Romanos 16.1-16
A Igreja que estava nascendo surge
na contra mão de uma sociedade altamente machista, que desconsiderava a figura
feminina como capacitada para participar das atividades de liderança tanto religiosa
quanto política. Na religião judaica, que foi o útero da religião cristã, não
havia muito espaço para atividades de mulheres como lideres. O
sacerdócio em geral, ou seja, qualquer atividade de liderança religiosa judaica
era realizada exclusivamente por homens. Mulheres não podiam, de forma alguma,
ajudar no ofício levítico sacerdotal.
Jesus faz uma releitura da Lei
Jesus, em seus ensinos, faz uma
releitura da lei e dos costumes judaicos, dando a eles uma nova interpretação, mais leve e menos legalista.
Esta reinterpretação não caberia na religião antiga, uma vez que teria que ser
descontruído diversos costumes fundamentais para dar início a um novo ensino. Jesus
afirmou:
“Então lhes contou
esta parábola: "Ninguém tira remendo de roupa nova e o costura em roupa
velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não se
ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o
fizer, o vinho novo rebentará as vasilhas, se derramará, e as vasilhas se
estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em vasilhas de couro
novas” (Lucas 5:36-39).
Jesus, quando questionado a respeito
do por que os seus discípulos não jejuavam, estendeu a resposta para todos os costumes
judaicos. A sua resposta foi que os seus ensinos não caberiam na forma
religiosa que eles desenvolveram. Ele estava oferecendo um vinho novo, que
deveria ser colocado em odres novos. Um novo ensino, para um novo tempo, para
novas pessoas. Provavelmente os seus ouvintes não compreenderam a resposta e
muitos não compreendem a até os dias de hoje.
Os ensinos de Jesus incluía as mulheres
Quando chegamos na Epístola de Paulo a Romanos, no capítulo 16, podemos perceber a diversidade de mulheres que se tornaram líderes na nova religião, que aos poucos foi sendo conhecida como cristã. Era o nascimento da igreja, início de novos tempos, de uma nova doutrina, baseada nos ensinamentos de Jesus. O mestre galileu apresentou uma nova perspectiva de adoração, bastante diferente da liturgia judaica, descentralizada do Templo de Jerusalém: "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores" (João 4.23). Neste novo formato religioso as mulheres estavam incluídas, podendo inclusive liderar.
As mulheres destacadas por Paulo
A primeira destas mulheres apresentada por Paulo é Febe. Ela era diaconisa na igreja de Cencreia. O termo utilizado para definir “servindo” ou “serva”, é o mesmo que define o diácono. Paulo afirma que ela havia sido protetora, em outras versões diz que ela hospedara a muitos, ajudado a muitos, tem sido de grande ajuda a muitos, tem sido de grande auxílio. Febe era uma ajudadora no sentido latu sensu. Ela servia a toda a igreja (pessoas) da melhor forma que podia.
A segunda mulher mencionada é Priscila.
Não se sabe porque razão, mas, o nome dela aparece antes do seu marido, Áquila,
o que não era nada comum e muito menos usual. Em uma sociedade e religiosidade
completamente liderada por homens. Este casal foi companheiro leal de Paulo, chegando
a arriscarem a sua vida a favor do apóstolo. O que mostra a imensa participação
de Priscila na obra missionária. Uma mulher capaz de correr risco de vida pelo apóstolo.
As mulheres que se seguem são: Maria,
Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia e a irmã de Nereu, que foram apresentadas como
trabalhadoras; Junias, que era uma apóstola. Nesse caso específico, há uma
discussão se o nome é masculino ou feminino. Se for feminino, como grande parte
dos estudiosos afirmam, então havia pelo menos uma mulher no NT que se tornou
apóstola. Este fato não seria tão relevante para a época, considerando que
muitas mulheres já trabalhavam na liderança da novel religião. Se tornou
relevante quando a igreja começou a ser estatizada e sugiram cargos oficiais,
voltando assim ao antigo formato judaico do sacerdócio levítico.
Pr. Sergio Rosa
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