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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ostracismo Batista - Paramos de avançar

"Portanto ide e fazei discípulo em todas as nações" (Mateus 28.19-20)
A Igreja Batista sempre foi conhecida pela seriedade com o estudo da Bíblia e por missões. No entanto, sem pegar em relatórios, apenas fazendo uma simples observação do panorama geral, percebe-se que paramos de avançar. Se fizermos um levantamento e compararmos como era o avanço da implantação de igrejas em décadas atrás e como é hoje perceberemos que a situação é grave.
Não sou velho, tenho apenas 47 anos, todos vividos dentro desta denominação. Lembro-me de ver diversas congregações crescendo até se transformarem em igrejas. Hoje, parece que há um ostracismo e/ou comodismo que está apagando o ardor por esta forma de realizar missões. Temos nos contentado em apenas contribuir financeiramente com a Junta de Missões, os que ainda o fazem. Entretanto, a Junta é uma só, enquanto igrejas temos milhares. Portanto, o trabalho de implantação de igrejas jamais pode ser relegado a uma única e pequena instituição, é um trabalho da igreja local. A não ser, em casos específicos devido a pormenores onde a presença da Junta se faz necessária. Por outro lado, seria bem interessante se a Junta pudesse coordenar este trabalho em parceria com as igrejas, provendo-as de informação, conhecimento técnico, resultados de pesquisas e outros. Sabemos que isto já acontece, embora não seja muito constante. Há um distanciamento enorme entre Igreja e Junta, que só diminui nas épocas das campanhas. Isto nas igrejas que ainda fazem contribuem com seriedade.
Por outro lado, os seminários não param de gerar bachareis em teologia e a Ordem (ainda que seja a Igreja que solicite) não para de consagrá-los. Resultado deste desencontro é que atualmente temos uma gama imensa de pastores sem igreja, sobretudo nos locais onde há seminários. Homens, e agora também mulheres, vocacionados, que atenderam ao chamado, se prepararam e não tem para onde ir prestar o serviço clerical. E, por outro lado, devido a falta de uma boa comunicação e um trabalho sério de recolocação e/ou investimento, faltam pastores em  algumas regiões.

O que me impressiona é que parece que não estamos prestando muita atenção nisto. As igrejas continuam fazendo apelos para despertar novos vocacionados, e as pessoas continuam atendendo ao chamado e indo para os seminários prepararem-se, mas quando estão prontos há uma enorme decepção com o que vem depois. Nada! Não há um plano denominacional para aproveitar a mão-de-obra técnica formada. Alguns são convidados por igrejas locais, que são poucas em relação aos candidatos, outros servem como ministros auxiliares. Na maioria das vezes estes auxiliares são mal remunerados e tem que dividir o seu tempo com um trabalho secular para complementar a renda e garantir o seu sustento. Os que sobram ficam batendo cabeça. Há quem diga que este é o processo de Deus para peneirar os seus escolhidos. Ouvimos muito coisas do tipo: "Se você foi chamado, o Senhor providenciará uma igreja para você". Interessante, por que eu tinha em conta de que o Senhor atribuiu esta tarefa aos homens. Caberia portanto à denominação se ater a este detalhe e gerenciar melhor isto. Desta forma talvez o Senhor tivesse uma forma menos cruel de 'escolha'.  
O problema que isto representa é grave e muito sério. Esta 'parada' na implantação de igrejas acabaram concentrando o alcance da igreja em uma determinada região ou cidade onde está alocada, enquanto lugares até mesmo próximos à igreja ficam sem nenhum trabalho batista. Tive conhecimento de algumas igrejas que investem altas somas em projetos missionários localizados a centenas de kilometros de distância, enquanto não investem um único centavo nas comunidades e pessoas próximas em estado de vulnerabilidade social.
Quando olho para alguns lugares em grande crescimento demográfico no RJ fico assustado. Há um número muito grande de prédios sendo erguidos rapida e frenéticamente. Estas são regiões que precisam ser olhadas com carinho por que daqui a pouco ficará muito difícil implantar igrejas ali por falta de espaço. É sabido que as igrejas existentes nestes locais crescem junto com o desenvolvimento habitacional. Por isto não há glória alguma para a liderança em afirmar que a igreja cresceu. É uma tendência natural. Difícil é lidar com a vaidade pessoal. O problema é que elas ficaram concentradas e centradas em si mesmas e de forma alguma irão conseguir atender à altíssima demanda espiritual emergente. Sem contar que há entre líderes eclesiásticos um grande temor pela 'concorrência' devido a falta de ética de alguns ministros. No entanto, se a coisa for estratégicamente pensada e bem feita, certamente este problema não acontecerá.
"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". (Atos 1:8)
Lembro do tempo que as igrejas de maior porte tinham várias congregações. Em Belmonte/Ba, onde pastoreei uma igreja de porte médio, tínhamos três congregações, uma delas emancipou-se e continuamos com duas. Hoje, a coisa mais difícil é encontrar igrejas que estão implantando congregações de forma pensada e planejada. Algumas existentes são mais frutos de cisão.
Estamos nos concentrando em Jerusalém e nos esquecendo da Judéia e Samaria. Dos confins do mundo só nos lembramos em época de campanha missionária onde doamos uma pequena quantia e só. Em um mundo onde as invenções malignas não param de crescer, parar no tempo é o mesmo que retroceder.
O ostracismo leva ao provicianismo, ao empobrecimento cultural, ainda que se fale de um lugar desenvolvido e resulta em uma atrofia espiritual. Igrejas que alcançaram um determinado número de membros correm o perígo de começar a sentir-se realizada e aí ocorre o começo da derrocada. Já vimos este filme diversas vezes.
"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela
". (Mateus 16:18)
Como não resistirão se a igreja parou de fazer frente? É preciso voltar a avançar, deixar o ostracismo e voltar a olhar para Judéia e Samaria.
Se nada for feito corremos o risco de estagnarmos de vez, satisfeitos com o que temos. A consequência será a consolidação do ostracismo batista redundando na construções de belas catedrais erguidas para saciar o nosso próprio ego. Uma Convenção cada vez mais distante da realidade da igreja local. Um esfriamento denominacional cada vez maior com missões através da igreja.

(Texto ainda em elaboração e correção, toda contribuição será bem recebida)


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