:11)
Gostaria de iniciar este texto com a afirmação de que não sou LIBERAL e muito menos FUNDAMENTALISTA. Penso que ambos estão completamente fora dos propósitos divinos. Como frequentemente sou abordado sobre o assunto, penso que deveria compartilhar um pouco de minha linha teológica utilizando um texto que gosto muito e que expõe de maneira clara o que Jesus pensava a respeito do assunto.
O texto de Lucas 15 a partir do verso 11, é conhecido como A Parábola do Filho Pródigo. Entretanto Jesus começa sua fala dizendo que haviam dois filhos, logo são duas estórias, dois posicionamentos e duas abordagens.  Se olharmos esta parábola apenas pela ótica do irmão mais novo acharemos que Jesus estava pregando apenas para os pecadores, mas se partirmos do princípio de que haviam dois irmãos na parábola, então veremos que Jesus também tinha a intenção de atingir ao grupo de escribas e fariseus que também estavam ouvindo sua mensagem. Isto nos coloca diante do antagonismo entre o irmão mais velho e o mais novo; entre o moralismo e a libertinagem; entre o fundamentalismo e o liberalismo.
Os versos 1 e 2 mostram claramente que haviam dois grupos para quem Jesus estava pregando. Os pecadores e os religiosos. "E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles". (Lucas 15:1-2).Os religiosos aparecem murmurando por que Jesus estava comendo com os publicanos e pecadores. Na visão deles, se Jesus era um rabino não deveria se misturar com aquele tipo de gente. Jesus então conta a parábola onde o irmão mais novo é apresentado como um libertino que gastou toda a fortuna do pai. Fica claro que o seu posicionamento estava errado. Mas ele se arrepende e volta para a casa do pai e o pai o aceita. O irmão mais velho é um filho dedicado à casa, mas ao ouvir que havia uma festa para seu irmão mais novo fica frustrado e não aceita de forma alguma a decisão do Pai. Jesus ensina com a parábola que tanto o posicionamento do irmão libertino quanto o do irmão moralista estão errados. O libertino precisava converter-se e deixar a libertinagem e o moralista deveria da mesma maneira converter-se e abandonar o legalismo moralista. O irmão mais velho deveria ter compaixão de seu irmão mais novo e recebê-lo juntamente com o seu pai. Escribas e fariseus  deveriam aceitar os publicanos e pecadores e ajudá-los a voltar para a casa do Pai. Mas eles os rejeitam e esta a acusação de Jesus para eles na parábola.
Fundamentalismo e liberalismo são dois posicionamentos antagônicos, porém oriundos da mesma raiz, o pensamento cristão. Dois filhos com pensamentos diferentes, mas gerados pelo mesmo pai, o cristianismo. Duas formas teológicas de abordagem do mesmo assunto, porém com posicionamentos distintos.
Tenho tentado me achar no meio destas duas abordagens antagônicas. Assistindo a um programa onde  Leonardo Boff estava sendo entrevistado, me veio um direcionamento. Foi perguntado a ele sobre política e ele fez uma leitura sensacional sobre o PT. Segundo ele, o PT dialogou muito bem com as categorias de base, conversou com os pobres. Fez uma boa política de base. Entretanto umas vinte ou trinta pessoas que ocupam altos cargos deveriam ser expulsas do partido por que seu procedimento não condiz com a ideologia partidária. Disse isto e complementou - não sou petista, não tenho partido político, sou um intelectual e penso que todo intelectual deve estar livre para poder se pronunciar sobre tudo.
A partir do pronunciamento de Boff me veio a pergunta: por que tenho que ser fundamentalista ou liberal? As pessoas ao nosso redor querem a todo custo nos rotular de alguma coisa: tradicional, pentecostal, fundamentalista, liberal, neo-liberal... Mas, como pensador de teologia preciso ser livre para ler, pesquisar e analisar todo material sério produzido. O interesse da pesquisa é buscar o conhecimento, tentando ao máximo se manter isento de uma posição partidária.
Claro que não se pode ficar em cima do muro a respeito de questões fundamentais, é preciso um posicionamento a respeito dos temas importantes da existência e da religião. Mas, quem disse que há de se concordar com tudo que há no sistema onde você encontrou uma das respostas para uma das suas questões. Por que preciso escolher um único sistema teológico e achar que ele está completamente correto? Ao se divinizar um sistema teológico corre-se o risco de idolatria ou fanatismo.
A parte que me toca do fundamentalismo e que não abro mão e que é a minha base, meu alicerce, meu fundamento, meu princípio inegociável é que a salvação vem exclusivamente por intermédio de Jesus, o filho de Deus, e que a Bíblia é Revelação de Deus para que o homem venha a conhecer esta tão grande salvação. A parte liberal que aceito é a vivência do Ágape, o olhar para o outro como pessoa e não como coisa, e o desapego supremo das estruturas religiosas como se elas fossem Deus. A liberdade de pesquisa e a crítica do pensamento teológico histórico também é uma grande contribuição liberal. 
Ed Rene Kivitz em seu sermão 'Qual é a vantagem', pregado ho Haggai 2014, pergunta (parafresando): "a qual tradição cristã você diz que segue, quando afirma que segue a sã doutrina? O apóstolo Paulo quando escreveu suas cartas desconhecia completamente toda e qualquer doutrina que foi formulada após ele". Creio que esta frase do Ed é para se pensar e refletir bastante. A bíblia é para mim a única regra de fé e prática ou são as doutrinas que foram formuladas a partir de uma interpretação? Haveria hoje um sistema teológico ou doutrinário, a prova de falhas, que seria a expressão fiel do que Jesus ensinou? Se concordarmos com isto, então estaremos repetindo a infalibilidade papal. 
Quando olho para o fundamentalismo teológico, vejo uma preocupação enorme em se manter a sã doutrina, a instituição e seus dogmas. Entretanto, a que custo? cria-se um dogma em determinado momento histórico, baseado nas crenças e verdades da cultura e época, e depois se diviniza este dogma e ele se torna imutável. Um complemento da Bíblia. Uma interpretação fiel ao texto sagrado. O problema é que com o tempo surgem novas descobertas, novas pesquisas, novas informações que o derrubam e ele se torna insustentável. Para que não haja discussões e fechar o assunto sobre ele é preciso colocá-lo como mistério indiscutível que deve ser somente aceito sem restrições. Portanto, um dogma.
Na parábola contada por Jesus percebe-se que era muito mais fácil o irmão mais novo ceder e ir até o irmão mais velho, do que o irmão mais velho aceitar qualquer coisa advinda do irmão mais novo. É muito mais fácil um liberal abrir para dialogar com um fundamentalista do que o inverso. Por que o segundo está fechado para qualquer possibilidade de diálogo. Óbvio que isto não faz do liberalismo a melhor forma de se fazer teologia, mas a abertura do diálogo mostra que talvez ele possa vir a converter-se, como acontece com o irmão mais novo. Por que a "fé vem pelo ouvir" (Rm 10.17). Portanto se os ouvidos estiverem fechados e a boca aberta, não se poderá ouvir nada. 
Como poderia os dois irmãos dialogar se ambos são completamente antagônicos entre sí? Será que são? Não é verdade. Tanto um quanto o outro queriam a casa do Pai. Então temos um ponto em comum. A forma que queriam é que era o problema. Um queria fazer da forma libertina, achando que poderia fazer de tudo e que tudo era permitido. A busca pelo prazer, o hedonismo, a completa ausência de senso de moral seria para ele algo normal. Entretanto, sua estória mostra que este caminho leva a destruição pessoal e não à realização. O outro queria a casa do pai, mas se recusava a aceitar a vontade do pai em aceitar o seu irmão. Achou inadmissível que o pai fizesse uma festa para aquele filho ingrato. Não quis entrar na casa e participar da festa. Não se prontificou a ajudar e aceitar ao seu irmão. Mas o fato é que ambos eram filhos e tinham direito na herança. O pai não recusa nem o filho libertino nem o moralista, mas chama os dois a um reposicionamento.
Os escribas e fariseus tinham uma grande preocupação com a instituição religiosa. O Fundamentalismo erra pensando na proteção da instituição. No fundamentalismo a preocupação última é a instituição e seus dogmas. A preocupação com as pessoas vem em segundo ou terceiro plano, quando há. E quando isto acontece, a preocupação é sempre trazer a pessoa para dentro do seu círculo dogmático, a preocupação é sempre proselitista voltada para a instituição, nunca para o ser humano. A ideia é sempre de missão. De realizar uma tarefa. Salvar almas, sem preocupar-se com o ser humano. Quase não há a preocupação real com gente. A evidência do ágape é rara. A alteridade não se vê, a não ser entre os pares. Por isto suas atitudes são sempre radicais e cruéis com aquele a quem é considerado como oponente. Contra quem não está dentro do círculo dogmático. Por isto a ala radical do Islamismo mata. Obvio que a preocupação com a instituição deve haver sempre para que ela não morra ou seja desmontada, entretanto, deve ser moderada e há de se pesar sempre a que custo. 
Os pecadores e publicanos não se preocupavam em nada com a instituição. O pensamento liberal é que a igreja é retrograda e ultrapassada. Desta forma o liberalismo erra ao se desfazer da instituição, mas o faz tendo como preocupação última o ser humano. Isto ficou bem evidenciado na Teologia da Libertação que demonstrou uma forte preocupação com a assistência e aceitação do outro. Entretanto sua banalização da Bíblia acabou conduzindo a uma certa libertinagem existencial e relaxamento moral. No liberalismo a preocupação com o indivíduo precede à instituição. A instituição só existe para atender ao indivíduo.
Alguém pensou que se conseguíssemos colocar os dois irmãos para conversarem e tentar achar o melhor que os dois tem, talvez o posicionamento de um seria a chave para complementar o outro. Tentativas assim foram feitas, mas, daí nasceu o terceiro filho o neo-liberalismo. Um dos maiores pensadores nesta linha talvez tenha sido Karl Barth. Que na verdade criou outra coisa, e não apenas a conversa entre os dois filhos, é mais um irmão que foi rejeitado pelos outros dois anteriores a ele.
Pr. Sergio Rosa.
(TEXTO EM CONSTRUÇÃO - DEIXE SUA CONTRIBUIÇÃO E CRÍTICA)



sexta-feira, 20 de março de 2015

"The walking dead!" Uma abordagem sobre a heteronomia espiritual na atualidade

"Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados". (Colossenses 1:13-14).

Virou moda lançar filmes sobre os mortos vivos. Eu mesmo já me peguei assistindo a dois ou três desta categoria, se assim podemos chamar. Antes este tipo de filme era classificado como terror ou espanto, mas parece que está se tornado uma categoria própria de tão massificado que está no cinema. Tanto é verdade que já existem vários comerciais de TV se utilizando deste 'potencial'. Em um dos filmes que assisti o zumbi era um rapaz que se apaixona por uma moça viva. Eles se enamoram e no final a força do amor faz com que o rapaz volte novamente à vida. Foi a primeira vez que vi um filme de mortos vivos onde um zumbi volta a viver.
Volta e meia temos nossos momentos de 'good-time', onde vem às nossas mentes lembranças de bons dias do passado. Lembrei-me da minha infância. Vivíamos em seis, meus pais e quatro filhos. Sendo eu o único filho homem no meio de três meninas, duas irmãs mais velhas e uma mais nova. Era uma farra, brincávamos e brigávamos como acontece na maioria das famílias. Mas, minha mãe, 'sargentona ditadora', vinha e acabava com toda a festa, e não podíamos nem retrucar. Ás vezes, como era de costume, soltávamos o famoso: "Ah mãe!" era o suficiente para tomar uma chinelada daquelas e 'fechar o bico'.
A heteronomia não é algo fácil de definir, devido às inúmeras discussões filosóficas sobre o assunto. Quero ficar aqui com o pensamento de Kant e Paulo Freire. É estar sujeito a normação ou regulação do outro. É achar-se sujeito à leis, sem o direito de uma decisão autônoma. Segundo Freire crianças na idade estudantil estão sujeitas às regras da instituição sem o poder da contestação. Portanto, educadores de infantes devem estar bastante atentos à difícil passagem da  heteronomia para a autonomia.
A criação que recebi por parte dos meus pais foi assim, bastante heteronoma durante a infância e adolescência. Mas lembro que minha mãe foi aos poucos me estimulando a desenvolver a autonomia através de pequenas coisas do tipo, comprar minhas próprias roupas, buscar meus próprios cursos, escolher a carreira... Pena que ela morreu antes de concluir os ensinos, apesar de que sua pouca instrução a desprovia de conhecimento o suficiente para me mostrar o horizonte da autonomia em um nível mais elevado. De qualquer forma, vínhamos de uma ditadura militar onde a filosofia havia sido caçada e o pensar vigiado. Éramos ensinados a obedecer sem questionar, seja nas leis domésticas, escolares ou do estado.
Voltando aos filmes dos zumbis, uma característica geral é que todos os mortos vivos querem a qualquer custo comer  carne humana. Eles não fazem outra coisa a não ser correr atrás dos vivos para comê-los. Eles querem apenas saciar a sua fome. Outra característica é que após se transformarem em zumbis eles perdem sua capacidade cognitiva. Já não raciocinam, são apenas guiados por uma necessidade que podemos classificar como heterônoma, se pensarmos que já não existe por parte deles uma autonomia que lhes permitam decidir. Neste caso a força da necessidade seria o heteros. Aquele quem governa suas decisões.
Quando penso no cristianismo atual sou tentado fazer uma analogia entre o the walking dead e os cristãos pós-modernos. O apóstolo Paulo afirma "Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados". (Colossenses 1:13-14).
Cristo nos resgatou da escuridão e nos trouxe para a sua luz, antes portanto nós éramos escravos de satanás, vivendo debaixo da heteronomia deste mundo, sobre a regulação do príncipe das trevas. Viver o evangelho é estar em liberdade plena como seres autônomos, tendo liberdade dada por Cristo para tomada de decisões. Desta forma  a nossa autonomia se transforma em teonomia. Entretanto, se ainda vivemos como escravos do prazer, buscando incansavelmente saciar uma necessidade hedonista, cada vez mais latente em nossa sociedade, concluí-se que ou há algum problema com o evangelho ou com a nossa forma de viver o evangelho.
C.S. Lewis falando a respeito da sexualidade em seu livro Cristianismo Puro e Simples, compara o apetite sexual com pecado de glutonaria. O indivíduo já está saciado, já comeu tudo o que caberia em seu estômago, mas, ele quer a todo custo comer mais. Assim, ele faz coisas absurdas que uma pessoa comum não faria. Coisas que só de falar embrulha nosso estomago. Desta forma se comporta aquele que é conduzido tão somente por suas paixões. A busca pelo prazer sexual se torna heteronoma em sua vida. O indivíduo perde a razão e faz coisas absurdas em busca do prazer. Não há limite para saciar sua apetite sexual.
O sexo foi só um exemplo. Não estou simplificando o pecado pós-moderno e nem mesmo colocando o sexo como a primazia dos pecados, por que não é. O pior pecado deste século continua sendo o hedonismo. Há um egocentrismo narcisista exarcebado, que chega às raias de uma heteronomia, como acontece com os mortos vivos dos filmes. Sobretudo com os mais jovens que perdem o domínio de suas atitudes em função de uma necessidade de saciar sua compulsão de ser feliz a qualquer custo.
A religião cristã, aquela que deveria ensinar o indivíduo a viver a sua liberdade em Cristo, aquela que deveria conduzir portando-se como um aio, levando da heteronomia para uma teonomia espiritual, não o faz. O cristianismo atual escraviza outra vez o indivíduo privando-o de toda a capacidade crítica profética. Jesus disse: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós". (Mateus 23:15). Eu imagino Jesus levantando-se no meio de uma convenção de qualquer denominação Cristã e proferindo estas palavras. Com certeza ele seria expulso. 
Viver na teonomia é caminhar sobre os princípios de Deus na prática da fé e do amor (ágape). É andar em conformidade com a Presença Espiritual (Paul Tillich). Teonomia não pode ser confundida com viver sob o jugo de uma religião manipuladora ou de um moralismo escravizador.  Nem mesmo uma observação literal cega às leis vetero-testamentária sem uma reflexão plausível. É um viver sob a Palavra de Deus. É viver em intimidade com Deus. A religião só será verdadeiramente espiritual se tiver a capacidade de levar o indivíduo à libertação da heteronomia do pecado, ensinando-o a viver uma liberdade em Cristo.
Desta forma concluo que uma religiosidade onde as pessoas são 'alcançadas' com finalidade de serem controladas, usadas, exploradas e manipuladas para um fim que não seja tão somente o pleno conhecimento de Deus, fracassou em sua missão de ser igreja de Jesus. Sua consequência será gerar pessoas que se concentram cada vez mais em si mesmas e em como saciar e preencher sua necessidade existencial.

Pr. Sergio Rosa.