Devido ser uma cidade de apenas
20.000 habitantes, você acaba não tendo muita coisa pra se distrair, isto me
favoreceu me dando tempo para oração, estudo e reflexão bíblico-teológico. Uma
das reflexões que pude fazer naquele lugar, foi sobre a minha religiosidade. Três
parâmetros permearam minha reflexão:
1. Uma
leitura sobre o cristianismo na atualidade;
2. Que tipo
de cristão eu sou;
3. O que é
ser um cristão.
1. Considerando
o primeiro parâmetro a minha leitura do cristianismo atual partiu do
comportamento dos cristãos que fazem parte do meu pequeno círculo de
conhecimento e os que estão na mídia. A conclusão não foi muito boa. Me pareceu
que a maioria se perdeu em meio a uma religiosidade antipática, um amontoado de
regras e posturas anti-sociais, misturada ao mal gosto de coisas retrô, algumas
explorações da fé alheia, um esvaziamento da pessoa de Cristo e um apanhado de
seitas e doutrinas divergentes. O essencial parece ter se perdido em meio à
caminhada.
2. Parti
então para uma análise de que tipo de cristão eu era. De repente eu me
encontrei com alguns textos, como este que acabamos de ler de Mt 23.23, e vi
que dos três elementos que Jesus destaca eu só tinha um, a fé. A justiça, que
de uma forma bem ampla é a conservação do direitos e deveres das pessoas,
estava meio defectivo em mim, por que, sinceramente olhamos mais para os nossos
direitos e os deveres dos outros do que para fazer cumprir a justiça. Até antes
desta reflexão eu me considerava um bom crente, sinceramente, me achava até
piedoso, alguém digno de ir para o céu, aos meus próprios olhos, foi então que
me deparei com Lucas 18.11 "um fariseu e um publicano..." então me vi
como aquele homem, alguém sem vício, sem problemas com a internet, sem problemas
por resolver, sem nunca ter passado um cheque sem fundo ou dever a quem quer
que seja, marido de uma só mulher, dizimista, ofertante...
3. Então me
veio o terceiro parâmetro, o que é ser cristão. O nome cristão, ao que a
história conta, foi utilizada de forma pejorativa aos primeiros seguidores de
Cristo, e queria dizer pequenos cristos. A principio deveríamos ser parecidos
com Cristo. Isto eu logo descartei, por que para mim é impossível. É impossível
para mim lutar contra toda a tirania religiosa existente, é impossível para mim
curar doentes com apenas uma palavra, é impossível para mim amar e morrer por
quem quer me matar.
Já que me é
impossível ser igual a Jesus, o que faria então? Comecei a refletir sobre as
mensagens de Jesus, ele disse que deveríamos seguir aos seus mandamentos e
resumiu tudo em apenas dois pra facilitar a minha vida: Amar a Deus sobre todas
as coisas e ao meu próximo como a mim mesmo. Vi nisto a base para toda a minha
nova fase religiosa. Amar a Deus, contemplá-lo em toda a sua beleza, e em todo
o seu esplendor, como um homem apaixonado que baba pela mulher amada, e pensa
nela o tempo todo e em como agradá-la. Esta parte estava resolvida, a
contemplação é algo que maravilho. A segunda parte do mandamento era mais
complicada, como amar as pessoas? Li em um livro chamado "O Monge e o
Executivo" algo que me marcou, "o amor é o que o amor faz".
Interessante, amor é aquilo de bom que você consegue expressar sem palavras. Um
toque, um sorriso, um auxílio. Descobri no auxílio uma forma de expressar este
amor sem palavras. Formamos um belo projeto social em Belmonte, que funciona
até hoje, PROJETO AGAPE, é o projeto que pratica a ação do amor. Não dizíamos
para aquelas crianças que a amávamos, mas, pode ter certeza, elas se sentiam amadas.
Onde elas me viam passar pelas, ruas, elas me gritavam: Tio Pastor...
Foi nesta
reflexão que entendi o que Jesus estava dizendo para os fariseus sobre Justiça,
misericórdia e fé, os três elementos essenciais para um vida cristã saudável.
Foi quando eu comecei a perceber que o que agradava mais a Deus não era bem o
que eu fazia por minha denominação ou religião, mas, o que eu fazia pelas
pessoas; o que eu contribuia para tornar este mundo um pouco mais agradável; o que eu projetava para tornar o ser humano, mais humano.
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