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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Felizes os que choram

"Bem-aventurados os que choram, por que eles serão consolados". Mt. 5.4
Por que Jesus pronunciou este texto, "felizes os que choram". Como assim? O mundo diz: seja feliz o quanto puder. Até mesmo igrejas adoram o slogan pare de sofrer. Afinal de contas, as coisas já são bastante ruins por si só, então esqueça as dificuldades e carpe diem.
Este versículo se constitui em um grande paradoxo, feliz os que choram? Sim. Jesus não disse que aqueles que choram por motivo de uma tristeza é que são felizes, estes estão infelizes mesmo, e obviamente precisam ser consolados. Martin Lloyd Jones afirma que Jesus está se referindo a tristeza espiritual. O homem que realmente chora pelos seus pecados encontrará o perdão do Senhor e terá um encontro permanente com o Senhor e desta forma ele é consolado. Ao contrário, aquele que não se arrepende de uma vida pecaminosa não conseguirá alcançar a plenitude com o Senhor. O profeta Isaías declara que os nossos pecados nos separam de Deus e impede que ele nos ouça. Sem quebrantamento, não existe arrependimento, e sem arrependimento não poderemos ter absolvição dos pecados e logo, estaremos separados de Deus.
É com o coração quebrantado que conseguimos realmente achar a Deus. Salmos 51.17 "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus".
A alegria dos que choram por sua vida pecaminosa vem após a absolvição do Senhor: I João 1.9 "Se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar de todo o pecado e nos purificar de toda a injustiça".
M. Lloyd Jones afirmou que a Igreja está vivendo uma vida espiritual superficial e por isto não sente tristeza. Ela não chora mais pelo pecado. O pecado já é muito comum na igreja. Quando digo pecado na maioria das vezes pensamos somente em pecados ligados a área sexual. Sim, isto é pecado, mas não quero diminuir o valor do pecado. O pecado está ligado em nosso desejo perverso do coração. O apóstolo Paulo nos dá uma lista simples de pecado descrita em Gálatas 5.19-21. Em geral o pecado está ligado ao hedonismo que leva o homem a tornar-se egocêntrico achando que tudo o que há no mundo, inclusive as pessoas, servem para lhe dar prazer, gerar riqueza, ser usado. Precisamos nos entristecer a ponto de chorar por causa destes pecados tanto quanto nos entristecemos com os pecados de ordem sexual. Todos eles são gravíssimos.
Paulo disse? "Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte". Ele entendia perfeitamente o que é chorar espiritualmente. Ele tinha plena convicção do pecado.
Quem se achega a Deus com um coração quebrantado tem convicção plena que estará com o Senhor no gozo celeste. Tem da parte do Senhor a certeza de sua esperança final na eternidade. Por isto ele é feliz apesar do choro.
Este choro não é de remorso, mas de arrependimento sincero. A diferença entre um e outro é que o primeiro é apenas a chateação de ser descoberto e o medo de ser punido; o segundo é o desejo profundo de querer voltar atrás e não ter feito nada do que fez.

Para terminar, ele é feliz por que recebeu o que diz I Pedro 1.8-9 "Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa, pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas".

sábado, 16 de janeiro de 2016

Humildes de espírito

Mateus 5:3

Cada uma das bem-aventuranças é uma disposição que somente a graça e a operação do Espírito Santo em nós são capazes de produzir. É preciso ter cuidado em distinguir claramente entre as qualidades espirituais descritas no sermão do monte e as qualidades naturais que se assemelham a elas. Por natureza ou qualidades naturais, pessoa alguma apresenta tais características espirituais.

A primeira bem-aventurança pode ser considerada uma chave para entender as demais. Lloyd Jones acredita que as bem-aventuranças foram colocadas em uma sequência bem definida. Não foi mero acaso a sua ordem. Há um sentido lógico. Esta é a primeira característica por que ninguém pode entrar no reino de Deus se for soberbo. Para entrar no reino de Jesus, precisamos ser quebrantados. Nosso orgulho precisa ser quebrado. Essa é a característica fundamental do crente, as demais características são resultantes desta primeira. Ela indica um esvaziamento, ao passo que as demais apontam para plenitude.

Os princípios do reino dos céus vai na contra-mão dos ensinos deste mundo. No mundo para se ter sucesso é preciso demonstrar auto-confiança. É preciso dar a impressão de confiança própria para impressionar. É necessário demonstrar ser uma pessoa de sucesso, impor-se, para convencer o mundo de que você é um grande líder.

1. Ser humilde de espírito vai contra os princípios deste mundo por que não dá popularidade

Muitos líderes evangélicos do momento querem tornar-se populares, reconhecidos e ricos. Quando olhamos para Jesus, verificamos que ele não buscava reconhecimento e nem excesso de riqueza deste mundo. Ser humilde de espírito não dá popularidade nem mesmo dentro da igreja. Não há nada contra a riqueza e nem bons salários, mas dentro do Reino de Deus isto não tem nenhuma importância. O problema é quando o líder se deixa levar pelo 'sucesso' aparente e pela riqueza deste mundo e então torna-se soberbo e arrogante.

C.S. Lewis em seu livro Cartas do Inferno fala sobre as tentativas de satanás em afastar o homem da verdadeira humildade diante de Deus. Em um trecho de sua obra ele diz: "Portanto, você precisa arrancar do paciente o verdadeiro sentido da Humildade. Deixe-o imaginá-la como um conjunto de opiniões a respeito de seus talentos e caráter". Pensando desta forma descrita por Lewis o homem começa a sentir orgulho de ser humilde. Fala de sua humildade com grande proeminência e soberba.

2. Ser humilde de espírito é uma característica que somente o Espírito Santo pode nos dar

Não se trata de uma pessoa recatada, pobre ou tímida, mas de uma pessoa que reconhece que o Deus que nós servimos e a grandeza de sua obra é tão grande que absolutamente nada podemos fazer se não for pelo poder do próprio Deus. Nossa sabedoria humana, ainda que seja usada por Deus para ensinar e trazer esclarecimentos não é suficiente para promover mudanças tão profundas na nossa própria vida a ponto de nos transformar e muito menos na vida de outrem.
Há pessoas que demonstram uma falsa humildade, se colocam como humildes, mas é apenas uma máscara. Eles dizem eu não sou nada, não sou ninguém, Deus é tudo. Mas olhando ainda que de longe já se percebe sua arrogância ao lidar com as outras pessoas. Veste a máscara de humildade somente quando lhe é oportuno fazê-lo.

Lemos sobre o apóstolo Paulo que ele era um proeminente teólogo, escreveu 13 cartas das 21 cartas do Novo Testamento. Entretanto, quando tentado, pediu para que o Senhor afastasse dele aquela tentação, mas o Senhor disse pra ele: "minha graça de basta, por que o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Difícil entender isto em um mundo pós-moderno. Um pastor com esta postura jamais será considerado um líder de sucesso. Ser humilde de espírito é conseguir ver na graça de Deus um valor inestimável, de tal forma que todas as outras coisas perdem o valor.

3. Fora da bíblia bem poucos personagens foram notados por serem humildes de espírito

Martin Luter King que se destacou em sua luta contra a segregação racial no sul dos USA; Madre Tereza de Calcutá, que foi reconhecida por seu trabalho humanitário na India; Gandhi, que ganhou notoriedade devido ao seu trabalho de libertação do povo indiano da opressão e exploração da Inglaterra. Estes foram pessoas que não viveram para si mesmos. Eles não foram reconhecidos por seus eloquentes discursos, nem por serem autossuficientes, poderosos, e muito menos por sua autoconfiança, mas pelo seus serviços a favor do oprimido. Não estavam atrás de glórias humanas, muito pelo contrário assumiram posição de risco de morte e experimentaram a graça de Deus.

Conclusão

Gostaria de terminar reafirmando que ser humilde de espírito não é ser recatado, pobre, tímido, sem instrução, provinciano ou qualquer outra coisa de natureza puramente humana. Ser humilde de espírito é sentir que nada somos, que nada temos, nada vamos levar deste mundo, e também que olhamos para Deus em total submissão, dependendo inteiramente de sua graça. A única forma de alguém tornar-se humilde de espírito é levar uma vida totalmente na dependência de Deus. Rendendo-se completamente ao senhorio de Jesus. Demonstrando o seu amor a Deus através do favor ao próximo.

Não devemos esquecer de nossa pergunta primária: o sermão do monte é para a igreja nos dias atuais? Se for, precisamos buscar ser humildes de coração e ir na contra-mão do que o mundo diz sobre sucesso. Lloyd Jones afirma que se o sermão do monte é para a Igreja de hoje, então estamos com sérios problemas. Eu diria que precisamos resolver este problema nos quebrantando na presença do Senhor Jesus.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Diálogo teológico a partir do Sermão do Monte

Mateus 4.23

Embora Mateus seja o primeiro evangelho a aparecer no Novo Testamento ele não foi o primeiro a ser escrito. Segundo os estudiosos de bíblia, a data provável do escrito é entre 58 a 68 d.C.. A maioria dos teólogos defendem que Mateus conhecia ou utilizou o evangelho de Marcos como fonte.

Mateus era um judeu e escreve provavelmente para uma comunidade judaica. Por esta razão encontramos muitas citações do A.T. em seu evangelho. Talvez seja esta a razão pela qual ele aparece como o primeiro evangelho no NT.

Mateus inicia o seu evangelho trazendo a genealogia de Jesus com a finalidade de provar a linhagem real de Jesus. Em Mateus Jesus é apresentado como Rei dos Judeus.

O capítulo 2 de Mateus fala rapidamente sobre o nascimento de Jesus e o 3 sobre o seu batismo. No cap 4 Jesus enfrenta a tentação no deserto e depois vai para a Galileia onde convoca os seus primeiros discípulos.

No Cap. 4.23 mostra Jesus percorrendo toda a Galileia, pregando as boas novas do Reino dos Céus, curando todas as enfermidades e libertando endemoninhados. Logo sua fama percorreu toda as redondezas e chegou até o exterior, também outros países como a Síria ouviu sobre Jesus. Devido a sua fama uma multidão começou a segui-lo. Uns por curiosidade, outros por que queriam achar alguma coisa contra ele e uma grande parte por que creram nele.

O sermão do Monte apresentado por Mateus é bem abrangente, envolve três capítulos. Diferentemente de Lucas que apresenta apenas de uma forma suscita, quase um resumo. Todo o sermão cabe em parte do capítulo 6.

O evangelho de Lucas provavelmente foi escrito pouco depois do evangelho de Mateus. Lucas não foi uma testemunha ocular dos fatos ocorridos com Jesus. Lucas faz uma pesquisa para catalogar todas as informações que ele estava ouvindo a respeito de Jesus. Aqui talvez tenhamos um problema, se o sermão do monte é para ser aprendido na íntegra, por que Lucas não o relatou também na íntegra, uma vez que ele deve ter entrevistado a muitos cristãos para tomar conhecimento do assunto. Seria a mensagem de Lucas o supra-sumo do que restou do sermão do monte? ou apenas uma síntese? Nisto está a grande beleza da Bíblia, pois de uma forma ou outra temos a descrição detalhada em Mateus do ensino de Jesus.

O teólogo David J. Bosch afirma que no sermão do monte está contido a ética de Jesus. Em Mateus 28.19-20, no texto chamado de a grande comissão, Jesus ordena aos seus discípulos a "enquanto estiverem indo, façam discípulos e ensinem o evangelho do Reino". Desconfio que Jesus falava sobre o ensino do Sermão do Monte. Creio que durante o passar dos anos a igreja esqueceu-se, ou não deu a devida importância ao que Jesus ensinou naquela ocasião para os seus discípulos. Jesus tinha em mente um padrão espiritual bastante elevado para os seus seguidores. Entretanto, sua mensagem acabou esquecida ou tão fragmentada a ponto de não fazer diferença na vida da Igreja.

Tivemos ao longo dos anos alguns problemas de interpretações equivocadas que precisamos considerar, desde a formação da Igreja até o dia de hoje, e que contribuiu para desviar a nossa atenção e não atentarmos para o Sermão do Monte como deveríamos:

1. Desde a igreja primitiva até Tomas de Aquino, acreditava-se que nem todos os cristão precisariam obedecer os ensinos do sermão do monte contido em Mateus. Estes ensinos eram destinados somente a uma categoria especial de cristão, sobretudo o clero;

2. A ortodoxia (fundamentalismo) luterana do século 17 sustentava que era impossível obedecer ás exigências de Jesus nestes capítulos;

3. No século 19 cria-se que o que importava não era a obediência concreta a essas exigências, mas a disposição correta do coração;

4. Sustentava-se ainda que realizações extraordinárias só fazem sentido em uma expectativa da parúsia iminente (segunda vinda de Jesus para o momento). Só durante um período de ínterim muito breve qualquer pessoa poderia corresponder a expectativas tão elevadas. Seria impossível viver toda uma vida desta forma a não ser que se tenha certeza de que Cristo virá ainda nesta geração.

Hoje muitos estudiosos concordam que a expectativa de Jesus era que todos os seus discípulos vivessem de acordo com estes princípios ensinados por ele no Sermão do Monte. Se este fato está correto, então precisamos concordar que ao longo dos séculos bem poucos discípulos de Jesus corresponderam estas expectativas. Há uma discrepância muito grande entre o que Jesus ensinou e o que a igreja cristã pratica.

Se o sermão do monte é a ética de Jesus para os discípulos de sua época e para os cristãos de hoje, então havemos de convir que a igreja está com grandes problemas nos dias atuais. A igreja sem exceção, em grande parte, pratica o oposto do sermão do monte.

O que precisamos de fato é um retorno ao princípio de tudo, devemos voltar imediatamente aos ensinos do Mestre Jesus, que ele pregou originalmente aos seus seguidores, e que chega até nós nos dias de hoje, por intermédio de Mateus. Devemos ouvir as suas palavras e praticá-las. Quem assim o fizer, será considerado um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.