Esta é uma visão macro da igreja,
se, entretanto, olharmos com uma lupa, veremos que no mesmo período que ela estava
sendo perseguida, enfrentava lutas internas contra heresias, divisões e
perseguições entre os próprios cristãos. Exemplo disto foram as inúmeras
doutrinas estranhas que surgiram em sua origem. Como exemplo podemos citar o
gnosticismo, grupo de pessoas que afirmavam ter um conhecimento especial. Eles
desenvolveram a doutrina docetista, que afirmava que Jesus era um espírito, não
tinha vinda em carne e osso. Esse foi um momento de grande divisão na igreja e
também de batalhas internas contra heresias.
Quando olhamos para a igreja no
presente e todos os seus paradoxos, somos tentados a pensar que um dia foi
diferente, em algum tempo ou algum lugar, porém, nunca foi. Nem mesmo a igreja
neotestamentária ficou livre dos enfrentamentos. O que me deixa impressionado é
pensar em como a igreja sobreviveu ao longo dos séculos com todas as suas
incongruências. Fico pasmo em saber que foi esta igreja cheia de defeitos e
problemas, que conseguiu guardar incólume a mensagem de salvação até os tempos
presentes.
Aqueles que querem achar a
perfeição na igreja se iludem completamente. Nunca foi pretensão de Deus fazer
uma igreja perfeita, se o fosse, não poderia nos utilizar para esta tarefa, por
que somos criaturas horríveis, somos imperfeitos, somos pecadores. Um dos
grandes paradoxos é entender que aquele que se justifica nesta imperfeição para
fazer o mal, se constitui em um agente de satanás. E, aí nos deparamos com um
grande problema, como podemos construir algo saudável quando nós mesmos somos
doentes? Como sermos responsabilizados pelas falhas da igreja, quando não somos
perfeitos? Talvez este seja o paradoxo principal.
Se pensarmos na igreja somente a
partir dos indivíduos que a formam e a formatam, sem a presença do Espírito, teremos
a construção de algo maligno; uma torre de babel; no mínimo, um império humano.
Por isto, a igreja jamais pode separar-se de seu elemento fundamental, Jesus. É
através de sua presença no meio da igreja que ela consegue existir e prevalecer
em meio a tudo. É a presença do Espírito do Cristo no meio da igreja que a
santifica e a faz cumprir a sua missão, apesar de toda a sua vacilação e
tendência para o mal. Não é apenas o nome de Jesus na boca das pessoas, mas, a
transformação genuína que ele provoca no coração de quem se permite, é que faz
a diferença.
Como Deus não atua em templos
feitos por mão humanas, ele se utiliza de pessoas que têm um coração aberto
para ser utilizado por ele. Apesar de quê, ele utiliza tanto o mal quanto o
bom, para cumprir os seus mistérios. Porém, aquele que se deixa usar por Deus
experimenta a sua presença, e tem experiências profundas com o eterno. Enquanto
o que se entrega a malícia e ao mal, pode até alcançar glórias e tesouros desta
terra, mas, jamais experimentará a glória celeste.
Pr Sergio Rosa