Profetismo no Antigo Israel – Vocação de Jeremias

Jeremias 1.4-10

Através de Jeremias, podemos entender um pouco sobre o Profetismo no Antigo Israel. Precisamos fugir um pouco da visão romântica a respeito do profeta. A vida do profeta era bastante conflituosa com o governo. Os reis sempre esperavam que os profetas profetizassem coisas boas para eles. Nada mudou até hoje, o desejo é o mesmo. Mas, os profetas de Javé, diziam somente aquilo que Deus mandava, e isto os colocava em risco até de vida.

Haviam pelo menos duas categorias deste oficio, os chamados profetas da corte, aqueles que faziam parte da elite religiosa; havia também os chamados profetas marginais, que não fazia parte desta elite. Amós é um exemplo de profeta marginal, ele diz: “Eu não sou profeta e nem filho de profeta” (Amos 7.14-15). Ou seja, ele não era da escola e linhagem profética.

Isaias, que vimos semana passada e Jeremias, eram profetas da corte. Ele profetizou em Jerusalém cerca de 40 anos antes do cativeiro. Ele iniciou o seu ministério do dia da morte do rei Uzias; esteve presente reinado do rei Josias, que reinou 31 anos, a partir do seu décimo terceiro ano de reinado; Jeoaquim, que reinou 11 anos; e Zedequias, que reinou 11 anos.

Em Jeremias 38.17-18 há o alerta a Judá de que aconteceria o cativeiro e que eles precisariam se render e se entregar para o rei da Babilônia, porque este era o plano de Deus para a salvação do povo. O castigo estava vindo do Senhor, e também o escape. Porém, os governantes não ouviram a Jeremias, e achou que ele estava errado, por isto o prenderam.

Para se ter uma ideia do que era isto, é basicamente dizer que a China ou Cuba entrou em guerra conosco e teríamos que nos render pra eles. Imagina bolsonaristas ouvindo um negócio deste. A ira que ficariam. Foi este o sentimento do povo em relação a Jeremias. Eles odiaram cada palavra. Alguns sacerdotes, como Pasur, chegou a agredi-lo até mesmo fisicamente: Jr. 20.1-2. Tamanha era a raiva que o povo ficou do profeta.

O ministério de Jeremias não foi nada fácil, ele teve que pregar para um povo que não queria ouvi-lo, e não queria mudança. Queriam apenas que Deus os livrasse, os abençoa-se, mas, não queriam seguir as suas orientações.

A partir desta introdução, vamos compreender melhor o chamado de Jeremias:

1. A Palavra que veio a Jeremias (1.4)

“A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo”

Esta expressão nos é muito estranha. Nós não falamos assim. Em geral dizemos que ouvimos algo. Nunca dizemos que veio a nós uma palavra. É como se o oráculo de Deus viesse e encaixasse na mente ou na alma de Jeremias. Foi muito mais do que uma simples palavra ouvida, essa palavra impregnou o ser de Jeremias.

2. A Revelação de sua predestinação (1.5)

“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”.

Há uma invasão de Deus na intimidade da existência do profeta. Deus o escolheu antes mesmo de seu nascimento. O fato de Jeremias ter sido escolhido, não quer dizer nós somos escolhidos para a salvação. Nós somos escolhidos para uma missão. Algumas pessoas são escolhidas por Deus para tarefas bastante específicas. Neste caso, não há como falar não para Deus.

3. A sua objeção ao seu chamado (1.6)

“Então, lhe disse eu: ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança”.

O profeta se vê incapaz de cumprir o seu chamado devido a sua idade. Jeremias era ainda um menino, quando de seu chamado. Ele vê nisto um problema, devido a sua falta de autoridade social.

Durante praticamente todo o ministério de Jeremias ele irá reclamar muito com Deus sobre a sua missão, e se fosse possível, ele gostaria de ser liberado dela. Mas, não pode. O que nos leva a pensar que o chamado de Deus é inegociável.

4. A ordem para ir (1.7)

“Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás”.

O Senhor não dá nenhuma importância à preocupação de Jeremias. Deus lhe daria autoridade para que ele cumprisse a missão.

5. A promessa de livramento (1.8)

“Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor”.

A missão seria muito difícil. Jeremias iria correr risco de vida. Porém, o Senhor diz para ele não temer, porque ele estaria seguro para cumprir a missão.

6. A grandeza de sua missão (1.9-10)

“Depois, estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e o Senhor me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras. Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares”.

A missão de Jeremias seria revolucionária. Não se tratava simplesmente de chamar o povo a um arrependimento. Deus estava irado com a nação e iria destruí-la, para depois de setenta anos, reconstruí-la.

Como cumprir uma missão desta? Onde a única saída seria se entregar para o seu principal inimigo?

Conclusão

Através de Jeremias podemos compreender claramente a importância do profetismo e como ele acontecia. Como era complicada a vida de um profeta autêntico que fazia a vontade do Senhor.

O que podemos tirar de lição é que por mais difícil que seja a missão que o Senhor estabeleceu para nós, Ele estará conosco e dará a provisão, a proteção, e tudo o que for necessário para o seu cumprimento. Cabe a nós, apenas obedecer ao chamamento do Senhor.