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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O Milênio e a Grande Tribulação

Mateus 24.27

Dentre os mais diversos grupos cristãos, esta pergunta sempre emerge: quando será a segunda vinda de Jesus? Diversas vozes se levantaram na tentativa de responder a esta questão. Neste texto, iremos discorrer sobre as diferentes correntes teológicas que definiram este assunto.

A segunda vinda de Jesus é a base da esperança cristã, o evento que marcará o início da complementação do plano de Deus. O próprio Jesus confirma a sua vinda com a informação dada em Mateus 24.30: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder, e grande glória”.

Apesar de Deus ter estabelecido um tempo definido, esse tempo não foi revelado. Jesus indicou que nem ele nem os anjos sabiam o tempo de seu retorno e que seus discípulos também não saberiam (Mc. 13.32-33, 35).

Sobre este assunto, pelo menos três correntes teológicas sistemáticas surgiram ao longo dos anos:

Amilenismo

A ideia de que não há um milênio, onde Jesus viria reinar sobre a terra. O grande julgamento final seguir-se-á imediatamente à segunda vinda de Jesus. No século XX quando o pós-milenismo começou a perder popularidade, foi em geral substituído pelo amilenismo. O amilenismo se distingue mais por sua rejeição ao pré-milenismo que por suas afirmações. Se parece muito com o pós-milenismo de tal forma que nem sempre é possível distinguir um do outro. É possível que ambos simplesmente não tenham sido diferenciados durante boa parte dos dezenove primeiros séculos da igreja.

Os amilenistas acreditam que o livro de apocalipse como um todo é muito simbólico, portanto os “mil anos” citados em Apocalipse 20 são alegóricos, não podendo ser compreendidos literalmente.

Pré-milenismo

Trata-se de uma visão pessimista do evangelho. Tudo no mundo irá piorar, quando parecer insustentável ocorrerá a segunda vinda de Cristo para inaugurar o milênio. Haverá um reinado terrestre de Jesus com duração de mil anos. Ao contrário do pós-milenismo, o pré-milenismo entende que Cristo estará fisicamente presente durante este período.

Esta doutrina encontrou mais espaço nos três primeiros séculos da igreja. O milênio seria um tempo de grande abundância e fertilidade, de renovação da terra e de construção de uma Jerusalém glorificada. Acredita-se que os santos governarão junto com Cristo, como prêmio pela fidelidade.

Esta concepção possui um número considerável de adeptos entre batistas conservadores, grupos pentecostais e igrejas fundamentalistas independentes.

Esperam por um evento repentino, cataclísmico, onde o mal é eliminado. Esta corrente tem uma interpretação literal de Apocalipse 20.4-6. Acreditam que haverá duas ressurreições, uma no início e outra no fim.

De acordo com o pré-milenismo, haverá uma ruptura bem marcante em relação às condições conforme as encontramos agora. Haverá paz mundial, as guerras cessarão. A harmonia universal alcançará também a natureza. Os animais viverão em harmonia uns com os outros (IS 11.6,7; 65.25), e as forças destrutivas da natureza serão acalmadas. Os santos governarão junto com Cristo nesse milênio.

Antes do milênio a humanidade enfrentará a chegada da grande tribulação, um período de sete anos de grandes dificuldades, convulsões sociais sem precedente, distúrbios cósmicos, perseguição e grande sofrimento. A terra atingirá o seu pior estado logo antes de Cristo vir para estabelecer o milênio.  Esta parte se divide entre dois pensamentos: um grupo acredita que a igreja enfrentará a grande tribulação e outro grupo acredita que a igreja não estará presente na grande tribulação.

Dispensacionalismo

Uma doutrina surgida a partir do pré-milenismo é o dispensacionalismo. Trata-se de um sistema de interpretação da Bíblia de forma literal. É um esquema interpretativo unificado, ou método de interpretação das Escrituras. Esta corrente acredita que Israel é a nação escolhida, e não a Igreja reunida. Eles sustentam que Deus fez uma aliança incondicional com Israel. Independente de qualquer coisa, Israel continuará sendo seu povo especial. Essas dispensações são estágios sucessivos na revelação divina de seus propósitos. Há uma discordância sobre o número de dispensações, sendo que o número sete é o mais aceito.

No dispensacionalismo, Deus retomará seu relacionamento com Israel, algum tempo depois que a igreja tiver sido arrebatada. O milênio, por conseguinte, terá um caráter notavelmente judaico.

Tribulacionistas, são conservadores que ensinam que a vinda de Jesus ocorrerá em duas etapas: arrebatamento e a revelação aos santos. Esses dois eventos serão separados pela grande tribulação, que, segundo se acredita, deve durar cerca de sete anos. Ela se divide em:

. Pré-tribulacionista - Cristo removerá a Igreja do mundo antes da grande tribulação. O arrebatamento ou a sua segunda vinda será secreta; não será percebida por ninguém, exceto a igreja. Uma vez que precederá a tribulação, não há profecia que ainda precise ser cumprida antes que possa acorrer. Portanto, pode ser a qualquer momento. O arrebatamento livrará a igreja da grande tribulação. Ao final de sete anos, o Senhor voltará mais uma vez. Cristo será estabelecido como rei durante mil anos.

Observando, porém as escrituras, não encontramos subsídios bíblicos para uma vinda secreta de Jesus. Pelo contrário, Mateus 24.27 diz que será um evento para todos verem, comparou a um relâmpago.

. Pós-tribulacionista – A igreja enfrentará a grande tribulação e Cristo voltará após seu termino. Defendem a ideia de que a Igreja estará presente na grande tribulação e sofrerá com ela. A vinda de Cristo não ocorrerá até a conclusão do período de sete anos. O Senhor preservará a Igreja, mas, não a livrará de passar pela tribulação.

. Meso-tribulacionista – Acredita que a Igreja enfrentará apenas parte da grande tribulação. Nesta doutrina a igreja é retirada após enfrentar um período da grande tribulação.

Pós-milenismo

Trata-se de uma concepção otimista do evangelho - A segunda vinda de Cristo encerrará o milênio (Apocalipse 20) do reinado de Jesus na terra. O milênio não necessariamente seriam mil anos literais, mas, um tempo prolongado. A pregação do evangelho será tão bem-sucedida que o mundo se converterá, a paz vencerá e o mal será banido. Então Cristo retorna e inicia o milênio. Cristo, embora fisicamente ausente, reinará sobre a terra.

Esta doutrina foi mais popular nos períodos em que a igreja parecia estar obtendo sucesso em sua tarefa de ganhar o mundo. Embora defendida por Agostinho, tomou popularidade no Século XIX. Período de grande efervescência missionária. Havia muita expectativa em se alcançar rapidamente o mundo para Cristo. A base para este pensamento está em algumas passagens bíblicas do AT: Salmos 47, 72 e 100; Isaías 45.22-25; Oséias 2.23, que declara que todas as nações se aproximarão de Deus.

Esta doutrina acredita na literalidade do texto de Mateus 24.14, em que o evangelho seria pregado a todo o mundo e então Jesus voltaria.

Esta doutrina defende que o reino de Deus é uma realidade presente, aqui e agora, não como um domínio celestial futuro. As parábolas de Jesus em Mateus 13 nos dão uma ideia da natureza deste reino.

Conclusão

Todas as correntes apresentadas têm base bíblica, cada uma montou a sua própria sistemática baseadas em diversos textos que comprovam a sua teoria. Uma usa a forma de interpretação alegórica para alguns textos e a outra utiliza uma forma de interpretação crítica textual. Assim, para uma os mil anos é apenas uma metáfora e para a outra é literal.

O fato é que não sabemos como ou quando tudo isto ocorrerá. O próprio Jesus, enquanto homem, afirmou que nem ele mesmo sabia: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”. (Mateus 24.36).

Desta forma, podemos conversar, estudar, fazer projeções, como o fez por diversas vezes as Testemunhas de Jeová, mas, o certo é que não sabemos e não temos condições de saber, a não ser que o próprio Deus revele a alguém, o que é bastante improvável, considerando que nem Jesus soube.

Então em que devemos crer? A mensagem da segunda de Cristo tem a ver com a questão da vigilância diária e não com a preocupação sobre que dia e quando este fato ocorrerá. Se o cristão entender que Cristo está vindo a cada dia em seu coração, estaria sempre pronto, e teria um viver cristão saudável, trataria de manter a sua lâmpada sempre cheinha. Porém, o que se percebe é que o evangelho vem se deteriorando diariamente, e que Jesus e os princípios deixaram de ser a coisa mais importante da Igreja.

Pr Sergio Rosa