Ouvi uma mensagem do Pr. Ed Rene
Kivitz onde ele diz que o evangelho começa em Genesis 1, na concepção do mundo
e das criaturas, e não em Genesis 3, na origem do pecado. Parei um pouco para
analisar a sua mensagem e comecei a perceber como a religião pode ao mesmo
tempo nos apresentar a Deus e nos oprimir diante dele. Jesus parece ter tido
esta percepção quando interpela aos religiosos de sua época em Mt 23.15.
Kivitiz salienta em sua mensagem que "em nossa concepção, parece que o
evangelho tornou-se um 'deixar de fazer coisas', isto faz com que a religião
torne-se um código de moral e conduta e não um lugar onde as pessoas possam
encontrar a Deus. Olhando por este prisma consigo entender por que tantas vezes
ouvi muitas pessoas me dizerem: "vou para a Igreja quando eu for mais
velho, por que quero aproveitar um pouco mais minha vida."
Foi Tomaz de Aquino quem fez a
separação entre natureza e graça, desde então começa-se a dizer o que é de Deus
e o que é do mundo. A coisa evoluiu tanto que chamamos as coisas que fazemos na
igreja de coisa de Deus, e o que fazemos fora coisas do mundo. Interessante
isto, por que parece que Deus não fez esta separação, para ele existe o que é
santo e o que é profano e ambas as coisas podem estar no mesmo ambiente. Uma
pessoa pode estar dentro de um ambiente de culto com um coração perverso e
mesquinho, enquanto outra pessoa pode esta
r em seu local de trabalho louvando a
Deus. Ai está o grande perigo de querer separa o que é secular e o que não é.
Se lermos Isaias, vamos perceber
que a maior preocupação de Deus está em que as pessoas sejam honestas, cuidem
dos pobres, cuidem de suas famílias e façam o bem. Onde é para se fazer estas
coisas? no "mundo" ou na "igreja? Portanto, o evangelho não é um
arrazoado de coisas que podem ou não podem serem feitas, o evangelho é a boa
noticia de que Deus nos criou a sua imagem e semelhança, e agora nos dá o
privilégio, através do Cristo, de nos reconciliarmos com ele e viver uma vida
plena em graça. O nosso desafio portanto é ter a essência de Deus em todo o
nosso viver, e não apenas em poucos minutos que passamos no templo.
Ouvi outro dia uma frase muito
interessante: "Religião é o homem buscando a Deus, e evangelho é Deus
buscando o homem". Gostaria de salientar pelo menos dois grandes perigos
desta definição:
1. Ver a si próprio como alguém
que foi alcançado pelo evangelho, logo, achado por Deus. Pronto, caímos na
discussão da predestinação e pior, teremos que concordar com as pessoas quando
dizem: "ainda não fui tocada por Deus". Isaias testemunha contra isto
afirmando "buscar-me-eis e me achareis...". Jesus disse: "Vinde
a mim, todos os que estais cansados...". Se Deus está buscando, está
fazendo isto para apresentar ao homem o caminho, compete a este homem aceitá-lo
ou rejeitá-lo.
2. Sentir-se seguro por não ser apenas
um religioso. Chamo aqui para a reflexão sobre o que é religião? Em uma
definição generalista seria um grupo de pessoas, que se cercam em irmandade, em
volta de uma divindade, seguindo suas regras próprias e doutrinas em geral
cultuando em um templo. Me pergunto, onde é que as pessoas que se dizem não
religiosas se desenquadram deste perfil? Para ser um não religioso, teria que
ser quebrado os paradigmas da religião, então teria que caminhar para o
ateísmo, que é a tentativa de separar-se totalmente da religião, muito embora
eu creia que esta também seja uma forma de religião, onde a divindade é o
próprio homem.
Volto novamente a Isaias, um
profeta do Antigo testamento preocupado com as questões que envolve o homem
integralmente: os problemas religiosos eclesiásticos e religiosos sociais. As
pessoas de sua época estavam dando ênfase a outros deuses, uma hora
esquecendo-se de Javé, e outra hora colocando-o como um deus como os outros,
além disto, a exploração dos pobres e o esquecimento das viúvas e órfãos era
outro grande problema. Somando-se a isto havia grande declínio de ordem moral.
Era a falência tanto religiosa como social.
Voltando a questão da reflexão
apresentada acima, é preciso deixar bem claro que não é uma frase pronta que
irá modificar a decadência do evangelho nos dias atuais, será preciso muito
mais do que isto. Assim
como não adianta nossa presidenta ir para os meios de
comunicação e declarar que teremos a melhor copa de todos os tempos. Poderá não
ser a pior em termos de organização, mas, com certeza será medíocre, como todas
as grandes coisas que se faz neste país, será cheia de corrupção e
enriquecimento ilícito, desvios e mais desvios de verbas públicas, favorecimentos,
e, pelo rumo das manifestações, muita repressão por parte da polícia.
O empobrecimento da religião fez
com que a nação de Israel sucumbisse moral e socialmente, eles conseguiram
encobrir a Iavé e sufocar o 'rugido do leão' declarado por Amós. Como nação
brasileira estamos fazendo o mesmo, na mesma medida em que cresce o número de
religiosos cristãos evangélicos, que se apresentavam como "A
SOLUÇÃO", cresce também o declínio religioso. As pessoas estão se tornando
religiosas, mas, não estão encontrando Deus, e por isto não há transformação
pessoal, não havendo esta transformação, todo o ranço de uma vida em declínio é
levada para dentro da igreja. E como disse Jesus: "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem
terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas
vezes mais filho do inferno do que vocês". (Mateus 23:15).
Precisamos urgente de um
avivamento, uma ação sobrenatural do Espírito Santo, que convença de fato o
homem de seu estado de miserabilidade espiritual, e os leve para um lugar de
santidade, onde a moral seja apenas um detalhe natural, um fruto do Espírito
Santo, como Paulo nos ensina. Precisamos urgente que o Espírito de Cristo nos
torne novamente homens semelhantes a Deus, homens que amam ao seu semelhante:
"A Deus sobre todas as coisas e ao
seu próximo".
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