Há pessoas que acham que pelo
simples fato de não professar uma determinada fé ou seguir uma religião dominante
está livre de ser manipulado por suas doutrinas. Ledo engano. A coisa é muito
mais profunda do que se imagina e não se prende a um grupo ou a outro. A
religião dominante está impregnada na cultura e moral de um povo, assim como o
inverso é verdadeiro. Portanto, todas as decisões de massa que serão tomadas,
estarão intimamente ligadas ao poder da religião dominante.
Vamos tomar alguns exemplos para
entender isto de maneira macroscópica:
Povos nórdicos - Odin
Este pensamento os estimulava
para guerrear e não temer a morte violenta, ao contrário, eles até a buscavam.
Isto fazia com que os exércitos nórdicos fossem poderosíssimos, o que muito
explica as suas grandes vitórias contra os cristãos na idade média. Eles
realizaram grandiosas conquistas, navegaram para muitas partes da Europa
levando o terror e uma nova cultura.
É interessante notar que eles
venceram a guerra, dominaram outros povos com os seus exércitos, mas, a sua
filosofia e religião foi engolida pelo cristianismo.
Índia - Brahma
Os indianos vivem sobre um
sistema de castas, que está intimamente ligado às suas crenças. Este sistema
legal de castas foi abolido em 1950, com a nova Constituição. Porém, mesmo com
a mudança da Constituição, nada se alterou na religião. A fé e a espiritualidade
continuaram as mesmas. Trata-se de um problema religioso, moral, que está enraizado
nas pessoas. O principal interessado na continuação deste pensamento é a casta
dominante, que se beneficia com esta posição de subserviência. Enquanto eles
acreditarem em suas divindades, jamais questionarão seriamente, jamais se
rebelarão.
A crença na religião impede que
haja revoluções para se quebrar as castas. As pessoas se colocam em posição de
impedimento até mesmo para se casarem com pessoas de outras castas.
Europa e América - Jesus
Durante o período em que a Igreja
esteve no topo do poder em toda a Europa, ela exercia grande domínio sobre tudo. Ela ditava a forma que as pessoas viviam. Reis e governadores se dobravam ao
domínio espiritual do santo Império romano. Até que começaram os
questionamentos teológicos dos seus dogmas. Estes questionamentos se
iniciaram a partir do uso da razão em detrimento a fé dogmática, no fim da
idade média e início da idade moderna. Isto foi o estopim para muitas revoluções
que varreram a Europa, modificando toda uma cultura.
A Reforma protestante foi resultado
direto desta mudança de mente. A Reforma mudou o pensamento religioso da
época. Após a Reforma Protestante o mundo ocidental experimentou o iluminismo e explodiu em revoluções. O
rei deixou de ser o ungido intocável de Deus. Alguns dele foram depostos e até
mortos. O cristianismo legitimava a figura do rei como soberano divino. Com
a queda desta crença, muitos foram encorajados a lutar contra o absolutismo monárquico.
Conclusão
Seja em que lugar do mundo for,
toda religião dominante está ligada diretamente à cultura. A cultura é reforçada
pela religião e leva a hábitos e tomadas de decisões morais. O poder político estatal
não está alheio a este fato. Ao contrário, utiliza-se deste expediente para
manipular a religião e a cultura, para ter domímio pleno das massas, e assim, perpetuar-se no poder. Na maioria das vezes isto é feito de maneira
mecânica, sem pensar, apenas praticando a mesma coisa e utilizando o mesmo expediente que todos. Todo
poder dominante se enxerga como ‘o escolhido’ ou ‘agraciado’ pelo povo e pela divindade de seu povo. Sendo o rei escolhido por um deus, quem ousará a questionar?
Embora, em muitos países se
defenda um estado laico, é impossível que o Estado seja totalmente laico,
jamais será laico um país onde há uma religião dominante, a não ser que
todos os cidadãos sejam ateus. Neste caso o ateísmo seria a forma condicionante
sob a qual o povo viveria e nada mudaria, considerando que todo ateísmo está atrelado a
uma doutrina filosófica, simplesmente iria se trocar um dogma religioso por um
dogma filosófico.
Pr. Sergio Rosa