Lucas 6.16
1. Judas filho de Tiago e Judas Tadeu
Ambos são a mesma pessoa, que é apresentado de duas formas diferentes: Judas, filho de Tiago em Lc 6.16 e Tadeu, em Mateus 10.3 e Mc 3.13. (Lebeu na versão Corrigida e Fiel). Segundo John MacArthur Tadeu significa ‘criança de peito’, evocando a ideia de um bebê sendo alimentado. É como se usássemos a expressão: “queridinho da mamãe”. Provavelmente ele era o mais novo dentre seus irmãos, tratado com carinho por seus pais. Tadeu, significa literalmente “criança do coração”.
Um outro Judas (Jd 1) que aparece no NT é o irmão de Tiago e de Jesus. Ele, provavelmente é o escritor da epístola de Judas, a última carta do Novo Testamento.
Em João 14.21 Jesus diz:
“Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde
procede, Senhor, que estás para manifestar-se a nós e não ao mundo?” (Jo
14.22). Vemos aqui um homem simples, humilde diante de Jesus. Ele não era
impetuoso como Pedro e nem bravo como os irmãos Boanerges. Sua pergunta é de
uma pessoa branda, despojada de qualquer orgulho. Ele queria saber por que Jesus
iria manifestar-se somente para os discípulos e não para o mundo, uma pergunta
razoável que mostra traços de uma personalidade dócil.
Não se tem muita informação
a respeito de Judas Tadeu. A maior parte das tradições mais antigas sobre Judas
Tadeu sugerem que ele levou o evangelho para onde hoje é a região da Turquia e
por causa de sua fé foi espancado até a morte com uma clava, uma espécie de
bastão rústico parecido com um taco de basebol.
2. Judas Iscariotes
O nome de Judas
Iscariotes aparece por último em todas as listas bíblicas. Toda vez que Judas é
mencionado nas Escrituras, também encontramos uma observação de que ele é o
traidor. Ele passou três anos com Jesus, mas durante todo esse tempo, seu
coração tornou-se apenas mais endurecido e cheio de ódio. A vida de Judas nos
faz entender que é possível estar muito próximo de Jesus, até mesmo relacionar-se
com Cristo, e ainda assim ter um coração endurecido e voltado para o mal.
Ao que parece, Judas
Iscariotes é o único apóstolo que não vinha da Galileia. Provavelmente vinha de
Queriote-Hezrom (Josué 15.25). Seu pai chamava-se Simão Iscariotes (João 6.71).
Fora isto, não temos outra informação sobre a família ou as origens sociais de
Judas.
Ele viveu em um tempo em
que os judeus esperavam um messias libertador, aquele que iria libertar o povo
sofrido das mãos do Império Romano. É provável que ele acreditou que Jesus
seria aquele que iria liderar o povo a uma revolta contra Roma. De forma
semelhante aos onze, ele deixou tudo para imediatamente seguir a Jesus. Porém,
de todos os apóstolos, foi o único que não abriu verdadeiramente o seu coração.
As Escrituras afirmam
que quando Jesus escolheu a Judas, ele sabia que ele seria o traidor. No
entanto, de forma alguma Judas foi coagido a agir contra o Mestre. Sua própria
ganância, e perversidade o levaram a tal atitude insana. Ele fez o que estava
cheio o seu coração.
Sua desilusão
Cada dia, passado com Jesus,
fazia com que Judas ficasse cada vez mais desiludido. Ele que sonhava com a
tomada do poder, mas teria que se conformar em dar a outra face e viver uma
esperança de um Reino puramente espiritual. Isto jamais entrou no coração dele.
Judas acreditava que Jesus seria como uma espécie de Rei Davi, que governaria
com grande glória terrena. Os interesses mundanos de seu coração jamais foram
vencidos. Com o passar do tempo, o seu coração se tornava mais petrificado. Em
algum ponto durante aqueles últimos dias, sua desilusão se tornou em ódio, que
junto com sua ganância, acabou na traição.
Sua avareza
Em João 12.2-3 traz o
relato Marta e Maria: “Maria
tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus
e os enxugou com os seus cabelos”. Foi uma adoração extravagante. Ela gastou muito dinheiro, para
somente ungir os pés de Jesus. Os versos 4 e 5 mostra a indignação de Judas,
afirmando que poderia dar aquele dinheiro aos pobres. No entanto, era só uma
falácia, ele não tinha nenhuma preocupação com ninguém, apenas consigo mesmo
(João 12.6). Ele queria o dinheiro na sacola para poder ter o que roubar.
Sua traição e morte
Como qualquer hipócrita,
ele tinha em mente trair a Jesus da forma mais discreta possível e sair bem
depois de tudo. Ele iria jogar todos contra Jesus, e simplesmente passar-se por
neutro. Ele recebera trinta moedas de prata para executar a traição. Judas
combinou um sinal para identificar a Jesus: “Aquele que eu beijar” (Mt 26.48).
Quem iria imaginar que aquele gesto comum de afeto seria um sinal
inescrupuloso?
Depois de tudo
consumado, ele pôde notar a grande besteira que tinha feito: Mateus 27.3-4 “Então Judas, vendo que Jesus fora condenado tocado
de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos
anciões, dizendo: pequei, traindo sangue inocente”. No entanto, já era
tarde demais, tomado de ressentimento, saiu dali e foi enforcar-se (Mt 27.5).
Albert Barnes afirma que
Judas não supunha que o caso teria resultado dessa maneira calamitosa. Ele
provavelmente esperava que Jesus fizesse um milagre para se libertar. Quando o
viu sendo levado, amarrado, julgado e condenado. Quando viu que ele seria morto,
foi tomado de dor e arrependimento ou remorso. A palavra no grego é metamelomai e pode ser traduzido de ambas as formas. Ele tentou reparar o que fez,
mas, já era tarde demais. Ele não suportou o peso da culpa que sentia e
suicidou-se.
Conclusão
Judas é um exemplo
trágico de oportunidades perdidas, privilégios desperdiçados. A vida de Judas
serve de lembrança para tomarmos cuidado com o nosso coração. Devemos manter um
coração limpo, livre de ódios, rancores e magoas. Depois de todo mal feito,
chega um ponto que não há como voltar atras.
O cultivo de um
sentimento ruim foi o fator que o levou a tornar-se o traidor. Havia um lugar
de honra para Judas Iscariotes entre os apóstolos, mas ele jogou fora a
oportunidade e escreveu negativamente o seu nome na história. Ele se deixou
levar por sentimentos perversos e destrutivos. Em algum momento, traído por seus
sentimentos, ele deve ter achado que estava certo em tomar aquela atitude,
porém, mais tarde percebeu o seu erro, e por não conseguir lidar com a dor daquela
imensa culpa, suicidou-se.
Pr. Sergio Rosa