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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sábado, 7 de setembro de 2019

O fariseu e o publicano observado através da lente da lei e da graça


Lucas 18.9-14
Quando cheguei aos 44 anos comecei a ter dificuldades de enxergar de perto. A cada ano o grau aumenta e é preciso trocar as lentes dos óculos para enxergar melhor. Já usei óculos para miopia, mas ela retrocedeu e hoje só tenho problemas com hipermetropia, dificuldades para enxergar de perto. O remédio para isto é a utilização de óculos.
Através da lente correta, aquilo que era desfocado, passa a ter uma imagem nítida. Lente é um objeto que nos possibilita enxergar melhor. Sem ele, eu não poderia ler nenhum livro, nem mesmo a minha bíblia de letra extra gigante eu não consigo enxergar.
No primeiro sábado de maio é comemorado o dia Batista de Ação Social. Neste dia, trazemos aqui vários atendimentos sociais, dentre eles, trazemos um optometrista, que é o profissional que faz o exame para medir nosso grau. Todo ano eu faço. E ele me coloca para ler aquelas letrinhas e vai trocando as lentes até achar uma que me faz enxergar melhor. Ele vai perguntando: essa é melhor? Então, ele continua testando outras lentes até achar a correta. Aquela que me faz enxergar nitidamente.
Gostaria de te convidar a examinar a parábola do fariseu e o publicano através de duas lentes: a lente da lei e a lente da graça. Vamos verificar através de qual das duas conseguimos enxergar melhor a vontade de Deus para as nossas vidas.
1. Primeiro vamos verificar a lente da lei (v. 11-12)
Jesus estava contando uma parábola. Antes de qualquer coisa, precisamos saber para quem Jesus estava contando esta parábola. As parábolas de Jesus tinham a intenção de confrontar o ouvinte consigo mesmo. Neste confronto alguns se convertiam, outros ficavam irados, e outros fingiam que não entendiam o que Jesus estava dizendo. Quem estava sendo confrontado? Lucas 17.20 responde a esta pergunta: “Interrogado pelos fariseus..”. Os fariseus eram os caras mais certinhos do Novo Testamento. Eles eram homens altamente religiosos. Eram os guardiões e interpretes da lei de Deus. Aqueles responsáveis em manter as tradições religiosas e o ensino. Eles conheciam profundamente a Torah, o Antigo Testamento, jejuavam e frequentavam a sinagoga regularmente.
Lembro de uma amiga nossa, ela nos contou que, quando criança, ela morava em uma fazendo com a família. Certa vez, ela pegou um pintinho para tomar conta, e torceu o pescoço do bicho até ele morrer. Daí, ele ficou quietinho, então ela disse que havia colocado ele pra dormir. Em sua visão distorcida de criança, ela pensou que estava fazendo uma coisa boa.
Os fariseus realmente achavam que estavam fazendo algo bom. Eles se sentiam fazendo a vontade de Deus. Achavam que o que faziam os aproximava de Deus. Eles tinham uma visão distorcida da vontade de Deus, porque estavam utilizando a lente errada. Eles estavam tentando enxergar a vontade de Deus a partir da lente da lei. Acreditavam que uma obediência superficial e exterior da lei de Deus era suficiente.
Jesus, então, conta esta parábola sobre os dois homens que subiram ao templo para orar. O primeiro é identificado como fariseu e o segundo como publicano.

O Fariseu representa a lente da lei – a obediência aparente à lei os fazia pensar que estavam fazendo a vontade de Deus. Os fariseus pensavam que se fizessem tudo aparentemente certinho, estava quite com Deus. Por isto, na parábola, ele ora dizendo: “eu não sou como os demais homens, corruptos, injustos e adúlteros e muito menos como este publicano..” Não havia problema no que ele estava fazendo. Tudo aquilo era bom. E até melhor do que a lei, que ordenava jejuar uma só vez na semana.
Jesus não está condenando o que ele fazia, mas mostrando que não adiantava ele fazer aquilo só de exterior.
2. Segundo vamos verificar a lente da graça (13)
O Segundo personagem desta parábola é o publicano.

O Publicano representa a lente da graça – a desobediência à lei o fazia pensar que não estava fazendo a vontade de Deus. E de fato não estava. Ele era um tipo de ‘traira’ de sua nação. Os publicanos trabalhavam para Roma na função de coletores de impostos dos judeus. Eles oprimiam o povo com altas taxas, e por isto eram odiados. Quando ele chega ao templo orar, ele tem noção clara de quem ele era. E ele abre o coração para Deus: “tem misericórdia de mim Senhor, porque sou pecador”. Jesus diz que ele saiu dali justificado.
A graça nos mostra quem realmente somos. Ela descortina todo o nosso ser. Esta parábola mostra que não adianta você querer aparentar para Deus quem você na verdade não é. Ele não se deixa enganar. Não esconda quem você é atrás de uma religião. A graça é uma chamada ao arrependimento, um convite à transformação.
Conclusão
Diante da graça importa o que verdadeiramente o que você é, e não quem você aparenta ser. De nada adianta um teatro religioso diante de Deus. As suas ações diante de Deus são medidas por quem você verdadeiramente é. Por isto Jesus condenou os fariseus por querer entregar uma esmola e se aparecer (Mt 6.2). Os fariseus só se preocupavam com a aparência. Eles queriam aparentar algo que na verdade não eram, isto se chama hipocrisia.
Às vezes precisamos parar, meditar, orar, e nos perguntar se não existe nada de errado com a nossa religiosidade. É preciso uma reflexão pura e sincera a partir da lente da graça. Aquela que nos despe completamente, aquela que nos faz enxergar quem realmente nós somos.
O apóstolo Paulo diz: “Examine-se pois o homem a si mesmo”. Este autoexame só é possível através da lente da graça. Olhamos para dentro de nós e conseguimos ver o que realmente tem dentro. Através deste diagnóstico lutamos para retirar aquilo que sabemos que está errado. Se tentarmos nos examinar pela lente da lei, corremos o risco de tentar nos absorver. Afinal, se ninguém viu, então, não há quem me condene.

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