1. Roeh – vidente. Usada 11 vezes no A.T. Quatro delas se referem a Samuel;
2. Hozeh – visionário. Usado 16 vezes no A.T.;
3. Is ‘ilohîm – Homem de Deus. Aparece 76 vezes no A.T.;
4. nabi – Profeta. Aparece 315 vezes no A.T.:
. Vidente parece mais um personagem urbano, que atua no outeiro ou ermida de uma cidade, presta serviço e é recompensado por isso;
. Homem de Deus surge em tempos de crise e calamidade;
. Visionário e profeta trata de profecia geral para a sociedade.
Em geral utilizava-se o termo Profeta (nabi) no reino do Norte (Israel) e Visionário (Rozeh) no reino do Sul (Judá). Em Israel, o nabi aparecia como porta-voz da aliança, ao passo que no Sul o hozeh era percebido como arauto do Conselho divino. Este pequeno detalhe irá fazer grande diferença no peso da mensagem profética que será mais contundente em Judá. Amós por exemplo, quando saiu do reino do sul e foi profetizar em Israel não foi aceito, e a palavra dos nabis foi: “vá profetizar em tua terra o hozeh”.
Sabe-se muito pouco sobre Joel, ele atuou em Judá, mais propriamente em Jerusalém, portanto ele era um Visionário (Rozeh), suas grandes qualidades poéticas, seu conhecimento dos profetas que o precederam, nos levam a situá-lo em um ambiente bastante elevado culturalmente. Dado o interesse dele pelo templo e pelos representantes religiosos, muitos o consideram como um profeta cultual. Não é possível ter certeza qual foi a época de sua atuação. A atividade dele tem sido datada de épocas mais distintas, desde o século IX até o III. Embora a tendência predominante o situe na época pós-exílica.
O profeta não deixa vestígios em seus livros sobre a data de atuação, portanto, podemos considerar pelo menos duas datas distintas:
1. Na hipótese de Joel ter atuado em fins do reino, ele seria contemporâneo de Jeremias que também parte de uma catástrofe agrícola, que o povo tenta superar com atos de culto e com a intercessão do profeta. Mas, Deus nega-se a perdoar. Mas ainda, a seca transforma-se em sinal de pragas ainda maiores: morte, espada, fome e desterro. Para Sofonias, o dia do Senhor manifesta-se também como um momento de ira e cólera, de juízo e destruição. Mas cabe uma saída: procurar o Senhor, procurar a justiça, procurar a humildade (Sf. 2,3).
2. Na segunda hipótese o profeta teria atuado durante o século V. A grande catástrofe agrícola, a queda de Jerusalém, o desaparecimento da monarquia, pertencem já ao passado. A espera da irrupção de um mundo maravilhoso anunciado por Ezequiel, Ageu, Zacarias. Joel, partindo precisamente de uma calamidade, prevendo inclusive uma catástrofe maior, mantém a esperança de que a palavra profética dos seus predecessores não cairá no vazio.
Para Joel a catástrofe presente antecipa uma era de benção e salvação para o povo. Entretanto, a salvação anunciada é condicional, ela exige uma conversão interior, intensa e profunda (rasgai os vossos corações e não as vossas vestes).
Independente da data, o livro do Joel traz uma forte mensagem que gostaríamos de compartilhar em três etapas:
1. Primeira etapa: Caos! Quando tudo parece estar perdido. Joel 1
2. Segunda etapa: Quebrantamento! Uma chamada ao arrependimento. Joel 2.1-17
3. Terceira etapa: Restauração! Uma promessa de restituição. 2.18-32
I – Caos! Quando tudo parece estar perdido – Joel 1
Independente da data em que foi escrito o livro, Joel tem uma visão de uma Judá completamente destruída por uma grande catástrofe agrícola. Toda a lavoura e plantação existente haviam sido totalmente devastada por pelo menos quatro tipos de gafanhotos diferentes: migrador, cortador, devorador e destruidor, o que deixou um o outro comeu. Além disto, perdeu-se toda a semente, talvez, devido a grande seca ocorrida, perdeu-se os celeiros por falta de recursos para investimento, o gado e ovelhas estavam gemendo e morrendo devido a falta de pasto e a seca dos rios, e se não já era muito, um grande incêndio devorou todas as florestas e resto de pasto existentes.
A base da economia era baseada na agricultura e pecuária, portanto perder os animais e tudo o que plantara era um sinal de falência em todos os níveis financeiros.
Joel é um hozeh - visionário, ele tem uma visão natural de uma Judá destruída, mas, ele sabe que nem tudo está perdido, ele enxerga com os seus olhos carnais o caos, mas, com a visão da fé de um hozeh ele enxerga uma Judá restaurada.
A visão do meu presente não é a visão de meu futuro, o caos aparente não pode delinear e nem delimitar o que acontecerá na minha vida, IAVÉ me fará prosperar.
A partir da visão do caos vista por Joel, gostaria de destacar três princípios sobre o que é preciso fazer para vencer o caos?
1. Primeiro princípio: é preciso uma visão além do caos
Joel tinha a visão do caos a sua frente, aquela era a sua realidade momentânea, ele não floreou nada, ele enxergou o seu presente da maneira mais realista possível, a situação era desesperadora, tudo havia sido destruído, mas, ele não acreditava que as coisas ficariam daquela forma. Ele cria firmemente na restauração e na restituição que Deus realizaria. Sua visão transcendia o presente e o fazia enxergar além do caos.
No pós-guerra, muitas pessoas fugiram de seus países sem nada, para aventurar uma nova vida em países estrangeiros. O Brasil foi um dos países escolhidos por europeus, sobretudo italianos. Eles tiveram que abandonar seus países para não morrer, muitos fugiram apenas com a roupa do corpo, em busca de asilo em nossa nação. A visão deles no momento de sua fuga era de caos: casas destruídas, famílias dizimadas, empresas arruinadas, propriedades tomadas e saqueadas. A visão real do seu presente era desoladora. Se aquela visão limitasse o seu futuro, todos teriam morrido na miséria. Mas, não foi o que aconteceu, a maioria esmagadora dos imigrantes que aqui chegaram se estabeleceram e se deram muito bem. O Dr. Darcy Ribeiro em seu livro “O Povo Brasileiro” conta que muitos que aqui chegaram foram trabalhar em serviço braçal nas fazendas que brasileiros não queriam fazer por achar pesado. E partindo do nada prosperaram e se tornaram proprietários de terras. Como isto pode acontecer? O que fez diferença em suas vidas foi a visão que eles trouxeram. Eles chegaram sem nada, mas, tinham uma visão do que poderiam alcançar e trabalharam para isto.
Eles tinham uma visão humana e prosperaram, imagina o que você fará juntando a tua visão meramente humana com o poder de Deus.
Reflita no seguinte: a visão de restituição que você tem do seu futuro é o que te dará forças para enfrentar o caos do seu presente.
2. Segundo princípio: é preciso força para superar o caos
Imagina o que se passava na cabeça daqueles fazendeiros quando viram uma nuvem de gafanhotos descendo sobre a sua plantação? Um belo dia eles estão acordando e ouvem um barulho, um zunido que vai aumentando cada vez mais, e de repente o céu começa a escurecer devido a uma nuvem que se move rapidamente, quando se dão conta da situação, enormes insetos invade as suas plantações e com uma fome voraz devoram tudo o que é verde.
Qual a sensação deles naquele momento? Impotência!
Quando enfrentamos crises muito fortes parece que as forças se esgotam rapidamente.
Certa vez estava aconselhando a uma jovem senhora com fortes problemas conjugal. Seu mundo estava desmoronado em sua volta, tudo parecia estar perdido. A visão diária de seu rosto era a de que todas as suas energias estavam sendo consumidas rapidamente. Suas noites eram intermináveis, devido a consumição dos problemas em sua mente. O seu estado emocional era lastimável. É assim que ficamos quando enfrentamos crises profundas, parece que gastamos o dobro das forças para desenvolver qualquer tarefa. É por esta razão que muitos desistem e se entregam. Mas, aquela mulher era uma guerreira de oração, apesar do caos aparente, não se dobrou diante das dificuldades momentâneas, ela concentrou-se no que Deus poderia fazer em sua vida e lutou e venceu. Após anos de luta, conseguiu a restauração do seu casamento.
Reflita: A visão do teu futuro é o que te motivará em meio ao caos do presente.
3. Terceiro princípio: é preciso a presença de Deus para vencer o caos
Estes dias ouvi um testemunho de um rapaz de seus trinta e cinco anos que havia enfrentado uma forte crise de depressão. Ele já havia tentado o suicídio por pelo menos três vezes, e todas elas foram frustradas, óbvio, se não ele não estaria ali testemunhando. O importante do desfecho da história foi a sua confiança em Deus nos momentos de tribulação. A fé em Jesus foi determinante para o seu processo de cura.
Veja a situação de Joel, é muito difícil olhar para todo um país destruído e ainda ter forças para clamar. É difícil olhar para a sua própria vida e ver tudo arruinado e ainda assim ter forças para buscar ao Senhor. Será que vale a pena buscar ao Senhor? O salmista responde a esta pergunta da seguinte maneira:
O Salmo 116:3-4 - “Laços de morte me cercaram, e angústia do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza. Então, invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor, livra-me a alma”.
Salmo 113:7 - “Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para assentar ao lado dos príncipes do seu povo”.
Apesar de ser muito difícil, no meio do caos, conseguir olhar para frente e ver um futuro melhor, e ainda por cima ter forças para lutar, este é o caminho para vencer quanto tudo parece perdido.
Conclusão
Todos nós somos passiveis a passar por dor, tribulações e derrotas, isto não é privilégio de alguns poucos. Mas, nestes momentos nos sentimos sós, sem esperança, sem perspectivas e sem forças para continuar lutando. Se você tem passado por momentos assim, então eu gostaria de desafiar a você a três atitudes:
1. Primeiro, faça uma boa apuração sobre o seu presente. Como você está agora? Talvez você esteja enxergando um verdadeiro caos;
2. Segundo, comece a buscar forças de onde talvez você ache que não tenha mais;
3. Terceiro, entregue toda a confiança de seu sucesso nas mãos do Senhor. Você pode fazer isto?
2. Segunda etapa: Quebrantamento! Uma chamada ao arrependimento. Joel 2.1,12-17
Após o Rozeh Joel narrar toda a visão de uma Judá completamente destroçada pela catástrofe agrícola que assolara a nação, agora ele passa para uma grande chamada para o arrependimento. Lembrando que Rozeh, nome em hebraico geralmente traduzido por profeta, mas que literalmente quer dizer visionário, aquele que tem a visão do futuro. A partir do capítulo 2.1 ele ordena: “Tocai a trombeta em Sião e daí voz de rebate...”. Sião é como conhecida a capital de Judá, Jerusalém, lugar onde ficava localizado o templo, lugar de adoração, lugar de alta concentração de gente de todos os níveis, sobretudo as mais importantes e ilustres como os líderes religiosos e lideres governamentais. A palavra para trombeta em hebraico é chofar, em geral feita com chifre de carneiro. Era tocado por um atalaia ou por um sacerdote. Cada toque do chofar tinha um significado. O ouvinte sabia discernir o que fazer a partir de cada toque do chofar.
O apóstolo Paulo em I Cor 1.8 pergunta: “se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?” Ninguém. O toque ordenado por Joel deveria ser dado pelos sacerdotes, era um toque de ajuntamento para que a palavra profética fosse anunciada. Em conjunto com a trombeta seria ecoado gritos de avisos no santo monte de Jerusalém.
Temos compreendido pelas escrituras que antes de executar o juízo Deus manda o alerta. Hoje temos o Espírito de Cristo em nossas vidas que sinaliza que algo não está de acordo com os padrões de Deus.
O toque do chofar naqueles dias seria para anunciar ao povo de que algo estava muito errado e precisava ser corrigido. Todo aquele evento que ocorreu não foi apenas natural. Os gafanhotos foram verdadeiros atalaias enviados pelo Senhor para avisar de que algo estava errado. Todo o incidente ocorrido tais como: a fome, a seca, o incêndio, as mortes dos animais do campo, era apenas uma pequena prévia do dia terrível que Joel chama de ‘o Dia do Senhor’.
A partir do verso 12 Joel faz uma grande chamada ao arrependimento. É momento de se quebrantar diante do Senhor para que Ele possa trazer a restituição do que fora tomado.
Joel é um visionário e ele olha para o futuro e vê uma nação restaurada e usufruindo de todas as bençãos do Senhor. Entretanto, para que isto se tornasse realidade teria que haver uma conversão. Conversão quer dizer mudança de direção. Deixar um determinado caminho e tomar novo rumo. Mudança não é algo fácil de fazer, toda mudança requer sacrifício e produz sofrimento. Essa conversão só seria autêntica se iniciasse a partir de uma grande arrependimento que gerasse quebrantamento nos corações.
Joel dá algumas características de como deveria ser este quebrantamento:
1. Primeira característica, de todo o coração
Coração é o lugar de onde vêm as emoções. Converter de todo o coração implica ter todas as emoções envolvidas no processo. Jesus disse em Lucas 10:27: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração”. O que seria isto? Amar de todo o coração é não ter mais espaço para dividir este amor com ninguém.
Era uma prática dentre os judeus rasgarem as vestes e vestir-se de saco para demonstrar quebrantamento, mas, esta prática deteriorou-se em meio à religiosidade e perdeu o sentido. Joel desafia o povo a rasgar o coração e não mais as vestes.
Lembro-me de um fato que uma professora do seminário do Nordeste nos contou sobre algo curioso que aconteceu em Feira de Santana, onde pessoas de classe média estavam fazendo propósitos de humilhação, e para demonstrar vestiam-se de roupas de saco. O grande problema é que eles mandavam fazer estas roupas de sacos para vestir e cada modelito não saia por menos de R$ 200,00. Onde está a humilhação nisto?
Deus deseja ver o seu coração quebrantado, rasgado diante de sua presença. Coração tem a ver com paixão, sentimento, emoção. Uma pessoa apaixonada não consegue vivem sem a outra, a todo momento quer falar, sentir, tocar, ouvir, quer estar o mais próximo possível, sente falta, sente saudades, sente o cheiro, se emociona com a sua presença. Este quebrantamento que Joel propõe tem que ter a magnitude de uma paixão, precisa doer no coração.
2. Segunda característica, com jejum
Jejum é uma prática espiritual, um rito de fé. O Jejum expressa a humilhação diante de Deus e demonstra toda uma dependência de Deus. O nosso organismo necessita de alimento para manter-se, no jejum abdica-se do alimento físico para demonstrar a total dependência de Deus. O jejum toca o coração de Deus por que nos quebranta.
Jejum não é greve de fome. Grandes personagens da história marcaram as suas vidas com greves de fome. Antony Garotinho no RJ fez uma greve de fome para fazer valer o seu direito de resposta diante da Rede Globo em resposta a uma acusação de corrupção. A greve de fome comove as pessoas que estão assistindo e acaba sendo uma grande arma para chamar atenção a uma determinada causa.
Se a greve de fome chama atenção das pessoas e as sensibilizam tanto, pense no que um jejum sincero, com o coração rasgado pode fazer ao coração de Deus.
3. Terceira característica, com choro
O choro é uma evidência de um coração quebrantado. Quando há um quebrantamento real, dificilmente não há choro, entretanto, nem todo choro é de quebrantamento. Há todo o tipo de choro, de medo, remorso, raiva, dor... até de alegria.
Em geral as mulheres têm mais facilidade de chorar, basta ir a um culto dos homens e depois ir ao culto das mulheres para ver a diferença. Enquanto o culto dos homens é aquele culto polido, sem muitas emoções, o das mulheres é completamente o oposto, elas se derramam e choram e choram e choram... e depois se abraçam e sorriem uma para as outras com a feição de quem lavou a própria alma. Talvez, por esta razão, as mulheres tenham condições de receber melhor a mensagem de Joel do que os homens. Penso que a sensibilidade feminina toca ao coração de Deus. Fato é que as mulheres oram muito mais do que os homens.
O choro que Joel desafiou ao povo a derramar teria que ser com lágrimas autênticas de quem está quebrantado, quer outra oportunidade, quer começar de novo, quer concertar os erros. Não é um choro apenas emotivo, mas, carregado de muita emoção junto com a compreensão do quebrantamento, com o rasgar do coração e o jejum.
Conclusão
Joel, um visionário, conhecedor do poder restaurador de Deus estava vendo toda a sua terra arrasada e todo o seu povo sofrendo. Que profeta fica feliz em ver o seu povo sofrer? Nenhum! Por isto ele tem que fazer algo que mude aquela situação. Então, ele apresenta todo um panorama de tudo o que está acontecendo e aponta uma solução. Outro dia eu li um comentário interessante de Luiz Mosconi sobre a bíblia onde ele diz que a “bíblia não é farmácia onde se compra remédios para doenças. A bíblia é mais um raio-X. Revela o estado de saúde e aponta sugestões. A escolha do remédio fica por nossa conta”. A mensagem é dada ao profeta por Deus como um balsamo curador para Sião, ele a recebe e a transmite.
O convite de Joel era que a partir do toque do chofar houvesse um ajuntamento e todos ouvissem a palavra profética e a partir desta mensagem fossem quebrantados, rasgassem o seu coração, com choro, jejum e com lágrimas.
Se você entende que esta palavra é de Deus e você sente que precisa quebrantar-se desta forma diante do Senhor então permita que o Senhor faça isto agora com você, permita que ação do Espírito de Cristo possa inundar o mais profundo de sua alma. Quebrante-se diante Dele, chore, abra o seu coração totalmente, entregue-se a Ele de todo o seu coração.
3. Terceira etapa: Restauração! Uma promessa de restituição. Joel 2.18-27
Como já disse nas outras etapas, Joel era um Rozeh, nome hebraico para visionário, normalmente traduzido por profeta. Joel tinha uma visão real do seu presente, ele não era um alienado religioso que mascarava os acontecimentos reais. Ele sabia e afirmava que tudo estava um caos, e narra isto com detalhes no capítulo primeiro. Entretanto, como um visionário ele não se conforma com o lastimável estado de destruição, ele vê algo novo, algo sublime, ele vê a própria restauração de Deus, a restituição de tudo o que foi comido pelos gafanhotos.
A visão de restauração era nítida para Joel, por isto ele manda tocar a trombeta em Jerusalém a fim de apregoar a todas as pessoas e, sobretudo, para as autoridades religiosas e governamentais sobre o preço desta restituição. Não seria uma restituição barata, deveria haver conversão de todo o coração, arrependimento, jejum e choro.
Estamos vivendo hoje o que muitos teólogos chamam de ‘graça barata’. É interessante este termo por que a graça, como o próprio nome declara é de graça, não há custo. Mas, o fato de não haver custo não quer dizer que não se impõe condições para recebê-la. Jesus estabeleceu os critérios para que a graça nos alcance, e Joel coloca de maneira bem clara que se dará através de um real arrependimento.
A promessa de restituição de Deus abrangia os seguintes aspectos:
1. Primeiro, a restituição da economia (v. 19, 22)
Em toda a história do povo hebreu sempre houve muita prosperidade na nação, isto enquanto eles andavam com o Senhor e obedecia aos seus princípios, mas, quando resolviam abandonar ao Senhor, eles passavam a depender tão somente da força do seu próprio braço e sua sabedoria humana, como durante todo o tempo eles foram dependentes de Deus, então quando Deus os abandonava, eles deixavam de prosperar por que não sabiam viver sem a benção de Deus. Em tudo Israel aprendeu a depender de Deus e Deus sempre supriu todas as suas necessidades. Quando Deus deixava de ser o provedor, Israel era abatido. A convocação de Joel para o quebrantamento era para trazer novamente a presença de Deus para o meio do povo para que Ele derramasse mais uma vez a sua benção.
Certa vez, quando eu era adolescente, achei uma carteira na escola, e estava cheia de dinheiro. Puxa, rapidamente pensei em todas as coisas que poderia comprar: tantos carretéis de linha, pipas, bolas de gude, etc., imediatamente me veio à mente que aquela carteira tinha um dono e eu precisaria devolver. Havia uma identificação, então procurei o dono e fiz a devolução. Era um rapaz que havia perdido, e quando fiz a devolução ficou super feliz, sobretudo por que o dinheiro todo estava lá. Por gratidão, ele me recompensou, o que me deixou também bastante contente.
A Palavra de Deus diz em Lucas 11:13: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
Pensando na alegria daquele rapaz me veio a mente a alegria que sentimos quando o Senhor restaura as nossas finanças. O mínimo que podemos fazer é apenas recompensá-lo através de uma oferta de gratidão, por toda a alegria que ele nos proporcionou com a restituição do que se havia perdido.
Penso que, com o tempo, Israel ficou mal acostumado a ser abençoado e pensou que tudo vinha fácil, por isto desperdiçou a benção de Deus. Acabou perdendo todos os bens materiais, emocionais e espirituais que o Senhor havia concedido durante anos.
Mas, o Senhor amava a Israel, como também nos ama, e revitalizou a sua promessa condicional de restituir tudo que havia sido saqueado pelos gafanhotos. O que o povo teria que fazer seria apenas arrepender-se genuinamente diante de Deus. A partir daí, poderia começar a viver a promessa, por que Deus faria a sua parte. Eles poderiam começar a alegrar-se diante de Deus, por que Ele é fiel para fazer cumprir tudo o que prometeu.
2. Segundo, a restituição da liberdade (v. 20)
O exército do norte, provavelmente a Babilônia, embora alguns eruditos creiam que este exército possa ser o de gafanhotos, seria afastado de Israel. De qualquer maneira, tanto um quanto o outro trazia uma lembrança bastante desagradável. Os gafanhotos haviam destruído toda a agricultura e agropecuária, levando a nação a uma verdadeira falência econômica. A lembrança da Babilônia trazia uma memória bastante desagradável, ela havia sido a grande destruidora da nação de Judá, levando grande parte do povo cativo, cerceando completamente a liberdade.
Lembro de um filme que assisti em 1994 chamado um sonho de liberdade onde o ator Tim Robbins representou Andy Dufresne que foi preso injustamente acusado de assassinar sua própria mulher. O filme mostrava o ambiente hostil e injustiças de uma penitenciaria. Andy passa todo o filme tentando provar sua inocência, até que no fim do filme ele consegue cavar um túnel e fugir com todo o dinheiro que o diretor corrupto havia ganhado com a exploração do trabalho dele e a última sena que aparece é ele em uma linda praia do pacífico gozando sua liberdade, com uma nova identidade.
Durante todo o filme ele sonhava com sua liberdade e isto era um fator motivador para ele continuar vivo dentro daquele lugar. Desta forma ele trabalhava, produzia, e fazia com que ele mesmo e os seus colegas de prisão também se sentissem livres.
Isto é basicamente o que Joel fez com Sião, fez com que o povo sonhasse com o que Deus iria fazer. Ele vê o futuro, como um visionário, e transmite profeticamente a visão de um povo livre de seus inimigos. A condição seria quebrantar-se diante de Deus.
O quebrantamento não seria um viver em profunda tristeza, pelo contrário, seria um momento inicial de choro, jejum e lágrimas, mas, depois disto um regozijo pleno, uma alegria sem fim, por causa de todas as maravilhas que o Senhor faria.
Alegre-se nas promessas do Senhor, ele tem um sonho de liberdade para realizar em tua vida.
3. Terceiro, a restituição da alegria (v. 23)
“alegrai-vos, filhos de Sião, regozijai-vos, por que o Senhor vos dará...”. Este texto é fantástico! Gostaria de enfatizar este “vos dará”, se vai dar é por que ainda não deu. Veja o que Joel está sugerindo que o povo se alegre antes mesmo de receber as bençãos destinadas a eles. Por quê? Joel era um Hozeh, um visionário. Um visionário não regula muito bem a vista da coletividade, por que ele vive sempre um passo a frente. Quando é calamidade ele sofre antecipadamente, mas quando é benção ele se alegra na frente de todos.
No filme ‘Um sonho de liberdade’ algo interessante é que tão logo Andy consegue fugir a sua feição muda imediatamente. Antes como prisioneiro, apesar de alegrar-se, ainda tinha um ar pesado, triste, abatido, angustiado. Aquela expressão desapareceu instantaneamente, e deu lugar a um ar leve e semblante alegre. É desta mesma forma que nos sentimos quando Jesus nos livra das mãos do inimigo e nos restitui a liberdade e tudo o mais que nos foi levado. Ele restaura todas as coisas e a alegria fica estampada em nossa face. Se antes Andy já era alegre, muito mais feliz ele tornou-se quando viveu seu sonho de liberdade.
Creio que esta é a vontade de Deus para a sua vida, te restaurar e restituir o que foi perdido, que você venha a alegrar-se e regozijar-se não devido a sua situação atual, e tudo o mais que esteja aconteceu ou deixou de acontecer, mas, alegrar-se com a promessa das coisas que está por vir, sobretudo a promessa de vida eterna.
Conclusão
Creia que Deus irá trazer restituição para a sua vida, restituição das finanças, da liberdade em Cristo Jesus, e da restituição da alegria.
Talvez as pessoas te olhem, vejam a tua situação e questionem por que você está se alegrando - você não tem motivo para alegrar-se! – elas podem dizer isto, mas então você dirá para elas: eu estou me alegrando pelas promessas de restituição que o Senhor fará acontecer na minha vida.
Gostaria que você refletisse muito sobre o seguinte:
1. A visão do meu presente não é a visão de meu futuro, o caos aparente não pode delinear ou delimitar o que acontecerá na minha vida, IAVÉ me fará prosperar.
2. A visão do meu futuro é o que moverá as minhas forças em meio ao caos do presente.
Queto te convidar a orar comigo da seguinte forma:
“As minhas eiras se encherão de trigo, e os meus lagares transbordarão de vinho e de óleo. Receberei a restituição dos anos que foram consumidos pelo gafanhoto. Comerei abundantemente até me fartar, e louvarei o nome IAVÉ, meu Deus”.
"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.".
"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.".
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