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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O Milênio e a Grande Tribulação

Mateus 24.27

Dentre os mais diversos grupos cristãos, esta pergunta sempre emerge: quando será a segunda vinda de Jesus? Diversas vozes se levantaram na tentativa de responder a esta questão. Neste texto, iremos discorrer sobre as diferentes correntes teológicas que definiram este assunto.

A segunda vinda de Jesus é a base da esperança cristã, o evento que marcará o início da complementação do plano de Deus. O próprio Jesus confirma a sua vinda com a informação dada em Mateus 24.30: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder, e grande glória”.

Apesar de Deus ter estabelecido um tempo definido, esse tempo não foi revelado. Jesus indicou que nem ele nem os anjos sabiam o tempo de seu retorno e que seus discípulos também não saberiam (Mc. 13.32-33, 35).

Sobre este assunto, pelo menos três correntes teológicas sistemáticas surgiram ao longo dos anos:

Amilenismo

A ideia de que não há um milênio, onde Jesus viria reinar sobre a terra. O grande julgamento final seguir-se-á imediatamente à segunda vinda de Jesus. No século XX quando o pós-milenismo começou a perder popularidade, foi em geral substituído pelo amilenismo. O amilenismo se distingue mais por sua rejeição ao pré-milenismo que por suas afirmações. Se parece muito com o pós-milenismo de tal forma que nem sempre é possível distinguir um do outro. É possível que ambos simplesmente não tenham sido diferenciados durante boa parte dos dezenove primeiros séculos da igreja.

Os amilenistas acreditam que o livro de apocalipse como um todo é muito simbólico, portanto os “mil anos” citados em Apocalipse 20 são alegóricos, não podendo ser compreendidos literalmente.

Pré-milenismo

Trata-se de uma visão pessimista do evangelho. Tudo no mundo irá piorar, quando parecer insustentável ocorrerá a segunda vinda de Cristo para inaugurar o milênio. Haverá um reinado terrestre de Jesus com duração de mil anos. Ao contrário do pós-milenismo, o pré-milenismo entende que Cristo estará fisicamente presente durante este período.

Esta doutrina encontrou mais espaço nos três primeiros séculos da igreja. O milênio seria um tempo de grande abundância e fertilidade, de renovação da terra e de construção de uma Jerusalém glorificada. Acredita-se que os santos governarão junto com Cristo, como prêmio pela fidelidade.

Esta concepção possui um número considerável de adeptos entre batistas conservadores, grupos pentecostais e igrejas fundamentalistas independentes.

Esperam por um evento repentino, cataclísmico, onde o mal é eliminado. Esta corrente tem uma interpretação literal de Apocalipse 20.4-6. Acreditam que haverá duas ressurreições, uma no início e outra no fim.

De acordo com o pré-milenismo, haverá uma ruptura bem marcante em relação às condições conforme as encontramos agora. Haverá paz mundial, as guerras cessarão. A harmonia universal alcançará também a natureza. Os animais viverão em harmonia uns com os outros (IS 11.6,7; 65.25), e as forças destrutivas da natureza serão acalmadas. Os santos governarão junto com Cristo nesse milênio.

Antes do milênio a humanidade enfrentará a chegada da grande tribulação, um período de sete anos de grandes dificuldades, convulsões sociais sem precedente, distúrbios cósmicos, perseguição e grande sofrimento. A terra atingirá o seu pior estado logo antes de Cristo vir para estabelecer o milênio.  Esta parte se divide entre dois pensamentos: um grupo acredita que a igreja enfrentará a grande tribulação e outro grupo acredita que a igreja não estará presente na grande tribulação.

Dispensacionalismo

Uma doutrina surgida a partir do pré-milenismo é o dispensacionalismo. Trata-se de um sistema de interpretação da Bíblia de forma literal. É um esquema interpretativo unificado, ou método de interpretação das Escrituras. Esta corrente acredita que Israel é a nação escolhida, e não a Igreja reunida. Eles sustentam que Deus fez uma aliança incondicional com Israel. Independente de qualquer coisa, Israel continuará sendo seu povo especial. Essas dispensações são estágios sucessivos na revelação divina de seus propósitos. Há uma discordância sobre o número de dispensações, sendo que o número sete é o mais aceito.

No dispensacionalismo, Deus retomará seu relacionamento com Israel, algum tempo depois que a igreja tiver sido arrebatada. O milênio, por conseguinte, terá um caráter notavelmente judaico.

Tribulacionistas, são conservadores que ensinam que a vinda de Jesus ocorrerá em duas etapas: arrebatamento e a revelação aos santos. Esses dois eventos serão separados pela grande tribulação, que, segundo se acredita, deve durar cerca de sete anos. Ela se divide em:

. Pré-tribulacionista - Cristo removerá a Igreja do mundo antes da grande tribulação. O arrebatamento ou a sua segunda vinda será secreta; não será percebida por ninguém, exceto a igreja. Uma vez que precederá a tribulação, não há profecia que ainda precise ser cumprida antes que possa acorrer. Portanto, pode ser a qualquer momento. O arrebatamento livrará a igreja da grande tribulação. Ao final de sete anos, o Senhor voltará mais uma vez. Cristo será estabelecido como rei durante mil anos.

Observando, porém as escrituras, não encontramos subsídios bíblicos para uma vinda secreta de Jesus. Pelo contrário, Mateus 24.27 diz que será um evento para todos verem, comparou a um relâmpago.

. Pós-tribulacionista – A igreja enfrentará a grande tribulação e Cristo voltará após seu termino. Defendem a ideia de que a Igreja estará presente na grande tribulação e sofrerá com ela. A vinda de Cristo não ocorrerá até a conclusão do período de sete anos. O Senhor preservará a Igreja, mas, não a livrará de passar pela tribulação.

. Meso-tribulacionista – Acredita que a Igreja enfrentará apenas parte da grande tribulação. Nesta doutrina a igreja é retirada após enfrentar um período da grande tribulação.

Pós-milenismo

Trata-se de uma concepção otimista do evangelho - A segunda vinda de Cristo encerrará o milênio (Apocalipse 20) do reinado de Jesus na terra. O milênio não necessariamente seriam mil anos literais, mas, um tempo prolongado. A pregação do evangelho será tão bem-sucedida que o mundo se converterá, a paz vencerá e o mal será banido. Então Cristo retorna e inicia o milênio. Cristo, embora fisicamente ausente, reinará sobre a terra.

Esta doutrina foi mais popular nos períodos em que a igreja parecia estar obtendo sucesso em sua tarefa de ganhar o mundo. Embora defendida por Agostinho, tomou popularidade no Século XIX. Período de grande efervescência missionária. Havia muita expectativa em se alcançar rapidamente o mundo para Cristo. A base para este pensamento está em algumas passagens bíblicas do AT: Salmos 47, 72 e 100; Isaías 45.22-25; Oséias 2.23, que declara que todas as nações se aproximarão de Deus.

Esta doutrina acredita na literalidade do texto de Mateus 24.14, em que o evangelho seria pregado a todo o mundo e então Jesus voltaria.

Esta doutrina defende que o reino de Deus é uma realidade presente, aqui e agora, não como um domínio celestial futuro. As parábolas de Jesus em Mateus 13 nos dão uma ideia da natureza deste reino.

Conclusão

Todas as correntes apresentadas têm base bíblica, cada uma montou a sua própria sistemática baseadas em diversos textos que comprovam a sua teoria. Uma usa a forma de interpretação alegórica para alguns textos e a outra utiliza uma forma de interpretação crítica textual. Assim, para uma os mil anos é apenas uma metáfora e para a outra é literal.

O fato é que não sabemos como ou quando tudo isto ocorrerá. O próprio Jesus, enquanto homem, afirmou que nem ele mesmo sabia: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”. (Mateus 24.36).

Desta forma, podemos conversar, estudar, fazer projeções, como o fez por diversas vezes as Testemunhas de Jeová, mas, o certo é que não sabemos e não temos condições de saber, a não ser que o próprio Deus revele a alguém, o que é bastante improvável, considerando que nem Jesus soube.

Então em que devemos crer? A mensagem da segunda de Cristo tem a ver com a questão da vigilância diária e não com a preocupação sobre que dia e quando este fato ocorrerá. Se o cristão entender que Cristo está vindo a cada dia em seu coração, estaria sempre pronto, e teria um viver cristão saudável, trataria de manter a sua lâmpada sempre cheinha. Porém, o que se percebe é que o evangelho vem se deteriorando diariamente, e que Jesus e os princípios deixaram de ser a coisa mais importante da Igreja.

Pr Sergio Rosa

terça-feira, 29 de outubro de 2024

A unidade perfeita

 I Coríntios 12.12

A metáfora que Paulo utiliza para falar da igreja aqui é sensacional. É tão simples e prática que qualquer criança entende. Ele compara um corpo físico a igreja e afirma que a igreja é o corpo de Cristo. Isto não é algo literal, é alegórico, foi a forma que ele utilizou para ensinar para a igreja qual deveria ser o seu comportamento. A igreja deve se comportar da mesma forma que um corpo humano. Esta forma de ensino é surpreendente, pela sua profundeza e simplicidade. Qualquer criança consegue entender esta analogia. O problema não é entender, mas, sim praticar. A Igreja de Corinto, era rica, tinha muito dons, mas, era um corpo doente.

Seguindo este princípio ensinado por Paulo, entendemos que a igreja é um organismo vivo, uma entidade, um ser. O desafio da igreja é tornar-se uma unidade perfeita, como perfeito é o funcionamento do corpo humano.

A partir desta introdução, podemos verificar algumas semelhanças:

1. A Igreja de Jesus não é um corpo sem cabeça.

Se não seríamos anencéfalo. O que acontece um corpo anencéfalo? Segundo pesquisas: “Aproximadamente 75% dos fetos anencéfalos morrem dentro do útero. Dos 25% que chegam a nascer, todos têm sobrevida vegetativa que chega a 24 horas na maioria dos casos”. São raros os que sobrevivem. E, se sobreviver, vivem como se fosse um vegetal. Não falam, não andam, não sentem nada. Isto porque lhes falta o principal, o cérebro.

A Igreja pode sobreviver sem pé, sem mão, sem muitos dos órgãos do corpo, mas, não conseguirá sobreviver sem a cabeça. Cristo é a cabeça da igreja. Uma igreja sem cristo é uma igreja anencéfala. João diz: “...tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1). Está viva no diagnóstico, mas, é como se estivesse morta.

Cristo, portanto, é a cabeça espiritual, ou seja, aquele de quem vem todo o comando para o corpo. No entanto, uma cabeça não vive sozinha, precisa de um corpo. A Igreja é o corpo de Cristo. Enquanto organismo vivo necessita dos órgãos para sobreviver. Paulo descreve bem isto no capítulo 12 de I Coríntios. Ele cita alguns membros: Pés, mãos, ouvidos, olho, e membros que ele chama de mais fracos e os que parecem menos dignos e não decorosos e membros nobres.

Imagina a confusão que seria se um órgão do seu corpo decidisse se rebelar contra as ordens da sua cabeça e quisesse ser autônomo fazendo sua própria vontade? Você quer escovar os dentes, mas, ele quer pentear o cabelo. Todas as duas coisas são importantes, porém, uma delas é prioritária. Por algum motivo relevante o cérebro entendeu que naquele momento era preciso escovar os dentes e não pentear o cabelo. Talvez estivesse na hora de dormir ou coisa que o valha. Seja qual for o motivo, não é mão quem decide o que irá fazer, mas o cérebro.

2. A Igreja de Jesus não é um corpo com movimentos involuntários

Quando eu estava na Bahia uma amiga nossa, esposa de um pastor querido teve um tipo de curto circuito em seu sistema nervoso. Ela perdeu o controle dos movimentos do seu corpo. Ela se movimentava aleatoriamente, sem que ela pudesse controlar. Ela estava consciente e vendo tudo, estava lúcida, consciente, porém, sem controle. Não foi um caso de endemoninhamento, foi uma perda de controle de movimentos. Seus braços, pernas e cabeça se movimentavam para todos os lados aleatoriamente. Ela tinha espasmos e movimentos involuntários em todo o corpo.

A igreja que não está centrada em Cristo terá esta característica. Poderá ter muitos movimentos, fazer muita coisa, mas, nenhuma fará sentido, porque serão movimentos involuntários.

3. A Igreja de Jesus é um corpo com unidade

A pergunta que podemos fazer é como podemos promover a unidade de um corpo com órgãos tão distintos entre si? A razão pela qual há unidade em um corpo físico é porque todos os nossos corpos são ligados a um sistema nervoso central. Todos os órgãos são interligados ao cérebro através deste sistema. Desta forma, o apóstolo, inspirado pelo Espírito, foi muito feliz nesta comparação. O corpo é a metáfora perfeita para a Igreja. Você consegue imaginar um órgão que não esteja ligado ao sistema nervoso central do seu corpo? Ele não te ajudará em nada, será um peso. Tenho um amigo muito querido que sofreu um derrame que paralisou todo o seu lado esquerdo. Ele luta a anos com fisioterapia para tentar recuperar os movimentos de braços e pernas, que estão paralisados. Agora, imagina outra situação, daquela minha amiga que perdeu o controle de seus membros. Se compararmos a uma igreja, seria uma igreja onde todos querem fazer algo, mas, independente, desligados do sistema nervoso central.

4. A unidade do corpo se dá através do seu sistema nervoso central

É através do sistema nervoso central que o corpo se comunica com o cérebro e o cérebro se comunica com o corpo. Na igreja poderíamos afirmar que este sistema é a liderança. A liderança é formada por líderes de ministérios, diretoria estatutária e o pastor. Cada um destes líderes tem uma função específica no corpo. E cada membro tem o seu papel dentro das organizações. Para que todo o corpo funcione bem, cada um precisa fazer a sua parte com excelência, em unidade.

No topo da espinha dorsal está a diretoria, no topo da diretoria o pastor. Nenhum destes membros é superior ou mais importante que o outro, devido a sua posição. Não é uma hierarquia, é uma organização. Nela, o pastor é o elemento principal, mas isto não o faz ser melhor ou mais importante que ninguém, mas, ele tem uma função específica. Liderar o corpo.  

Igualmente os líderes. Não são melhores do que os seus liderados, mas cada um recebe uma designação específica. Quando um membro quer fazer aquilo que não é a sua função, gera conflito e todo o corpo sofre. Cada pessoa que assume uma função é direcionada por Deus para desenvolver um trabalho específico.

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve”. (I Cor 12.18)

Eu pastorei uma igreja onde a diretoria queria ditar as normas para o pastor. Queria dizer para o pastor o que ele deveria fazer. Eu agradeci a oportunidade e saí desta igreja. Eu entendo que o pastor é aquele que faz a conexão entre a Igreja e a Cristo. Não como um sacerdote do Antigo Testamento, não como um ungidão que só ele tem a revelação última. Mas, pelo simples fato de que a igreja é um corpo e a unidade deste corpo está diretamente ligada àquele que está no topo da espinha dorsal.

Conclusão

Desta forma, entendo que o pastor, abaixo de Cristo, é o principal responsável por promover a unidade deste corpo. Ele é o responsável por ouvir a voz de Deus e estabelecer as diretrizes deste corpo. Ainda que ele ouça sua liderança, e deve mesmo ouvir, pois na “multidão de conselhos há sabedoria”, a decisão para onde a igreja deve ir precisa ser dele.

Todas as entidades, seja civil, militar, governamental ou religiosa necessita da figura de um líder para promoção da unidade. Cabe aos liderados, concordando ou não com a visão, não apenas obedecer, mas, através de sua função, contribuir com excelência para que a visão seja alcançada.

É fundamental que o líder seja honrado, por que o nome dele e da instituição que lidera se confundem, não há como separar. Se o pastor tem a sua imagem manchada, toda a igreja sofrerá.

Para concluir, uma igreja que consegue que o corpo funcione em unidade é uma igreja vencedora, é uma igreja que não terá limites para tudo o que deseja fazer.

domingo, 29 de setembro de 2024

Demas, um desigrejado

2 Timóteo 4.10

Hoje há um crescente número de pessoas que são consideradas desigrejadas. Desigrejado é um termo novo usado para definir evangélicos que continuam acreditando em Deus, seguindo suas vidas de acordo com os princípios bíblicos, mas, não querem mais participar de uma religião organizada como membro, não seguem mais muitas das doutrinas defendidas por sua denominação. Elas praticam a sua fé pessoal, porém, sem um pastoreio.

Muitas destas pessoas se decepcionaram com a igreja, tiveram fortes problemas ou decepções com os irmãos e/ou com a liderança, e isto fez com que se afastassem. Já outras, se sentiram atraídas por coisas que não lhes convinham, enquanto membros de uma igreja, e fizeram a escolha de se afastar do convívio religioso para não se sentirem tolhidos. Há também aqueles que se afastaram por estarem por demais envolvidos com estudo, trabalho, cursos, treinamento, busca de renda extra, e outras coisas que lhes ofereçam um crescimento financeiro. Não vejo nada errado na busca de desenvolvimento pessoal, aliás, eu até estimulo. Porém, isto pode ser um problema, se não souber dosar. 

Ao meu modo de ver, Demas faz parte deste último grupo, aquele que foi atraído pelo mundo, no sentido de abandonar a sua missão com Paulo para buscar coisas mais confortáveis para a sua vida. Ele não foi atrás de prazeres, mas, estava cansado do sofrimento, de perseguições e prisões.

1. Quem foi Demas?

Filemom 1.24 afirma que ele foi um cooperador. Esta simples palavra diz muita coisa a respeito deste homem. Ninguém se torna cooperador da noite para o dia. A palavra cooperador dá a entender que ele já caminhava com os cristãos a muito tempo. E não apenas isto, ele era participante e produtivo, não era um turista religioso.

Na carta de Paulo aos Colossenses 4.14 há uma saudação de Lucas para Demas. Aqui se verifica que ele era uma figura bastante conhecida no meio eclesiástico daquele momento. Podemos afirmar que era alguém da alta liderança da Igreja neotestamentária.

2. O que aconteceu com Demas?

Paulo quando escreve 2 Timóteo 4.10, afirma que ele fez três coisas que decepcionaram a Paulo:

2.1. Me abandonou.
Demas era um líder dentre os cristãos, deve ter feito muito bom trabalho, no entanto, algo aconteceu que o paralisou e não quis mais trabalhar, não quis mais fazer nada na igreja, não quis mais servir. Se interessou por outras coisas que era de ordem material ou secular, e abandonou ao seu mentor espiritual.

Muitas são as coisas que nos entristecem na igreja e nos fazem querer parar de trabalhar. Como pastor, já enfrentei muita decepção, coisas que me machucaram profundamente, que me fizeram repensar muita coisa. Uma das coisas que pensei é que não queria mais ser membro de uma igreja, embora eu ame a Deus e aos seus princípios, mas, deixei, por um momento, de amar a igreja. Esse foi um pensamento que me consumiu por cerca de dois anos. Não queria saber de igreja, não queria produzir nada na instituição igreja. Poderia dizer que estava vivendo uma verdadeira síndrome de Demas.

A minha experiência pessoal me leva a crer que nem todas as pessoas que deixam as igrejas são porque amaram o presente século. Acredito que a grande maioria dos desigrejados, de alguma forma, se decepcionou com a Igreja local. Não rejeitaram a Deus e aos seus princípios, mas, se recusaram a viver em uma comunidade que lhe estava fazendo mal e não bem. O que pode não ser bom, porque a igreja inda é o refúgio dos santos. No entanto, conviver com pessoas doentes pode trazer diversos problemas espirituais e emocionais.

2.2. Amou o presente século 

Paulo não explica o que ele quer dizer exatamente com a expressão grega ‘aion’. A versão NVI diz que Demas amou o mundo, a King James diz que ele amou o mundo Secular, e a NTLH afirma que ele se apaixonou por este mundo. Esta expressão pode ser atribuída a prazeres ilícitos, a desejo de enriquecimento tanto lícito quanto ilícito, desejo de poder, busca de coisas materiais ou seculares, período de tempo, o mundo, século, tempo perpétuo, dentre outras coisas. Não acredito que Demas tenha sido atraído por coisas pecaminosas, acredito que tenha desejado uma vida melhor, com menos sofrimento, provocado por um extenuante ministério itinerante, com muitas carências e perseguições.

2.3. Foi para Tessalônica

Tessalônica era uma grande metrópole, é como se ele saísse do Brasil para a Europa. Este fato corrobora com a ideia de que Demas deixou tudo para cuidar de sua própria vida e não mais ter que pagar aquele preço de ser um líder de uma instituição que vivia sendo perseguido pelos judeus.

O problema foi que Paulo se chateou com esta situação, porque o seu amigo o deixou na mão. Algumas versões trazem a palavra: “ele me desamparou”, ao invés de “me abandonou”. Isto mostra o quanto Paulo precisava dele para realizar a obra missionária. Porém, cada um conhece o seu limite. E, aquele foi o de Demas.

Conclusão

Esta curta passagem de Demas nos faz refletir profundamente sobre a igreja pós-moderna. Hoje há um crescente número de desigrejados, que talvez seja uma quantidade semelhante aos igrejados. Pessoas que um dia fizeram parte do corpo e hoje se encontram distantes por algo que as afastaram.

Se o motivo do afastamento é de origem pecaminosa, cabe ao desigrejado refletir se vale a pena a troca, se a vida em pecado é realmente melhor do que a comunhão com a igreja e com Deus. Entretanto, se o motivo do afastamento foi um aborrecimento com algum irmão ou líder da igreja, o processo pode ser um pouco mais difícil, porque terá que vencer um forte problema emocional. Talvez seja preciso envolver perdão.

Rosana, minha esposa, tem um sermão ótimo, baseado na história de José do Egito. Ela diz que José só foi realmente feliz quando foi confrontado com a presença de seus irmãos, e liberou perdão para todos eles. Ele poderia prendê-los, rejeitá-los, se vingar, mas, não fez nada disso. Ele chorou amargamente, lavando a sua alma; os abraçou e os beijou. Se ele fizesse a opção de reter o perdão, viveria amargurado o resto de sua vida, porém, a história mostra que ele escolheu perdoar.

Perdoar não é algo fácil, não é sentimento, é uma decisão. Não se perdoa porque se sente o desejo de perdoar, mas, por uma necessidade. O perdão nos faz bem, nos faz sentir melhor. Porém, é necessário que a pessoa que está sendo perdoada de fato esteja arrependida do que fez. Até mesmo Deus, para nos perdoar de nossos pecados, espera que nos arrependamos.

Se algo aconteceu com você e te aborreceu tão grandemente a ponto de te colocar nesta posição de escolha, não faça como Demas, escolha a comunhão com os santos, por mais difícil e desafiador que isto possa parecer. E, não se permita tornar-se um cristão amargo devido às suas experiências ruins, seja amoroso sempre, porque essa é a nossa essência, o amor do Pai.

sábado, 31 de agosto de 2024

A Baixada Fluminense e o Descaso do Estado

"Disse-lhe Jesus: Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão".

Mateus 26:52

Quando chego na baixada, vindo de outros lugares, percebo o amontado de casas. Dificilmente há um terreno onde não tenha pelo menos cinco casas. A baixada se tornou um amontado de gente, que não para de crescer devido às pessoas pobres que buscam um local de moradia mais barata, muitas vindas de outros estados, e a alta fertilidade das adolescentes, que não para de gerar guris. É um lugar semiabandonado pelo Estado.

As perspectivas dos jovens são baixíssimas, a expectativa de um futuro, entre uma grande parte, quase não existe. São poucos os que pensam em buscar uma carreira, fazer um curso técnico ou uma faculdade. Muito disto devido a falta de estrutura familiar. Entretanto, há pessoas inteligentes, já saíram muitas para posições nobres, porém, não é realidade da maioria. Há muitos subempregos e serviços informais de baixíssima renda, o que só dá para não morrer de fome. A falta de perspectiva abre oportunidade para ocupações fáceis e ilícitos. Este fato torna a criminalidade crescente.

O número de mortes entre os nossos jovens, pretos e pardos em sua maioria, que são ceifados prematuramente, ou vão para a estatísticas prisionais, não para de crescer. Se prisão resolvesse algum problema, estávamos bem resolvidos. Nossa população carcerária no Brasil é de quase Hum milhão de presos. Gasta-se mais com presídios do que com prevenção. Sai bem mais barato o investimento em escolas e cursos técnicos e programas de estruturação familiar do que sustentar toda a estrutura de presídios.

Estes dados informais só nos levam a pensar em um completo descaso do Estado que abandonou a Baixada Fluminense à 'ninguendade' (expressão cunhada pelo professor Darcy Ribeiro). Este local tem virado terra de ninguém, como era o faroeste nos USA no século XIX. Onde os bandos chamados cawboys faziam o que queriam, com pouquíssima atuação do Estado, que só intervinha quando a coisa já estava interferindo nos assuntos dos grandes empresariados.

As incursões da polícia em lugares já dominados por milícias e tráfico só tem levado à mortes trágicas, tanto dos polícias, que também são de origem pobre, quanto dos integrantes de grupos criminosos, e por efeito colateral, os moradores. Vivemos uma guerra cível, considerando o número de mortes violentas. Enquanto o Estado, o Leviatã de Thomas Hobes, dorme um sono tranquilo, enquanto não é incomodado. Não se vê um projeto a curto, médio ou longo prazo para o desfazimento de um mal que iniciou logo após o fim da escravidão e que se arrasta até hoje.

O que eu acredito? É que se a solução não sair dos próprios pobres, não haverá solução para eles. Se pobres continuarem explorando, extorquindo, roubando, corrompendo, matando outros  pobres, negros e pardos principalmente, não haverá esperança. A violência só aumentará e o Leviatã, volta e meia, através dos seus caveirões somente exterminará o excesso.

Como promover uma mudança? Isto é individual e coletivo ao mesmo tempo. Individual, quando cada um buscar o seu próprio crescimento, desenvolvimento e voltar a acreditar em si mesmo. Coletivo, quando um vizinho parar de olhar o seu vizinho como inimigo e se unir em prol de melhorar o seu lugar. Comece com pequenas ações, busque a cada dia fazer algo de bom, pense no seu próximo como irmão, lute pelo outro.

sábado, 3 de agosto de 2024

Purim. Quando Deus transforma tristeza em alegria

Ester 9.20-28

Este texto fala sobre a origem da festa de Purim, que é comemorada pelos judeus até o dia de hoje. O povo judeu é muito festeiro. Há diversas festas tradicionais entre o povo. As três principais são: A festa da Páscoa, Pentecostes e dos Tabernáculos. Todas em agradecimento a Deus. A festa de Purim é celebrado do pôr do sol do dia 25 de fevereiro até o anoitecer do dia 26.

O historiador Flávio Josefo, em sua obra História dos Hebreus, apresenta o imperador da Pérsia Assuero, que reinou sobre cento e vinte e sete províncias, desde a Índia até a Etiópia, como sendo Artaxerxes, ele seria o mesmo rei Ciro encontrado no livro de Daniel. Ele desposou uma judia de nome Hadassa, que teve o seu nome trocado para o nome persa Ester. Ao casar-se com Assuero, Ester se torna a grande rainha persa.

A festa de Purim teve o seu início quando a rainha Ester conseguiu livrar o seu povo das mãos de Hamã, o amalequita que se tornou príncipe dos príncipes do poderoso império persa. Devido a um aborrecimento com o primo de Ester, o Mordecai, ele planejou exterminar todo o judeu que havia no reino da Pérsia. Assim que a rainha Ester soube do plano maligno de Hamã, por intermédio de Mordecai, ela convocou todo o seu povo para jejuar e buscar ao Senhor. Deus atendeu ao clamor do seu povo e efetuou um grande milagre, livrando todo o seu povo da perseguição e morte.

Assim o Senhor mudou a sorte do seu povo, que antes esperava o pior. Aqueles que estavam apavorados na iminência da destruição e morte, foram surpreendidos com a boa mão de Deus agindo em seu favor. Em gratidão a Deus, e para que o povo jamais se esquecesse do que aconteceu, eles celebraram aquele livramento com uma grande festa, que é comemorada até os nossos dias. Um dos pratos prediletos que é consumido nesta data se chama: “orelha de Hamã”.

Gostaria de destacar duas principais razões que levaram àquele povo a celebrar aquela grande festa:

1. Eles receberam sossego dos seus inimigos – 9.17

Hamã, o grande príncipe persa, ficou furioso com Mordecai, porque ele era a única pessoa de todo o império persa, que não reverenciava a sua presença. Hamã queria que todos se ajoelhassem diante dele, ao vê-lo passar, pois assim tinha determinado o próprio Imperador Assuero. Devido a recusa de Mordecai ajoelhar-se diante dele, ele ficou tão furioso que intentou não apenas matar a Mordecai, mas, a todos os judeus que habitavam no império persa. E, para Mordecai, mandou construir especificamente uma forca bem grande.

Tudo estava preparado para que Mordecai e todos os judeus que habitavam na Pérsia, fossem mortos, inclusive a rainha Ester. A rainha então levou todo o povo a jejuar e orar, buscando a face de Deus. Aconteceu que Deus efetuou um grande livramento, e no lugar preparado para Mordecai morrer, o próprio Hamã foi enforcado.

Apesar da grande vitória que o Senhor deu para o povo hebreu, o enfrentamento não foi nada fácil. Diante do todo poderoso príncipe Hamã, Mordecai parecia não ter nenhuma chance. Era uma luta de um gigante, todo paramentado com suas armas de guerra contra um adolescente com uma atiradeira e cinco pedras.

Este fato registrado nas Escrituras nos faz lembrar que não devemos nos enxergar como meros gafanhotos. Maior sempre será Deus, que tem todo o poder para nos livrar das mãos de nossos inimigos. Portanto, não se deixe abater quando a luta for intensa e o seu inimigo poderoso.

2. Eles receberam alegria ao invés de pranto – 9.22

Os planos do todo poderoso príncipe Hamã era de matar a todos os judeus que havia no império, estava tudo certo para isto, ele já estava comemorando por antecipação. Porém, ele não contava com a ação de Deus. Ele se achou grande demais e deixou que a soberba o dominasse. Provérbios 16.18 diz que: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”. E, foi o que aconteceu. Alguém disse que o poder corrompe, porém, eu creio que o poder apenas revela quem a pessoa verdadeiramente é. Faz imergir aquilo que está no coração. Hamã era mal, e assim que subiu ao poder, quis humilhar, maltratar e matar, aqueles a quem ele não gostava.

O que Hamã não sabia é que Deus era poderoso para reverter toda aquela situação. Ele achava que matar aquela gente cativa, não daria em nada. Seria como eliminar uma praga, cortar uma erva daninha, mas, Deus pensava diferente. Hamã não sabia que os filhos de Deus são cuidados por Deus. E, Deus tem a capacidade de transformar todo pranto em grande alegria, toda perseguição em grande vitória, toda opressão em libertação.

No evangelho de Lucas 7.11-17, temos o relato de Jesus encontrando um cortejo fúnebre. Ali havia uma mãe, viúva, levando o seu único filho para ser sepultado. Imagino a dor daquela mulher que perdera o que tinha de mais precioso, para a sua época: marido e filho. Diferente de hoje, na cultura judaica antiga, a mulher não poderia auto representar-se, ela precisava da figura de um homem, seja um marido, pai ou filho. Agora ela não tinha ninguém. Jesus se compadeceu da dor daquela mulher, e naquele dia ressuscitou o seu filho, contrariando a toda expectativa negativa, assim transformou a sua tristeza em alegria, e seu luto em festa.

Conclusão

Deus é capaz de mudar toda e qualquer situação que estejamos enfrentando. O que precisamos fazer é simplesmente crer e confiar no Senhor. Não é nada fácil crer quando estamos afundando no mar agitado, mas, é justamente nos momentos difíceis que precisamos exercitar a fé. Em momentos onde tudo está correndo bem, não necessitamos deste exercício.

Creio que não há situação que Deus não possa modificar. E, a chave para isto é a fé. Não esquecendo que não temos o poder em nós para mudar nada. Mas, temos um pai, que pode alterar tudo. Aprouve ao Senhor agir na vida do povo hebreu e livrá-lo das mãos dos seus inimigos. Esta ação de Deus foi tão poderosa, que até hoje os judeus celebram a festa de Purim.

O começo de tudo foi a fé da rainha Ester, de Mordecai e depois de todo o povo judeu. Eles creram em Deus e isto fez toda a diferença. A perseverança em Deus é o que abre as portas da verdadeira esperança para as nossas vidas. Que você possa crer em Deus, o todo poderoso. E, se você está enfrentando forte perseguição, ou um problema muito grande tem te cercado, fazendo você descrer, ou desconfiar de que as coisas vão desabar de vez, creia que em breve chegará o tempo de Purim em sua vida. Tempo este que Deus transformará todo pranto em grande festa, toda tristeza em grande alegria.

sábado, 20 de julho de 2024

Coisas que só os amigos fazem

Jó 2.11-13

Hoje estamos comemorando o dia do amigo, embora a data oficial seja 20 de julho. O professor e filósofo argentino Enrique Ernesto Febbraro foi o responsável pela criação do Dia Internacional da Amizade. A ideia surgiu com a chegada do homem à Lua, em 1969, pois este fato significava que juntos, os povos poderiam conseguir superar desafios quase impossíveis. Para o criador da data, esse evento representava um símbolo de união entre todos os seres humanos.

É difícil definir exatamente o que é amizade. No conceito geral a amizade é a relação afetiva entre os indivíduos. É o relacionamento que as pessoas têm de afeto e carinho por outra, que possuem um sentimento de lealdade, proteção, e etc.. Amigos são aquelas pessoas que gostamos da companhia, da presença, e, não sabemos explicar o porquê. Provérbio 15.30 diz: “O olhar do amigo alegra o coração”.

Tenho relido o livro de Jó nestes últimos dias. Este não é um livro da Bíblia que muita gente gosta de ler, não é um dos livros mais lidos, porque é um pouco maçante para quem não está acostumado com a poesia hebraica. O livro é uma discussão filosófica, em linguagem poética, que trata acerca do sofrimento humano. Indiretamente o livro de Jó também fala sobre amizade. Praticamente todo o livro é um diálogo entre Jó e seus três amigos: Elifaz, Bildade e Sofar. Ao saberem que o seu amigo Jó estava enfrentando um grande infortúnio, eles deixaram os seus afazeres e foram até ele para o consolar. Ali, eles ficaram inicialmente, sete dias, sem dizer uma palavra. Apenas chorando e sofrendo com ele. Depois destes sete dias eles começaram a falar, aí estragou tudo, estava tudo muito bom enquanto eles estavam apenas quietos.

A partir do diálogo existente no livro de Jó, gostaria de pensar com vocês sobre coisas que só os amigos fazem:

1. Amigos nos falam o que ninguém jamais falaria

Os amigos de Jó, enquanto estavam calados foram verdadeiros poetas, mas, foi só abrir a boca para falarem muitas coisas indevidas. Mas, eles falaram aquilo que estava em seus corações. Amigos tem esta característica de nos confrontar de maneira dura, mas, quando fazem isto, sempre pensam em nosso bem. Às vezes eles estão certos, e por isto precisamos ouvi-los. mas, as vezes erram feio, como os amigos de Jó, e precisam ser corrigidos.

Os amigos de Jó fizeram uma leitura totalmente equivocada da situação, como se Jó tivesse algo para confessar. Eles imaginaram que se Jó perdeu tudo o que tem, é porque Deus estava pesando a sua mão. Deus jamais retribuiria o bem com o mal. Esta é a lógica humana a respeito do problema do sofrimento. Os discípulos de Jesus também tiveram este posicionamento, João 9:1 diz: “E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Jesus respondeu que nem um e nem outro havia pecado. O que nos leva a pensar que nem todo mal é resultado de pecado ou maldição.

Amigos nos confrontam quando eles entendem que estamos errados. Quem não tem amigos assim, que diz na nossa cara aquilo que pensa a respeito de determinadas situações? E, quanto mais íntimo, mais se tem liberdade para falar.

2. Amigos fazem coisas que ninguém mais faria

Foram sete dias sentados chorando e se condoendo com Jó. Quem mais faria isto? Apesar de todo o debate que eles promoveram com Jó, eles não o abandonaram, ficaram com ele até que ele fosse totalmente restaurado de sua dor. Amigos fazem grandes coisas por nós, melhores amigos, fazem coisas extraordinárias, coisas que ninguém mais faria.

Lucas 5.17-19 fala a respeito de um homem paralítico, que foi conduzido por outros homens para ser curado por Jesus. Como o lugar estava cheio e eles não conseguiam se aproximar, tiveram a ideia de descer o paralítico pelo terraço. Quem mais teria uma ideia maluca assim? só amigos muito chegados.

Amigos são aqueles que contamos para nos ajudar na hora dos apertos da vida. Nem sempre eles poderão nos ajudar, precisamos entender a limitação de cada um. Mas, no geral, melhores amigos sempre dão um jeito de nos ajudar em situações complicadas.

3. Amigos nos suportam apesar de quem somos

Os amigos de Jó tinham uma ideia falsa sobre ele. Eles achavam que Jó teria que ter um erro para confessar, para que Deus pudesse perdoá-lo e acabar o sofrimento. A lógica deles não estava errada. Porém, apesar da lógica ser verdadeira, a premissa era falsa. Porque Jó não havia feito nada errado, estava apenas sendo experimentado em sua fé.

Este fato nos leva a concluir que nem todo o sofrimento que enfrentamos é consequência direta de algo errado que tenhamos feito. Há muitas pessoas se sentindo culpadas achando que Deus está pesando a sua mão sobre ela, quando na verdade está apenas enfrentando situações difíceis da vida.

É importante destacar que mesmo com o pensamento errado a respeito de Jó, seus amigos não o desprezaram. E, da mesma forma Jó, apesar de seus amigos terem uma falsa ideia ao seu respeito, ele também não os desprezou.

Amigos se suportam, apesar de suas falhas, erros e diferenças.

Conclusão

Segundo o poeta Milton Nascimento: “Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Amizade é uma poderosa expressão de amor. Algo que dura pra vida toda. Há ocasiões que ficamos anos sem ver um amigo, e quando reencontramos, parece que foi ontem.

Hoje, no dia do amigo, alguém que gosta muito de você te convidou para este culto. A intenção é que você conheça outras pessoas e quem sabe faça outras amizades. De todos os amigos, nós gostaríamos de apresentar, o maior de todos eles, é alguém que fez algo que poucos amigos fariam, ele entregou a própria vida para que eu e você pudéssemos ser salvos. Jesus!

Jesus quer ser o seu melhor amigo, ele te convida para iniciar ou reatar uma amizade. Em João 15:15 ele diz: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.

Jesus é o amigo fiel. Outros amigos, como os de Jó, podem até falhar, mas, Jesus jamais falhará. E, como amigo, ele nos convida a desfrutar de tudo o que ele tem. Ele quer dividir conosco o seu reino. Ele nos faz um convite, para que entremos no seu reino. Para tomar posse do reino de Jesus e participar do seu reino, basta aceitá-lo em seu coração.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Família lugar onde se aprende amar a Deus – Dt 6.4-9

Este texto de Deuteronômio traz uma grande responsabilidade a nós, os pais, ele diz que em nosso relacionamento familiar devemos ser exemplos para os nossos filhos ensinando-os a amar a Deus e andar em seus caminhos. Devemos fazer isto em todo o momento. O verso 7 apresenta quatro momentos distintos: 1. Assentado em casa – por exemplo nas conversas que fazemos durante a refeição; 2. Andando pelo caminho – quando estamos indo para qualquer lugar; 3. Ao deitar-se – para as mães que gostam de contar histórias para os filhos dormir, a bíblia apresentar belas histórias; 4. Ao levantar-se – na preparação dos filhos para a escola. O verso 9 diz que os Israelitas deveriam atar nas mãos, na testa e escrever nas portas, para que o tempo todo estivessem lendo e aprendendo sobre a Palavra de Deus, para que em momento algum eles viessem a se esquecer dos mandamentos de Deus, e se corrompessem.

O verso 7 atribui uma grande responsabilidade aos pais, porém, vivemos em um tempo de grande ativismo, onde não temos tempo para quase nada. Em uma grande parte dos lares ambos os cônjuges trabalham fora, estudam, buscam aperfeiçoamento profissional, e ainda se dedicam à igreja, ficando muito pouco tempo para a família. Quando o casal tem filhos, estes ficam com os avós ou com empregada, no tempo em que estes estão fora.

Baseado nesta introdução gostaria de destacar o papel dos pais no ensino dos filhos:


1º lugar. O poder da mãe no ensino

I Ts 2.7 “antes nos fizemos brandos no meio de vós, como a mãe que acaricia seus filhos”. O poder de uma mãe na educação de um filho é tão importante que o apóstolo Paulo se utiliza da figura materna para ilustrar o seu relacionamento pastoral.

As mães são, em geral, muito aplicadas ao ensino dos filhos, e são detentoras de uma forma carinhosa para tratar e ensinar os filhos.

São elas que têm os primeiros contatos com o filho, e ali os alimentam em seus próprios seios, trocam suas fraudas, e em maioria, são as que ficam mais tempo com os filhos, e são as que lhes dão maior atenção. Existem as exceções, mas, em sua maioria, as mães são mais dedicadas aos filhos que os pais. Há pais que fazem os filhos e desaparecem na vida, e sequer pagam pensão.

Até mesmo o Estado compreende que a mãe precisa ficar mais perto do filho, e concede às mães a licença maternidade bem superior a licença paternidade. É algo que esta sendo discutido, em alguns países da Europa, Portugal por exemplo, os pais também tem licença paternidade em tempo igual ao da mulher, para também curtir o filho. Basta saber se estes indivíduos têm realmente se dedicado à sua prole.

Se eu puder deixar um conselho para as mães, eu diria para que vocês aproveitem bem este dom que Deus te deu para ensinar aos seus filhos a trilharem nos caminhos do Senhor. Seja um modelo de adoradora para o seu filho, ele terá uma forte tendência a te copiar, se ele vir em você uma pessoa digna de ser copiada.

Aproveite a paixão, a admiração, o amor, que o teu filho tem por você, para conduzi-lo nos caminhos do Senhor.

 

2º lugar. O poder do pai no ensino

I Ts 2.11-12 “E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória”. O apóstolo Paulo utiliza também a figura do pai para comparar como ele procedia no ensino, na correção e na consolação.

Paulo no final do verso 11 diz que cuidamos “a cada a um de vós”. Por que ele faz este destaque? Porque sabemos que cada filho é diferente um do outro, pode se ter recebido a mesma educação, mas cada um terá características próprias que irá diferenciar um do outro, e por esta razão precisará de um cuidado diferenciado.

Esta passagem mostra como é importante a figura paterna. Deus é nosso pai celestial. Como nossos filhos nos vêem? Perverso, amoro, arrogante, paciente? Quando somos crianças fazemos muitas associações para compreendermos o mundo. A criança associa a figura do Pai a Deus. Martinho Lutero tinha esta dificuldade. Ele era filho de um pai muito opressor, que lhe espancava muito e o reprimia com todo o rigor. Desta forma, a figura que Lutero tinha de Deus era de um Deus tirano que oprimia aos seus filhos o tempo todo.

Pais, temos uma tarefa importante: ser exemplo para nossos filhos. Devemos fazer para eles aprenderem, e repetirem aquilo que fazemos. Nesta grande tarefa não temos como falar: “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Parafraseando a Paulo, temos que dizer: “faça como eu faço, por eu faço como Cristo faria”.

 

3º lugar. Nossa tarefa como pais

A maioria de nós, creio, conhece o texto de Prov. 22.6 “ensina a criança no caminho...”. Segundo o professor Gene Getz o original diz “treine a criança de acordo com sua personalidade, ou inclinação pessoal”. O que quer dizer isto? Que temos que entender como a criança é para educá-la em sua forma natural.

As crianças experimentam diversas fases em sua formação.

1. A fase da descoberta em que ela quer mexer em tudo - A maioria das crianças, logo descobrem as tomadas da casa e querem enfiar os seus dedinhos lá. O que devemos fazer para protegê-las e colocar uma tampinha.

2. A fase da imitação - A criança imita tudo o que fazemos. Então quando o pai dirige o filho diz: eu dirijo igual ao meu pai. Elas crescem imitando o que fazemos.

Quando ela cresce o adulto não diz mais ser igual ao pai ou a mãe, agora ela diz que é ela mesmo fazendo. Ela cresceu naturalmente copiando tudo de seus pais e continuará fazendo até envelhecer.

3. Fase da confrontação - Quando as crianças não recebem exemplos, ou começam a desconfiar dos exemplos que estão recebendo de seus pais, eles não querem mais copiar, e então eles procuram outros exemplos. Eles dizem eu não quero ser igual aos meus pais. Isto, em geral, acontece na fase da adolescência. Isto gera um grande problema, estes jovem não sabem quem são. Eles já não querem ser iguais aos seus pais, porque a fase de desenvolvimento foi ruim. Elas não tiveram um modelo que querem seguir.

Precisamos ser exemplos e criarmos os nossos filhos naturalmente, ensinando-os assentado em casa, no caminho, ao deitar-se e ao levantar-se. Assim, chegará uma hora em que ela irá querer nos imitar, e buscar ter a sua própria experiência com Jesus Cristo.

Se eles perceberem que somos hipócritas, fingindo ser quem não somos, eles não irão querer saber de nos seguir. Há muitos filhos frustrados com o evangelho porque seus pais se dizem crentes, mas são pessoas terríveis. Eles nunca experimentaram o novo nascimento, a religião era apenas uma fachada.

Nossas famílias estão precisando urgentemente de modelos. Nossa sociedade está precisando urgentemente de modelos. Nossa igreja está precisando urgentemente de modelos. Modelos de caráter, de seriedade, de relacionamento com Deus.

 

Conclusão

A ausência dos pais cria uma lacuna enorme, uma ferida que nunca será completamente cicatrizada. A minha mãe saiu de casa eu tinha cerca de 16 anos. Ela simplesmente saiu sem se despedir. Um belo dia foi embora. Três anos depois ela morreu. Meu pai não absorveu muito bem a situação e eu tive que me virar desde esta idade. A Igreja neste período em nada me ajudou, mas, os princípios divinos que fui ensinado me livrou de cair em um abismo sem fim. Estou com 57 anos e isto ainda é uma lacuna em minha vida.


Pais que se divorciam, precisam ter consciência do estrago que isto causa nos filhos. Falo isto por experiência própria na minha vida. Vejo isto também na vida de duas sobrinhas netas. Vejo a revolta na vida delas. Penso que é preciso ter mais responsabilidade na hora de gerar uma criança. Vejo muitos adolescentes tendo filhos, sem nenhuma experiência de vida, deixando os seus filhos para que os avós cuidem. Vejo pessoas maduras, tendo filhos, e deixando para que outros cuides e eduquem. Vejo consultórios de psicologia cheios de pessoas com problemas devido a família que desmoronaram.

Os pais têm a responsabilidade não apenas de ensinar, mas, de reforçar o ensino, para que os filhos façam escolhas adequadas. A família precisa ser o porto seguro dos filhos. Pense nisto antes de começar a construir uma família e não deixe de fazer isto, se você já tem uma.

A sua família é o lugar onde se deve aprender a amar a Deus. Este é o princípio de uma igreja e uma sociedade ajustada.