Mateus 9.9
Exceto
por Judas Iscariotes, os doze discípulos eram oriundos da Galileia. Aquela
região toda era predominantemente rural, sendo formada por cidades pequenas e
vilarejos. Seu povo não fazia parte da elite, era basicamente formada de
pessoas simples. Não eram conhecidos por terem um alto grau de instrução ou
qualquer destaque empresarial ou religioso. Eram, em sua maioria, pescadores e
lavradores. Mateus era desta região.
Características
de Mateus
Em
Marcos 2.14 Mateus é chamado por seu nome judeu, “Levi, filho de Alfeu”. Quando
Jesus o chamou, Mateus era um coletor de impostos, um publicano. Os coletores
de impostos eram odiados em todo o Israel, rejeitados, considerados traidores.
Eram homens que compravam do imperador romano o direito de cobrar impostos, uma
espécie de franquia. Eles cobravam os impostos, com frequência, a força.
Tal
ocupação, de coletor de impostos, transformava Mateus num traidor de sua nação.
Provavelmente, devido a este fato, ele também era um excluído religioso,
certamente proibido de entrar em qualquer sinagoga. Cerceado da comunhão entre
os membros da sua religião.
Seu
chamado
Mateus
9.9 narra o seu chamado: “Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus
sentado na coletoria e disse-lhe: segue-me! Ele levantou e o seguiu”.
Qualquer
judeu de bem, em sã consciência, jamais escolheria como profissão ser um
coletor de impostos. Assim, Mateus deve ter ficado estupefato quando Jesus o
escolheu. Jesus o viu sentado na coletoria e disse: “Segue-me!” (Mateus
9.9).
Imediatamente
e sem qualquer hesitação, Mateus “se levantou e o seguiu.” Ele abandonou
a coletoria e renunciou à sua profissão amaldiçoada para sempre e tornou-se um
grande apóstolo. Mateus era um judeu que conhecia e amava o Antigo Testamento.
Seu evangelho cita o AT 99 vezes. São mais vezes do que Marcos, Lucas e João
juntos.
Seu
interesse em evangelizar seus amigos
Nos
versos seguintes, Mateus prossegue dizendo: “E sucedeu que, estando ele em
casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus
e seus discípulos”. Ele convidou muitos de seus colegas publicanos para
conhecerem a Jesus. Ele estava tão empolgado de ter encontrado o Messias, que
desejou apresentar Jesus para todos os seus amigos. Assim, ele organizou um
grande banquete em homenagem a Jesus e convidou essas pessoas.
Por
que Mateus convidou coletores de impostos e outros indivíduos desprezíveis? Por
que era o único tipo de gente que ele se relacionava. Aquelas pessoas eram tão
sedentas por Jesus quanto Mateus. Todas elas necessitavam ter um encontro com
Jesus. Quanto mais alguém seja pecador, quanto mais necessita da graça de
Jesus. Aquelas pessoas eram completamente carentes da maravilhosa graça de
Jesus.
Assim
os seus únicos amigos eram criminosos, vagabundos, prostitutas e gente dessa
categoria. Foram essas pessoas que ele convidou à sua casa para banquetear e
conhecer a Jesus. É claro que as pessoas da instituição religiosa ficaram
indignadas e escandalizadas. Não tardaram em expressar suas críticas aos
discípulos. No entanto, Jesus respondeu afirmando que eram justamente aquelas
pessoas que estavam doentes, portanto, eram elas justamente as que mais
precisavam de cura. “Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de
médico os sãos, mas, sim, os doentes” (Mateus 9.12).
Conclusão
Dos
apóstolos de Jesus que escreveram alguma parte do Novo Testamento, Mateus é o
que mais cita o Antigo Testamento em seu evangelho. Este fato nos revela que
ele era um profundo conhecedor das leis de Deus. Mas, apesar de todo o seu
conhecimento, ele aceitou trabalhar para Roma, contra o seu próprio povo. Não
se sabe o motivo que o levou a tornar-se um coletor de impostos. O que sabemos
é que ao ser chamado por Jesus, ele largou tudo e o seguiu. Tudo o mais perdeu
a importância para ele. A partir daquele momento ele tinha uma nova razão para
viver.
Não há nenhum relato confiável de como ele foi morto, mas as tradições mais
antigas indicam que foi queimado numa fogueira. Assim esse homem que abandonou
uma carreira lucrativa sem pensar duas vezes continuou
disposto a dar tudo de si por Cristo até o fim.