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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

sexta-feira, 20 de maio de 2016

A questão do adultério aos olhos de Jesus

Mateus 5.27-30
Chegamos em um ponto do sermão do monte onde Jesus está trazendo uma nova interpretação da lei e confrontando os costumes dos fariseus. No verso 20 Jesus declara que a justiça de seus seguidores teriam que exceder em muito a dos escribas e fariseus. Talvez os seus ouvintes tenham feito uma tremenda cara de assustados ao ouvir tal coisa. Então Jesus começa a ensinar como deveria ser o comportamento diário de cada um, e como deveria ser a posição diante dos assuntos mais delicados da lei.

Jesus começa com uma questão elementar que é o relacionamento individual irmão com irmão. Eles conviviam juntos, mas viviam se engalfinhando. Pelo fato de não matar literalmente o irmão, achavam que estava tudo certo, mas Jesus diz que não era bem assim: "Quem se irar contra o seu irmão deve ser julgado, quem chamar de idiota deve ser réu da mais alta corte judaica, e quem chamar de maluco, está correndo o risco de ir para o inferno" (Mt 5.22).

Depois Jesus passa para a parte da adoração, e diz que se você nutre pensamentos maus para com o teu irmão, para tudo o que está fazendo imediatamente, e vai primeiro e se acerta com o teu irmão e depois volte para adorar (23-24).

Jesus estava levando o povo refletir sobre a profundidade da lei, enquanto os escribas e fariseus estavam preocupados apenas com o exterior, apenas como se deve fazer para 'sair bem na foto'. Por esta razão acredito que os fariseus não devem ter gostado muito do que Jesus estava ensinando.

Jesus levanta o problema do sétimo mandamento: "Não adúlteras". Os fariseus haviam diminuído o significado do adultério ao ato físico. Não levavam em conta o décimo mandamento que diz "Não cobiçaras a mulher do próximo...". Jesus os leva a olharem mais profundamente para a questão "quem olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela". Imagino quantos homens começaram a olhar para baixo desconcertados. Talvez houvessem ali muitos que que nunca haviam tocado em outra mulher, mas já haviam se permitido imaginar-se com diversas, achando que assim mesmo estavam puros diante de Deus. Jesus havia dito pouco antes que "bem-aventurados são os limpos de coração". Nas bem aventuranças Jesus nem toca nesta questão de corpo, por que quem é limpo de coração domina a sua carne.

Se você não é um cristão a este momento deve estar achando bastante engraçado ou pensando, é impossível fazer isto. Porém, se você tem um desejo de alcançar algo, tem uma paixão ou um objetivo; então você entenderá que é possível. Se você nunca experimentou o que é ser movido por uma paixão, será um pouco mais difícil entender.

Conheci uma jovem que estava terminando o curso de direito e colocou no seu coração o desejo de ser uma promotora. Esta era sua paixão. A sua vida girava em torno de passar no concurso. Ela tinha uma disciplina muito rígida, estudava cerca de 10 horas por dia. Durante anos ela abriu mão de passeios, diversão, esportes, televisão, cinema, shopping.. Tudo em sua vida funcionava em favor de um só objetivo, tornar-se uma promotora. Quando nos encontramos com Jesus e ele se torna o foco de nossa vida, a nossa paixão, tudo o mais perde a sua importância. Tudo o que fazemos é pensando em Jesus.

Através desta reinterpretação da lei Jesus chama os seus ouvintes a uma introspecção, a olhar para dentro de si, a uma auto análise. Isto nos leva a refletir sobre a questão da hamartiologia, ou seja o estudo da doutrina do pecado. D. M. Lloyd-jones declara que a doutrina do pecado é vital para que se faça verdadeira a ideia da santidade. Um falso entendimento do pecado nos leva a um evangelismo superficial e perder a essência da santidade. A santidade é uma questão de interior e não do exterior. Se o interior for sujo, não adianta querer limpar o exterior. Era exatamente isto que os fariseus faziam, por esta razão Jesus os chama de sepulcros caiados.

Aquilo que chamamos comumente de pecado nada mais são do que sintomas de uma enfermidade
chamada pecado. Não devemos nos preocupar com os sintomas, por que eles se manifestam de muitas formas. Nossa preocupação precisa ser sobre a enfermidade, por que ela é quem mata e não os sintomas. Os sintomas só servem para nos alertar de que existe algo errado. Quando uma pessoa está com febre, tossindo ou mesmo sentido dores ou alergias, é necessário investigar o que está causando aqueles sintomas, diagnosticar a enfermidade, para que seja tratado.

Quais sintomas pecaminosos hoje se manifestam em sua vida? Pare um pouco, examine-se a si mesmo, e tente achar qual é a causa destes sintomas. Talvez seja apenas uma questão de limpeza do interior.

O fato de você nunca ter cometido adultério diante de Jesus não quer dizer que você tenha um coração limpo. Você pode ser uma pessoal moralmente correta. Isto é bom, quer dizer que tem o respeito da sociedade, nunca fez algo que envergonhasse a você e sua família. Mas e diante de Jesus, como está o seu coração? Como estão os seus pensamentos e sentimentos?

O pecado não é tanto que eu faça alguma coisa, mas aquilo que me impulsiona a praticá-lo. É aquilo que me desperta a vontade de cometê-lo. ".. do coração procede maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, etc.. (Mt 15.19). Esta é a razão pela qual você precisa limpar o seu coração. Um coração cheio de desejo impuro é um potencial adúltero, e a qualquer momento poderá praticar aquilo que já tem vontade de fazer. 

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Não matarás, pela lente de uma nova hermenêutica

MT. 5.21-26
 D. M. Lloyd-Jones afirma que os fariseus e escribas sempre foram culpados de reduzir o sentido e até mesmo os requisitos básicos da lei, e quanto a isso, temos aqui uma perfeita ilustração. Jesus disse: "Ouviste o que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento"(v. 21). "Não matarás" é um dos dez mandamentos, somente isto, mas os fariseus acrescentaram algo ao mandamento dizendo: "... quem matar estará sujeito a julgamento". Os fariseus juntara Gen 20.13 com Levítico 35.30-31 e assim reduziam o mandamento. O julgamento era o juízo de um tribunal local. Os fariseus tinham despido o mandamento do seu conteúdo primário, reduzindo-o a uma questão meramente de homicídio literal e não mais em uma questão de juízo divino. Reduziram o mandamento a uma questão legal e o tribunal local passou a ter mais importância do que o mandamento de Deus.

Jesus neste ponto do sermão do monte está confrontando a interpretação da lei dada pelos fariseus e está estabelecendo uma nova interpretação da lei. Os fariseus se orgulhavam de cumprir a lei, mas na verdade eles cumpriam a interpretação que faziam da lei. Jesus desmascarou  a falácia dos fariseus demonstrando que aquela maneira de interpretar a lei estava errada.

Neste texto podemos ver dois pontos importantes da lei abordado por Jesus:

1. Jesus fez algo inesperado, ele ampliou o sentido farisaico de interpretação que reduzia o mandamento, ele declarou que também a ira sem um real motivo, guardada no coração, contra um irmão, sem uma justa causa, deve ser levados ao tribunal. Não é preciso esperar alguém matar para ir para o tribunal, o simples fato de irar-se ou insultar ao irmão seria motivo de parar no tribunal. A ira guardada no coração é algo extremamente repreensível aos olhos de Deus.

Jesus vai mais além afirmando que jamais deveríamos utilizar expressões de desprezo para como o nosso irmão, "qualquer que dizer a seu irmão: Raca será réu do sinédrio. Raca é uma expressão utilizada para alguém indigno, a Bíblia na linguagem de hoje traduz como "você não vale nada".  Palavras desta magnitude destroem o nosso semelhante. Por que Jesus alargou tanto a interpretação deste texto? Por que pode-se destruir completamente a reputação de uma pessoa com maledicências. Para Jesus isto é o mesmo que assassinato e por esta razão ele diz que isto não deveria ser julgado por um tribunal comum, mas pelo Sinédrio, a mais alta corte dos judeus. E quem dissesse ao seu irmão tolo ou na versão de hoje, idiota, corre o risco de ir para o inferno.

2. A segunda declaração de Jesus, "se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e então voltando faze a sua oferta". Jesus declara que além de não podemos nos irar e ofender ao nosso próximo, não podemos também guardar pensamentos impuros contra eles; quando lembrarmos disto devemos nos reconciliar com nossos irmãos urgente.

Jesus nos versos 23 e 24 chama a atenção de seus ouvintes e diz que a coisa é bem mais profunda do que simplesmente a aparência exterior da adoração. Deus está preocupado com a adoração que vem do seu interior. Havia nos fariseus uma tentativa de fazer expiação por suas falhas. Eles achavam que desde que dizimassem e ofertassem estava tudo certo, eles já teriam pago por seus pecados. Entretanto Jesus afirma que não é bem assim, era necessário primeiramente concertar-se com o irmão antes de oferecer o sacrifício. Desta maneira Jesus demonstra que não há qualquer valor em um ato de adoração se eu estiver nutrindo algum pecado do qual eu tenha consciência. Se você não está dirigindo a palavra a algum irmão, ou se você tem pensamentos indignos contra alguém, então a palavra de Deus assegura que qualquer tentativa de adoração que você fizer não terá qualquer valor.
I Sm 15.22 diz "Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que obedeça à sua palavra? eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros". Nenhum ato de adoração encobrirá as nossas falhas aos olhos de Deus. Não podemos adular a Deus com presentes. É preciso de fato uma vida em santidade. Não adianta querer seguir a Deus apenas em aparência.

Jesus, portanto, nos leva a refletir na real interpretação da lei através de uma nova hermenêutica, uma interpretação que leva em consideração a alteridade, o colocar-se no lugar do outro. O princípio para cumprir esta lei seria o amor ao próximo e não mais o medo de ser punido por um sistema legal.