Mateus 5.27-30
Chegamos em um ponto do sermão do
monte onde Jesus está trazendo uma nova interpretação da lei e confrontando os
costumes dos fariseus. No verso 20 Jesus declara que a justiça de seus
seguidores teriam que exceder em muito a dos escribas e fariseus. Talvez os
seus ouvintes tenham feito uma tremenda cara de assustados ao ouvir tal coisa.
Então Jesus começa a ensinar como deveria ser o comportamento diário de cada
um, e como deveria ser a posição diante dos assuntos mais delicados da lei.
Jesus começa com uma questão
elementar que é o relacionamento individual irmão com irmão. Eles conviviam
juntos, mas viviam se engalfinhando. Pelo fato de não matar literalmente o
irmão, achavam que estava tudo certo, mas Jesus diz que não era bem assim: "Quem
se irar contra o seu irmão deve ser julgado, quem chamar de idiota deve ser réu
da mais alta corte judaica, e quem chamar de maluco, está correndo o risco de
ir para o inferno" (Mt 5.22).
Depois Jesus passa para a parte
da adoração, e diz que se você nutre pensamentos maus para com o teu irmão,
para tudo o que está fazendo imediatamente, e vai primeiro e se acerta com o
teu irmão e depois volte para adorar (23-24).
Jesus estava levando o povo
refletir sobre a profundidade da lei, enquanto os escribas e fariseus estavam
preocupados apenas com o exterior, apenas como se deve fazer para 'sair bem na
foto'. Por esta razão acredito que os fariseus não devem ter gostado muito do
que Jesus estava ensinando.
Jesus levanta o problema do sétimo
mandamento: "Não adúlteras". Os fariseus haviam diminuído o
significado do adultério ao ato físico. Não levavam em conta o décimo
mandamento que diz "Não cobiçaras a mulher do próximo...". Jesus os leva a olharem mais profundamente para a questão "quem olhar para uma
mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela". Imagino
quantos homens começaram a olhar para baixo desconcertados. Talvez houvessem ali muitos que que
nunca haviam tocado em outra mulher, mas já haviam se permitido imaginar-se com
diversas, achando que assim mesmo estavam puros diante de Deus. Jesus havia dito pouco
antes que "bem-aventurados são os limpos de coração". Nas bem
aventuranças Jesus nem toca nesta questão de corpo, por que quem é limpo de
coração domina a sua carne.
Se você não é um cristão a este momento deve estar achando bastante engraçado ou pensando, é impossível fazer isto. Porém, se você tem um desejo de alcançar algo, tem uma paixão ou um objetivo; então você entenderá que é possível. Se você nunca experimentou o que é ser movido por uma paixão, será um pouco mais difícil entender.
Se você não é um cristão a este momento deve estar achando bastante engraçado ou pensando, é impossível fazer isto. Porém, se você tem um desejo de alcançar algo, tem uma paixão ou um objetivo; então você entenderá que é possível. Se você nunca experimentou o que é ser movido por uma paixão, será um pouco mais difícil entender.
Conheci uma jovem que estava terminando o curso de direito e colocou no seu coração o desejo de ser uma promotora. Esta era sua paixão. A sua vida girava em torno de passar no concurso. Ela tinha uma disciplina muito rígida, estudava cerca de 10 horas por dia. Durante anos ela abriu mão de passeios, diversão, esportes, televisão, cinema, shopping.. Tudo em sua vida funcionava em favor de um só objetivo, tornar-se uma promotora. Quando nos encontramos com Jesus e ele se torna o foco de nossa vida, a nossa paixão, tudo o mais perde a sua importância. Tudo o que fazemos é pensando em Jesus.
Através desta reinterpretação da
lei Jesus chama os seus ouvintes a uma introspecção, a olhar para dentro de si,
a uma auto análise. Isto nos leva a refletir sobre a questão da hamartiologia,
ou seja o estudo da doutrina do pecado. D. M. Lloyd-jones declara que a
doutrina do pecado é vital para que se faça verdadeira a ideia da santidade. Um
falso entendimento do pecado nos leva a um evangelismo superficial e perder a
essência da santidade. A santidade é uma questão de interior e não do exterior.
Se o interior for sujo, não adianta querer limpar o exterior. Era exatamente
isto que os fariseus faziam, por esta razão Jesus os chama de sepulcros caiados.
Aquilo que chamamos comumente de
pecado nada mais são do que sintomas de uma enfermidade
chamada pecado. Não
devemos nos preocupar com os sintomas, por que eles se manifestam de muitas
formas. Nossa preocupação precisa ser sobre a enfermidade, por que ela é quem
mata e não os sintomas. Os sintomas só servem para nos alertar de que existe
algo errado. Quando uma pessoa está com febre, tossindo ou mesmo sentido dores
ou alergias, é necessário investigar o que está causando aqueles sintomas,
diagnosticar a enfermidade, para que seja tratado.
Quais sintomas pecaminosos hoje
se manifestam em sua vida? Pare um pouco, examine-se a si mesmo, e tente achar qual
é a causa destes sintomas. Talvez seja apenas uma questão de limpeza do
interior.
O fato de você nunca ter cometido
adultério diante de Jesus não quer dizer que você tenha um coração limpo. Você
pode ser uma pessoal moralmente correta. Isto é bom, quer dizer que tem o
respeito da sociedade, nunca fez algo que envergonhasse a você e sua família.
Mas e diante de Jesus, como está o seu coração? Como estão os seus pensamentos
e sentimentos?