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Um homem de Deus, buscando aproximar-se do seu ser essencial através de uma vida devocional meditativa, pesquisa, leitura de grandes autores, prática de uma vida piedosa, obras de amor ao próximo, oração e muito trabalho. Apaixonado por Jesus, por sua esposa, filho e nora. Siga no Instagran: sergiorosa50

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A alteridade como princípio do relacionamento cristão saudável

Mateus 25.35-36

Este texto é um sermão onde Jesus nos desafia a olhar para o outro. Quando olhamos para o outro com um pouco mais de atenção, conseguimos enxergar a necessidade daquele que sofre. Lembro-me do nascimento o Projeto Social Ágape na Bahia, paramos um pouco para observar a cidade e ver suas dificuldades e não foi preciso olhar tanto para percebermos as muitas crianças da cidade que precisavam de um apoio, um auxílio, algo que lhes desse um empurrão. Logo entendemos que servir àquelas crianças seria uma forma de cumprir parte do que Jesus nos desafiou a fazer, amar ao próximo.

Há três verbos no grego que traduzimos por amor: Eros, Fileo e Ágape. Em seu mandamento: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a ti mesmo" Jesus utiliza o verbo Ágape, que nas versões mais antigas era traduzido como caridade, no entanto, com o tempo a palavra caridade passou a ser entendida como esmola e as traduções mais atuais passaram a usar o verbo amor. O grande problema desta tradução é que em geral a palavra amor foi confundida com sentimento. Casais apaixonados comumente dizem um para o outro "eu te amo". Ágape não é apenas algo que sentimos, mas é a ação deste sentimento. No livro O Monge e o Executivo o autor descreve amor da seguinte forma: "Amor é o que o amor faz". Desta forma o amor sem obras torna-se morto. Amar é portanto cumprir o que o texto propõe, servir. Entenda: "Servir não é dar ao outro aquilo que ele quer, é dar aquilo que ele realmente necessita".

Servir em um tempo de pós-modernidade é algo realmente desafiador. Vivemos o tempo do isolamento em meio a multidão. É impressionante como as pessoas se sentem tão solitárias em um mundo cada vez mais populoso. Quando servimos, temos a oportunidade de trazer a cura sobre este grande mal através do relacionamento saudável com o indivíduo socialmente oprimido. Não trata-se de um ajudinha ou de um socorro emergente apenas, trata-se de relacionar-se mais profundo com o desfavorecido compreendendo sua real necessidade. 

Para entender melhor o ágape é importante compreender o princípio da alteridade.


1. Alteridade nos leva refletir sobre o ágape

            O estresse do mundo moderno tem nos feito viver uma vida onde ligamos o automático e seguimos, não sobra muito tempo para reflexões. Devido a esta circunstância já não notamos mais a face do outro que nos fala mesmo sem palavras. Seus gestos, suas rugas de tristeza, seu semblante de dor e de fome nos fala profundamente se pararmos para notar.
            A alteridade nos leva a refletir de que estamos perdendo o amor: "e, por se multiplicar a iniquidade, o Ágape de muitos se esfriará" (Mt 24.12). Note que o texto diz, o amor de muitos e não o amor de todos. Isto quer dizer que temos que lutar para não fazer parte desta maioria.

           Ainda há muita gente boa neste mundo, e o nosso papel é promover o Ágape de Deus. Lembro uma vez que fomos ao Mc Donald da Washington Luiz, RJ, o JP era pequeno, e como estava frio la dentro ele pediu para ficar sentado na calçada no sol, então, ele pegou o sanduiche e ficou sentadinho lá comendo, dentre muitos transeuntes, passou um casal de meia idade, olhou pra ele, e ficou com tanta dó que deu uma nota, acho que era uns R$ 5,00. Ele não sabia o que fazer, daí veio falar conosco. Nós rimos um bocado aquele dia. Mas, percebemos que ainda existem pessoas de coração generosos.

            A alteridade nos leva a refletir que necessitamos urgentemente perceber na face do oprimido a sua real necessidade e partindo daí, promover a ação do ágape, ou seja o amor. Por que o amor sem obras é morto em si mesmo.

2. Alteridade nos leva a olhar o necessitado

            A reflexão do ágape nos incomoda a olhar mais atentamente, não aquele olhar de quem apenas viu, mas, aquele olhar investigativo, de quem quer saber mais profundamente da cosia. A alteridade nos leva a prestar mais atenção e enxergar além da aparência, desta forma podemos compreender a necessidade das pessoas.

           
Quando falamos de necessitados, sempre pensamos na pessoa que tem fome de pão, mas, a visão precisa ser muito mais abrangente, há muitas pessoas que não tem necessidade financeira, mas sim emocional. Para atender à este clamor a igreja oferece o Celebrando a Recuperação, para pessoas que tem necessidade de compartilhar suas crises e suas prisões emocionais.


            Outras pessoas necessitam de cursos, treinamentos e capacitações, para isto estamos iniciando vários cursos. Já outras podemos ajudar com ginásticas, educação e cursos. Esta é uma visão de alteridade, de querer servir, oferecendo às pessoas aquilo que está ao nosso alcance.

            Quando olhamos mais atentamente para o outro é possível sentir um pouco de sua dor e assim, dentro de nossos limites compartilhar o que podemos.

3. Alteridade nos leva a servir

           
O ágape não é um sentimentozinho de remorso que temos quando vemos alguém necessitado e corremos para dar alguma coisa.

            Certa vez em Belmonte levamos a direção de uma grande empresa que atuava na região. Foram gerentes, psicólogo e outros. Quando contamos pra eles a realidade daquelas crianças, e sobretudo do João, um menino que havia quebrado as duas pernas, e que estávamos ajudando, a psicóloga não aguentou e começou a chorar, depois ela saiu, foi a um mercado próximo, e comprou algumas coisas e doou para aquele menino. Mas, depois disto, ela nunca mais apareceu e não conseguimos fechar uma parceria adequada com aquela empresa que só queria usar a imagem do Projeto para se aparecer.

            Dar algumas coisas para se livrar da pessoa que te incomoda, ou para apenas se sentir melhor ou dar alguma coisa para a pessoa que bate em seu portão para não ser mais importunado não é servir.

            "Servir é dar a pessoa o que ela realmente necessita".

         É preciso sabedoria para buscar soluções inteligentes que afaste os devoradores para que se possa ajudar àquele que realmente necessita.

4. Alteridade nos leva a proclamar a mensagem do Reino sem palavras

        
    Quando servimos as pessoas elas começam a enxergar em nós algo diferente, por que servir reflete o Ágape de Deus. Quando servimos proclamamos o evangelho da salvação sem palavras. Isto não quer dizer que todos irão converter-se, quer dizer que elas entenderão a mensagem mais facilmente. Nossas ações testemunha quem somos nós.



Conclusão

A minha proposta é chamar sua atenção para o princípio da alteridade, a fim de que venhamos olhar para o outro, perceber suas necessidades reais e sentir a dor do que sofre. Sem este sentimento seremos incapazes de atender a grande responsabilidade cristã que é servir.