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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ENTRE PROFETAS E SACERDOTES DA ATUALIDADE

E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei. (2 Crônicas 15:3)
O peso que viu o profeta Habacuque. (Habacuque 1:1)

Quando parei para escrever este texto fiquei pensando, como escrever sobre algo tão profundo de maneira que todos possam entender? Difícil esta tarefa. Mas vamos tentar realizá-la de maneira simples, sem, no entanto, ser muito simplista.
Vamos pensar no sacerdote como aquela pessoa que tem por ofício dar continuidade ao sistema religioso. Se você frequenta uma igreja, já percebeu que existem pessoas que fazem a coisa acontecer e outras só participam das coisas que vão acontecendo. O sacerdote é aquele que faz com que o culto aconteça. A ele é conferido a autoridade de oficializar os cultos e zelar pela continuidade doutrinária e perpetuação dos ritos religiosos.
O fato de vivermos hoje em um sacerdócio universal, onde todos os remidos são sacerdotes, não faz de cada pessoa um sacerdote em potencial. Se não, teríamos que viver em uma anarquia, onde todos podem tudo e tem o papel de fazer o tudo acontecer: o culto, a perpetuação da religiosidade, o ensino religioso, os ritos, as práticas, o doutrinamento. Todos os remidos são sacerdotes na abertura que se tem de buscar a Deus sem a interferência de um mediador humano. Jesus é o único mediador entre o homem e Deus. Nas palavras de Paul Tillich dentro da Comunidade Espiritual todos são sacerdotes, mas, o mesmo não cabe dentro da Comunidade Eclesiástica.
Eu tive o privilégio de ter tido alguns pastores. Dentre eles, lembro de um que era extremamente ranzinza, ele vivia de cara fechada. Com o tempo de convivência percebemos que aquela cara era somente uma defesa para que as pessoas não se aproximassem demais. Lembro que ele tentava manter a disciplina e a ordem de maneira incisiva e a fisionomia sempre fechada testemunhava a favor de sua austeridade. Ele dizia: "quando o Pastor estiver de pé a congregação toda deve ficar de pé também". Lembro de sua firmeza doutrinária, defendendo a Carta Doutrinária Denominacional como sendo expressão fiel das verdades bíblicas.
A verdade é que precisamos de sacerdotes. Sem a existência do sacerdote, acontece o que aconteceu com Israel: "E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus". Qual a razão desta afirmação? por que eles estavam sem Deus? o texto responde, eles estavam "sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei".
Este é um dado assustador, por que aqui percebe-se a relevância do sacerdócio. Sem sacerdotes que ensinem não há a perpetuação da religião, o povo cai em descrença, a presença de Deus desaparece em meio a incredulidade. Aqui não se discute o discipulado ou a qualidade do que se ensina ou como se ensina. Queremos nos ater aqui apenas na discussão do oficio sacerdotal.
A simples existência do sacerdote, embora garanta a continuidade da coisa, não é garantia de que tudo ande na linha e em perfeita harmonia com Deus. O teólogo Paul Tillich em seu livro de 'Teologia Sistemática' falando sobre 'a realidade da revelação' afirma que "uma administração mecânica de ritos religiosos pode excluir qualquer presença reveladora da realidade sagrada". Esta atitude sacerdotal pode levar a falência do sistema religioso. Ainda que em teoria continue funcionando, já não alcança mais seu objetivo.
Neste momento se faz necessário a interferência profética, a revelação divina e a orientação para o povo. No AT percebemos muita desta interferência no percurso da história. O Profeta Habacuque carrega a preocupação de um esfriamento religioso, o que para ele se transforma em um grande peso. A palavra então vem até ele. Ele sofre pelo povo, intercede pelo povo, e profetiza para o povo.
O profeta é aquele que tem uma experiência extática que muda a sua vida, a sua história, e a história de todos os que o cercam. A mensagem divina e divinamente recebida não se contém dentro do profeta. Ela exige que seja pronunciada, ainda que esta não seja a vontade de seu portador. Esta mensagem irá de encontro com as imperfeições de maneira contundente.
O profeta portanto é aquele que pronuncia o juízo divino e sua sentença, sua aliança ou destruição. O sacerdote irá acatar ou não a mensagem profética. Ele se encontra em uma situação dificílima por que não tem como provar que a mensagem profética é verdadeira ou falsa. Não há muitos parâmetros para julgá-la. Se por um lado ele aceitar a mensagem como divina, ele corre pelo menos dois grandes riscos: 1. Estar errado e a mensagem não ser verdadeira e levar a sua congregação à ruína. 2. Estar certo, e o povo rejeitá-lo por ir de encontro aos maus costumes que ficaram enraizados.
O oficio sacerdotal terá que viver com este dilema. Não há resposta segura para respondê-lo. Faz parte do desempenho de sua função vivenciar este problema. É viver pisando em ovos. O que de certa forma não é ruim, por que esta insegurança vai levá-lo a uma dependência do divino. A falsa segurança sacerdotal é demoníaca. Por demoníaca aqui entenda-se como processo destruidor do ser espiritual e o distanciamento da plenitude da espiritualidade autêntica. A confiança em si mesmo e no seu próprio eu leva o líder religioso à ruína espiritual.
Por outro lado, para o profeta não existe saída. Ele é o que é, um profeta. Ele sente antecipadamente a dor que o povo sentirá e vê aquilo que ningúem está vendo. Aquilo corrói a sua alma, queima em suas entranhas. Ele recebe a palavra e entrega para o povo. Por vezes será aceita e por vezes será rejeitada. Não é sua função convencer o povo de que suas palavras são verdadeiras e as vezes em sua ira humana nem quer que o povo realmente acredite. Não lhe cabe uma oratória convincente ou vibrante. A forma com que vai pronunciar o oráculo é sua última preocupação. Muito embora o profeta tema por sua vida, sua dignidade, seu status social, família, etc., ele não terá como rejeitar o anúncio sagrado.
Sabemos que o termo profeta está profundamente desgastado em nossos dias, e há uma profunda preocupação em se saber qual é o profeta verdadeiro e o falso. Este desgaste não é novo, desde a antiguidade sempre houve e sempre haverão profetas verdadeiros e falsos. E não há como saber qual é qual. Não existe uma fórmula humana para se saber. Esta dúvida sempre esteve presente no meio da religiosidade. Ainda que o que o profeta disse aconteceu, não é garantia de que seja verdadeiro, pode ter sido uma mera coincidência.
Isto nos tira um pouco a paz e a tranquilidade por que gostamos de certezas. Gostamos de respostas diretas. Gostamos de nos sentir seguros. Mas este não é o caminho profético. Na maioria das vezes o pronunciamento profético ira mexer com a 'zona de conforto'. Ele irá denunciar e trazer a tona a sujeira humana e o estado lamentável da alma, sobretudo entre os poderosos que estão assentados confortavelmente sobre a corrupção.
Há casos em que o oficio profético e sacerdotal será encontrado em uma mesma pessoa. Neste caso ele levará sobre si a responsabilidade sacerdotal e o peso profético. Ao mesmo tempo que precisará perpetuar a ordem religiosa ele será um agente contrário a ela, quando for o caso, não só de sua congregação, mas, de toda a existência religiosa. O que certamente o levará a um grande conflito pessoal.
Sei que nesta altura alguns já estão se perguntando se existem ainda hoje profetas, por que sacerdotes sabemos que existem. Lamento, mas, não posso responder à sua pergunta diretamente. Muitos tem se levantado como profeta em nossos dias e anunciado pretensos oráculos dizendo "assim diz o Senhor", quando o Senhor  não falou nada. O que é verificado da palavra profética é que ela é como uma bomba nuclear, quando proferida, nada pode pará-la, nem reis, nem sacerdotes e  nem mesmo o profeta.
Sobre a forma da revelação profética, que causa uma enorme dúvida, o que se pode afirmar é que o profeta não perde sua consciência no momento em que recebe a palavra, ainda que a mensagem seja recebida através de uma experiência extática. Quem faz o indivíduo perder sua razão são forças demoníacas e não o poder divino. O divino se apodera da pessoa e soma com ela. A revelação não se dá por uma perda de sentidos, embora o transe é uma particularidade profética. Não se fala aqui de um transe esotérico, de uma programação mental, mas de um estado onde a alma humana é ligada diretamente ao divino. E neste momento de contato o profeta entende e recebe o mistério do divino, que mesmo após revelado, ainda continua sendo misterioso.
 (texto ainda em elaboração, deixe sua participação para melhora desta construção)
Sergio Rosa




terça-feira, 28 de outubro de 2014

Dorcas, razões para ressuscitar

Atos 9.36-43
Muitas pessoas marcaram a história de maneira relevante, dentre as quais, algumas mulheres. Madre Tereza de Calcutá, uma mulher magra, de pequena estatura, de aparência frágil, mas, uma leoa, no que diz respeito a ajuda humanitária, escreveu o seu nome na história por ajudar aos pobres indianos. Dentre os batistas a missionária Analzira se destaca por sua determinação missionária e perseverança em Huambo, Angola.
Durante o período do Novo Testamento houveram muitas pessoas que se destacaram por sua envergadura humanitária e dentre elas Tabita se destaca de maneira contundente. O nome Tabita é a forma Aramaica do vocábulo grego Dorcas. Não se sabe qual a razão pela qual o escritor sacro apresenta o nome nos dois idiomas. 
Pouca coisa se sabe também sobre Jope, sabe-se no entanto que era uma cidade portuária distante cerca de 50KM de Jerusalém, hoje conhecida como Jafa.
Os poucos versículos que falam de Dorcas é de uma profundidade impressionante. Poucos são os personagens bíblicos que receberam tal apreciação e destaque por parte dos escritores sacros.
Quatro qualidades na vida desta grande mulher:
1. Tabita era uma discípula (v. 36) -  A palavra discípulo vem do hebraico talmid, que significa aprender. O vocábulo talmidin ou 'discípulos' veio a ser usado para indicar aqueles que seguiam algum rabino específico e a sua escola de pensamento e é originário da palavra hebraica talmude, que é o conjunto de escritos judaicos utilizados para aclarar as Escrituras. No livro de Atos a palavra discípulo ocorre mais de 250 vezes, nota-se portanto sua devida importância.
Ser escolhido como discípulo por um rabino não era uma coisa qualquer, era um privilégio de poucos. O fato de um rabino selecionar entre tantas pessoas e escolher um especificamente fazia do discípulo uma pessoa especial. Olhando por este lado, conseguimos entender melhor por que os discípulos de Jesus largam imediatamente o que estavam fazendo, redes, coletoria e todos os seus ofícios para se tornarem seus discípulos.
A ordem de Jesus em Mateus 28.19 é para fazer talmidins e não apenas seguidores de uma nova seita. Para tornar-se um discípulo era necessário renunciar a tudo, tornar-se um copo vazio que seria cheio de um novo conhecimento e não simplesmente aceitar uma nova religião.
Como Igreja necessitamos formar discípulos que irão alimentar a próxima geração, é a única chance de ver algo diferente acontecendo.  
2. Gozava de boa reputação (v. 36) - A versão Revista e Atualizada da Sociedade bíblica, 2ª edição diz que Tabita "era notável". Ser notável é ser acima da média. É fazer algo a mais do que todos estão fazendo. Ser notável implica em ser uma pessoa agradável de bom caráter. Tabita era tão notável que o apóstolo Pedro não poderia deixar de atender ao chamado para estar ali em seu sepultamento. O texto não diz o que motivou os outros discípulos chamarem a Pedro, se era pra trazer consolo ou se visavam o milagre da ressuscitação de Tabita. Fato é que Pedro ao defrontar-se com a situação orou, e sentiu-se impulsionado pelo Espírito a ordenar que ela voltasse a vida. Há poucos relatos de ressuscitação na bíblia, portanto, jugo que Tabita era tão notável que sua ótima reputação influenciou até o céu.
3. Praticava boas obras (v. 36) - Tabita agia humanitariamente utilizando-se de seus próprios recursos. Desta forma ela tornou-se notável pelas boas obras e esmolas que fazia. A etimologia da palavra esmola nos mostra que ela vem do grego ἐλεημοσύνη (Elemuosune), que tinha a ver com caridade, ou auxílio prestado em favor do desfavorecido. Este favor era revestido de carinho humanitário e desejo de apoio material. Hoje esta palavra ficou corroída e em geral quer dizer um simples dar o que sobeja ou dar um trocadinho a um pedinte na rua.
Em Belmonte, uma pequena cidade ao sul do litoral baiano, onde tive a honra de pastorear a Primeira Igreja Batista, haviam algumas pessoas muito caridosas, dentre eles eu poderia destacar a Cal, ela era uma jovem senhora muito caridosa, gostava muito de ajudar com seus bens. Ela era proprietária de uma loja de roupas e seu esposo era vereador e dono de uma das pousadas da cidade, ela era membro de nossa igreja.  Lembro que todas as festas que fazíamos em nosso projeto social, onde atendíamos cerca de cinquenta crianças, Cal fazia questão de doar todos os presentes e roupas. Ela era muito conhecida e respeitada na cidade por suas boas obras.
Como cristãos necessitamos ser despertados para a prática das boas obras, por que elas tocam os céus e podem mudar a história das pessoas.
4. Era muito querida (v. 39) - Diz o texto que a colocaram-na no cenáculo, ou sala superior que havia nas casas dos judeus para receber visitas. Muitas pessoas a quem ela havia ajudado estavam ali para velar o seu corpo e chorar a sua morte.
Nas cidades pequenas e interior ainda se realiza o velório nas casas e o cortejo mortuário sai pelas ruas em direção ao cemitério. É um evento bastante interessante, por onde o cortejo vai passando, baixa-se as portas do comercio em respeito. Algo que se pode notar é que se a pessoa morta é muito querida segue-se uma quantidade bem grande de pessoas, no entanto, se fosse alguém sem muita relevância não vai muita gente.
Se fosse em Belmonte Tabita encheria todas as ruas devido a sua grande reputação e o carinho que o texto trata a respeito dela.

Conclusão
O apóstolo Paulo nos diz em Efésios 2.8-9, "não vem pelas obras para que ninguém se glorie". Sabemos que o fazer obras não leva ninguém à salvação. Realmente não somos salvos pelas boas obras, mas creio que somos salvos para praticá-las. Atos 10 diz que Cornélio fazia boas obras, mas, ele precisou de ouvir a exposição do evangelho e ser batizado. Apesar de não ser salvo suas boas obras e ajuda ao próximo subiram ao céu, de tal forma que o apóstolo Pedro foi convocado diretamente por Deus para levar o evangelho a ele e sua família. Aprender a fazer o bem é um desafio do profeta Isaias, percebemos ao ler o Profeta que as deixar de fazer boas obras desagradam ao Senhor, logo, as boas obras o agradam.
Dorcas realizava grandes obras aos olhos de Deus e por isto ela foi notada pelo Senhor ao ponto de ser ressuscitada. Gostaria que você pensasse em algo: se você morresse hoje e tivéssemos entre nós pessoas com tal poder de orar e ordenar que um morto ressuscite, quais seriam as razões pelas quais você deveria ser ressuscitado? quais são as suas boas obras? o que o mundo contaria ao seu respeito depois de sua morte?
O livro de Apocalipse 21.12  diz: "e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras". Se você fosse chamado ainda hoje diante da presença do Senhor para prestação de contas, o que seria lido no livro da vida ao seu respeito?

Gostaria de convidá-lo a construir uma vida de boas obras e de ajuda ao próximo. Que o Senhor te direcione para este propósito. Amém!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O cristão em um mundo pós-moderno

" Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". (2 Coríntios 5:17)
O século XXI trouxe muito avanço tecnológico e facilidade de acesso a informação. A humanidade nunca esteve tão bem servida de acesso ao conhecimento quanto está nos dias atuais. Bem-vindo ao mundo pós-moderno, a era da informação digital.
Outro dia estava vendo uma criança que mal parecia ter um ano de idade brincando com um celular. Era uma criaturinha doce, com um sorriso lindo, e toda compenetrada no que estava fazendo. Com uma das mãos ela segurava um smartphone e com a outra mão ela deslizava o dedo nas opções touch screen abrindo a opção de jogos e interagia com o jogo com enorme facilidade. Depois, ela fechou esta opção e abriu a pasta de fotos e começou a ver uma por uma. 
O acesso a informação é um dos grandes benefícios da pós-modernidade. Basta poucos cliques e/ou toques e pronto, temos acesso ao que está acontecendo no mundo todo, e se não bastasse isto, podemos também nos comunicar e trocar informações com pessoas que estão do outro lado do globo.
Tecnologia hoje não falta, temos de sobra em todas as áreas, e a cada dia se descobre algo novo. As grandes descobertas e invenções nem sempre são utilizadas para o bem estar dos outros. Desta forma, nossas crianças estão sendo bombardeadas de informações que não seriam próprias para sua idade. Elas estão recebendo uma promíscua banalização e vulgarização generalizada da violência e sexualidade sem um devido preparo e sem uma idade própria para saber discernir o que é bom ou ruim para si mesmas.
O pensar em um mundo pós-moderno me remete ao apóstolo Paulo quando nos fala a respeito do novo ser em Cristo. Este novo ser anteriormente era um velho ser, que tem um encontro com o Cristo, e este encontro o transforma em um novo ser. Isto é algo maravilhoso, por que trata-se de um verdadeiro milagre divino. Não é tratado aqui de se adquirir um novo pacote religioso, e a partir de determinadas regras melhorar o comportamento. O apóstolo fala a respeito do novo ser, portanto, o que ocorre é uma metamorfose, se assim podemos chamar a transformação ocorrente.
O avanço tecnológico ou as mudanças culturais da pós-modernidade em nada modificam a mensagem paulina no novo ser. Há centenas de anos atrás não havia tecnologia como nos dias atuais, não havia email, internet, facebook, celular, etc. Não precisamos nem ir muito longe, há apenas alguns anos atrás, eu lembro que utilizávamos máquina telex para enviar mensagens, e as cartas e documentos precisavam ser datilografadas. Pensa-se então que por isto o homem mudou e o mundo piorou. Mas, se examinarmos bem verificaremos que o homem é o mesmo desde sua origem. Muda-se a tecnologia, mas, a maldade do coração humano é a mesma. Muda-se a fachada da discussão, mas, o foco é o mesmo. No século passado qual era o principal interesse do homem? sexo, bebida, dinheiro e poder. E hoje qual é? tire a tecnologia, e você vai ver que nada mudou.
Há milhares de anos o homem já discute a respeito da homossexualidade, não é coisa nova. Este comportamento já foi comum em alguns lugares e condenados em outros. A forma de discutir o assunto mudou, mas, a questão é sempre a mesma: sexo e prazer. O homem como velha criatura está fora do Novo Ser, que somente pode existir a partir do Cristo. Longe do Cristo que é Jesus ele está fora dos propósitos divinos e por isto fica a mercê dos ditames e comportamentos próprios de sua época. 
O cristão do mundo pós-moderno não tem diferença do cristão de outras épocas, fazendo ele parte do Novo Ser no Cristo tem uma vida diferenciada, por que seu espírito uma vez vinculado ao Espírito do Cristo o conduz para um atmosfera diferenciada. Portanto, o homem enquanto nova criatura vence a alienação humana, ou o distanciamento de Deus e será diferente em qualquer época ou em qualquer lugar que estiver.  


quarta-feira, 5 de março de 2014

Autoestima e sofrimento - buscando razões para continuar


O que fazer durante o enfrentamento de um grande trauma ou um acidente ou incidente que deixou a vida completamente desfigurada? O que fazer para retomar a vida e continuar vivendo quando não se encontra mais motivo?
Conversando com um amigo, ele relatou que depois de anos e anos trabalhando em uma empresa, foi demitido e não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho, suas finanças começaram a ruir e sua esposa foi embora com outra pessoa logo após o diagnóstico de uma doença grave. Após um período de tentativas e fracassos, não conseguiu se reestabelecer e as coisas foram de mal a pior. Isto parece enredo de um filme ou novela, mas, é fato real, acontece todos os dias, e não escolhe endereço.
O caso deste meu amigo que está tentando superar o turbilhão de crises que despencou sobre ele me faz lembrar o personagem bíblico chamado Jó, se você já leu sua história, sabe o quanto ele sofreu, ele perdeu todos os bens, os filhos e a própria saúde, e pra piorar a situação sua mulher o amaldiçoa e fala pra ele dar um jeito de morrer e os seus melhores amigos que vieram consolá-lo não param de acusá-lo.
Não é nada fácil para quem está passando um enorme temporal ou está no 'olho do furacão'
conseguir enxergar uma luz no fim do túnel, a impressão que dá é que não há saída, todas as possíveis soluções já não existem, é o fim. Moisés quando estava cercado pelo exército de faraó deve ter pensado assim. Quando se esta nesta condição sente-se vulnerável, quebrado, sem forças e sem perspectivas. É natural que um sentimento depressivo invada a mente e o coração. É nesta fase que muitos pensam que a melhor solução seria a morte. Será?
Jeremias um grande profeta do Antigo Testamento também passou por situação semelhante onde amaldiçoa seu próprio nascimento. O personagem Jó, o Profeta Jeremias e tantos outros homens de Deus me fazem pensar que calamidades não escolhem lugar, condição social, religião, sexo, etnia e nem qualquer outra característica para acontecer, elas simplesmente acontecem. Alguns tentam consolar aos outros ou a si mesmo dizendo: "foi da vontade de Deus...". Sabemos que tudo o que acontece é da vontade de Deus, é um conhecimento popular, mas, há quem divida a vontade de Deus em: permissiva e soberana. A primeira Deus apenas sabe o que vai acontecer sem se interferir, na segunda Ele decide. Mas, teria Deus vontade de que nós sofrêssemos? Penso que não. O sofrimento faz parte da vida, e é portanto natural que soframos. É senso comum acharmos que não estamos prontos para enfrentá-lo, mas, todos nós teremos que, em algum momento, encará-lo, com maior ou menor intensidade.
O homem sofre desde a sua criação: "Viu Deus que o homem estava só..". Há quem diga que Adão era feliz e não sabia. Fato é que o Genesis narra a criação por que Deus viu o sofrimento do homem e partiu para uma solução, formou a mulher para que estivesse junto com o homem. Deus não criou o
sofrimento, criou o homem, mas o fato, é que ao ver-se só, ele sofreu. Desta forma, penso que Deus criou todas as coisas, e por vezes sofremos dependendo da situação em que nos encontramos. Sofremos quando alguém morre, esta morte pode ser acidental, doença, idade, má formação, provocada, em fim.. Não nos contentamos com a morte de um ente querido, não queremos perdê-los. Mas, a vida não foi feita pra durar pra sempre, há um começo, meio e fim. Uns vivem mais, outros menos, mas, todos morrem. Não é Deus quem decide matar alguém, Deus criou a vida e nos deu de presente, só não sabemos o que irá acontecer no meio da caminhada. Penso na vida como uma árvore frutífera, alguns nem chegam a desabrochar a flor, outros caem ainda verdinhos, outros são derrubados por eventos naturais, já outros caem de maduro. Se aceitamos a vida como Deus a criou, sofremos menos com as perdas. Sofremos com a dor, separações afetivas, desemprego, fome, incompreensão, brigas desentendimentos, desilusões...
Considerando a vida como um dom de Deus, um presente celestial, penso que deveríamos vivê-la intensamente, não desperdiçar um só minuto deste presente maravilhoso. Como podemos desfrutar o melhor da vida? pergunto, se alguém te dá um presente o que você faz? em geral, nós nos sentimos honrados e agradecemos. Penso que se Deus nos deu a vida, a melhor forma de vivemos é agradecendo a Ele por esta tão grande dádiva.
Viver intensamente a vida não é fácil, precisamos achar o caminho certo para fazê-lo. Há pessoas que acham que aproveitar a vida é desperdiça-la com drogas, álcool, banalizando o sexo, perdendo noites de sono, sendo pródigo, vivendo perigosamente, arriscando a vida a toa... desta forma, muitos desperdiçam o precioso presente que Deus te deu. A melhor forma de usufruir deste tempo que temos aqui nesta terra é vivendo cheio do amor de Deus.Quando nosso coração está transbordando deste amor somos capazes de enfrentar qualquer coisa e vencer. O amor de Deus enche nossa alma de tal forma que nos completa e nos aproxima da semelhança do criador.
Desta forma, quando você pensar que perdeu todas as coisas e a vida não faz mais sentido, lembre-se de que em Deus ela faz todo o sentido, e com o seu amor manifesto através de sua graça por intermédio de JESUS, Ele te dá todo o poder para continuar. JESUS renova as forças para continuar, renova as esperanças, e nos dá um grande motivo para vencer. Através de uma vida genuinamente em Cristo novas perspectivas aparecem e uma nova visão ontológica distorcida toma conta do indivíduo.


Pr. Sergio Rosa.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

AUTOESTIMA, VENCENDO OS PADRÕES PÓS-MODERNOS

"E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". (Gn 1:27)

Por definição autoestima é uma "avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau" (Wikipedia). Por se tratar de um juízo de valor que o indivíduo faz de si mesmo, deveríamos então pensar que existe um padrão aceitável de comportamento, onde as pessoas se colocam abaixo ou acima de uma média. Se este padrão existe, onde está? quem definiu? O escritor Ronaldo Sathler Rosa afirma que "a felicidade, conforme ditada pela cultura das sensações, torna-se impossível de ser alcançada". Em geral as pessoas buscam viver dentro de um padrão estabelecido pela sociedade, e quando não conseguem sente-se infelizes. Um bom exemplo disto é a indústria da moda que estabelece o manequim magérrimo como o ideal a ser conquistado, ditando assim um conceito de beleza que a maioria esmagadora das mulheres não conseguem alcançar, e as que conseguem precisam torturar-se até o limite da anorexia.
O texto de Genesis diz que Deus criou o ser humano à sua própria imagem e semelhança. Quando pensamos em Deus, vem a nossa mente a ideia de plenitude e perfeição, como poderíamos nós chegar perto desta perfeição? No pensamento da moda teria Deus um corpo esculturalmente magro e musculoso? Note que a ditadura da moda leva as pessoas a conceituarem com alta pontuação valores que na realidade não deveriam ser significativos. A estética não deveria ser utilizado como medida de valor, o fato de ser magrinha(o) ou cheinho(a) não deveria afetar tanto a sociendade. Não se defende aqui os maus hábitos ou o desleixo, mas, sim o excesso da busca de uma perfeição corporal muitas vezes frustrada. Horas e horas de malhação diária, lipo, silicone, botox em excesso, implantes, massagens e etc..

Devido aos padrões distorcidos que a humanidade formula e cultua, são inúmeras as pessoas que sofrem por não se encaixar dentro deles. Padrões de cor da pele, altura, peso, status social, poder econômico, estado civil, região onde mora, locais que frequenta, marca de roupa que utiliza, grau de instrução, em fim, a lista é imensa. Estes conceitos, ou preconceitos, são cruéis e causam uma enorme sensação de desconforto, rebaixando àqueles que não se enquadram a uma categoria inferior de gente. É um verdadeiro bullying de padrões.
Um outro fator que também leva o indivíduo a uma baixa na auto estima é a depressão, que pode ser causada por um trauma, um problema congênito ou um grande sofrimento. O indivíduo depressivo vê a si mesmo como alguém infeliz e que não tem esperança, por tanto não consegue ver uma solução para a sua dor. Quando olha para si mesmo não consegue enxergar a grandeza do criador, e se concentra somente nas feridas. Ele vê a si mesmo sempre como alguém marcado para ser infeliz.
Pessoas que contraíram doenças graves também tem grande probabilidade de ficarem deprimidas e terem sua auto estima afetada. Elas se entristecem e perdem a esperança de lutar, perdem as forças antes mesmo de esgotarem as possibilidades, doenças que seriam facilmente curadas tornam-se crônicas.
Quando olhamos para o Gênesis e verificamos que o próprio Deus nos criou e utilizou a si mesmo como modelo, somos obrigados a considerar que ele usou o melhor que tinha para nos criar. Isto me leva a crer que deve existir algum problema nestes conceitos e valores que nos cercam. Eles não batem com a ideia de que Deus criou a todos nós de alguma forma parecida, embora cada um tenha sua característica particular que é o que o define com alguém único.
A ditadura do prazer leva as pessoas a um hedonismo incansável, as pessoas olham somente para realização pessoal, o outro passa ser apenas uma 'coisa', um objeto de prazer para ser usado. Com este conceito mulheres em busca de realização se fazem como objetos de consumo, e se apresentam como produto esculturalmente preparado para ser consumido, através de horas e horas de tratamento estético, muita malhação e também bastante photoshopping. Homens de negócios, empresário ricos, políticos, e outros, pagam caro pela mercadoria. Após alguns poucos anos de uso são descartadas e substituídas como qualquer outro objeto, como um carro que é trocado por um modelo novo.
Genesis nos convida a olhar para dentro de nós mesmos como pessoas criadas por Deus e parecidos com ele, logo com uma maravilhosa essência, que embora sufocada pelo mal, ainda é a imagem do criador. O grande desafio é conseguir limpar o coração de toda esta parafernália de informações, conceitos e padrões tortuosos e começar a ver a si mesmo como Deus vê, alguém extraordinário criado conforme a sua semelhança.
Jesus nos dá um caminho para recomeçar, ele disse: "vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei..". Em Cristo voltamos a ver a forma de Deus que existe em nós. Jesus nos leva novamente ao nosso lugar de origem, ao Gênesis, à forma e semelhança de Deus. Quando Cristo habita em nossos corações podemos olhar para dentro de nós e enxergar uma alma feliz, mesmo em meio às fatalidades e tristezas comuns da vida.

Pr. Sergio Rosa

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A RIQUEZA DO EVANGELHO E A POBREZA DA RELIGIÃO

Ouvi uma mensagem do Pr. Ed Rene Kivitz onde ele diz que o evangelho começa em Genesis 1, na concepção do mundo e das criaturas, e não em Genesis 3, na origem do pecado. Parei um pouco para analisar a sua mensagem e comecei a perceber como a religião pode ao mesmo tempo nos apresentar a Deus e nos oprimir diante dele. Jesus parece ter tido esta percepção quando interpela aos religiosos de sua época em Mt 23.15. Kivitiz salienta em sua mensagem que "em nossa concepção, parece que o evangelho tornou-se um 'deixar de fazer coisas', isto faz com que a religião torne-se um código de moral e conduta e não um lugar onde as pessoas possam encontrar a Deus. Olhando por este prisma consigo entender por que tantas vezes ouvi muitas pessoas me dizerem: "vou para a Igreja quando eu for mais velho, por que quero aproveitar um pouco mais minha vida."

Foi Tomaz de Aquino quem fez a separação entre natureza e graça, desde então começa-se a dizer o que é de Deus e o que é do mundo. A coisa evoluiu tanto que chamamos as coisas que fazemos na igreja de coisa de Deus, e o que fazemos fora coisas do mundo. Interessante isto, por que parece que Deus não fez esta separação, para ele existe o que é santo e o que é profano e ambas as coisas podem estar no mesmo ambiente. Uma pessoa pode estar dentro de um ambiente de culto com um coração perverso e mesquinho, enquanto outra pessoa pode esta
r em seu local de trabalho louvando a Deus. Ai está o grande perigo de querer separa o que é secular e o que não é.

Se lermos Isaias, vamos perceber que a maior preocupação de Deus está em que as pessoas sejam honestas, cuidem dos pobres, cuidem de suas famílias e façam o bem. Onde é para se fazer estas coisas? no "mundo" ou na "igreja? Portanto, o evangelho não é um arrazoado de coisas que podem ou não podem serem feitas, o evangelho é a boa noticia de que Deus nos criou a sua imagem e semelhança, e agora nos dá o privilégio, através do Cristo, de nos reconciliarmos com ele e viver uma vida plena em graça. O nosso desafio portanto é ter a essência de Deus em todo o nosso viver, e não apenas em poucos minutos que passamos no templo.

Ouvi outro dia uma frase muito interessante: "Religião é o homem buscando a Deus, e evangelho é Deus buscando o homem". Gostaria de salientar pelo menos dois grandes perigos desta definição:
1. Ver a si próprio como alguém que foi alcançado pelo evangelho, logo, achado por Deus. Pronto, caímos na discussão da predestinação e pior, teremos que concordar com as pessoas quando dizem: "ainda não fui tocada por Deus". Isaias testemunha contra isto afirmando "buscar-me-eis e me achareis...". Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados...". Se Deus está buscando, está fazendo isto para apresentar ao homem o caminho, compete a este homem aceitá-lo ou rejeitá-lo.
2. Sentir-se seguro por não ser apenas um religioso. Chamo aqui para a reflexão sobre o que é religião? Em uma definição generalista seria um grupo de pessoas, que se cercam em irmandade, em volta de uma divindade, seguindo suas regras próprias e doutrinas em geral cultuando em um templo. Me pergunto, onde é que as pessoas que se dizem não religiosas se desenquadram deste perfil? Para ser um não religioso, teria que ser quebrado os paradigmas da religião, então teria que caminhar para o ateísmo, que é a tentativa de separar-se totalmente da religião, muito embora eu creia que esta também seja uma forma de religião, onde a divindade é o próprio homem.

Volto novamente a Isaias, um profeta do Antigo testamento preocupado com as questões que envolve o homem integralmente: os problemas religiosos eclesiásticos e religiosos sociais. As pessoas de sua época estavam dando ênfase a outros deuses, uma hora esquecendo-se de Javé, e outra hora colocando-o como um deus como os outros, além disto, a exploração dos pobres e o esquecimento das viúvas e órfãos era outro grande problema. Somando-se a isto havia grande declínio de ordem moral. Era a falência tanto religiosa como social.

Voltando a questão da reflexão apresentada acima, é preciso deixar bem claro que não é uma frase pronta que irá modificar a decadência do evangelho nos dias atuais, será preciso muito mais do que isto. Assim
como não adianta nossa presidenta ir para os meios de comunicação e declarar que teremos a melhor copa de todos os tempos. Poderá não ser a pior em termos de organização, mas, com certeza será medíocre, como todas as grandes coisas que se faz neste país, será cheia de corrupção e enriquecimento ilícito, desvios e mais desvios de verbas públicas, favorecimentos, e, pelo rumo das manifestações, muita repressão por parte da polícia.   

O empobrecimento da religião fez com que a nação de Israel sucumbisse moral e socialmente, eles conseguiram encobrir a Iavé e sufocar o 'rugido do leão' declarado por Amós. Como nação brasileira estamos fazendo o mesmo, na mesma medida em que cresce o número de religiosos cristãos evangélicos, que se apresentavam como "A SOLUÇÃO", cresce também o declínio religioso. As pessoas estão se tornando religiosas, mas, não estão encontrando Deus, e por isto não há transformação pessoal, não havendo esta transformação, todo o ranço de uma vida em declínio é levada para dentro da igreja. E como disse Jesus: "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês". (Mateus 23:15).


Precisamos urgente de um avivamento, uma ação sobrenatural do Espírito Santo, que convença de fato o homem de seu estado de miserabilidade espiritual, e os leve para um lugar de santidade, onde a moral seja apenas um detalhe natural, um fruto do Espírito Santo, como Paulo nos ensina. Precisamos urgente que o Espírito de Cristo nos torne novamente homens semelhantes a Deus, homens que amam ao seu semelhante: "A Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo".