Lucas 11.27-28
É sabido por todos que o nascimento de Jesus foi uma obra do Espírito
Santo. Ele fecundou o óvulo de uma jovem de nome Maria trazendo, com a sua própria presença. Muito pouco falamos a respeito desta mulher tão especial no meio evangélico.
Falamos mais a respeito de Débora, Ester, Rute, Noemi, Dorcas... do que de Maria. Talvez por medo de cair no pecado da idolatria. Ao contrário disto, no
catolicismo já se fala demais a respeito do assunto, sem qualquer preocupação. Concluo então que há Maria de mais no catolicismo
e Maria de menos entre os evangélicos.
Vamos estudar alguns pontos que nos
ajudarão a conhecer melhor a Maria, e tirar importantes lições para nossas
vidas.
1. Primeira lição - Maria Theotokos
No quinto século, no concílio de Éfeso, a Igreja primitiva concedeu-lhe o
título de ‘Theotokos’, mãe de Deus. Ao contrário do que muitos imaginam, a preocupação não era a respeito de quem era Maria, mas sim de quem era Jesus. Havia um grande celeuma sobre a divindade de Jesus, se Jesus era apenas homem, se era Deus, ou se era um homem-Deus. O termo 'mãe de Deus' era somente para enfatizar que o filho de Maria
era o Deus encarnado. Havia dois grandes expoentes da teologia que divergiam de
opinião: Cirilo da Alexandria e Nestorio da Antioquia. Nestório achava que o termo Theotokos, dava uma conotação errada para Maria, então sugeriu que fosse atribuída o
título de ‘Cristotokos’, mãe de Jesus.
Foi marcado então um concílio para se definir, ano ano 431, então, o termo ‘Theotokos’ prevaleceu no concílio. Como
já era esperado, o termo ganhou uma dimensão bem diferente e passou a ser
utilizado para engrandecer a Maria. Um concílio feito erradamente no século
quinto trouxe este enorme prejuízo histórico religioso. Hoje muita gente chama
Maria de mãe de Deus, e mal sabe que este título foi resultado de um concílio
mal resolvido.
Precisamos cuidar bem daquilo que defendemos. Uma doutrina mal resolvida
hoje, pode gerar uma grande dor de cabeça amanhã.
2. Segunda lição, Maria bem aventurada
No texto base diz que uma certa mulher levantou a sua voz e disse
simplesmente que Maria era bem-aventurada. Esta expressão estava correta, Maria
foi chamada de ‘agraciada’ pelo anjo e de ‘bendita’ por Isabel, que mal haveria
de ser chamada de bem-aventurada? Note bem que Jesus aqui não está discordando
da mulher, a palavra no grego aqui traduzida por ‘antes’ tem uma conotação
diferente da tradução em português e podemos entender melhor o texto sabendo o
que significa realmente. A palavra no grego fica melhor como: “entretanto, mais ainda é bem-aventurados aqueles que ouvem...”.
Temos que ter o cuidado para não atrairmos a glória do Senhor para nós
mesmos. Toda glória é devida ao Senhor. Hoje no mundo gospel há pessoas super
talentosas, que precisam ter cuidado com a vaidade. Maria poderia ter ficado
envaidecida com o elogio, mas Jesus logo corrigiu. E declarou que é bem
aventurado todo aquele que ouve a sua palavra e põe em prática.
3. Terceira lição – Maria era secundária
Você já tentou enxergar com um óculos diferente do seu grau? Se já tentou
sabe que você não consegue enxergar direito. Por que? Por que fica tudo
embaçado, por que está desfocado. Ou seja, está fora de foco.
O que Jesus está querendo nos ensinar? Ele está tirando o foco da coisa
secundária e está nos mostrando o essencial. O essencial não era reconhecer
Maria como uma mulher bem-aventurada, isto era verdade, mas o foco principal
mesmo era ouvir a palavra de Deus e a observar.
A Bíblia é a palavra de Deus revelada ao homem. Ela é a revelação de Deus
na história, a fim de nos mostrar o caminho da salvação. Ela deve ser estudada,
compreendida, meditada e obedecida. Isto não é tarefa fácil, porque há muitas
distorções e heresias. É preciso manter o foco.
4. Quarta lição – Maria a corredentora
O concílio do Vaticano II, convocado em 1961, declarou, depois de muita
discussão e controvérsia, que Maria foi assunta ao céu e ela é corredentora. Ou
seja, ela foi elevada aos céus e está junto com Jesus e auxilia na salvação do
homem. É interessante como uma definição conciliar pode diferenciar tanto do
que a bíblia diz. O texto base vai de encontro a definição deste concílio. Se o
concílio estivesse correto, Jesus teria concordado com aquelas pessoas. Mas,
ele não o faz.
Esta definição vai de encontro ao Antigo Testamento, fala claramente a respeito do Messias. Jesus é o Cristo, aquele que se ofereceu como sacrifício vivo em favor da humanidade. Ele é o cordeiro pascal, oferecido como sacrifício perfeito para nos
purificar de todo pecado. Maria não morreu junto com Jesus. Ela teve o seu papel fundamental na história, de conceber a vinda de Deus ao mundo. Ela tem o seu valor histórico e espiritual. Porém, ela não poderia tornar-se corredentora por força de um concílio. Maria é
um grande exemplo de fidelidade, e a mãe de nosso Senhor, e tão somente isto.
Estes dois versos Jesus cuida de tirar o foco de sobre Maria e nos alerta que
devemos prestar mais atenção em ouvir e obedecer a palavra de Deus.
Conclusão
Antes mesmo da crucificação as pessoas demonstravam uma tendência para exaltar
Maria. Porém, Jesus mostrou para eles o que era o mais importante. Quem estava
aclamando Maria como bem-aventurada era o povo, porém Jesus aproveita a
situação para corrigi-los, ele diz: “Portanto,
bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”
Talvez, o excesso no catolicismo em idolatrar Maria, afaste os evangélicos do maravilhoso exemplo que foi a mãe de nosso Senhor. Uma pena, porque ela é exemplo
de serva fiel. Maria foi uma serva obediente, ela não fugiu de sua missão. Ela reconheceu
o seu papel na história e fez o que tinha que ser feito. Desta forma, ela
cumpriu a Palavra de Deus e por isto foi reconhecida como bem aventurada por
quem estava próximo a ela.
O nosso desafio diário é tentar ser como Maria, independente do título que ela recebeu no passado por concílios. Ela foi uma serva obediente, cheia
da graça de Deus, que cumpriu sua missão. Devemos conhecer a
vontade de Deus, descrita em sua Palavra, e tornar-se um praticante.
Obvio que como mortal, Maria não poderia ser a mãe de Deus. Mas, o título recebido não queria dizer isto, mas sim enfatizar que Jesus é Deus, e que ao mesmo tempo ele foi concebido por um ventre humano. A discussão do momento era se ele era realmente Deus, se ele era homem, ou se era um homem-Deus. Sendo um homem-Deus, quantas personalidades tinha, uma divina e um humana, ou tinha as duas? Sendo duas, elas não se conflitavam entre si? Estas questões e outras, foram definidas pelos concílios, mas ainda há muita controvérsia.
Pr. Sergio